quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Nadinho da Ilha

Nadinho da Ilha (Aguinaldo Caldeira), nascido em 11/06/34, é um homenzarrão de 1,90m de altura e um intérprete da linhagem dos cantores negros de voz encorpada, como Jamelão, Abílio Martins e Monsueto Menezes, com quem, aliás, já foi diversas vezes comparado, graças à impressionante semelhança física. Cantor e compositor, consegue brincar e usar sua voz, indo da nota mais alta a mais baixa com muita facilidade.

Iniciou na música muito cedo, sob influência familiar, já que seu tio, Nilo Chagas, foi integrante do famoso Trio de Ouro, ao lado de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira. Criado no Morro do Borel, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, Nadinho começou na música aos 12 anos, através do mítico compositor Geraldo Pereira, que o levou para tocar tamborim em seu programa de rádio. O contato com os sambas sincopados de Geraldo ajudou-o a desenvolver um apurado senso rítmico.

Ainda jovem, atuou como cantor no grupo de Heitor dos Prazeres, ao lado de nomes ilustres do samba como Mestre Marçal. Logo em seguida, ingressou na ala de compositores da Unidos da Tijuca. Antes de viver de música, Nadinho trabalhou também como soldador elétrico e serralheiro na White Martins.

Além do vozeirão intenso, Nadinho da Ilha teve outras qualidades que o tornaram um artista completo, como eloqüência, presença de palco marcante, elegância e suingue, além de uma maneira muito particular e bem humorada de interpretar o samba. Graças a estas várias performances, logo foi convidado para fazer trabalhos como ator e humorista no teatro e na televisão.

Nos anos 70, atuou no programa Buzina do Chacrinha. Como ator, esteve nos espetáculos teatrais “Deus lhe pague”, de Procópio Ferreira, e “Ópera do malandro”, de Chico Buarque. Na televisão, participou do programa “Tem criança no samba”, de Augusto Cesar Vannucci, com Chico Anísio e Agildo Ribeiro, e do humorístico “Balança mas não cai”. No cinema, atuou no filme “Loucuras cariocas”, de Carlos Imperial.

Em sua discografia, Nadinho da Ilha possui dez compactos e onze LPs gravados e diversas participações em discos e shows de bambas como Monarco, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Delcio Carvalho, entre muitos outros. Em 1977, com produção do mago do violão afro João de Aquino, Nadinho grava a obra-prima “Cabeça feita”, elogiadíssimo trabalho relançado em CD em 2003, na série Odeon 100 anos de música no Brasil.

No carnaval, pôs sua voz num disco de samba enredo pela primeira vez em 1980, ao gravar o samba “Delmiro Gouveia”, pela sua escola do coração Unidos da Tijuca. Na avenida, o mesmo samba foi defendido por Neguinho da Beija-Flor e a escola se tornou campeã do Grupo 1B, conquistando o direito de desfilar pelo Grupo Especial no ano seguinte. Em 1984, também pelo Grupo 1B só que desta vez pela Lins Imperial, gravou o samba “Só vale quem tem dinheiro”.

Aos poucos, inexplicavelmente, Nadinho da Ilha foi se afastando da música e suas gravações tornam-se bissextas. Em 1999, com produção de Henrique Cazes, grava o CD “O Samba bem humorado de Nadinho da Ilha” (RGE), com arranjos de Paulão 7 Cordas e Henrique Cazes. No repertorio, clássicos e inéditos de Geraldo Pereira, Ismael Silva, e um samba feito especialmente para o disco por Aldir Blanc “Volante de contenção”. No mesmo ano, interpreta junto com a cantora Maria Carolina, a parte cantada no livro com CD “Mestre Pixinguinha para Crianças”, organizado por Carlos Alberto Rabaça e produzido por Henrique Cazes.

Em 2005, Nadinho da Ilha presta uma homenagem a seu mentor Geraldo Pereira ao lançar o CD “Meu amigo Geraldo Pereira”. Apesar de ter sofrido de problemas de saúde, o artista continua fazendo shows.

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