Custódio Mesquita (Custódio Mesquita de Pinheiro), compositor, instrumentista, regente e cantor, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 25/4/1910, e faleceu em 13/3/1945. Nascido no bairro de Laranjeiras, aprendeu as primeiras noções de música com a mãe, Camila, que, assim como o pai, o comerciante Raul Cândido de Pinheiro, tocava piano.
Em seguida, continuou as aulas de piano com Siazinha Cavalcanti. Freqüentou mais tarde o I.N.M., onde foi aluno de Luciano Gallet. Nessa época, regeu uma orquestra num concerto no Liceu de Artes e Ofícios. Iniciou-se profissionalmente como baterista, evocando os tempos em que tocava tambor no corpo de escoteiros do Fluminense Futebol Clube.
Atuava ocasionalmente como pianista. Sua primeira composição é O amor é um prejuízo (com Moisés Friedman), samba-canção editado em 1930, que não obteve repercussão. Nessa época já tocava piano na Rádio Clube do Brasil, Rádio Mayrink Veiga e Rádio Philips, e numa escola de danças.
Em 1932 teve sua primeira composição gravada por Sílvio Caldas: o fox Dormindo na rua. Foi parceiro de Noel Rosa, com quem compôs o samba Prazer em conhecê-lo, gravado em 1933 por Mário Reis. Ainda nesse ano, Aurora Miranda gravou a marcha Se a lua contasse, que teve sucesso no Carnaval de 1934. A partir de então intensificou sua produção musical, gravada por cantores de grande evidência, como Carmen Miranda e sua irmã Aurora Miranda, Mário Reis, Sílvio Caldas, Carlos Galhardo e Orlando Silva.
Começou a parceria com Mário Lago em 1935, surgindo, entre outros, os sucessos Menina, eu sei de uma coisa (marcha gravada por Mário Reis em 1935), o fox-canção Nada além (gravado em 1938 por Orlando Silva) e a valsa Enquanto houver saudade. Ainda em 1935, estreou como ator de cinema no filme carnavalesco Alô, alô, Brasil, de Wallace Downey. Atuou ainda em mais dois filmes: Bombonzinho, de Mesquitinha (1938), e Moleque Tião, de José Carlos Burle (1943), para o qual também compôs músicas.
A revista O sambista da Cinelândia, encenada no Teatro Fênix, marcou sua estreia como compositor para teatro. Musicou diversas peças (Filhas de Eva, Rumo ao Catete, Gandaia etc. ), além de ter atuado como ator em várias companhias.
Em 1936 realizou uma temporada na Argentina, como pianista, obtendo grande sucesso com a marcha Se a lua contasse. Foi diretor artístico da Rádio Clube do Pará, em 1937, tendo-se apresentado ao piano na sua inauguração. Escreveu juntamente com Sadi Cabral a opereta A bandeirante, que foi apresentada em outubro de 1938 no Teatro São Pedro, de Porto Alegre RS. Ainda com Sadi Cabral compôs várias músicas, como o fox-canção Mulher e a valsa Velho realejo, ambas gravadas por Sílvio Caldas em 1940.
Em 1939 fez o papel de Pedro I na peça Carlota Joaquina, de Raimundo Magalhães Jr.
Em 1943 iniciou parceria com Evaldo Rui, com quem realizaria algumas de suas maiores obras, entre as quais: o bolero-canção Para que viver? (primeira composição da dupla); o fox Rosa de maio e a valsa Gira, gira, gira (gravados por Carlos Galhardo); os sambas Promessa, Noturno em tempo de samba e Como os rios que correm para o mar (gravados por Sílvio Caldas). Compôs ainda com David Nasser Algodão, samba gravado por Sílvio Caldas, e com o teatrólogo Geysa Boscoli Naná, fox-blue gravado por Orlando Silva.
Em 1945, no auge de seu prestígio como compositor foi eleito conselheiro da SBAT a que estava filiado desde 1933. Não chegou, porém, a tomar posse do cargo: morreu de crise hepática. Sua última música, com letra de Freire Júnior intitulava-se Despedida.
