segunda-feira, 7 de maio de 2007

Surdo e Tamborim: como surgiram


Desde molequinho, Bide batia tamborim e pensava que era seu inventor. Mas de surdo, ele tinha certeza: de uma grande lata de manteiga, dois aros e um couro esticado, o sambista construiu a alma das escolas de samba.

Ismael Silva desenhava um retângulo e explicava ao compositor Hermínio Bello de Carvalho: “Pois bem, aqui está a escola de samba. Milhões de pessoas. Um solista. Quando o samba entra na segunda parte, entra o solista. Pois bem, como é que, naquela confusão toda, o pessoal vai saber quando deve atacar a primeira parte novamente? Aí entra o ‘surdo’, que dá aquelas duas porradas fortes e o pessoal entra maçico. certinho”.

Fica então clara a importância do surdo. Tamborins, latas de manteiga, cuícas e pandeiros compunham a bateria da Deixa Falar, em sua estréia. Faltava um instrumento de marcação que comandasse a escola e fosse ouvido por todos os componentes.

Alcebíades Barcelos, Bide, que já tocava seu tamborim desde menino e que trouxera o instrumento para a escola, observando o som das grandes latas de manteiga usadas na percussão, resolveu melhorá-las. Comprou dois aros, fixou um por dentro, outro por fora, segurando o couro com tachas ao redor e pronto.

A Deixa Falar entrou na praça Onze falando mais alto. Todos adotaram a novidade, creditando a Bide a invenção do “surdo”. Quanto ao tamborim, Bide dizia: “Esse não tenho certeza se inventei. Mas o que me lembro é que, desde molequinho, já fazia, encourava e tocava na rua, sem bloco, sem nada, as pessoas querendo saber que instrumento era aquele”.

Fonte: História do Samba - Editora Globo.

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