Um dos pontos mais altos no espetáculo de Bossa Nova no Carnegie Hall, em 21 de novembro de 1962, foi a apresentação de Luiz Bonfá ao violão e Agostinho dos Santos cantando Manhã de Carnaval. Bonfá lembra que Agostinho, muito nervoso, abordou-o pouco antes do show começar e pediu para cantar junto. Bonfá, muito sem jeito, disse que não, já o que estava combinado era que ele faria apenas um solo com o violão. Agostinho não desistiu: "Não tem importância, você modula que depois eu entro ...". Depois de muita insistência, Bonfá cedeu: combinaram que ele faria primeiro uma introdução instrumental e depois anunciaria Agostinho. Mas quando o violonista começou a tocar, os aplausos abafaram o som.
Agostinho, achando que já era sua hora, entrou. E acabou cantando desde o início, exatamente como queria. O Carnegie Hall aplaudiu de pé, e cravos vermelhos foram atirados ao palco. Era de uma voz limpa, extensa e afinada. Notável participação de um cantor de São Paulo na Bossa Nova.
Agostinho dos Santos, cantor e compositor, nasceu em São Paulo, SP, em 25 de abril de 1932 e faleceu em Paris, França, no dia 12 de julho de 1973. Criado no bairro do Bexiga, começou a carreira artística como crooner da orquestra de Osmar Milani, que atuava no Avenida Danças, em São Paulo. Participava também de programas de calouros. Graças ao trompetista José Luís, em 1951 conseguiu um contrato com a Rádio América, de São Paulo.
Em 1955, foi contratado pela Rádio Nacional, de São Paulo. Nesse ano, apresentou-se na Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro, ao lado de Ângela Maria e Sylvia Telles, com acompanhamento da Orquestra Tabajara. Ainda em 1955, gravou, na Polydor, Meu benzinho (versão de My Little One, de Frankie Lane), seu primeiro sucesso, que lhe valeu os troféus Roquete Pinto e Disco de Ouro.
No ano seguinte, lançou pela Polydor o LP Uma voz e seus sucessos, com musicas de Tom Jobim e Dolores Duran, destacando-se o samba-canção Estrada do sol, um dos seus maiores êxitos. O sucesso desse LP fez que Tom Jobim e Vinícius de Moraes o convidassem para ser o intérprete da trilha sonora do filme Orfeu do Carnaval, de Marcel Camus, na qual foi acompanhado por João Gilberto, alcançando grande êxito Manhã de Carnaval (Vinícius de Morais e Luís Bonfá) e A felicidade (Tom Jobim e Vinícius de Moraes). Recebeu ainda o troféu Disco de Ouro nos anos de 1956, 1957, 1958 e 1959.
Em 1958, compôs o samba-canção Forças ocultas (com Antônio Bruno) e Sozinho com você (com Dirce Morais e Heitor Canilo). Nesse mesmo ano, lançou, pela RGE, o LP Agostinho espetacular, que incluiu sucessos como Balada triste (Dalton Vogeler e Esdras Silva) e Até o nome é Maria (Billy Blanco).
Em 1959, também pela RGE, gravou o LP O inimitável Agostinho com Hino ao sol (Billy Blanco e Tom Jobim), Eu sei que vou te amar (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), Fim de caso (Dolores Duran), e outras.
Em 1960 fez os sambas Chuva para molhar o sol (com Edison Borges) e Podem falar (com Renato Gama Duarte). Nesse ano, lançou, pela RGE, o LP Agostinho, sempre Agostinho, que, entre outros, incluía os sucessos Céu e mar (Johnny Alf) e O amor em paz (Tom Jobim e Vinícius de Moraes). Em 1961, compôs o samba-canção Distância é saudade.
Em 1962, participou do Festival de Bossa Nova, no Carnegie Hall, em New York, E.U.A., cantando com acompanhamento do conjunto de Oscar Castro Neves. Em suas diversas excursões ao exterior, apresentou-se no Chile, Uruguai, Argentina, Venezuela, México, Itália, Portugal, Republica Federal da Alemanha, África e E.U.A. No Brasíl e nos E.U.A., cantou ao lado de Johnny Mathis, na Itália apresentou-se com Caterina Valente.
Em 1967, compôs o samba-canção Quem levou Maria e gravou, na RGE, o LP Os grandes sucessos de Agostinho dos Santos. Em 1968 participou do III FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, interpretando Visão (Antônio Adolfo e Tibério Gaspar). Em outubro desse ano, foi à Europa, onde se apresentou na televisão de Portugal, Inglaterra, Bélgica e França. Compôs, ainda, Balada do homem sem Deus (com Fernando César), Sambossa e Ave do amor (com Chico Feitosa), O amor está no ar (com Miguel Gustavo), Vai sofrendo, Remorso e Prece ao sol, entre outras.
Uma de suas últimas gravações foi Avião (Maurício Einhorn, Durval Ferreira e Hélio Mateus), pela Odeon. Faleceu num acidente aéreo, nas imediações do aeroporto de Orly, em Paris, França.
Algumas músicas
Veja também:
Fontes: História da Bossa Nova - Revista Caras - Edição Especial de Julho de 1996; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.
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