A música regionalista do Rio Grande do Sul teve uma grande contribuição da música portuguesa e espanhola (da Península Ibérica) que vieram na alma dos colonizadores, como também recebeu a contribuição do imigrante alemão, do imigrante italiano, a influência do índio, do negro e do platino, conforme as pesquisas dos folcloristas Barbosa Lessa e Paixão Côrtes, registradas no livro Danças e Andanças da Tradição Gaúcha (1975).
Mas eles também registram, como adiante irei mencionar, que a música regionalista do Rio Grande do Sul, teve grande influência da milonga argentina e da música sertaneja, principalmente na música caipira de São Paulo, através dos programas de rádio.
Pedro Raimundo foi o grande pioneiro da música regionalista do Rio Grande do Sul. Barbosa Lessa e Paixão Côrtes, no livro mencionado, registraram:
“Nos cafés e bares “da volta do Mercado”, concorridíssimos, ganha aplausos um cantador de nome Pedro Raimundo – natural de Santa Catarina mas bem representativo do Rio Grande na sua maneira “largada” de interpretar, à gaita-piano, animados xotes e polquinhas”.
“Nos cafés e bares “da volta do Mercado”, concorridíssimos, ganha aplausos um cantador de nome Pedro Raimundo – natural de Santa Catarina mas bem representativo do Rio Grande na sua maneira “largada” de interpretar, à gaita-piano, animados xotes e polquinhas”.
Em 1940 Pedro Raimundo criou o Programa “Pedro Raimundo e seu conjunto Quarteto dos Tauras”, ao microfone da Rádio Gaúcha de Porto Alegre, e passou a divulgar os nossos ritmos gauchescos. Paixão e Lessa, na obra citada, ainda registram o grande pioneirismo do catarinense, gaúcho de coração:
“Pedro Raimundo deixa em seu lugar, nos shows da “volta do Mercado”, um outro gaiteiro, Oswaldinho, e vai tentar a sorte no Rio. Pouco depois está colhendo aplausos no auditório da Rádio Nacional. E grava a primeira música gauchesca de sucesso nacional: o xote “Adeus, Mariana!”
Isso foi em 1943, que Pedro Raimundo radicou-se no Rio de Janeiro e gravou essa música. Cantava na Rádio Nacional, que era a maior vitrine, a maior mídia da época, na divulgação dos artistas brasileiros, sintonizada em todo Brasil. Nesses programas de auditórios, como aquele do Almirante, ele se apresentava pilchado, de bombachas, botas, esporas, lenço ao pescoço, chapéu preto de barbicacho, jogado às costas, representando os usos e costumes do Rio Grande do Sul.
Excursionou por todo o Brasil, vestindo a pilcha gaúcha, e interpretando com sua cordeona, animados xotes, rancheiras, polcas, toadas, valsas e milongas, conforme registramos com o jornalista Vitor Minas, em nosso livro Pedro Raymundo, da coleção Esses Gaúchos (1986).
Sobre o trabalho de Pedro Raimundo, registrei, na Folha de São Borja, um depoimento de Almirante, o grande programador da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que disse: “Pedro Raymundo: sem o menor favor eu o considero o mais típico e o mais expressivo e legítimo dos artistas gaúchos que já ouvi”.
Registramos em nosso livro com Vitor Minas, que nada menos que Luiz Gonzaga, “O Rei do Baião”, em entrevista ao jornal O Pasquim, em agosto de 1971, declarou ter-se inspirado em Pedro Raimundo, ao constatar que aquele gaúcho tinha o seu traje típico, e porque o nordestino não o tinha, por isso vestiu-se de “cangaceiro”.
Por aí dá para se constatar a projeção a nível nacional que o Pedro Raimundo deu à música do Rio Grande do Sul, cantando xotes e rancheiras, entre outros ritmos gauchescos, por este Brasil afora, numa época que não tinha nem televisão, mas o rádio era um veículo de comunicação de massa, que chegava longe e veio contribuir com essa propagação da Música Popular Brasileira de todas as matizes.
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