quinta-feira, 9 de março de 2006

O lundu


O lundu ou lundum é um ritmo musical e uma dança brasileira de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao Brasil de Angola e de ritmos portugueses.


Da África, o lundu herdou a base rítmica, uma certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual.

Da Europa, o lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afro-brasileiro, aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim (figura: o lundu praticado no século XVIII, em gravura de Rugendas).

O lundu aparece no Brasil no século XVIII como uma dança sem cantoria e de "natureza licenciosa", para os padrões da época. Nos finais do século XVIII, presente tanto no Brasil como em Portugal, o lundu evolui como uma forma de canção urbana, acompanhada de versos, na maior parte das vezes de cunho humorístico e lascivo, tornando-se uma popular dança de salão.

Durante todo o século XIX, o lundu é uma forma musical dominante, e o primeiro ritmo africano a ser aceito pelos brancos. Neste período, surgem os mais importantes compositores que representam esta forma musical (ver abaixo) e a viola é adotada entre os instrumentos de corda utilizados.

O lundu sai de evidência no início do século XX, mas deixa seu legado, pricipalmente no que tange ao ritmo sincopado, no maxixe (outro forma musical híbrida urbana que também deve suas origens à polca e à habanera). Musicólogos defendem que no lundu, como o primeiro ritmo afro-brasileiro em formato de canção e fruto de um sincretismo, está a origem do samba, via o maxixe, mas há controvérsias quanto a esse ponto. Uma modalidade do lundu, a dança de roda, ainda é praticada na Ilha de Marajó e nos arredores de Belém, no estado do Pará.


Fonte: Lundu - Wikipédia.

Aristides Borges


Aristides Borges (Aristides Manoel Borges), compositor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 30/06/1884 e faleceu em 10/09/1946. Aprendeu a tocar piano com a irmã Albertina, e aos 12 anos já tocava em bailes familiares.


Aos 16 anos empregou-se como aprendiz gráfico na Imprensa Nacional, trabalhando, depois do expediente, como pianista em clubes e festas particulares. A valsa Irene, escrita em 1910 e dedicada a uma sobrinha, foi sua primeira composição.

Em 1912 lançou a valsa Subindo ao céu (gravada depois, entre outros, por Mário Azevedo, Dante Santoro e Luís Gonzaga), um dos seus grandes sucessos, muito executada em salões e como acompanhamento musical nos cinemas.

Compôs mais de 200 músicas entre mazurcas, fox-trots, rag-times, maxixes, marchas e principalmente valsas, a maior parte delas com partituras editadas pelas casas Viúva Guerreiro e Beethoven, do Rio de Janeiro. Teve apenas outras duas de suas composições gravadas: Triste realidade, por Vicente Celestino, e Tenho pensado tanto em ti, por Gilberto Alves.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Juca Kalut

Juca Kalut (José Lourenço Vianna), também conhecido como José Kallut, compositor, nasceu no Rio de Janeiro em 05/11/1857 e faleceu em 22/10/1922. Carteiro frequentava o grupo Cavaquinho de Ouro, na Rua da Carioca, 40, onde se reuniam os chorões das duas primeiras décadas do século XX, entre os quais Villa-Lobos, Quincas Laranjeiras, Mário Cavaquinho, Anacleto de Medeiros e Luís de Souza.

Catulo da Paixão Cearense fez vários versos para algumas de suas composições. Em 1912, sua valsa "Sorrir dormindo", foi gravada na Odeon pela Banda da Casa Edson. No mesmo ano, foi registrada, também na Odeon, por Artur Camilo ao piano e G. de Almeida na flauta. Suas canções "Por que sorris?" e "Por que fui poeta?", com versos de Catulo da Paixão Cearense, foram gravadas por Vicente Celestino na Odeon.

Em 1962, a canção Sorrir dormindo (Por que sorris?), com Catulo da Paixão Cearense foi relançada por Gilberto Alves no LP "Gilberto Alves de sempre" lançado pela gravadora Copacabana. Professor de música, faleceu no subúrbio carioca de Cascadura.

Obras

Campestre (ou O meu mistério, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), xótis, s.d.; Camponesa, valsa, s.d.; Ceci (ou Só no Céu, c/versos de Catulo da Piaxão Cearense), valsa, s.d.; Extremosa, polca, s.d.; Por que sorris, valsa, s.d.; Luísa (ou Por que eu fui poeta, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), mazurca, s.d.; A rola (ou O meu mistério, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), xótis. s.d.; Sorrir dormindo, valsa, s.d.; Ziquinha, polca, s.d.

