quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Trigêmeos Vocalistas


Trigêmeos Vocalistas, Os - Conjunto organizado em 1937, em São Paulo SP, pelos irmãos Armando Carezzato (São Paulo 1917—), e os gêmeos Raul Carezzato (São Paulo 1921—) e Humberto Carezzato.


Depois de se apresentarem individualmente desde crianças, apareceram como o Trio Carezzato, no programa de calouros dirigido por Nilo Melo, no Teatro Colombo, de São Paulo. Foram então contratados para se apresentar na boate Tabu e na Rádio Difusora, de São Paulo, mudando o nome para Os Trigêmeos Vocalistas.

Em 1939 o conjunto foi contratado por Raul Roulien, para uma temporada no Cassino Atlântico, do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que ingressou na Rádio Nacional; passou depois para a Rádio Globo, voltando novamente para a Nacional.

Gravou em 1940, na Victor, Sacrifício demais (Assis Valente e Leandro Medeiros) e Vieni! Vieni! (Vicente Scotto). O conjunto apresentou-se em Punta del Este e La Ascensión, Uruguai, atuando ainda com Geysa Bôscoli em Buenos Aires, Argentina, fazendo parte do elenco da Rádio Nacional.

Gravou para o Carnaval de 1949, na Odeon, a marcha Os boca negra (Jaú e Dovasal Monteiro Pires). Nesse mesmo ano, fez sucesso com a gravação da rumba El cumbanchero (Rafael Hernández) e o corrido mexicano Don Pedrito (Djalma Esteves e Célio Monteiro), em discos Columbia.

No ano seguinte o sucesso veio com os foxes Eu vou sapatear (Nicola Bruni) e Vaqueiros de Marajó (Stan Jones, versão de Santos Rodrigues), na mesma gravadora. Em 1951, gravou, ainda na Columbia, o fox Tictoc-bum (Charles Trenet, versão de Santos Rodrigues).


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Três Morais


Três Morais, Os - Conjunto formado em 1963 pelos irmãos Jane Vicentina do Espírito Santo (Tatuí SP 1943—), Sidney do Espírito Santo (Sorocaba SP 1925—) e Roberto do Espírito Santo (Tatuí 1935—).

Começaram atuando individualmente em conjuntos e orquestras, até se reunirem no conjunto que adotava o sobrenome da mãe - Morais — para gravar jingles. Sidney já havia atuado anteriormente nos conjuntos vocais Garotos Vocalistas (1948), Os Quatro Amigos (1950) e Conjunto Farroupilha (1958).

Mais tarde o conjunto gravou de Ely Arcoverde Sambachiana, composição inspirada no conjunto Swingle Singers. Depois de atuar com repertório quase erudito, começou a interpretar músicas populares em vários programas musicais da época, como O Fino da Bossa e o show Bo-64, através do qual se lançou na televisão.

Jane participou do LP Chico Buarque de Hollanda, cantando a música Com açúcar e com afeto (Chico Buarque), que gravaria sozinha mais tarde. O conjunto gravou três LPs e em 1970 a cantora Jane se casou com o show-man Herondy Bueno, formando com ele uma dupla. Foi então substituída no trio pela cantora Vera Lúcia, originaria do conjunto Alpha Centauri.

Com a nova formação, o trio gravou pela Continental um LP, apresentando grandes sucessos, como as marchas-rancho Pastorinhas (João de Barro e Noel Rosa) e Estrela do mar (Marino Pinto e Paulo Soledade). Entre as composições de Sidney destaca-se Além (com Edson Borges), com várias gravações.

Em maio de 1997 o grupo voltou a reunir-se, com a formação original, apresentando o show Parabéns, Música Brasileira, no projeto Clube da Bossa, organizado por Jane às terças-feiras no restaurante A Baiúca, em São Paulo. Na ocasião cantaram músicas de Tom Jobim, Paulinho Nogueira, Milton Nascimento, Egberto Gismonti e Ely Arcoverde, entre outros.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

J. Aimberê

O compositor, instrumentista e regente J. Aimberê (José Aimberê de Almeida) nasceu em Anápolis (atual Analândia) SP em 9/4/1904 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 24/11/1944. Começou a estudar piano em São Paulo e aos 18 anos passou a substituir seu professor, tocando no cinema High Life, no Largo do Arouche.

No mesmo ano foi para Vitória ES dirigir uma orquestra de cinema, no Teatro Melpômene. Vinte e dois dias depois, um incêndio destruiu o teatro; embora sem emprego, resolveu continuar em Vitória, travando amizade com o humorista e cantor Barbosa Júnior, com quem passou a trabalhar.

