quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Hianto de Almeida

Hianto de Almeida
Hianto de Almeida (Hianto Ramalho de Almeida Rodrigues), compositor e cantor, nasceu em Macau/RN em 2/6/1 923 e faleceu em Natal/RN em 27/9/1964. Seu pai, Fernando de Almeida Rodrigues, era compositor e músico amador. Cursou o primário em Macau e aos nove anos compôs suas primeiras músicas.

Começou cedo a estudar piano e, com a mudança da família para Natal, tornou-se aluno de Clementino Câmara. Por volta de 1942, começou a cantar, apresentando-se num programa de calouros na Rádio Educadora de Natal (hoje Poti).

Em 1952 foi para o Rio de Janeiro, empregando-se na Companhia Comércio e Navegação. Concluiu o curso técnico de contabilidade, compondo nas horas vagas. Ainda em 1952 teve sua primeira composição gravada, Amei demais, por Vera Lúcia, na etiqueta Elite, e Encontrei afinal, um de seus maiores sucessos, na voz de Dalva de Oliveira, ambas em parceria com seu irmão Haroldo de Almeida.

Para o Carnaval de 1953 compôs Mais um traçado (com Jurandi Prates) e Marcha do tambor (com Evaldo Rui e Jurandi Prates). Nos anos seguintes, destacam-se entre suas composições o samba Vento vadio (com Evaldo Rui), 1953; o fox Segredo da meia-noite (com Francisco Anisio), 1955; o samba Era bom (com Macedo Neto), 1960; a marcha Natal da criança pobre (com Macedo Neto), 1960; e o samba Meu bem, gravado por Ciro Monteiro em 1962. Para o Carnaval de 1962 lançou Samba de pé no chão (com Macedo Neto) e Vazio de você (com Haroldo de Almeida).

Entre os principais intérpretes de suas músicas figuram Elisete Cardoso, Dalva de Oliveira, Dircinha Batista, Elza Soares e Moacir Franco.

Obras: A carne, samba, 1955; Encontrei afinal (c/Haroldo de Almeida), samba, 1952; Eu quero é sossego (c/Sebastião Barros), choro, 1952; Eu vim morar no Rio (c/Francisco Anísio), samba, 1958; O lenço do Chiquinho (c/Haroldo de Almeida), 1955; Natal da criança pobre (c/Macedo Neto), marcha, 1960; Samba de pé no chão (com Macedo Neto), samba, 1962; Sincopado triste (c/Macedo Neto), samba, 1961.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora

Henricão

Henricão (Henrique Filipe da Costa), cantor e compositor, nasceu em Itapira/SP, em 11/01/1908, e faleceu no Rio de Janeiro/RJ em 11/06/1984. Motorista de madame na rua Augusta, em São Paulo, exibido, na beleza de seus quase dois metros de altura, pela patroa orgulhosa, cuja família ele considerava sua. Nunca negou a origem humilde nem as dificuldades pelas quais passou, mesmo tendo em seu currículo sucessos nacionais – e internacionais –, além de vendagens recordes de discos para sua época.

A grande paixão era a Escola de Samba Vai-Vai, que ele viu ser fundada como cordão carnavalesco e para a qual compôs vários sambas. Cantou em circo, em parques de diversão, em rádios, nas festas populares do Nordeste. Sozinho e com algumas parceiras, das quais Carmen Costa seria a mais famosa e teria mais êxito de público e mídia que seu lançador.

Foi o primeiro Rei Momo negro da história do carnaval (com alguns seguidores no futuro) e sua figura imponente, risonha e bela ainda nos últimos dias, era recebida com alegria e reverência por todos.

Ninguém como ele alcançou sucesso fazendo versão. Já era bastante conhecido por seu Só vendo que beleza (chamada mais por Marambaia, mas depois ele acabou usando esse nome para uma música que seria "resposta" ao Só vendo que beleza) quando ouviu o tango Caminito (Gabino Peñaloza / Juan de Dios Filiberto) e criou uma versão livre em samba chamada Carmelito, que foi um furor nacional. Já ao lado de Carmem Costa, repetiu a dose ao criar Está chegando a hora (com seu parceiro favorito Rubens Campos), baseada na canção mexicana Cielito lindo (Fernandez), outro sucesso fenomenal, cantado até hoje.

