terça-feira, 10 de julho de 2007

Passional

Passional (1976) - Fátima Guedes

Já vai embora...
não diga adeus toda hora.
Diga só um que tente cortar
esse meu ar de sua senhora,
insuportavelmente um ar que te explora.
Não morra de pena de mim.
O que eu sinto
é coisa que passa e não mora.
Seja feliz pela vida.
pra mim é questão de tempo ou bebida.
Pode ser de tempo ou ser de temporal,
daquele que arrasa e que a tudo faz mal...
Depois tudo fica igual.
Esqueça meu pranto
e o meu rosto arrastando
esse amargo terror passional.
Veja meu caro,
nosso amor não foi nada de raro.
Teve um magro final.
O fim de toda trama
que começa na cama
e termina metade carnal.
Já vai embora...
Me deixe sozinha agora.
Que eu quero me despentear e me desesperar
pela casa afora,
sumir no rubor de quem chora,
clamar a explosão do desgosto
e acabar com esse meu ar
de sua senhora.

Onze fitas

Fátima Guedes

Por engano, vingança ou cortesia
Tava lá morto e posto, um desgarrado
Onze tiros fizeram a avaria
E o morto já tava conformado
Onze tiros e não sei porque tantos
Esses tempos não tão pra ninharia
Não fosse a vez daquele um outro ia
Deus o livre morrer assassinado
Pro seu santo não era um qualquer um
Três dias num terreno abandonado
Ostentando onze fitas de Ogum
Quantas vezes se leu só nesta semana
Essa história contada assim por cima
A verdade não rima
A verdade não rima
A verdade não rima...

Condenados

Fátima Guedes
Tom: A
Int.: [A7+ D/E]
         A7+     C/E
Ah, meu amor, estamos condenados
F#m/G#      F#m7+     F#m7 B7/9/11+
Nós já podemos dizer que somos um
D7+
Nós somos um
Dm7/9        G7/13         C#m7  F#5-/7 F#7
E nessa fase do amor em que se é um
Bm       D/E       A7+
É que perdemos a metade cada um
D/E
Ah, meu amor, estamos mais safados
F#m/G#      F#m7+     F#m7 B7/9/11+
Hoje tiramos mais proveito do prazer
D7+
E somos um
Dm7/9        G7/13         C#m7    F#5-/7 F#7
Quando dormimos juntos, sonhos separados
Bm               D/E             A7+
Que nós não vamos confessar de modo algum
Am7      C/E
Ah, meu amor, ah, meu amor
D7/9-       G7+
Quantas pequenas traições
Bm7-/7   E7/9-        Am7       C/D
Pobres mentiras diplomáticas de puras intenções
D/C       Bm     D/E
Estamos condenados
E7/9 A7+ A5+/7+      D/E
Ah, meu amor, de discretos pecados
A7+ C#7/9-   F#m   B7/9/11+
Formamos esse ser tão uno divisível
D7+
Parece incrível
Dm7/9               G7/13    C#m7   F#m
Que nós tentemos que ele dure eternamente
Bm                  C/E
Nessas metades incompletas
A7+
Mas decentes

Bicho medo

Fátima Guedes

Tira a roupa do vento, ó filha
De madrugada vem chuva
Tira a roupa do vento, ó nega
Põe meu xale de viúva

Mãe, por favor não me mande
No quintal a essa hora
Vai sujar meu linho, ó filha
Tem que ser agora

Tira a roupa do vento...

Eu tenho medo do bicho
Que o meu medo mesmo inventa
E em noite de ventania
Parece que o cão atenta...
É hoje, ai meu Deus do céu
Meu coração se arrebenta

Tira a roupa do vento...

Quando eu me mexo parece
Que tem gente atrás de mim
E essas folhas se roçando
É uma agonia sem fim
Na minha cabeça passa
Um bando de coisa ruim

Eu fico escutando passos
Eu prendo a respiração
Sai pensamento, sai fora
Ai minha mãe, minha mãe
Que isso já, meu Deus, é hora
De assombração estar na cama

Tira a roupa do vento...

Fátima Guedes


Fátima Guedes, cantora e compositora, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 6/5/1958. Criada entre a Zona Norte e o subúrbio carioca, iniciou carreira como compositora em 1973.

Em 1976, sua música Passional venceu o Festival de Música da Faculdade Hélio Alonso. Autora de trilhas sonoras para teatro, compôs Onze fitas, para a peça O dia da caça, de José Louzeiro. Sua música Bicho medo foi gravada por Wanderléia e Meninas da cidade interpretada no show Transversal do tempo, por Elis Regina.