Compôs nessa época suas primeiras músicas, a toada Jabuticaba, gravada por Gastão Formenti em 1929, e o samba Gosto muito de ti, gravado por Dora Brasil em 1930. Compôs vários roteiros musicais para revistas, como Onde está o gato? (letras de Luís Iglésias e Geysa Bôscoli), em 1927, e no ano seguinte a burleta Noite de reis, parceria de J. Soares e libreto de Freire Júnior.

Datam de 1929 o samba A jura que me fizeste (com João Jório), gravado por Arnaldo Pescuma, e a marcha Paulicéia, além do seu maior sucesso no gênero de revista, Mineiro com botas, com Martínez Grau, J. Tomás e outros, e letra de Marques Porto e Luiz Peixoto. É ainda de 1929 a revista Vai haver o diabo, com Lamartine Babo e Martinez Grau, e letra de Alfredo Breda e Jerônimo de Castilho.

Durante a década de 1930, por influência do teatro, compôs músicas com ritmos norte-americanos e argentinos. Em 1931 resolveu fixar se no Rio de Janeiro, sendo logo contratado como maestro dos espetáculos de variedades da Companhia Roulien, no antigo Teatro Rialto. Finda a temporada, passou para a Companhia Genésio Arruda, como maestro do espetáculo Moinho de Jeca, em que muitas músicas de sua autoria foram incluídas. Nesse ano, Otília Amorim gravou seus sambas Nego bamba e Eu sou feliz.

Em 1932 compôs a opereta Uma falação de caboclo, com, entre outros, Pixinguinha e De Chocolat, este último autor do libreto em parceria com o bailarino Duque. No mesmo ano atuou como regente da Companhia Brasileira de Revistas, no Teatro Trianon, e em 1934 compôs a música da comédia musical de Viriato Correia Coisinha boa, com Joubert de Carvalho. Um ano mais tarde escreveu No quilômetro 2, o primeiro disco lançado por Orlando Silva na Victor.

Em 1936 compôs Ganhou mas não leva, revista com letra de Otávio Rangel e Milton Amaral, e a opereta Sinhô do Bonfim (libreto de Paulo Orlando). No ano seguinte foi contratado como maestro da Companhia Alda Garrido, no Teatro Carlos Gomes, e em 1938 escreveu a opereta Brasil caboclo (letras de Vicente Marchelli, José Luis Calazans e Humberto Miranda).

Um ano depois apresentou suas músicas em mais duas revistas, A vida assim é melhor, com Pixinguinha, letra de Paulo Orlando e De Chocolat, e O que é que a baiana tem, letra de Henrique Fernandes. Além da opereta Noite de reis (1928), foi autor das músicas das operetas Tutu marambaia (1939), libreto de Batista Júnior e Belisário Couto, e em 1940, de Os fidalgos da casa mourisca, libreto de Costa Junior.

Nessa época, apresentou-se no exterior com a Companhia Teatral Casa de Caboclo, criada por Duque em 1932, que ficou famosa por seus espetáculos sertanejos, tendo marcado apresentações em Buenos Aires, Argentina. A temporada foi um fracasso, levando seu idealizador a extinguir a companhia, ainda em 1940.

Compôs continuamente, produzindo obra volumosa que inclui vários gêneros, desde canções e sambas até operetas. No inicio da década de 1940 ficou seriamente enfermo, tendo passado uma temporada em Campos do Jordão SP, a expensas da Caixa Beneficente da SBAT. Faleceu no subúrbio de Engenho de Dentro.

Obra


Bahia, samba, 1929; Escrita complicada, samba, 1931; Felicidade (c/João Jório), canção, 1949; Nego bamba, samba, 1931; No quilômetro 2, samba-canção, 1935; O nosso amor se acabou, samba-modinha, 1931; Saci-pererê (c/A. Barcelos), canção, 1949; Saudades, samba-modinha, 1930; Vou juntar os meus trapinhos, samba, 1927.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Sarambá

Sarambá (samba, 1922) - J. Tomás / Versos em francês de Duque - Interpretação: Anjos do Inferno

Disco 78 rpm / Título da música: Sarambá / Duque (Compositor) / Thomaz, J (Compositor) / Anjos do Inferno (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Victor, 27/06/1945 / Nº Álbum: 800318 / Gênero musical: Samba.