Foi parceiro de grandes sambistas. Além de Rubens Campos, compuseram com ele nomes como os de Buci Moreira, Príncipe Pretinho, Caco Velho, entre outros. Entre suas várias parceiras, antecessoras de Carmen Costa, destacaram-se a paulistana Risoleta – que fez sucesso solo no teatro de revista – e a carioca Sarita.

Confessa no programa que passou fome, mesmo famoso, mas teve sempre a ajuda de amigos e "tocou a vida", como afirmava, sempre com otimismo e esperança. Se ganhasse um centavo por cada vez que se cantava Está chegando a hora, teria enriquecido. No final da vida reencontrou-se com a eterna parceira Carmem Costa, que participou de sua última gravação (1980), o LP Henricão – Recomeço, pelo Estúdio Eldorado de São Paulo. Não teve repercussão de público – hoje é peça rara, procurada por pesquisadores e colecionadores – e foi o canto do cisne dessa importante figura da música popular brasileira.

Fonte: Arley Pereira - MPB ESPECIAL - 11/6/1973

Heitor Villa-Lobos


A 5 de março de 1887, nascia Heitor Villa-Lobos, na Rua Ipiranga, bairro de Laranjeiras, Rio de Janeiro. Sua mãe, Noêmia Villa-Lobos, cuidava dos filhos e da casa. Seu pai, Raul Villa-Lobos, era funcionário da Biblioteca Nacional e dedicava-se à música, como amador.

Na casa dos Villa-Lobos, todos os sábados, nomes respeitados da época reuniam-se para tocar até altas horas da madrugada. Esse hábito, que durou anos, influiu decisivamente na formação musical de Villa-Lobos que, logo cedo, iniciou-se na música. Aos seis anos de idade, aprendeu a tocar violoncelo com o pai, em uma viola especialmente adaptada.

Foi também nessa época - e graças à sua tia Fifinha que lhe apresentou os Prelúdios e Fugas do "Cravo Bem Temperado" - que "Tuhú" (seu apelido de infância) fascinou-se pela obra de Johann Sebastian Bach, compositor que acabou por lhe servir de fonte de inspiração para a criação de um de seus mais importantes ciclos, o das nove "Bachianas Brasileiras".

Além da cidade do Rio de Janeiro, Villa-Lobos residiu com a família em cidades do interior do Estado e também de Minas Gerais. Nessas viagens, entrou em contato com uma música diferente da que estava acostumado a ouvir: modas caipiras, tocadores de viola, enfim, uma parte do folclore musical brasileiro que, mais tarde, viria a universalizar-se através de suas obras.

Ao voltar ao Rio de Janeiro, a música praticada nas ruas e praças da cidade também passou a exercer-lhe um atrativo especial. Era o "choro", composto e executado pelos "chorões", músicos que se reuniam regularmente para tocar por prazer e, ainda, em festas e durante o carnaval. Tal interesse levou-o a estudar violão escondido de seus pais, que não aprovavam sua aproximação com os autores daquele gênero, pois eram considerados marginais.

Com a morte de Raul Villa-Lobos, em 1899, D. Noêmia não conseguiu mais conter o filho. No início dos anos 20, como conseqüência desse envolvimento com o choro, começaria a compor um ciclo de quatorze obras, para as mais diversas formações, intitulado "Choros"; nascia aí uma nova forma musical, onde aquela música urbana se mesclava as modernas técnicas de composição.

Em 1905, Villa-Lobos partiu em viagens pelo Brasil. Visitou os estados do Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, passando temporadas em engenhos e fazendas do interior, em busca do folclore local. Tempos depois, seguia para outra viagem - uma excursão pelo interior dos estados do Norte e Nordeste - que se estenderia por mais de três anos. Foi nesse momento que teria conhecido a Amazônia - fato ainda não comprovado - o que teria marcado profundamente sua obra.

Por onde passava, Villa-Lobos ia recolhendo temas folclóricos que utilizaria em suas composições, como no "Uirapuru", e em seu futuro trabalho de educação musical, através da coleção "Guia Prático".