Juca Kalut

"Juca Kalut, imensurável artista, que a minha pena treme ao trazer aqui o nome deste afamado professor. É impossível descrever aqui, o apogeu deste grande mestre, pois a beleza e os sentimentos dos choros que ele escreveu, com arte e bom gosto que tinha pela música, muito o elevaram no conceito de outros grandes músicos e professores. Era respeitado. Kalut morava em Jacarepaguá, onde foi sempre sua moradia, deixou uma grande bagagem musical; composições sublimes, cada qual era um mundo de inspirações. Catullo Cearense, Hermes Fontes, e outros poetas de valor aproveitaram suas composições em que escreveram belíssimos poemas. São de sua lavra as valsas: "Camponesas”, “Sorrir Dormindo”, “Irene" e muitas outras belíssimas composições. Kallut era exemplar chefe de família e amigo dedicado, foi ótimo funcionário e aposentou-se no cargo de carteiro de 1ª classe.

Adorava seus filhos a quem tratava com o maior desvelo educando-os com o maior carinho, apesar de sua dificuldade monetária, não olhando sacrifícios. Morreu há poucos anos. Com a morte de uma sua filha, muito se apaixonou, pois tinha dado uma educação aprimorada, não só nas letras como na música, pois já era uma maestrina. Morreu, como também seu pai. Ainda hoje o nome de Kalut, é lembrado como lídimo expoente da música, e também pelo seu fino trato, pelo bom gosto de suas composições, e assim deixou um claro bem custoso de preencher, deixando imorredouras saudades que somente a própria morte apagará" (O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - Rio de Janeiro, 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto).


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Ed. e PubliFolha; O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - RJ, 1936; Correio da Noite, de 05/11/1913.

Quincas Laranjeiras


Quincas Laranjeiras (Joaquim Francisco dos Santos), violonista e compositor, nasceu em Olinda, PE, em 08/12/1873, e faleceu no Rio de Janeiro em 04/02/1935. Filho de José Francisco dos Santos e de Flausina Maria dos Santos, veio para o Rio de Janeiro com apenas seis meses de idade. Seu pai era carpinteiro de profissão, embora gozasse fama de bom violeiro.


Com 11 anos, foi trabalhar na Fábrica de Tecidos Aliança, em Laranjeiras, bairro onde morava desde sua chegada à cidade. Daí a origem de seu apelido. Iniciou seus estudos musicais com João Elias, professor e regente da Banda da Fábrica, como estudante de flauta, passando em seguida ao violão.

Em 1889, tornou-se funcionário da antiga Inspetoria de Higiene e Assistência, posteriormente Departamento Municipal de Assistência. Aposentou-se em 1925, sendo saudado por seu chefe pelos "bons serviços, prestados com zelo, dedicação e escrupulosa honestidade". Em 1926 passou a residir na Rua Nascimento Silva, em Ipanema.

Frequentava a Casa de Música Rabeca de Ouro, instalada na Rua da Carioca, onde travou conhecimento com os grandes violonistas da época. Junto a outros colegas do instrumento, colaborou para a fundação e organização da Estudantina Arcas, onde passou a lecionar violão.

Destacou-se como violonista da orquestra da Estudantina Euterpe, formada à base de instrumentos de corda. Participou do grupo que se reunia no Cavaquinho de Ouro situado na atual Rua da Carioca, do qual faziam parte Heitor Villa-Lobos, Anacleto de Medeiros, Zé do Cavaquinho, Juca Kalut, João Pernambuco, Irineu de Almeida, entre outros.

Foi uma das figuras de destaque da orquestra do Rancho Ameno Resedá. Além de acompanhador, foi solista do instrumento, tendo estudado e executado obras de Carcassi, Carulli, marcando uma atuação mais voltada para o violão clássico. Acredita-se que tenha sido o introdutor do ensino de violão por música no Rio de Janeiro, utilizando o Método de Dionísio Aguado. Posteriormente, foi um grande divulgador do método "A escola de Tárrega". Dentre seus alunos, destacam-se Levino Albano da Conceição, José Augusto de Freitas e Antônio da Costa Rabello.

Em 1928, passou a colaborar com a revista " O Violão", apresentando nos dois números iniciais arranjos para violão das obras "A casinha do meu bem" e "Casa de caboco", de Hekel Tavares e Luiz Peixoto. Sua composição mais conhecida, a valsa "Dores d'alma", é um exemplo pioneiro na utilização do arraste - efeito resultante do deslizar de um dedo sobre a corda grave do violão - e que será popularmente conhecido com a interpretação de Dilermando Reis.

Participou ao lado de Sátiro Bilhar, Chico Borges, Mário Cavaquinho, Irineu de Almeida, entre outros, da serenata em homenagem a Santos Dumont, organizada por Eduardo das Neves em 7 de setembro de 1903. Convidado por Catulo da Paixão Cearense, participou como seu acompanhador do concerto realizado no Instituto Nacional de Música, apresentando-se também como solista. Em sua casa na Rua Nascimento Silva, em Ipanema, reunia alunos e amigos dentre os quais Patrício Teixeira, João Pernambuco e José Rebelo da Silva. Obras: Andantino, Dores d'alma, Prelúdio em ré menor, Sabará, Sonhos que passam.

