terça-feira, 11 de abril de 2006

Cartola


Angenor de Oliveira, o "Cartola" nasceu a 11 de Outubro de 1908 no Rio de Janeiro, em um bairro chamado Catete. Ganhou o apelido pois quando trabalhava em obras, usava um chapéu coco, para não sujar os cabelos de cimento. Foi em 1919 que Sebastião, Aida e seus sete filhos chegaram no Buraco Quente, (um bairro no morro de Mangueira).


Era franzino, mas muito esperto, conta seu amigo e parceiro Carlos Cachaça, que já morava em Mangueira e ainda vive até hoje, (1997) aos 93 anos de idade. Cartola em uma entrevista disse: "Nos meus olhos, em Mangueira, só tinham uns cinquenta barracos. E provavelmente estava certo.

Ele e seus companheiros fundaram a G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira. Sua contribuição à Cultura Brasileira é inestimável. Sua concepção harmônica, suas melodias e versos são simplesmente maravilhosos. Mestres da Música como os maestros Villa Lobos e Stokovsky foram ao Buraco Quente conhece-lo e tomar conhecimento de sua obra.

Devido ao racismo, Cartola nunca foi economicamente bem sucedido. Trabalhou até como pedreiro para sobreviver, e no meio dos anos 1960 o jornalista Stanislaw Ponte Preta encontrou-o lavando carros no bairro de Ipanema, e perguntou: "Você não é o Cartola?". "Sou", foi a resposta. Isso causou muito espanto ao jornalista, que passou a ajudá-lo, tornando-o mais popular. Cartola, gravou seu primeiro disco em 1974.

Mas sua vida não foi só de tristezas. Entre a metade dos anos 60 até sua morte em 1980 conheceu um pouco de popularidade (mas não dinheiro), e descobriu que todos que tinham a chance de ouvir suas canções, ou vê-lo tocar e cantar, passava a ama-lo. Através de suas canções, o povo brasileiro pôde entender um pouco mais a vida, e como lidar com o dia a dia de uma maneira mais poética.

Cartola partiu desse mundo deixando suas canções e seu amor, e nós o louvamos, e o amamos muito. Cartola ignorou a injustiça pois esteve sempre ocupado, com o que tinha no coração.Tinha sabedoria suficiente para saber o quanto estava adiante de seu tempo, o quão importante seria os brasileiros um dia perceberem a mensagem que Espíritos Africanos o designaram para levar a terras distantes.

Hoje em dia, o mundo inteiro percebe. Cartola é a prova da natureza surpreendente do verdadeiro talento. Fez somente o primário e jamais conseguiu se integrar à estrutura de trabalho. Trabalhou sempre com bicos, como pedreiro, pintor de paredes, lavador de carros, vigia de prédios e contínuo de repartição pública. Mas seu dom fez dele o maior sambista carioca de todos os tempos, com letras impecáveis e batidas deliciosas.

Na década de 20, quando os blocos de carnaval resolveram se organizar em sociedades permanentes, Ismael Silva e o pessoal do Estácio criaram uma associação que se autodenominava Escola de Samba, a Deixa Falar. Cartola, então, juntou o pessoal da Mangueira, escolheu o nome Estação Primeira de Mangueira, adotou as cores verde e rosa e também criou sua escola. Nascia assim o maior fenômeno do carnaval carioca. Em seu primeiro desfile na Praça Onze, com o samba enredo de Cartola, Chega de demanda, a Mangueira ganhava também o primeiro prêmio do carnaval.

Algumas músicas e letras


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