O ano de 1915 marca o início da apresentação oficial de Villa-Lobos como compositor, com uma série de concertos no Rio de Janeiro. Na época, casado com a pianista Lucília Guimarães, ganhava a vida tocando violoncelo nas orquestras dos teatros e cinemas cariocas, ao mesmo tempo em que escrevia suas obras. Os jornais publicavam críticas contra a modernidade de sua música. Anos mais tarde, o compositor fez questão de explicar:

"Não escrevo dissonante para ser moderno. De maneira nenhuma. O que escrevo é conseqüência cósmica dos estudos que fiz, da síntese a que cheguei para espelhar uma natureza como a do Brasil. Quando procurei formar a minha cultura, guiado pelo meu próprio instinto e tirocínio, verifiquei que só poderia chegar a uma conclusão de saber consciente, pesquisando, estudando obras que, à primeira vista, nada tinham de musicais. Assim, o meu primeiro livro foi o mapa do Brasil, o Brasil que eu palmilhei, cidade por cidade, estado por estado, floresta por floresta, perscrutando a alma de uma terra. Depois, o caráter dos homens dessa terra. Depois, as maravilhas naturais dessa terra. Prossegui, confrontando esses meus estudos com obras estrangeiras, e procurei um ponto de apoio para firmar o personalismo e a inalterabilidade das minhas idéias".

No Brasil do início do século, a influência européia e a permanência do espírito conservador do fim de século incomodavam a juventude, que começava a reagir a tudo isso. Surgiu, então, um movimento chamado Modernista que, em fevereiro de l922, foi oficializado em São Paulo, através da Semana de Arte Moderna. Atividades de vários campos da arte foram apresentadas no Teatro Municipal daquela cidade.

Convidado por Graça Aranha, Villa-Lobos aceitou participar dos três espetáculos da "Semana", apresentando, dentre outras obras, as "Danças Características Africanas".

Já bastante conhecido no meio musical brasileiro, alguns de seus amigos começaram a incentivá-lo a ir à Europa, e apresentaram à Câmara dos Deputados um projeto para financiar sua ida a Paris. A proposta foi aprovada e Villa-Lobos partiu, em 1923, para o que seria sua primeira viagem ao Velho Continente. Chegou com mentalidade própria e se impôs em menos de um ano. Um grupo de amigos ajudou-o nas despesas e apresentou-o aos editores Max-Eschig, enquanto o pianista Arthur Rubinstein - que já o conhecia do Brasil - e a soprano Vera Janacópulus divulgavam suas obras em recitais por vários países.

De volta ao Rio de Janeiro, em 1924, Villa-Lobos foi assim saudado pelo poeta Manuel Bandeira: "Villa-Lobos acaba de chegar de Paris. Quem chega de Paris espera-se que chegue cheio de Paris. Entretanto, Villa-Lobos chegou cheio de Villa-Lobos. Todavia uma coisa o abalou perigosamente: a "Sagração da Primavera", de Stravinsky. Foi, confessou-me ele, a maior emoção musical da sua vida.(...)".

Em 1927, o compositor retornou a Paris para organizar concertos e publicar várias obras. Fez amigos, e muitos artistas de renome freqüentavam sua casa e participavam das feijoadas dos domingos. A partir dessa segunda temporada na capital francesa, ganhou prestígio internacional, apresentando suas composições em recitais e regendo orquestras nas principais capitais européias, causando forte impressão, ao mesmo tempo em que provocava reações por suas ousadias musicais.

No segundo semestre de 1930, Villa-Lobos - a convite - retornava provisoriamente ao Brasil para a realização de um concerto em São Paulo. Contudo, não previa que, neste seu retorno, estaria inaugurando um novo capítulo em sua biografia.

Villa-Lobos preocupava-se com o descaso com que a música era tratada nas escolas brasileiras e acabou por apresentar um revolucionário plano de Educação Musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. A aprovação do seu projeto levou-o a mudar-se definitivamente para o Brasil.

Em 1931, reunindo representações de todas as classes sociais paulistas, organizou uma Concentração Orfeônica chamada "Exortação Cívica ", com a participação de cerca de 12 mil vozes.

Após dois anos de trabalho em São Paulo, Villa-Lobos foi convidado oficialmente pelo Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro - Anísio Teixeira - para organizar e dirigir a Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA), que introduzia o ensino da Música e o Canto Coral nas escolas.

Como conseqüência do seu trabalho educativo, viajou de Zeppelin, em 1936, para a Europa, representando o Brasil no Congresso de Educação Musical em Praga.

