sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Ernesto de Souza


No tempo em que a publicidade apelava para rimas para conquistar o grande público com baixa escolaridade, o cartaz no bonde anunciava: “Veja ilustre passageiro, o belo tipo faceiro que o senhor tem a seu lado. E no entanto, acredite, quase morreu de bronquite, salvou-o o Rhum Creosotado!” (Ernesto de Souza, 15 de fevereiro de 1920).


Ernesto de Souza (1864 - 1928 - Rio de Janeiro - RJ), compositor, teatrólogo, farmacêutico e instrumentista. Nascido no centro do Rio de Janeiro, na Rua Buenos Aires, morou depois no Andaraí numa casa que tinha um galpão onde apresentava teatro com artistas amadores do bairro, com representações de revistas, comédias e operetas. Pai do músico Gastão Penalva.

Fez fortuna como industrial farmacêutico principalmente devido ao sucesso popular do seu Trinoz e Rum Creosotado, para o qual fez conhecido reclame publicitário. Foi grande proprietário de terras no Rio de Janeiro estendendo-se suas propriedades desde a Rua Uruguai na Tijuca até o trecho que se tornou depois o bairro do Grajaú.

Publicou reclames comerciais em forma de versos e também poemas na revista O Malho depois reunidos no livro Galhardetes. Colaborou ainda com o jornal A Noite. Foi autor do primeiro hino da República que não chegou a ser aproveitado. Foi homenageado ainda em vida com uma rua do bairro do Andaraí recebendo o seu nome.

Ficou famosa a sua cançoneta Quem inventou a mulata?, da peça junina São João na roça. Sua casa era frequentada por figuras como Artur Azevedo, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Catulo da Paixão Cearense, Sátiro Bilhar e outros como os atores Figueiredo e Brandão.

Escreveu ainda com sucesso as músicas Mulata da Bahia, Me compra, ioiô e Angu do Barão.

Sua carreira artística começou no final do século XIX quando juntamente com Moreira Sampaio fundou o Clube Bogari, no qual criou uma orquestra de amadores com 25 componentes intitulada Estudantina Carioca grupo que apresentou diversos concertos.

É autor do famoso reclame publicitário afixado em bondes e veiculado nas rádios no século passado que dizia: "Veja ilustre passageiro/ O belo tipo faceiro/ Que o senhor tem a seu lado/ E, no entanto, acredite,/ Quase morreu de bronquite,/Salvou-o o Rum Creosotado".

Suas primeiras composições foram gravadas em 1902, as cançonetas Angu do barão e O arame pelo cantor Bahiano em disco Zon-O-Phone. Nesse ano, escreveu e dirigiu a revista A cançoneta.

Por volta de 1908, o tango A mulata da Bahia e a cançoneta O angu do Barão foram gravadas na Victor Record pelo cantor João Barros. Por essa época a cançoneta Me compra ioiô e a canção A mulata da roça foram gravadas pela cantora Iracema Bastos, e a cançoneta O arame, pelo cantor Acácio.

Foi tema do programa História das Orquestras e músicas do Rio apresentado por Almirante na Rádio Nacional. Segundo Almirante, deixou mais de 50 composições especialmente cançonetas.


Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

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