Participou, em 1980, do Festival da Nova Música Popular Brasileira, com Mais uma boca. Lançou seu primeiro disco, Fátima Guedes, em 1979, com as composições Onze fitas, Meninas da cidade e Passional. Em 1980 lançou outro disco, também com o nome Fátima Guedes, contendo Cheiro de mato e Mais de uma boca, também suas.

Em 1981 lançou Lápis de cor, com a composição Arco-íris, e chamou a atenção de toda a crítica musical. Em 1983 saiu Muito prazer, em que se destaca Absinto; e, em 1985, Sétima arte, com a composição de mesmo nome. Seu segundo CD, Pra bom entendedor, conta com composições suas (Minha senhora e Mãos de jardineiro) e da dupla Guinga e Aldir Blanc.

Tem músicas gravadas por Elis Regina (Onze fitas), Nana Caymmi (Chora brasileira), Zizi Possi, Joanna e Simone (Condenados).

CDs: Pra bom entendedor, 1993, Velas 11-V017; Grande tempo, 1995, Velas 11-V114.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

O medo de amar é o medo de ser livre


O Medo de Amar É O Medo de Ser Livre (1978) - Beto Guedes e Fernando Brant - Intérprete: Beto Guedes

LP Beto Guedes - Amor De Índio / Título da música: O Medo de Amar É O Medo de Ser Livre / Beto Guedes (Compositor) / Fernando Brant (Compositor) / Beto Guedes (Intérprete) / Gravadora: EMI/Odeon / Ano: 1978 / Nº Álbum: 31C 064 422837 / Lado B / Faixa 3.


 Am7                 G7+
O medo de amar é o medo de ser
Dm     G7     
livre para o que der e vier
C7+
livre para sempre estar
F7+     E4
onde o justo estiver
  Am7             G7+
O medo de amar é medo de ter
Dm      G7 
de todo momento escolher
C7+  Am 
com acerto e precisão
F7+     E4
a melhor direção
F  Fm             C7+       Dm  Em  F
O sol levantou mais cedo e quis
F/C  Fm/C       C7+     D/C    F/G  Am7
em nossa casa fechada entrar - pra ficar
 Am7             G7+
O medo de amar é não arriscar
F/G     Dm        G7         
esperando que façam por nós
C7+           F7+      E4 
o que é nosso dever - recusar o poder
F  Fm               C7+      Dm  Em  F
O sol levantou mais cedo e cegou
F/C  Fm/C         C7+     D/C F/G   F/C   Fm/C C7+
O medo nos olhos de quem foi ver - tanta luz

Beto Guedes

Beto Guedes (Alberto de Castro Guedes), compositor, instrumentista e cantor nasceu em Montes Claros MG em 13/8/1951. É filho de Godofredo Guedes, seresteiro e compositor, que tem músicas gravadas pela cantora portuguesa Eugênia Melo e Castro (a valsa Noite sem luar).

Suas principais influências foram os Beatles, a música regional mineira e os choros que seu pai tocava, de quem inclusive gravou composições. Na adolescência, integrou os grupos The Beevers, ao lado de seus irmãos e de Lô Borges, e Os Brucutus. Sua primeira música gravada foi Feira moderna (com Fernando Brant), participante do V FIC, em 1970, e gravada pelo grupo Som Imaginário.

Ligado ao Clube da Esquina, de Minas Gerais, participou dos discos Clube da esquina e Minas, de Milton Nascimento, além de gravar o LP Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta (EMI, 1973).

Estreou carreira solo em 1977, com um show em que era acompanhado por Flávio Venturini, Vermelho, Hely e Zé Eduardo (o futuro 14 Bis, que também o acompanharia no disco Viagem das mãos, de 1984). No mesmo ano lançou o disco A página do relâmpago elétrico (EMI, 1977).

Seus sucessos incluem Lumiar (com Ronaldo Bastos), 1977; O medo de amar é o medo de ser livre (com Fernando Brant), 1978; e Luz e mistério (com Caetano Veloso), 1978. O medo de amar é o medo de ser livre foi regravada por Elis Regina, O sal da terra por Simone e Canção do Novo Mundo (com Ronaldo Bastos) por Milton Nascimento.

Em dezembro de 1997, a EMI lançou, pela série Portfolio, uma caixa contendo três CDs com capas e encartes que reproduzem os discos originais em vinil: A página do relâmpago elétrico, Amor de índio (1978) e Andaluz (1991).

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.