Com o apoio do então Presidente da República, Getúlio Vargas, organizou Concentrações Orfeônicas grandiosas que chegaram a reunir, sob sua regência, até 40 mil escolares e, em 1942, terminou por criar o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, cujo objetivo era formar candidatos ao magistério orfeônico nas escolas primárias e secundárias, estudar e elaborar diretrizes para o ensino do Canto Orfeônico no Brasil, promover trabalhos de musicologia brasileira, realizar gravações de discos, etc.

"Irei aos Estados Unidos somente quando os americanos quiserem me receber como eles recebem a um artista europeu, isto é, em razão das minhas próprias qualidades e não por considerações políticas..."

Apesar dessa resistência inicial (era o momento da chamada "política da boa vizinhança" praticada pelos EUA com aliados na 2ª Guerra Mundial), Villa-Lobos, convencido pelo Maestro Leopold Stokowski, seu amigo desde Paris, aceitou o convite do Maestro norte-americano Werner Janssen para uma turnê pelos EUA, em 1944.

A partir daí, retornou àquele país várias vezes, onde regeu e gravou suas obras, recebeu homenagens e encomendas de novas partituras, além de ter travado contato com grandes nomes da música norte-americana, fechando, assim, o ciclo de sua consagração internacional. Villa-Lobos morreu de câncer em 17 de novembro de 1959, no Rio de Janeiro.

Fonte: Museu Villa-Lobos

Grupo X


Grupo X - Grupo composto por Orlando Romano (1917 - voz e tamborim), Mário Romano (1919 - violão), Amílcar de Conte (violão - tenor), Alberto Cabral Botelho (violão e chocalho), Heitor Viana Rabelo (pandeiro) e Frederico Menzen Júnior (1916 - violão).

Apesar de uma curta existência com a formação original, o Grupo X alcançou grande destaque. Estreou em 1935 na Rádio Educadora Paulista. A discografia do grupo foi feita na gravadora Columbia.

De 1936 a 1938, lançou um total de 15 discos com 30 músicas. Na segunda fase, que duraria até 1943, o Grupo X passaria de sexteto a quinteto, contando com Orlando, Mário e Amílcar (integrantes da primeira formação), Orlando Medeiros (pandeiro), posteriormente substituído por Bruno Jacomini, e Ararê Patuska ao violão.

Alguns sucessos do grupo: Modelo de beleza (1936/7), Brazilian Clipper (1936/7), Cantigas de vovô, Já é hora, Toque a flauta...Josefina, Lembrando uns lindos olhos, Prá lá de lá, Casa-te e verás, Não digo a ninguém, Abram alas.



Fonte: Revivendo Músicas

Ester de Abreu


Ester de Abreu (Ester de Abreu Pereira), cantora, nasceu em Lisboa, Portugal, em 25/10/1921 e faleceu no Rio de Janeiro em 24/2/1997. Cantora em programas infantis estreou profissionalmente na Rádio Nacional de Lisboa, em 1940.


Em 1948 veio para o Brasil, para uma temporada de dois meses, no Copacabana Palace Hotel, finda a qual se fixou no Rio de Janeiro, como contratada da Rádio Nacional. Seu grande sucesso ocorreu em 1952, com a gravação do fado-canção Coimbra (José Galhardo e Raul Ferrão), pela Sinter.

Além de interpretar fados e canções, gravou samba-canções, baiões e músicas carnavalescas, como Cabral no Carnaval (1953), marchinha de Blecaute, e Ou vai ou racha (1953), marcha de Luís Antônio e José Batista, ambas pela Sinter.

Destacam-se também em sua carreira de intérprete as gravações do bolero Outras mulheres (Francisco Neto e Humberto de Carvalho), do fado Perseguição (Adelino de Sousa e Carlos da Maia) e do bolero Reflete, amor, do acordeonista português Antônio Mestre.

Por volta da década de 70 afastou-se das atividades artísticas.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Gilda Valença

Gilda Valença (Ermenegilda Pereira), cantora, nasceu em 13/2/1926 em Lisboa, Portugal. Irmã da também cantora Ester de Abreu, começou a cantar em 1953, quando gravou pela gravadora Sinter a marcha Uma casa portuguesa (N. Siqueira, Ferreira e Fonseca), seu maior sucesso, e o bolero mambo Vê... lá bem (Manoel Baião e E. Damas).

