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| Betty Faria no filme Bye Bye Brasil - Divulgação |
Os casais Cacá Diegues/Nara e Roberto Menescal/Iara foram vizinhos durante anos em um prédio de apartamentos em Ipanema, tendo Cacá, num encontro cotidiano, proposto a Menescal que compusesse a trilha musical de seu filme “Bye Bye, Brasil”, sugerindo Chico Buarque como letrista. Juntos pela primeira vez numa parceria e indecisos sobre quem faria antes a sua parte, Chico e Menescal acabariam concordando que qualquer um poderia começar, a partir do momento em que tivesse uma boa ideia.
Um dia, voltando de São Paulo pela ponte aérea, o violonista teve de repente “a boa ideia”, uma melodia inspirada pelo próprio título do filme. O curioso é que a inspiração surgiu quando ele aguardava, sentado numa poltrona do avião, espremido entre dois sujeitos enormes, que fosse resolvido um problema para a decolagem. Anotada a frase inicial numa pauta improvisada e concluída a melodia um dia depois, Menescal entregou-a a Chico e ficou esperando a letra. Só que o poeta demorou tanto, que chegou o dia da gravação sem que ele a tivesse aprontado. Finalmente, na hora da mixagem, com o tema principal gravado no seu tom, Chico entrou no estúdio trazendo uma imensa tira de papel, com uma letra maior do que se poderia desejar... Mas Cacá logo resolveu a parada da maneira mais prática. Leu os versos até certo ponto e decretou: “tá bom até aqui”, cortando o resto com uma tesoura.
Assim foi gravada por Chico Buarque a excelente canção “Bye Bye, Brasil”, bem vinculada ao enredo do filme, com um personagem narrando num telefone público suas aventuras ambulantes para a namorada: “Oi, coração / não vai dar pra falar muito não / espera passar o avião / assim que o inverno passar / eu vou te buscar / aqui tá fazendo calor / deu pane no ventilador / já tem fliperama em Macau...”
Foi desta gravação que se originou o compacto duplo do filme de grande sucesso. Depois, Chico fez nova gravação com outro arranjo de Menescal para o elepê, enquanto o músico a gravava em versão instrumental para o seu disco Ditos e feitos. Existem ainda outras versões de destaque como a do Grupo Pau Brasil e a de Zé Roberto Bertrami, com Hélio Delmiro, premiada pela revista Playboy.
Meses mais tarde, Menescal viveria uma experiência pitoresca em Cabo Frio. Tocando numa reunião de amigos, foi interpelado por uma garota: “Você sabe aquela música do Chico Buarque, ‘Bye Bye, Brasil’? Ah, toca pra gente cantar...” Então, com sua calma habitual, o autor ignorado tocou sua música, por sinal uma das mais difíceis de sua obra. Que o digam os que se atrevem a gravá-la, pois enquanto a melodia tem diferenças sutis, às vezes apenas uma notinha entre-frases aparentemente iguais, a harmonia é uma sugestiva sucessão de acordes ao improviso (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Bye Bye Brasil (1979) - Chico Buarque e Roberto Menescal - Intérprete: Chico Buarque
LP Vida / Título da música: Bye Bye Brasil / Roberto Menescal (Compositor) / Chico Buarque (Compositor) / Chico Buarque (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1980 / Nº Álbum: 6349 435 / Lado B / Faixa 5 / Gênero musical: Canção.
Um dia, voltando de São Paulo pela ponte aérea, o violonista teve de repente “a boa ideia”, uma melodia inspirada pelo próprio título do filme. O curioso é que a inspiração surgiu quando ele aguardava, sentado numa poltrona do avião, espremido entre dois sujeitos enormes, que fosse resolvido um problema para a decolagem. Anotada a frase inicial numa pauta improvisada e concluída a melodia um dia depois, Menescal entregou-a a Chico e ficou esperando a letra. Só que o poeta demorou tanto, que chegou o dia da gravação sem que ele a tivesse aprontado. Finalmente, na hora da mixagem, com o tema principal gravado no seu tom, Chico entrou no estúdio trazendo uma imensa tira de papel, com uma letra maior do que se poderia desejar... Mas Cacá logo resolveu a parada da maneira mais prática. Leu os versos até certo ponto e decretou: “tá bom até aqui”, cortando o resto com uma tesoura.
Assim foi gravada por Chico Buarque a excelente canção “Bye Bye, Brasil”, bem vinculada ao enredo do filme, com um personagem narrando num telefone público suas aventuras ambulantes para a namorada: “Oi, coração / não vai dar pra falar muito não / espera passar o avião / assim que o inverno passar / eu vou te buscar / aqui tá fazendo calor / deu pane no ventilador / já tem fliperama em Macau...”
