quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Bossa Nova - A visão de Carlos Lyra

O 1° time da Bossa Nova: Tom, Vinícius, Bôscoli, Menescal e Lyra. O uísque também fazia parte do grupo.



“Quando a Bossa Nova surgiu houve uma grande mudança, uma sofisticação que atingiu a letra, a harmonia e a melodia. Antes, havia melodias bonitas, produzidas por Ary Barroso, Custódio Mesquita, Dorival Caymmi, este, uma espécie de precursor da Bossa Nova.

Havia muita gente importante, como Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Dircinha e Linda Batista. Isso era a grande música popular brasileira. Era a música popular mesmo, porque a Bossa Nova, para mim, é música popular de câmera, não é música popular.

A Bossa Nova foi um tipo de música feita pela classe média para atender a própria classe média. Quando se fala de influências houve a do impressionismo europeu e do jazz norte-americano.

O que diferenciava a harmonia da Bossa Nova da harmonia tradicional? Era alguma coisa elaborada, com elementos do jazz e do impressionismo na parte técnica. A melodia também ganhou uma sofisticação, algo blue note, com muita nota alterada, coisa que o povo não cantava. As melodias do povo são mais simples. Por incrível que pareça, as harmonizações passaram também a dar uma nova cara harmônica às músicas antigas, as populares.

Na letra, Vinícius de Moraes e os demais letristas - entre os quais, eu me incluo - tiraram aquele clima de tango e de bolero, um gosto bem latino-americano, para fazer algo mais leve, mais relacionado com certos textos das comédias norte-americanas e européias...”

Fonte: Depoimento de Carlos Lyra a Almir Chediak, no Songbook Bossa Nova

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