quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Expresso 2222

Identificado com o elepê do mesmo nome, básico na discografia de Gilberto Gil e em que se destaca o seu vigoroso punch ao violão, aprimorado durante o exílio londrino, “Expresso 2222” foi lançada inicialmente em um compacto duplo, encartado numa edição especial da revista Bondinho, em fevereiro de 72.

A imagem do expresso está muito ligada a reminiscências do autor, que na infância viajava nos trens da Companhia Leste Brasileiro pelo interior da Bahia. Em seu livro Todas as letras Gil conta que a canção nasceu quando, um dia em Londres, anotou num caderno uma frase fortemente rítmica que lhe veio à mente: “Começou a circular o Expresso 2222, que parte direto de Bonsucesso pra depois.”

O curioso é que este final “pra depois” sugeriu-lhe uma parada imediata, levando-o “a deixar aquilo ali como um vinho, num barril de carvalho, para envelhecer”, só voltando à composição um ano mais tarde. Então completou e musicou “Expresso 2222”, mantendo a linha originária da frase em razão da naturalidade das síncopes iniciais.

“É evidente — afirma Gil — que a idéia da viagem está ligada às drogas, os modificadores e expansores de consciência da época.” A gravação, inteiramente despojada, com violão, percussão e nada mais, é uma expressiva demonstração da vitalidade rítmica do compositor como intérprete, capaz de prescindir de grandes recursos técnicos e instrumentais para produzir um sucesso como este, de longa permanência desde que tenha o seu violão, descendente direto dos violões de Caymmi e de João Gilberto (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Expresso 2222 (1972) - Gilberto Gil - Intérprete: Gilberto Gil

LP Expresso 2222 / Título da música: Expresso 2222 / Gilberto Gil (Compositor) / Gilberto Gil (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1972 / Nº Álbum: 6349 034 / Lado B / Faixa 2 / Gênero musical: MPB.

Tom: C
C                 Bb              F   C              
Começou a circular o Expres----so 2222
                   Em7         Dm7   G7    C
Que parte direto de Bonsucesso pra depois
                  Bb              F     C        
Começou a circular o Expres----so 2222
Da Central do Brasil
                 Bb
Que parte direto de Bonsucesso
F                C
Pra depois do a----no 2000
                         G7
Dizem que tem muita gen-----te de ago----ra
             C
Se adiantan----do, partindo pra lá
        G7
Pra 2001 e 2 e tem---po afo---ra
   C                                    G/F
Até onde es---sa estra---da do tempo vai dar
            Em7    Am7
Do tempo vai dar
            Dm7 G7  Dm7      G7        C
Do tempo vai dar, menina, do tempo vai
                     G7
Segundo quem já andou no Expres---so
                C
Lá pelo ano 2000 fica a tal

                     G7
Estação final do per---curso-vida

                     C
Na terra-mãe concebi---da
                                 G/F
De vento, de fogo, de água e sal
               Em7  Am7
De água e sal
               Dm7  G7
De água e sal
     Dm7      G7     C
Ô, menina, de água e sal
                       G7         
Dizem que parece o bon---de do mor---ro
           C            
Do Corcova---do da---qui
                G7                
Só que não se pe---ga e en---tra e sen---ta e an---da
      C                                              G/F
O tri----lho é fei---to um bri---lho que não tem fim
                    Em7   Am7
Oi, que não tem fim
                Dm7  G7
Que não tem fim
     Dm7       G7      C    
Ô, menina, que não tem fim
                       G7                
Nunca se chega no Cris---to concre---to
                           C
De matéria ou qualquer coi---sa real
              G7        
Depois de 2001 e 2 e tem---po afo---ra
       C                                         G/F  
O Cris---to é como quem foi visto subindo ao céu
               Em7  Am7
Subindo ao céu
             Dm7 G7      C           
Num véu de nu-----vem brilhante subindo ao céu

Eu quero é botar meu bloco na rua

Sérgio Sampaio
Quem frequentou nos anos setenta e oitenta a noite do Baixo Leblon, na Zona Sul carioca, em especial bares como o Jobi, o Gatão, o Luna e o Diagonal, redutos de artistas e intelectuais boêmios, há de ter cruzado muitas vezes e prestado a atenção na figura exótica do cantor e compositor “maldito” Sérgio Sampaio. Isso porque, com seu porte magérrimo, seu cabelão comprido e seu comportamento bizarro, sempre bebendo, cantando ou gargalhando com espalhafato, ele jamais poderia passar despercebido ao mais distraído habitué do lugar.

Sérgio deixou várias composições, mas, somente um grande sucesso, “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua”, finalista do VII FIC e que é uma espécie de marcha-rancho, confessional (“Há quem diga / que eu fugi da raia / que eu morri de medo / quando o pau quebrou”), que culmina num vibrante estribilho: “Eu quero é botar meu bloco na rua / brincar, botar pra ferver / eu quero é botar meu bloco na rua / gingar, pra dar e vender.”

Tais características a incluem entre as boas canções de protesto da época, embora o autor não tenha chegado a ser um especialista do gênero. Primo do também cantor e compositor Raul Sampaio, Sérgio morreu em 1994, aos 47 anos, tendo gravado quatro elepês (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua (1972) - Sérgio Sampaio - Interpretação: Sérgio Sampaio

LP O Carnaval Chegou! / Título da música: Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua / Sérgio Sampaio (Compositor) / Sérgio Sampaio (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1972 / Nº Álbum: 6349 058 / Lado B / Faixa 7 / Gênero musical: Marcha-rancho / Carnaval.

