Mário Zan (Mário João Zandomenighi), compositor e instrumentista, nasceu em Roncade (Veneto), Itália, em 9/10/1920. Tinha quatro anos de idade quando sua família veio para o Brasil, fixando-se em Santa Adélia/SP. Fascinado pela música apresentada nos bailes sertanejos desde criança, estudou acordeom com Ângelo Reale e teoria musical com o maestro Tripicchioni.
Em 1939 começou a apresentar-se nas rádios Bandeirantes, Cultura, Record e Tupi, de São Paulo/SP, como acordeonista, mas só se destacou quando Piraci, da dupla Palmeira e Piraci, o aproximou do Capitão Furtado, que estava à procura de um acordeonista para excursionar pelo interior de São Paulo e Mato Grosso.
Ao lado de Nhô Pai, Nhá Fia e o Capitão Furtado, viajou de Porto Feliz/SP até Porto Esperança/MT, onde os dois primeiros decidiram voltar para São Paulo, enquanto os outros prosseguiram até o Paraguai.
Em fins da década de 1930 e na de 1940, compôs o choro Trem de ferro (1938), a valsa Namorados (1939), a rancheira Brincando com o teclado (1941), o chamego Elétrico (1941), o rasqueado Três Lagoas (1943), o xótis Eu sou gaúcho (com Arlindo Pinto) (1943), a rancheira Sanfoneiro folgado (com Motinha) (1946), a polca Serelepe, O balanceio (1947), o rasqueado Chalana e Cidades do Mato Grosso, estas duas últimas em parceria com Arlindo Pinto.
Sua primeira gravação, a valsa Namorados, só aconteceu em 1945, na Continental. Nove anos depois, conheceu o sucesso ao gravar na Victor o dobrado Quarto Centenário (em homenagem à cidade de São Paulo), composto em parceria com J. M. Alves.
O rasqueado Nova flor (também conhecida como Dizem que um homem não deve chorar), parceria com Palmeira, foi gravado pela primeira vez em 1958, por Palmeira e Biá, em disco Chantecler, e obteve grande sucesso. A composição foi vertida para o inglês por Arthur Hamilton como Love me Like a Stranger e para o castelhano por Pepe Ávila como Los hombres no deben llorar, tendo inúmeras gravações no Brasil e no exterior.
Participou dos filmes Da terra nasce o ódio, de Antoninho Hossri (1954), Tristeza do Jeca, de Milton Amaral (1960) e Casinha pequenina, de Glauco Mirko Laurelli (1963). Pela RCA, lançou ainda várias músicas suas nos LPs Zanzando e Sapecando.
Na década de 1990 sua composição Chalana foi tema principal da novela Pantanal, da TV Manchete. Em 1998 comanda o programa Mário Zan e seus Convidados, na TV Rede Vida. Ao longo de sua carreira já gravou mais de 300 discos 78 rpm e mais de 60 LPs.
Enciclopédia da Música Brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Ed., 1977.
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