Zé da Zilda (José Gonçalves), compositor e cantor nasceu no Rio de Janeiro RJ em 6/1/1908 e faleceu em 10/10/1954. Filho de músico, nascido no subúrbio de Campo Grande, aos cinco anos começou a se interessar pelo cavaquinho, aprendendo os rudimentos de música com o pai. Por volta de 1920 morava no morro da Mangueira, onde fez amizade com vários sambistas, entre os quais Cartola, que mais tarde seria seu parceiro.
Na companhia teatral Casa de Caboclo, organizada por Duque, começou a cantar emboladas e sambas, acompanhando-se ao cavaquinho e violão, e interpretando o personagem Zé com Fome, que durante muito tempo foi seu nome artístico.
A convite de Duque, ingressou na Rádio Educadora, formando dupla com Pente Fino (Claudionor Cruz). Depois foi para a Rádio Transmissora, já como chefe de um regional e com programa próprio, no qual conheceu a cantora Zilda, que fazia sua estréia. Com ela formou inicialmente a Dupla da Harmonia.
No Carnaval de 1936, seu samba Não quero mais (com Cartola e Carlos Cachaça), foi cantado com grande sucesso pelo G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, na Praça Onze, gravado no ano seguinte por Araci de Almeida, na Victor, e mais tarde relançado por Paulinho da Viola, no LP Nervos de aço, com o nome de Não quero mais amar a ninguém .
Em 1938 casou com Zilda e passaram a atuar na Rádio Clube do Brasil. Em seguida, Orlando Silva gravou na Victor Meu pranto ninguém vê (com Ataulfo Alves). Em 1939 a dupla passou a atuar na Rádio Cruzeiro do Sul, no programa de Paulo Roberto, que os batizou de Zé da Zilda e Zilda do Zé, nome que adotaram em suas apresentações, inclusive em circos.
Em 1940, participou da gravação de Leopold Stokowski no navio Uruguai, para o álbum de música brasileira editado nos EUA pela Columbia. No ano seguinte compôs, com Marino Pinto, o samba Aos pés da cruz, gravado por Orlando Silva na Victor com grande sucesso.
Com seus choros Fim de eixo e Levanta, José, a dupla estreou em disco, na Victor, em 1944. A partir dessa época realizaram várias gravações de músicas suas e de outros compositores, como Só pra chatear (Príncipe Pretinho). Em 1945 começaram, com grande sucesso, a gravar para o Carnaval, estreando com Conversa, Laurindo (com Ari Monteiro), na Continental, e ao mesmo tempo trabalharam na Rádio Mayrink Veiga.
Do Carnaval de 1954 é o grande sucesso da dupla, em parceria com Zilda e Valdir Machado, a marcha Saca-rolha, conhecida por seu primeiro verso, "As águas vão rolar...", que eles mesmos gravaram na Odeon. No mesmo ano lançaram para o Carnaval o samba Jura (com Marcelino Ramos e Adolfo Macedo).
Pouco antes de morrer, deixou gravados com Zilda, para o Carnaval de 1955, a marcha Ressaca(da dupla com Valdir Machado) e o samba Império do Samba (da dupla). No ano seguinte Zilda homenageou sua memória com o samba Vai que depois eu vou (com Zilda do Zé, Adolfo Macedo e Aírton Amorim), lançado pela Odeon, com enorme sucesso. Voltou a lembrar o marido, com o samba Vem me buscar (Zilda com Adolfo Macedo).
Outras músicas de sua autoria, entre as quais os sambas de breque Nega zura, Mulher malandra e Garota Copacabana, foram gravadas e relançadas por Jorge Veiga em 1975, no seu LP O melhor de Jorge Veiga, pela Copacabana.
Obra
Aos pés da cruz (c/Marino Pinto), samba, 1942; Conversa, Laurindo (c/Ari Monteiro), samba, 1945; Fim de eixo, choro, 1944; Garota Copacabana, samba, 1975; Império do samba (c/Zilda do Zé), samba, 1954; Jura (c/Marcelino Ramos e Adolfo Macedo), samba, 1954; Levanta José, choro, 1944; Meu pranto ninguém vê (c/Ataulfo Alves), samba, 1938; Mulher malandra, samba, 1975; Não quero mais (Não quero mais amar a ninguém) (c/Cartola e Carlos Cachaça), samba, 1937; Nega zura, samba, 1938; Quem mente perde a razão (c/Edgard Nunes), samba, 1942; Ressaca (c/Zilda do Zé e Valdir Machado), marcha, 1953; Saca-rolha (c/Zilda do Zé e Valdir Machado), 1953; Santo Antônio amigo (c/Marino Pinto e J. Cascata), samba, 1941.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.
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