Feita para o filme “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, a canção “O Que Será” tem três versões, que marcam passagens diferentes da trama: “Abertura”, “À Flor da Pele” e “À Flor da Terra”. Cantada no filme por Simone, a versão “À Flor da Terra” (três estrofes de doze versos) alcançaria grande sucesso na gravação de Chico Buarque e Milton Nascimento, que abre o elepê Meus caros amigos, um dueto, aliás, que aconteceu por mero acaso.
terça-feira, 25 de julho de 2006
O que será
Chico estava na gravadora ensaiando a canção com Francis Hime, quando Milton, de passagem pelo estúdio, ouviu e gostou. Daí surgiu o convite para a gravação, depois retribuído com a participação de Chico num disco de Milton, cantando com ele “À Flor da Pele”. Mas “O Que Será”, em qualquer das versões, é uma obra-prima, no nível das melhores criações de Chico Buarque, com sua melodia forte e sua letra libertária, um tanto ambígua em certos aspectos: “O que será que será / que todos os avisos não vão evitar / porque todos os risos vão desafiar / porque todos os sinos irão repicar / porque todos os hinos irão consagrar...”
Em 15.9.92, ao tomar conhecimento do conteúdo de sua ficha no Dops-DPPS, em que há uma análise de “O Que Será”, Chico Buarque declarou ao Jornal do Brasil: “acho que eu mesmo não sei o que existe por trás dessa letra e, se soubesse, não teria cabimento explicar...” (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
O Que Será (À Flor da Terra) (1976) - Chico Buarque - Intérpretes: Chico Buarque e Milton Nascimento
LP Meus Caros Amigos / Título da música: O Que Será (À Flor da Terra) / Chico Buarque (Compositor) / Chico Buarque (Intérprete) / Milton Nascimento (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1976 / Nº Álbum: 6349 189 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Samba / MPB.
Dm Dm7M Dm7
O que será, que será
Dm6 Am Am7M Am7
Que andam suspirando pelas alcovas
Ab7(b5) Gm Gm7M Gm7
Que andam sussurrando em versos e trovas
Gm6 Gm/Bb Bbm7M Em7(b5)
Que andam combinando no breu das tocas
A7(b13) Dm Dm7M Dm7
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Dm6 Am Am7M Am7
Que andam acendendo velas nos becos
Ab7(b5) Gm Gm7M Gm7
Estão falando alto pelos botecos
Gm6 Gm/Bb Bbm7M Em7(b5)
E gritam nos mercados que com certeza
A7(b13) Dm Dm7M Dm7
Está na natureza, será que será
Dm6 Gm/Bb Bbm7M Bbm7
O que não tem certeza, nem nunca terá
Bbm6 F/A Abº Gm7
O que não tem conserto, nem nunca terá
A7(b13) Dm A7(b13)
O que não tem tamanho
O que será, que será
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Está no dia-a-dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência, nem nunca terá
O que não tem censura, nem nunca terá
A7(b13) Dm D7
O que não faz sentido
Gm Gm7M Gm7
O que será, que será
Gm6 Dm Dm7M Dm7
Que todos os avisos não vão evitar
C#7(b5) Cm Cm7M Cm7
Porque todos os risos vão desafiar
Cm6 Ebm Ebm7M Am7(b5)
Porque todos os sinos irão repicar
D7(b9) Gm Gm7M Gm7
Porque todos os hinos irão consagrar
Gm6 Dm Dm7M Dm7
E todos os meninos vão desembestar
G7/B Cm Cm7M Cm7
E todos os destinos irão se encontrar
Cm6 Ebm Ebm7M Am7(b5)
E mesmo o padre eterno, que nunca foi lá
D7(b9) Gm Gm7M Gm7
Olhando aquele inferno, vai abençoar
Gm6 Ebm Ebm7M Ebm7
O que não tem governo, nem nunca terá
Ebm6 Bb/D C#º Cm7
O que não tem vergonha, nem nunca terá
D7 Gm E7
O que não tem juízo
Solo: Am Am7M Am7 Am6 Em Em7M Em7 Em6
Dm Dm7M Dm7 Dm6 Fm Fm7M Bm7(b5) E7(b9)
Am Am7M Am7 Am6 Em Em7M Em7 Em6
Dm Dm7M Dm7
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