Em 1954, gravou o corrido Corridinho nº 1 (Melo Jr. e Silva Tavares) e o fado Fado de Vila Franca (João Nobre).

Em 1955, gravou o fado Penso que sei, mas não sei (Casimiro Silva) e a toada Canção do moinho (Amadeu do Vale e Carlos Dias). Ainda nesse ano gravou as marchas Uvas pretas e Quanta coisa boa (ambas de Pedro Caetano e Carlos Renato).

Em 1956, gravou o fado Lisboa antiga (R. Portela, Vale e J. Galhardo), e a marcha Cantiga de rua (João Bastos e Antônio Melo). Ainda em 56 gravou a toada Praias de Nazaré (Humberto Teixeira).

Em 1957, lançou os discos com as gravações dos fados O José aperta o laço (João Nobre) e Alfama (Carlos Dias e Amadeu do Vale). Em 1958, gravou Nono mandamento (René Bittencourt e Raul Sampaio), e Só por milagre (João Nobre).

Atuou também como atriz nas revistas É fogo na roupa e Que espeto, seu Felicidade!, e continuou gravando LPs, como Seleções de A Severa e Passaporte internacional.

Gilda de Barros

Gilda de Barros, cantora, casada com com o trombonista Raul de Barros, gravou em 1953 o baião Remador, de Osvaldo Silva Melo e Hélio Sindô e o bolero Aquelas frases lindas, com Raul de Barros e sua orquestra.

Ainda no mesmo ano, gravou o samba-canção Eu sou a outra, de Ricardo Galeno (canção que fez grande sucesso na voz de Carmen Costa) e o fox Peço desculpas, de Hoffman, Goodhart e Lourival Faissal.

Em 1954 gravou Ave Maria do morro (Herivelto Martins), Leva saudade, baião de Castro Perret e Osvaldo Silva e, ainda, o maracatu Maracatucá, de Geraldo Medeiros e Jorge Tavares, com a orquestra de Raul de Barros.

São de 1955 as gravações dos sambas Não pode ser, de Ricardo Galeno e Maria Lopez e A felicidade vem depois, de Raul de Barros e Zé Kéti.

Em 1956, gravou pela Odeon o fox Lavadeiras de Portugal, de Popp, Lucchesi e Joubert de Carvalho e o samba-canção Vem viver ao meu lado, de Alcides Fernandes e Tom Jobim, com acompanhamento da orquestra de Tom Jobim.

Em 1957, passou para a gravadora Todamérica, onde estreou gravando o samba-canção Domínio, de Jota Jr. e Oldemar Magalhães e o bolero Meu xodó, de Oscar Bellandi e Cícero Nunes.

Seguiriam, em 1958, as gravações do samba-canção Beijos mentirosos, de Osmar Safeti e Jaime Florence e do mambo Covarde, de Getúlio Macedo e Lourival Faissal. No mesmo ano, gravou pela Sinter a marcha Tentação de Momo e o samba Sei que voltarás, ambas de Alcebíades Nogueira e Luiz de França.

Em 1962, gravou pela Mocambo a marcha Você dá sopa demais, de Gracia, Tevê e J. Fonseca e o samba Mais um amor, de Buci Moreira, Arnô Canegal e Jorge Gonçalves. São de 1964 as gravações, também pela Mocambo, da marcha A bola do Maracanã, de Gracia e Chavito e do samba O outro lado da vida, de J. Piedade e Moacir Vieira.

Ainda nos anos 60, gravou pela pequena gravadora Agems os sambas Do Leblon a Cascadura, de Elias Ramos, Nelinho e Arnaldo Morais e "Resignação", de Elias Ramos e Nelinho.

O trovador de Toledo


O Trovador de Toledo (L'Arlequin de Tolède) (pasodoble, 1962) - Hubert Giraud e Jean Drejac - Versão: Romeu Nunes - Intérprete: Gilda Lopes

LP Gilda Lopes - A Fabulosa / Título da música: O Trovador de Toledo (L'Arlequin de Tolède) / Hubert Giraud (Compositor) / Jean Drejac (Composição) / Romeo Nunes (Versão) / Gilda Lopes (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Ano: 1963 / Nº Álbum: MOFB 3311 / Lado B / Faixa 1 / Gênero musical:Pasodoble.