Quincas Laranjeira


1919: Quincas (sentado com o violão), ao lado de Catulo Cearense (de pé) - Acervo Biblioteca Nacional.


"Quincas Laranjeira era bom amigo, exímio violonista, grande artista, modesto e atencioso, de maneiras esplendorosas, por isso tinha em cada colega do choro um verdadeiro admirador de suas excelentes qualidades. Como funcionário Municipal, era fiel cumpridor de seus deveres, na qualidade de porteiro de higiene, atendia o público com presteza e a delicadeza que lhe era peculiar. Aposentou-se no posto de escriturário, era primus interpari no circulo dos grandes chorões de violão, como executor e professor era valorizado, que digam os seus inúmeros discípulos que tanto o consideravam pela maneira afável que dispensava aos seus alunos, ele deixou muitas produções.

Quincas Laranjeira, sempre teve a sua época e finalmente desapareceu do meio de seus amigos e dos chorões da velha guarda, sem que a nossa imprensa lhe prestasse as honras que merecia, partindo com ele todas as suas ilusões de um artista que elevou o seu nome e de seu instrumento o violão, que teve nele um pedestal de glórias.

Quincas foi o continuador de Catullo, nos salões aristocráticos do violão, elevando-o até ao Conservatório de Música para depois ser conquistado pela nata social, onde o violão tem primazia quando manejados por tocadores do quilate de Quincas Laranjeira" (O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - Rio de Janeiro, 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto).


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - São Paulo, 2000 - SP; O Choro - Reminiscências dos Chorões Antigos - Rio de Janeiro, 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto.

Nozinho


Nozinho (Carlos Vasquez), cantor, nasceu em Macau, Rio Grande do Norte, em 04/11/1887 e faleceu no Rio de Janeiro em 20/03/1962. Foi para o Rio de Janeiro em 1897, iniciando a carreira profissional como humorista. Gravou então, para a Casa Edison, o lundu cômico O Padre e o Sacristão.


Mais tarde, destacou-se entre os seresteiros por sua voz clara e emotiva, e passou a integrar o primeiro grupo de cantores profissionais da Casa Edison, ao lado de Mário Pinheiro, Eduardo das Neves, Cadete e Bahiano. Em 1917 foi nomeado oficial de justiça, tornando-se colega de Donga e Bororó.

Considerado um dos grandes intérpretes de Catulo da Paixão Cearense, possuía extenso repertório de modinhas dos fins do século XIX e inícios do século XX. Deixou algumas dezenas de discos gravados pela Odeon (Casa Edison), Faulhaber e Columbia. Afirmava ser um dos anunciadores das músicas nas gravações mecânicas da Odeon, mas na verdade a norma era cada cantor anunciar sua própria gravação.


Fonte: Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Editora, 2000

Sátiro Bilhar


Sátiro Lopes de Alcântara Bilhar, instrumentista e compositor (Ceará 1869 - Rio de Janeiro RJ 1927). Foi telegrafista-chefe na Estrada de Ferro Central do Brasil. Era muito considerado entre os chorões antigos, como Catulo da Paixão Cearense, cujo grupo boêmio frequentou, Villa-lobos e Donga, por sua capacidade de improvisar em sucessão de acordes, enquanto afinava o violão.


No dia 7 de setembro de 1903 participou da serenata organizada por Eduardo das Neves em homenagem a Santos Dumont.

Tio da compositora Branca Bilhar, sua ação e importância como músico se desenvolve na área dos músicos de choro das gerações anteriores à profissionalização dos instrumentistas de música popular, primeiro no disco, depois no rádio.

De sua obra conhecem-se, entre outras, as composições: Gosto de ti, porque gosto... (com Catulo da Paixão Cearense), canção; Tira poeira, polca; Estudos de harpa, para violão; O que vejo em teus olhos, modinha; As ondas são anjos que dormem no mar (com Catulo da Paixão Cearense), modinha; Tu és uma estrela, modinha.

O velho Bilhar

"O inesquecível Satyro Bilhar foi um astro que só aparece de século a século, que neste planeta foi o farol, que iluminou a boêmia entre os grandes boêmios onde ele se destacava como um sol que brilha e rebrilha suplantando as tristezas, revivendo as alegrias. O seu desaparecimento deixou um grande vácuo, entre os chorões da velha guarda difícil de ser preenchido tal era a sua verve; a sua intelectualidade, e a sua palavra fácil de trocadilhos repentinos e inspirados pela bondade do seu grande coração.

