Maestro Gaó ao piano, na Rádio Cruzeiro do Sul, década de 1930. |
GAÓ (Odmar Amaral Gurgel), regente, instrumentista, arranjador e compositor (Salto-SP,12/2/1909 - ?). Aos cinco anos, começou a aprender música com o pai, professor Acilino, mestre da banda local, que lhe ensinou violino, trombone, flauta e piano. Aos nove anos já era pianista profissional do Cine Pavilhão, de sua cidade, e em 1920, aos 11 anos, foi o responsável pela organização de uma orquestra que acompanhava filmes de cinema mudo.
Em 1923 transferiu-se para a capital paulista, onde ingressou no quinto ano do Conservatõrio Dramático e Musical de São Paulo, no curso de Samuel Arcanjo. Nesse mesmo ano empregou-se como pianista na Casa Di Franco. Foi nessa casa que ganhou o apelido de Gaó: como assinava os arranjos com as iniciais de seu nome — OAG —, foi- lhe sugerida a inversão das letras, para obter melhor efeito sonoro.
Concluído o Conservatório, trabalhou durante algum tempo com música erudita, passando em seguida para a popular. Iniciou suas atividades em rádio em fins de 1925, na primeira emissora de São Paulo, a Rádio Educadora Paulista (hoje Gazeta), onde, além de organizar orquestras, fazia música de câmara e executava solos de piano.
Em 1929 tornou-se diretor-artístico da fábrica de discos Columbia (hoje Continental), onde organizou a Orquestra Colbaz, com a qual fez a primeira gravação de Tico-tico no fubá de Zequinha de Abreu (1931), além de inúmeras outras durante mais de dois anos.
Em 1930 foi para a Rádio Cruzeiro do Sul como diretor e produtor de programas que se tornaram famosos, como Hora dos Calouros (do qual Ary Barroso viria a ser o apresentador) e Programa da Saudade, e editou pela Vitale, com versos de Vicente Lima, uma valsa para cada mês do ano.
Em 1931, foi o responsável pela música do filme Coisas nossas, dirigido por Wallace Downey e produzido por Albert Byington, proprietário da Columbia e da Rádio Cruzeiro do Sul. Nesse mesmo ano, em concurso do jornal A Gazeta de São Paulo, foi considerado o melhor pianista.
Em 1932 gravou, ao piano, seu choro Teimoso, que seria regravado em 1938 por Jorge Fernandes, com versos de Luiz Peixoto e o título de Caboclo feliz. Em 1936 foi para o Rio de Janeiro, tornando-se diretor artístico da Rádio Ipanema (depois Mauá).
No ano seguinte, a convite de Raul Roulien, fez uma temporada de três meses em Buenos Aires, Argentina, atuando em rádios e shows. Nessa ocasião, apresentou-se também no Uruguai.
Ainda em 1937, retornou ao Brasil e em São Paulo passou a cuidar da renovação do setor artístico da Rádio Cruzeiro do Sul e da Rádio Cosmos, ambas do mesmo grupo. Nessa época, organizou a Orquestra Columbia, que se apresentou nos clubes paulistanos mais fechados, como o Automóvel Clube, a Sociedade Hípica Paulistana e o Clube Paulistano, e em dezenas de gravações.
Em 1938 voltou ao Rio de Janeiro para trabalhar na Rádio Nacional e, no ano seguinte, foi contratado por Joaquim Rola para ser diretor musical do Cassino da Urca, onde ficou até 1945.
Em 1941, Darci Vargas (esposa de Getúlio Vargas) convidou-o para dirigir o espetáculo musical beneficente Joujoux et balangandans, de Henrique Pongetti. Em 1945 trabalhava na Rádio Globo, quando resolveu ir aos EUA, onde ficou até 1951, apresentando-se como pianista e chefe de orquestra em diversas ocasiões, principalmente em comitês governamentais para entretenimento de feridos de guerra.
Nessa época atuou também na Copacabana, famosa boate de New York, e gravou na etiqueta americana Coda uma série de discos 78 rpm, homenageando os morros do Rio de Janeiro. De 1951 a 1957, no Brasil, trabalhou como maestro e músico da Rádio Nacional, de São Paulo, e da TV Paulista.
Em 1957 retornou aos EUA, passando pelo Brasil em 1963 para gravar dois LPs na Odeon. Em 1967 voltou definitivamente para o Brasil, indo morar em Mogi das Cruzes, SP.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e publiFolha.