Nas noites enluaradas / Na formosa Toledo
Alguém esconde um segredo / Um amor proibido
E uma janela apagada / É o que restou, mais nada!

Entre as lembranças que a noite / Consigo guardou um dia
E nas trevas de amor / Que então vai dizendo
Fala de um coração cheio de ternura / Que esquecer procura
Um amor negado / E exala em segredo, infinda amargura.

E o trovador de Toledo / Pelas noites escuta
E toda gente pergunta / Qual será o segredo
De uma janela apagada / De um balcão deserto
De uma paixão sufocada / Por quem está longe e perto.

Mas no seu coração cheio de amargura
Guarda o trovador, uma esperança
Sem saber o carinho que então procura
Já é de outro e que a espera
É inútil, inútil...

Gilda Lopes

Gilda Lopes, cantora gaúcha dotada de uma voz excepcional, se dedicou ao gênero da ópera com a mesma soltura com que interpretou qualquer tipo de música.

Em 1962 gravou um LP que incluiu o seu maior sucesso, O trovador de Toledo, versão de "El Arlequín de Toledo", junto a outros grandes sucessos: A Hora do amor, Padre Don José, Tormento de amor, Ba-ba-la-ô, Não, eu não vou ter saudade (o sucesso de Edith Piaf Non je ne regrette Rien), De degrau em degrau, Nasci para ti, Balada do adeus, Apaixonada, Agonia, Quero paz.

Por problemas familiares interrompeu sua carreira artística indo morar nos EUA.

O Cruzeiro - 16 de janeiro de 1960

"Em 1950, um dos maiores brotos que já circularam pela famosa Rua da Praia, Gilda Lopes, quis ser Rainha dos Estudantes Gaúchos. Foi. E êles ficaram tão entusiasmados que quiseram, por sua vez, que ela fôsse “Miss” Pôrto Alegre nesse ano. Gilda tinha, porém, 15 anos e, pelo regulamento, não poderia tirar o primeiro lugar. Conquistou um mais do que honroso 2.º pôsto.

Alguns anos mais tarde, Gilda quis ir à Itália. Foi. Ganhou uma média de 3 serenatas por cidade que visitou. Desde menina adorava música - cantar e compor. Convidada, um dia, para participar de um programa da Rádio Roma, em homenagem ao Brasil, cantou “Lamento de Escravo”, de sua autoria.

No dia seguinte recebeu, pelo telefone, duas propostas para gravar, uma da RCA, outra da Fonit. Cantou depois na Tv (Musichieri, Noi Loro), rádio (24.ª hora, Musicale), “boites” (Open Gate, Kit Kat), fêz cinema (uma co-produção ítalo-americana com Mamie Van Doren). Em pouco tempo era notícia na Itália, saindo sôbre ela reportagens “Settimana”, “Il Tempo” etc. Mas ela queria vencer era no Brasil. E em maio de 59 desembarcava no Rio.

Quis gravar, então, um disco que acaba, aliás, de ser lançado: “Lola” (versão) & “Delírio” (de sua autoria e Roberto Kelly). Quer sair agora para um LP, o que vai ser feito. (A voz de Gilda alcança 4 oitavas).

Como a Lola de seu disco, tudo que Gilda quer, Gilda tem. Estudou piano e ballet dos 5 aos 14 anos. Leu (principalmente os inglêses) James Hilton, Somerset Maugham, Aldous Huxley e Bernard Shaw. Adora Beethoven, Bach e Chopin. É janista e ferrarista. Compõe depois da meia-noite. Usa “Fleur de Rocaille”.

Não sossega enquanto não resolver o seguinte problema: “Por que nascemos?”. Estudou sapateado e castanholas. Tem dois pássaros em casa: um canário e um cardeal. Está fazendo, para seu próprio govêrno, uma análise científica do espiritismo. Pretende, um dia, fazer o curso de Medicina.

Até hoje, realmente, conseguiu tudo o que quis. O que não significa, contudo, que sua capacidade de querer já esteja esgotada e que não haja mais “chance” para um de todos nós se tornar, um dia, uma das metas a ser atingida por Gilda “Lola” Lopes".


Fontes: http://www.rockolafree.com.ar/Brasil-G.htm; Memória Viva.