Quem não conheceu o Velho Bilhar, amigo inseparável de Paula Ney? Chefe telegrafista da E. F. C. B. aposentando-se com quarenta anos de serviços sem ter nunca perdido um dia o Bilhar, além de ser um pouco gago sabia dizer com graça, era míope de verdade, o Bilhar, era um chorão que tinha primazia entre outros chorões nos acordes, nas harmonias, no mecanismo da dedilhação com que manejava agradavelmente o seu violão. Quando um flauta tocava um choro ele dizia: "Virgem Maria isso pra mim é água com açúcar". O Bilhar também conhecia as músicas clássicas, e tinha produções suas, como os “Arpejos d'arpa” e “Melodias”, as posições com que o Bilhar tirava os seus acordes eram tão difíceis que só ele sabia fazer, razão porque apesar de sua grande boêmia, Bilhar, era um chorão conquistado pelos seus amigos e por suas famílias.

Parece-me estar ouvindo ainda ele dizer: "Tu és uma estrela de primeira grandeza"! (tá doido Ave Maria) o que palpita lá palpita cá; minha família é minha vida inteira! E viva São João pro ano, ta errado com o velho Bilhar, gosto de ti porque gosto porque meu gosto é gostar, no rio o caudal da vida que tem por margem a descrença, as ondas são anjos que dormem no mar, porque vejo em teus olhos um luzeiro que me guia, eram estes os ditados e as modinhas do repertório de 40 anos do velho Bilhar, com o seu tradicional pince-nez, pois os grandes chorões ainda não conseguiram imitá-lo e reconhecem que Bilhar, foi o rei dos acordes.

Quando ele acompanhava um choro, e que tinha uma passagem que lhe agradava ele pedia ao cantante: repete por favor, era um encanto vê-lo solar a sua tradicional polca "Tira Poeira", no piano também era um chorão, afinal, o velho Bilhar, era uma casa cheia, onde ele estava, as moças o rodeavam, presas pelo seu fino espírito de graças atrativas imperadas pelo respeito e delicado trato de que era possuidor. Bilhar foi um chorão que deixou saudades ao pessoal da velha guarda e aos chorões modernos" (O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto).


Fontes: Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Editora, 2000; O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto.

Eduardo das Neves

Eduardo Sebastião das Neves (Dudu), palhaço de circo, poeta e principalmente cantor, foi o nosso artista negro mais popular do começo do século XX. Nasceu em 1874 no Rio de Janeiro e morreu na mesma cidade em 11 de novembro de 1919. Foi pai do famoso cantor e compositor Cândido das Neves (Índio).


Aos 21 anos foi guarda-freios da Estrada de Ferro Central do Brasil. Demitido passou a ser soldado do Corpo de Bombeiros, de onde também foi expulso por freqüentar fardado rodas boêmias. Em 1895 tornou-se palhaço e cantor, apresentando-se em circos e pavilhões. Nesta profissão percorreu vários estados brasileiros.

A partir de 1906, igualmente a Bahiano, Mário Pinheiro, Cadete e Nozinho era cantor contratado da Casa Edison. Seu extenso repertório versava entre cançonetas, chulas, canções, lundus e modinhas.

Foi Eduardo das Neves quem aproveitou a canção napolitana Vieni sul mare e fez a adaptação para glorificar a chegada do encouraçado Minas Gerais, que se juntaria à esquadra brasileira. Mais tarde, adulterada pelo povo, passou a celebrar tão somente o estado brasileiro e não mais ao navio.

Entre seus sucessos estão: A conquista do ar (Santos Dumont), de 1902. Ficou conhecido também como Palhaço Negro, Diamante Negro, Dudu das Neves e Crioulo Dudu.

Obra

A cabeça da mulher, A carne fraca, A gargalhada Hispano Americana, A guerra de Canudos, A mulata e o crioulo, A pimentinha, Amenidade, Angélica, Aninha faceira, As eleições de Piancó, Aurora, Babo-me todo, Balancê, Bolim-bolacho, Canção do marinheiro (De O Brique), Canção do pobre, Canoa virada, Catorrita, Chegadinho, Choro de arrelia, Clube de Regatas, Desafio dos boiadeiros, Democráticos na ponta, E eu nada, Estranguladores do Rio, Eulina, Gaúcho, Homenagem a Santos Dumont, Iaiazinha, Jovens crioulas, Lília, Lundu gostoso, Manhã na roça, Maria François, Marocas, Menina, teu pai não quer, Moleque chorão, Mulher profunda, Namoro frustado, Não me convém, Negro forro, Noites de Santo Antônio, O amolador, O ano novo, O aumento das passagens, O aquidabã, O bem-te-vi, O bombardeio, O Caninha em apuros, O cara dura, O cocheiro do bonde, O cinco de novembro, O corcunda, O hervário, O Imperador da República, O leque, Ó Margarida, O maxixe, Ó Minas Gerais (versão de Vieni sul mar), O pai de toda gente, O perigo, O pescador, O reinado do maxixe, O soldado que perdeu a parada, O voluntário, Os caçadores, Pai João, Paladinos da Cidade Nova, Pé de ganso, Perdão Emília, Periquitos, Pernambuco é minha terra, Pomada, Quem disse que o dinheiro não é bom, Quando?, Quando o meu peito, Quindins de Iaiá, Rolo em um bonde, Sempre chaleirando, Seu Barnabé, Seu Gouveia, Sindicato da terra da goiabada, Sorteio militar, Um vago, Uma entrevista com Fregoli, Uma festa na Penha.