A7       Dm                  C
Há quem diga que eu dormi de touca
                Bb                    A7
Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga
               Gm                   Dm7
Que eu caí do galho e que não vi saída
                E7                    A7
Que eu morri de medo quando o pau quebrou

          Dm7                    C
Há quem diga que eu não sei de nada
                   Bb                 A7
Que eu não sou de nada e não peço desculpas
                  Gm                      Dm7
Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira
               E7            A7
E que Durango Kid quase me pegou

Eu, por mim, queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso
É disso que eu preciso ou não é nada disso
Eu quero todo mundo nesse carnaval... 

  Dm7      C              
Eu quero é botar meu bloco na rua    BIS
Bb      A7
Gingar, pra dar e vender

Sucessos de 1972

1859 1866 1880 1901 1902 1903 1904 1905 1906 1907 1908 1909 1910 1911 1912 1913 1914 1915 1916 1917 1918 1919 1920 1921 1922 1923 1924 1925 1926 1927 1928 1929 1930 1931 1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938 1939 1940 1941 1942 1943 1944 1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985

1972

Realizam-se em Munique (Alemanha Ocidental) os XX Jogos Olímpicos - setembro/1972.

A montanha - Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Acabou chorare - Moraes Moreira e Luiz Galvão

Acontece - Cartola

Agora eu sei - Edson Ribeiro e Helena dos Santos

Águas de março - Tom Jobim

Alô, alô, taí Carmen Miranda - Wilson Diabo, Heitor Rocha e Maneco

Alô fevereiro - Sidney Miller

Atrás da porta - Chico Buarque e Francis Hime

Bala com bala - João Bosco e Aldir Blanc

Balada do louco - Arnaldo Baptista e Rita Lee

Besta é tu - Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Moraes Moreira

Boêmio 72 - Adelino Moreira

Cais - Milton Nascimento e Ronaldo Bastos

Casa e comida - Rossini Pinto

Casa no campo - Zé Rodrix e Tavito

Chuva, suor e cerveja - Caetano Veloso

Como vai você - Antonio Marcos

Dança da solidão - Paulinho da Viola

Das 200 para lá - João Nogueira

Esperanças perdidas - Adeílton Alves e Délcio Carvalho

Eu não sou cachorro não - Waldick Soriano

Eu quero é botar meu bloco na rua - Sérgio Sampaio

Expresso 2222 - Gilberto Gil

Fio Maravilha - Jorge Benjor

Ilu-Ayê (Terra da Vida) - Cabana e Norival Reis

Mangueira, minha madrinha querida - Zuzuca

Mon amour, meu bem, ma femme - Cleide de Lima

Mucuripe - Fagner e Belchior

Nada será como antes - Milton Nascimento e Ronaldo Bastos

Oração de Mãe Menininha - Dorival Caymmi

Oração de um jovem triste - Alberto Luís

Oriente - Gilberto Gil

Partido alto - Chico Buarque

Pérola negra - Luís Melodia

Por amor - Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Por Deus eu juro - Cláudia Barroso

Preta Pretinha - Moraes Moreira e Luiz Galvão

Quando as crianças saírem de férias - Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Regra três - Toquinho e Vinícius de Moraes

Taj Mahal - Jorge Benjor

Vapor barato - Jards Macalé e Waly Salomão

Você é linda - Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Você não entende nada - Caetano Veloso

Vou tirar você desse lugar - Odair José

Músicas estrangeiras de sucesso no Brasil

Alone Again (Naturally), Raymond O’Sullivan

Ben, Walter Scharf e Don Black

Concerto pour un Eté, A. Morisco

Everything I Own, David Gates

Un Gatto nel Blu, Totó Savio

Got to Be There, Elliot Willensky

Imagine, John Lennon

Long Ago, Tomorrow, Burt Bacharach e Hal David

Mammy Blue, H. Giraud e P. Trim

My World, Barry Gibb e Robin Gibb

Rock and Roll Lullaby, Barry Mann e Cynthia Well

Rocket Man, Elton John e Bernie Turpin

Shaft, Isaac Hayes

So Far Away, Carole King

Soley, Soley, Fernand Arbey

There’s No More Corn in the Brasos, Innemee e Hoes

Wild Life, Paul McCartney e Linda McCartney

Without You, Thomas Evans e William Peter Ham

Cronologia

01.01: Morre na França o cantor/ator Maurice Chevalier.

11.01: Caetano Veloso chega ao Rio de Janeiro, de volta do exílio londrino. Três dias depois chega Gilberto Gil.

16.01: Morre em Niterói (RJ) o compositor Valfrido Silva.

22.01: Morre no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Miguel Gustavo.

02: O presidente norte-americano Richard Nixon visita a China Popular, seguindo-se a abertura do país ao comércio exterior.

31.03: É inaugurado o sistema de televisão a cores no Brasil.

20.05: Morre no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Silas de Oliveira.

31.08: Morre no Rio de Janeiro (RJ) a cantora Dalva de Oliveira.

09: Realizam-se em Munique (Alemanha Ocidental) os XX Jogos Olímpicos da Era Moderna.

08.09: Morre no Rio de Janeiro (RJ) o compositor/instrumentista/ator Ratinho (Severino Rangel).

10.09: O piloto Emerson Fittipaldi vence o Campeonato Mundial de Fórmula 1.

22.09 a 01.10: Realiza-se o VII Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo do Rio de Janeiro e vencido pela composição “Nobody Calls me Prophet” de Daniel Clayton Thomas, representante dos Estados Unidos. Na fase nacional empataram na primeira colocação as canções “Diálogo”, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, e Fio Maravilha, de Jorge Ben.

09.10: Morre no Rio de Janeiro (RJ) o cantor e professor de violão Patrício Teixeira.

10.11: Suicida-se no Rio de Janeiro (RJ) o poeta Torquato Neto.