Olha o sarambá ô tia / Olha o sarambá 
Olha o sarambá ô nega / Olha o sarambá 
Olha o sarambá ô tia / Olha o sarambá 
Olha o sarambá ô nega / Olha o sarambá 

Mon samba se dance toujours encadence 
Petit pas par-ci, petit pas par-la 
Il faute de l'aisance, beaucoup d'elegance 
Le corps se balance, dançant le samba (ô tia) 

Olha o sarambá ô tia / Olha o sarambá 
Olha o sarambá ô nega / Olha o sarambá
Olha o sarambá ô tia / Olha o sarambá 
Olha o sarambá ô nega / Olha o sarambá 

Mon samba se dance toujours encadence 
Petit pas par-ci, petit pas par-la 
Il faute de l'aisance, beaucoup d'elegance 
Le corps se balance, dançant le samba (ô tia)

Outra versão:

Mon samba se dance toujours encadence
Petit pas par-ci, petit pas par-la
Il faute de l'aisance, beaucoup d'elegance
Le corps se balance, dançant le samba
Vamos sarambá ô nega, vamos sarambá

Fui fazer meu samba na mesa do meu botequim
Depois de umas e outras, o samba ficou assim
Fui fazer meu samba na mesa do meu botequim
Depois de umas e outras, o samba ficou assim:

Estrambonático, palipopético, cibalenítico, Estapafúrdio,
Protopológico, antropofágico, presolopépico, calotolético,
Carambolâmbolo, posolométrico, pratofilônica, protopolágico,
Canekalônica,

É isso aí, é isso aí
Ninguém entendeu nada, eu também não entendi.

J. Tomás

J. Tomás (João Tomás de Oliveira Júnior), instrumentista, regente, compositor e cantor (Rio de Janeiro RJ 17/11/1898—id. 24/11/1948) nasceu no bairro de Catumbi e desde rapaz freqüentava rodas de músicos, que se reuniam com Pixinguinha, Donga e o violonista Tute, entre outros.

Seu pai era ferroviário e, por volta de 1914, arranjou-lhe um emprego como conferente da Estrada de Ferro Central do Brasil, que o afastou do Rio de Janeiro por três anos.

De volta em 1917, sentou praça como voluntário da brigada policial, em cuja fanfarra Tomasinho, como era conhecido na época, se iniciou no manejo das baquetas, rufando caixa e bombo. Deu baixa, sendo logo convidado por Donga para integrar os Oito Batutas, em substituição a Luís de Oliveira, que morrera logo depois da estréia do conjunto no Cine Palais, em 1919.

Tocando reco-reco, estreou com o grupo em 1920 em cinema em Petrópolis RJ. Dois anos depois, ficou doente e não pôde ir com os Oito Batutas para a Europa. Nessa ocasião, ganhou uma bateria de presente de Arnaldo Guinle, protetor do conjunto e financiador da viagem. Passou então a freqüentar locais onde tocavam jazz-bands, ouvindo especialmente Kosarin, baterista e maestro norte-americano que viveu no país muitos anos.

Em meados de 1922, com o retorno dos Oito Batutas, voltou a integrar o grupo, viajando para a Argentina no mesmo ano. Das 20 gravações feitas pelo conjunto em Buenos Aires, foram de sua autoria os sambas Faladô e Caruru (c/Donga).

Retornando ao Rio de Janeiro, com a dissolução dos Oito Batutas, organizou uma orquestra de danças, o Brazilian Jazz. Reunindo em torno de sua bateria os pistonistas Sebastião Cirino e Valdemar, o trombonista Vantuil de Carvalho, os saxofonistas Lafayette e Paraíso, o violinista Wanderley e o pianista Augusto Vasseur, estreou no Cinema Central (depois Eldorado), alcançando grande sucesso. Por convite seu, participou da orquestra Ary Barroso, que na época tocava piano na sala de espera do Teatro Carlos Gomes.

Em fins de 1928, apresentou-se com a orquestra na Rádio Sociedade, sendo convidado pelo norte-americano Salisbury a tocar na gravadora Brunswick, que vinha se instalar no Rio de Janeiro. Já estava fazendo sucesso com seu samba Sarambá (versos em francês de Duque), apresentado em 1922 em Paris pelos Oito Batutas, o qual lhe abriu as portas do teatro musicado.

Na véspera da estréia da revista Guerra ao mosquito (Marques Porto e Luiz Peixoto), em 31 de maio de 1929, no Teatro Carlos Gomes, queimou as mãos com um foguete, deixando a bateria e, pela primeira vez, assumindo a regência da orquestra. Usava luvas brancas para esconder as queimaduras, característica que passou a adotar.

No final do ano, a Brunswick lançou seu disco inaugural, no qual cantou os sambas Sarambá e Rian, de sua autoria, acompanhado da Orquestra Brunswick. Como compositor, alcançou outros êxitos: Teresinha, canção que gravou cantando em 1929, o fox Flor do asfalto, de 1931, gravado por Castro Barbosa, e o samba Verde e amarelo, de 1932, gravado por Araci Cortes, os dois em parceria com Orestes Barbosa, de quem foi o mais importante parceiro quando este se iniciou como letrista de música popular.

Como cantor, gravou 13 músicas na Brunswick em 1929 e 1930, e mais um disco na Odeon, em 1931.

Fonte: Dicionário da Música Brasileira – Art Editora