Discografia

(1907) Balancê • Odeon • 78; (1907) Estranguladores do Rio • Odeon • 78; (1907) Seu Gouveia • Odeon • 78; (1907) Rolo em um bonde • Odeon • 78; (1907) O aquidaban • Odeon • 78; (1907) O amolador • Odeon • 78; (1907) Pai João • Odeon • 78; (1907) Iaiazinha • Odeon • 78; (1907) O soldado que perdeu a parada • Odeon • 78; (1907) E eu nada • Odeon • 78; (1907) Bolim-bolacho • Odeon • 78; (1907) Marocas • Odeon • 78; (1908) O maxixe • Odeon • 78; (1908) Ai Joaquina • Odeon • 78; (1908) Chegadinho • Odeon • 78; (1908) Canção dos marinheiros (de O Brique) • Odeon • 78; (1908) A mulata e o crioulo • Odeon • 78; (1908) Em um café concerto • Odeon • 78; (1908) Aurora • Odeon • 78; (1908) Pai João (O entusiasmo do negro Mina) • Odeon • 78; (1908) Quando o meu peito • Odeon • 78; (1909) Uma festa na Penha • Odeon • 78; (1909) Canção do pobre • Odeon • 78; (1909) Mulher profunda • Odeon • 78; (1909) Menina, teu pai não quer • Odeon • 78; (1909) O ano novo • Odeon • 78; (1909) Angélica • Odeon • 78; (1909) Babo-me todo • Odeon • 78; (1909) O malandro • Odeon • 78; (1909) Os dois bêbados • Odeon • 78; (1909) Canção do marinheiro • Odeon • 78; (1912) O bem-te-vi • Odeon • 78; (1912) Lundu gostoso • Odeon • 78; (1912) Ó, Minas Gerais (Viene sul mar) • Odeon • 78; (1912) Aninha faceira • Odeon • 78; (1912) Não me convém • Odeon • 78; (1912) Democráticos na ponta • Odeon • 78; (1912) Estela • Odeon • 78; (1912) Pomada • Odeon • 78; (1912) Club de Regatas • Odeon • 78; (1912) O voluntário • Odeon • 78; (1912) Canção do soldado • Odeon • 78; (1912) O Caninha em apuros • Odeon • 78; (1912) Lília • Odeon • 78; (1912) O perigo • Odeon • 78; (1912) Noites de Santo Antônio • Odeon • 78; (1912) Margarida vai à fonte • Odeon • 78; (1912) Gaúcho • Odeon • 78; (1912) Seu Barnabé • Odeon • 78; (1912) Festas joaninas • Odeon • 78; (1912) Sindicato da terra da goiabada • Odeon • 78; (1912) Desafio em Braga • Odeon • 78; (1912) Quindins de Iaiá • Odeon • 78; (1912) O pescador • Odeon • 78; (1912) Pé de ganso • Odeon • 78; (1912) Eulina • Odeon • 78; (1912) Manhã na roça • Odeon • 78; (1912) Canoa virada • Odeon • 78; (1912) Amenidade • Odeon • 78; (1912) O corcunda • Odeon • 78; (1912) Moleque chorão • Odeon • 78; (1912) O leque • Odeon • 78; (1912) Sorteio militar • Odeon • 78; (1912) Pernambuco é minha terra • Odeon • 78; (1912) Jovens crioulas • Odeon • 78; (1912) Os caçadores • Odeon • 78; (1912) Periquitos • Odeon • 78; (1912) O Imperador da República • Odeon • 78; (1912) Triângulo mineiro • Odeon • 78; (1912) Maria François • Odeon • 78; (1912) Paladinos da Cidade Nova • Odeon • 78; (1912) O reinado do maxixe • Odeon • 78; (1912) A pimentinha • Odeon • 78; (1912) O bombeiro • Odeon • 78; (1912) Ó Margarida • Odeon • 78; (1912) As eleições de Piancó • Odeon • 78; (1912) O pai de toda gente • Odeon • 78; (1912) O cocheiro do bonde • Odeon • 78; (1912) Negro forro • Odeon • 78; (1913) Namoro frustado • Odeon • 78; (1913) Um vago • Odeon • 78; (1913) Choro de arrelia • Odeon • 78; (1913) Quem disse que o dinheiro não é bom? • Odeon • 78; (1913) O hervanário • Odeon • 78; (1913) O cara dura • Odeon • 78; (1913) Um gago em apuros • Odeon • 78; (1913) Moleque de uma perna • Odeon • 78; (1913) O galo e a galinha • Odeon • 78; (1913) A cabeça da mulher • Odeon • 78; (1913) Meninas traidoras • Odeon • 78.