Foi desta gravação que se originou o compacto duplo do filme de grande sucesso. Depois, Chico fez nova gravação com outro arranjo de Menescal para o elepê, enquanto o músico a gravava em versão instrumental para o seu disco Ditos e feitos. Existem ainda outras versões de destaque como a do Grupo Pau Brasil e a de Zé Roberto Bertrami, com Hélio Delmiro, premiada pela revista Playboy.
Meses mais tarde, Menescal viveria uma experiência pitoresca em Cabo Frio. Tocando numa reunião de amigos, foi interpelado por uma garota: “Você sabe aquela música do Chico Buarque, ‘Bye Bye, Brasil’? Ah, toca pra gente cantar...” Então, com sua calma habitual, o autor ignorado tocou sua música, por sinal uma das mais difíceis de sua obra. Que o digam os que se atrevem a gravá-la, pois enquanto a melodia tem diferenças sutis, às vezes apenas uma notinha entre-frases aparentemente iguais, a harmonia é uma sugestiva sucessão de acordes ao improviso (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Bye Bye Brasil (1979) - Chico Buarque e Roberto Menescal - Intérprete: Chico Buarque
LP Vida / Título da música: Bye Bye Brasil / Roberto Menescal (Compositor) / Chico Buarque (Compositor) / Chico Buarque (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1980 / Nº Álbum: 6349 435 / Lado B / Faixa 5 / Gênero musical: Canção.
Em
Oi, coração
A4/7 A7
Não dá pra falar muito não
D7+
Espera passar o avião
F#m7
Assim que o inverno passar
B7/9- Em
Eu acho que vou te buscar
A4/7
Aqui tá fazendo calor
A7 Am
Deu pane no ventilador
C/D
Já tem fliperama em Macau
G7+ F#7
Tomei a costeira em Belém do Pará
B7+ G#m7
Puseram uma usina no mar
Am C/D
Talvez fique ruim pra pescar
F#m7 B7/9-
Meu amor
Em
No Tocantins
A4/7 A7
o chefe dos Parintintins
D7+
vidrou na minha calça Lee
F#m7
Eu vi uns patins prá você
B7/9- Em
Eu vi um Brasil na tevê
A4/7
Capaz de cair um toró
A7 Am
Estou me sentindo tão só
C/D G#7+
Oh! tenha dó de mim
G7+ C7/9
Pintou uma chance legal
F#m7 Bm7
Um lance lá na capital
G#m7 C#7
Nem tem que ter ginasial
F#7+ B7/9-
Meu amor
Em
No Tabaris
A4/7 A7
o som é que nem os Bee Gees
D7+
Dancei com uma dona infeliz
F#m7
Que tem um tufão nos quadris
B7/9- Em
Tem um japonês atrás de mim
A4/7
Eu vou dar um pulo em Manaus
A7 Am
Aqui tá quarenta e dois graus
C/D
O sol nunca mais vai se pôr
G7+ F#7
Eu tenho saudades da nossa canção
B7+ G#m7
Saudades de roça e sertão
Am C/D
Bom mesmo é ter um caminhão
F#m7 B7/9-
Meu amor
Em
Baby bye, bye
A4/7 A7
Abraços na mãe e no pai
D7+
Eu acho que vou desligar
F#m7
As fichas já vão terminar
B7/9- Em
Eu vou me mandar de trenó
A4/7 A7
Pra Rua do Sol, Maceió
Am
Peguei uma doença em Ilhéus
C/D G#7+
Mas já estou quase bom
G7+ C7/9
Em março vou pro Ceará
F#m7 Bm7
Com a bênção do meu Orixá
G#m7 C#7
Eu acho bauxita por lá
F#7+ B7/9-
Meu amor
Em
Bye,bye Brasil
A4/7 A7
A última ficha caiu
D7+
Eu penso em vocês night and day
F#m7
Explica que tá tudo ok
B7/9- Em
Eu só ando dentro da Lei
A4/7 A7
Eu quero voltar podes crer
D7+
Eu vi um Brasil na TV
F#m7
Peguei uma doença em Belém
B7/9- Em
Agora já tá tudo bem
A4/7 A7
Mas a ligação está no fim
D7+
Tem um japonês atrás de mim
F#m7
Aquela aquarela mudou
B7/9- Em
Na estrada peguei uma cor
A4/7 A7
Capaz de cair um toró
D7+
Estou me sentindo um jiló
F#m7
Eu tenho tesão é no mar
B7/9- Em
Assim que o inverno passar
A4/7 A7
Bateu uma saudade de ti
D7+
Estou a fim de encarar um siri
F#m7
Com a bênção do Nosso Senhor
B7/9- Em
O sol nunca mais vai se pôr

A abordagem do Luizão Maia (tirando aquele timbrão do Fender Jazz Bass, tocando com as unhas) é uma verdadeira aula de bom gosto. Que obra prima!
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