Algumas letras e cifras
Adeus (c/Evaldo Rui), samba, 1944; Adivinhe, coração (c/Evaldo Rui), samba, 1944; Algodão (c/Davi Nasser), samba, 1944; O amor é um prejuízo (c/Moisés Friedman), samba-canção, 1930; Ano novo (c/Zeca Ivo), marcha, 1935; Antigamente era assim (c/Ari Monteiro), valsa, 1943; Bateu meia-noite, samba, 1935; Bazar (c/Aldo Cabral), fox-canção, 1941; Beduína (c/Davi Nasser), valsa, 1949; Bonequinha (c/Sadi Cabral), valsa, 1941; Caixinha de música, valsa, 1941; Câmbio do amor (c/Paulo Orlando), samba, 1934; Canção ao microfone (c/Paulo Roberto), fox, 1934; Cansei de sofrer (c/Orestes Barbosa), marcha, 1935; Cantor do rádio (c/Paulo Roberto), fox-canção, 1933; Carnaval, samba-canção, 1931;A carta, canção-marcha, 1944; Casa de sopapo (c/Luís Peixoto), samba, 1944; Céu e mar (c/Jardel Boscoli e Geysa Boscoli), fox-trot, 1940; Como os rios que correm pro mar (c/Evaldo Rui), samba, 1944; Conto da carochinha, samba-canção, 1933; Coração camarada (c/J. Cortez e J. Milton), marcha, 1934; Cuíca, pandeiro, tamborim, samba, 1936; De quem é o meu amor?, marcha, 1935; Despedida (c/Freire Júnior), 1945; Dizem que sou mau rapaz, fox, 1941; Dormindo na rua, fox, 1932; Doutor em samba, samba, 1934; Duvido (c/Nelson Trigueiro), samba, 1944; É inútil mentir (c/Evaldo Rui), marcha, 1943; É noite (c/Mário Lago), marcha, 1936; Enquanto houver saudade (c/Mário Lago), valsa, 1938; Era uma vez, canção, 1932; Espera, coração (c/E. B. da Silva), marchinha, 1933; Espera, Maria (c/René Bittencourt), marcha, 1942; Estou vivendo da saudade, samba, s.d.; Eu fico (c/Evaldo Rui), samba, 1945; Eu sou pobre... pobre... pobre, marcha, 1934; Exaltação da favela (c/Dan Mallio), samba, 1936; Faça de conta... (c/Mário Lago), marchinha, 1939; Feitiçaria (c/Evaldo Rui), samba, 1945; Flauta, cavaquinho e violão (c/Orestes Barbosa), samba-choro, 1946; Fruto proibido (c/Jaime Távora), marcha, 1935; Gato escondido (c/Orestes Barbosa), marcha, 1936; Gira... gira... gira... (c/Evaldo Rui), valsa, 1944; Há sempre alguém, fox-canção, 1943; O homem da valsa (c/Davi Nasser), valsa, 1943; Os homens são uns anjinhos, samba, 1933; Jardineiro do amor (c/Zeca Ivo), marcha, 1935; Juntei os meus trapinhos, samba, 1936; Ladrãozinho, marcha, 1934; Linda judia (c/Davi Nasser), valsa, 1940; Lourinha, marcha, 1934; A lua fez feriado, marcha, 1934; Mãe Maria (c/Davi Nasser), samba, 1943; Menina, eu sei de uma coisa (c/Mário Lago), marcha, 1936; Mentirosa (c/Mário Lago), chorinho, 1941; Mês de maio (c/Edgar Proença), valsa-canção, 1942; Moreno cor de bronze, samba-canção, 1934; Moreno faceiro, samba, 1932; Moreno jogador (c/Paulo Roberto), samba, 1934; O morro começa ali (c/Héber de Boscoli), samba, 1941; Mulata brasileira (c/Joraci Camargo), samba, 1944; Mulher (c/Sadi Cabral), fox-canção, 1940; Nada além (c/Mário Lago), fox-canção, 1938; Naná (c/Geysa Boscoli), fox-blue, 1940; Não faças caso, coração (c/Evaldo Rui), samba, 1945; Nego, neguinho (c/Luís Peixoto), samba-canção, 1935; Negra velha, canção, 1935; Nestas noites de amor (c/Orestes Barbosa), valsa, 1934; No meu tempo de criança, marcha, 1940; No morro de São Carlos (c/Hervé Cordovil), samba, 1934; Noites cariocas, marcha, 1935; Nossa comédia (c/Evaldo Rui), fox, 1944; Noturno em tempo de samba (c/Evaldo Rui), samba, 1944; O que teu piano revelou (c/Orestes Barbosa), fox-trot, 1935; Olha o jeito desse nego (c/Evaldo Rui), samba, 1944; Olhos negros (c/Ari Monteiro), fox-canção, 1943; Onde está seu carneirinho?, marcha, 1935; Palacete de malandro, samba-canção, 1933; Papai Noel (Felicidade), canção, 1932; Para que viver? (c/Evaldo Rui), bolero-canção, 1943; O pião (c/Sadi Cabral), valsa, 1941; Podia ser melhor (c/Mário Lago), marcha, 1936; Por amor a este branco, samba, 1933; Prazer em conhecê-lo (c/Noel Rosa), samba, 1933; Pretinho (c/Evaldo Rui), samba, 1944; Preto velho (c/Jorge Faraj), samba, 1940; Os produtos de minha terra, 1943; Promessa (c/Evaldo Rui), samba, 1943; Quando florescer o manacá (c/Sadi Cabral), fox, 1943; Quem é? (c/Joraci Camargo), choro, 1937; Quem será? (c/Davi Nasser), valsa, 1943; Quero voltar (c/Vicente Celestino e Sadi Cabral), canção, 1940; Quis me vingar de você, valsa-canção, s.d.; Rosa de maio (c/Evaldo Rui), fox, 1944; Saia do caminho (c/Evaldo Rui), samba, 1946; O samba de Beatriz (c/Evaldo Rui), 1944; Sambista da Cinelândia (c/Mário Lago), samba, 1936; Se a lua contasse, marcha, 1933; Seja feliz... (c/Mário Lago), marcha, 1936; Sim ou não (c/Evaldo Rui), fox-trot, 1945; Sobe, balão, marcha, 1934; Tapera (c/Alberto Ribeiro), canção, 1935, O tempo passa (c/Paulo Orlando), marcha, 1934; Tenho um segredo, fox-trot, 1932; O teu amor (c/S. Vieira), valsa, s.d.; Teu amor e uma cabana, marcha, 1933; Vai, meu samba, 1936; A valsa de Maria (c/Davi Nasser), 1943; Valsa de meu subúrbio (c/Evaldo Rui), 1944; A valsa de quem não tem amor (c/Evaldo Rui), 1944; Valsinha do turi-turê (c/Evaldo Rui), valsa, 1944; Velho realejo (c/Sadi Cabral), valsa, 1940; A vida em quatro tempos (c/Paulo Orlando), samba, 1943; Vitrina (c/César Ladeira), canção, 1935; Viva o samba (c/Evaldo Rui), samba, 1946; Volta, fox-canção, 1941; Voltarás (c/Evaldo Rui), fox, 1945.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, São Paulo, 1998.
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