Fontes: www.musicapopular.org / eduardo-das-neves/music.html; Enciclopédia da Música Brasileira - Editora Art PubliFolha.

Mário Pinheiro


Mário Pinheiro, cantor, nasceu em Campos RJ (1880) e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 10/1 /1923. Estreou como palhaço de um circo do bairro carioca da Piedade. Passou depois a atuar como cantor, sendo logo contratado com exclusividade por Fred Figner, fundador e proprietário da Casa Edison, do Rio de Janeiro.


Com Bahiano, Cadete, Nozinho e Eduardo das Neves, formou o quadro de cantores profissionais que realizaram as primeiras gravações de discos de gramofone no Brasil, iniciadas em 1902.

Sua dicção impecável levou-o a tornar-se o principal anunciador de discos da Casa Edison. Contratado pela Victor norte-americana, esteve nos E.U.A. e Itália, onde estudou canto, chegando a cantar no Teatro Alla Scala, de Milão. Voltou ao Brasil como baixo-cantante de uma companhia lírica.

Representando Tapir na ópera Moema, de Delgado de Carvalho, fez parte do programa de inauguração do Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, a 27 de julho de 1909.

Sua discografia, a mais extensa realizada por qualquer cantor de sua época, inclui gravações que vão de 1902 a 1919, para as etiquetas Odeon-Record, Columbia, Phonograph e Victor Record. Com o soprano Zola Amaro, cantou em 1920, no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, a ópera Condor (Carlos Gomes).

Detentor de grandes sucessos da música popular brasileira das duas primeiras décadas do século, entre suas interpretações destacam-se Ai, Maria (Edi Capua, versão de Russo), canção; Ao som da viola, desafio; O boêmio (Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense), tango; A brisa dizia à rosa, canção; Canção mineira, dueto; Na casa branca da serra (Miguel Emídio Pestana e Guimarães Passos), modinha; A casaca do homem, lundu; Casinha Pequenina (domínio público), canção; Clélia (Luís de Sousa e Catulo da Paixão Cearense), modinha; De Marília os lindos olhos, modinha; É loucura, meu anjo, modinha; Gentil Maria, modinha; Gondoleiro do Amor, modinha; As horas que passo, modinha; Isto é bom, lundu; Luar do Sertão (João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense), toada; Lundu infernal, lundu; Minha viola, toada; Mulata vaidosa, lundu; Nas horas mortas da noite, modinha; Ó pálida madona, modinha; Os olhos de Marília, modinha; Perdão Emília, modinha; Pierrot, canção; Pinica-pau, chula; Por um beijo, modinha; Primeiro amor, modinha; Quando morre o amor, valsa; Quando o meu peito, modinha; Quitutes, lundu; O rouxinol, modinha; Sertanejo enamorado, tango; Sô angu, lundu; Sou teu escravo, modinha; Stella, modinha; Talento e formosura (Edmundo Otávio Ferreira e Catulo da Paixão Cearense), modinha; e Teu pé, modinha.

Algumas interpretações












Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Anacleto de Medeiros


Anacleto Augusto de Medeiros, compositor, regente e instrumentista, nasceu em Paquetá RJ em 13/7/1866 e faleceu em 14/8/1907. Nascido na antiga Rua dos Muros, filho de uma escrava liberta, foi batizado com o nome do santo do dia. 


Aos nove anos ingressou na Companhia de Menores do Arsenal de Guerra (Rio de Janeiro RJ) e iniciou-se no aprendizado da música, tocando flautim na banda do Arsenal, dirigida por Antônio dos Santos Bocót.

Em 1884 entrou para a Imprensa Nacional (então Tipografia Nacional), como aprendiz de tipógrafo, e matriculou-se no Conservatório de Música, onde foi contemporâneo de Francisco Braga.

Na Tipografia, organizou o Clube Musical Guttemberg, integrado por meninos operários. Quando se formou no Conservatório, em 1886, executava vários instrumentos de sopro, mas preferia o sax-soprano. Com alguns músicos da extinta banda de Paquetá, fundou a banda da Sociedade Recreio Musical Paquetaense, compondo para esse conjunto algumas obras sacras, executadas sobretudo em festas, nas igrejas da ilha.

Por volta de 1887, começou a ser mais constante como compositor, lançando principalmente polcas, valsas e xótis. Muitas dessas composições alcançaram grande popularidade e eram executadas por bandas em todo 0 Brasil. Uma das mais célebres foi o xote Iara, que mais tarde recebeu versos de Catulo da Paixão Cearense e foi editado em 1912, com o nome de Rasga o coração, tendo sido aproveitado por Villa-Lobos como tema de seus Choros n° 10. Foi mestre e organizador de várias bandas, como a da Fábrica de Tecidos Bangu, a da Fábrica de Tecidos de Macacos (depois Paracambi) e a de Piedade (Magé).

Em 1896, compôs o dobrado Jubileu, para a Exposição Internacional do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, já bastante conhecido como regente e compositor, foi convidado a organizar a Banda do Corpo de Bombeiros, do Rio de Janeiro, para a qual levou alguns elementos da Sociedade Recreio Musical Paquetaense e antigos colegas do Arsenal de Guerra, além de músicos de choro. A Banda do Corpo de Bombeiros ficou famosa sob sua direção, tendo gravado alguns dos primeiros discos impressos no Brasil, a partir de 1902. Chegou ao posto de primeiro-tenente da Guarda Nacional.

Em 1935, por iniciativa do pintor e escultor Pedro Bruno, uma das ruas da ilha recebeu o nome de Maestro Anacleto, homenagem a um dos maiores compositores populares de sua época.

Maestro violento e caprichoso?

"Anacleto de Medeiros. Nasceu na ilha de Paquetá e morava na Rua da Ajuda com o inesquecível humorista Moreira da Imprensa Nacional, muito conhecido dos chorões daquele tempo pela sua verve espiritual. Era o maestro que aproveitava as melodias dos pássaros, dos apitos das fábricas, das cornetas dos tripeiros, do badalar dos sinos, dos toques das buzinas, dos automóveis, do trinar dos apitos dos guardas-noturnos, e de tudo que formasse uma nota boa ou semitonada. Por ele eram todos esses ritmos aproveitados para as suas sublimes composições.

Anacleto, foi um grande lecionador de música, assim como um mestre de muitas bandas particulares deixando muitos discípulos que fizeram honra aos seus dotes de professor exímio. Como mestre da Banda do Corpo de Bombeiros ele imortalizou-se, com a sua inteligência e devotamento, trabalhou corrigindo, modelando e aperfeiçoando, todos os seus comandados com a magia de uma grande vara usada por ele nos ensaios a guisa de batuta que fazia os seus alunos obedecerem. Como maestro ensaiador transformou a Banda do Corpo de Bombeiros em um conjunto de músicos professores que o respeitavam e o obedeciam, na maior rispidez de suas energias, pois Anacleto era um diretor de música caprichoso e violento.

Porém, quando não tinha na mão a batuta era um cordeiro de mansidão. Era uma pomba sem fel e um sincero amigo dos seus subordinados. Privando com eles na maior intimidade no mesmo nível de igualdade os acompanhando para o choro onde sobressaía com um inigualável executor no seu saxofone que era o seu instrumento predileto. Os choros organizados por Anacleto faziam falar os mudos e movimentava os paralíticos, desatinava a mocidade e trazia a juventude nos corações dos velhos. As competições musicais de Anacleto são conquistadas e admiradas por todos os chorões, composições estas que deixo de enumerá-las aqui por serem todas elas conhecidas pelos chorões da velha guarda." (Choro - Reminiscências dos chorões antigos - Rio de Janeiro, 1936).

Obras

No levantamento feito pelo Professor Catedrático Baptista Siqueira da Escola Nacional de Música da UFRJ, autor do livro “Três vultos históricos da Música Brasileira (Mesquita, Callado e Anacleto)” editado em 1970 sob o patrocínio do MEC, é a seguinte relação das músicas do Maestro Anacleto:

A Fuga dos anjos (canto); Acorde – Escute (polca); Açucena – 1890; Aí eu caí (valsa); Amar Sonhando (polca); Andorinha (valsa), 1890; Arariboia (passo dobrado); Ave-Maria (obra sacra); Avenida (passo dobrado), 1905; Baile (quadrilha), 1890; Benzinho (schottish – letra de Catulo); Bolero; Bouquet (polca de concerto - sólo de trompete); Brasil – Portugal (polca); Cabeça de porco (polca); Café Avenida (tango); Capricho (tango); Carícia de Amor (schottish); Carolina (polca), 1896; Casa de Cômodos; Caprichosa (polca - manuscrito); Carnaval de 1905 (polca); Catutinha (polca); Como eu quisera morrer! (passo dobrado); Conde de Santo Agostinho (marcha); Deliciosa (quadrilha); Despedida (valsa – Catulo fez uma polca para essa valsa); Dulce (valsa), 1896; Em ti pensando (polca - manuscrito); Enigmática (polca - choro); Esperança (quadrilha); Está se corando (polca), 1891; Eulália ( polca); Faceira (quadrilha); Fadário (polca - Medrosa); Farrula (valsa); Fluminense (quadrilha); Fuga dos Anjos (letra de Arlindo Pinheiro Bastos); Graciosa (valsa); Implorando (schottish – letra de Catulo); Jubileu (passo dobrado), 1906; Juracy (polca – manuscrito); Louco de amor (schottish); Lydia (polca); Marcha Fúnebre nº 1; Marcha Fúnebre nº 2; Melosa (polca); Medrosa (polca – Letra de Catulo); Miguelina (quadrilha); Missa, 1896; Misterioso (passo dobrado); Morrer sonhando (polca); Na volta do Correio (passo dobrado); Não me olhes assim (schottish), 1899; Nenezinha (polca); Noites de Inverno (romance para cornetim); Noites de inverno (schottish); Núpcias (valsa); Oh! Não fujas (habaneiras); Olhos matadores (schottish - Poesia de Catulo); Os Boêmios (tango - Poesia de Catulo), 1901; Pavilhão Brasileiro (passo dobrado); Perpétua (mazurka); Por um beijo – (Terna saudade); Preciosa (quadrilha); Predileta (valsa - editado em 15/04/1901 – poesia de Catulo); Primavera (romance para clarinete – sólo); Que tu és (polca – poesia de Catulo); Queimou a luz (polca); Quem comeu a vaca ?; Qui – pro – quó (polca), 1901; Salutaris; Pinheiro Freire (marcha); Radiante (polca); Rainha dos Gênios (valsa); Santinha (schottish); Segredo do Coração (quadrilha); Sentida (polca); Sentinela (schottish); Silenciosa (quadrilha); Tatá (polca); Te Deum, 1896; Terna saudade (valsa); Teu olhar (schottish); Três Estrelinhas; Triunfo do Brasil (encontrado no interior de Minas); Urso (polca - dedicada ao amigo Frederico Bischof); 28 de Fevereiro (fantasia); Vou Contigo (polca); Yara (schottish – edição 1916).


Fontes: Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - SP; O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - Rio de Janeiro, 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto.

Cadete


Cadete (Manuel Evêncio da Costa Moreira), cantor, compositor e instrumentista, nasceu em Ingazeira, PE, em 3/5/1874 e faleceu em Tibagi, PR, em 25/7/1960. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1887, a fim de matricular-se na Escola Militar, onde ganhou o apelido de “Cadete” e chegou a receber uma medalha das mãos de Pedro II, por ser o único a responder uma pergunta sobre o valor do grama.


Preso mais de uma vez por indisciplina, convenceu-se da impossibilidade de conciliar a boêmia com a rigidez da vida militar e abandonou a farda, aproximando-se dos chorões e seresteiros da época.

Conheceu Sátiro Bilhar, que o apresentou a Catulo da Paixão Cearense, em 1896, e, por seu intermédio, integrou-se na roda dos grandes chorões: Anacleto de Medeiros, Irineu de Almeida, Mário Pinheiro, Neco, Pedro de Alcântara, Juca Kalut, Eduardo das Neves, Quincas Laranjeiras, Cantalice, Luís de Souza e outros. Com Bahiano, Mário Pinheiro e Nozinho, formou o primeiro elenco de cantores profissionais da Casa Edison, introdutora no Brasil da gravação de discos de gramofone.

Principiando nos fins do séc. XIX com a gravação de cilindros metálicos (fonogramas), Fred Finger, proprietário do estabelecimento, lançou em 1902 o primeiro catálogo de discos (chapas de cera). Nele seu nome aparece gravado com a sigla K. D. T., cantando para a etiqueta Zon-O-phone cerca de 65 modinhas e lundus, todos da série em cuja lista já se encontravam alguns dos grandes sucessos do seresteiro, destacando-se a modinha Bem-te-vi (Miguel Emídio Pestana e Melo Morais Filho) e o lundu A mulata (Xisto Bahia e Melo Morais Filho). Fez também anúncios para a Casa Edison.

Em 1906 percorreu o Norte do país, apresentando-se no Ceará, Maranhão, Amazonas e Acre, excursionando depois pelo Uruguai e Argentina. No ano seguinte mudou-se para o Paraná e formou-se em farmácia em 1910, tendo morado em Tibagi, Campina Alta e Reserva. Fixou-se definitivamente em Tibagi, abriu uma farmácia e elegeu-se vereador.

Casou em 1908, enviuvou em 1937, casando novamente no ano seguinte. Visitava periodicamente o Rio de Janeiro para fazer gravações, tendo-se apresentado pela última vez nessa cidade em 1942, cantando em programa da Rádio Nacional. Afastando-se do meio artístico, quando morreu deixou grande coleção de discos, muitos dos quais são verdadeiras raridades.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha - SP.