quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Arlindo Leal

Arlindo Leal (1871 São Paulo, SP - ?? ), revistógrafo e letrista, usava também o pseudônimo de José Elói, autor das revistas Scenas da roça e Flor do Sertão, com partituras de Marcelo Tupinambá (Fernando Lobo).

Com Tupinambá musicou várias peças e revistas de sua autoria. Algumas dessas músicas, que exploravam o tema rural, tornaram-se grandes sucessos: Maricota, sai da chuva, gravado pelo grupo "Os Passos no Choro" em 1917 e Tristeza de caboclo, gravado pela dupla Os Geraldos.

Obra

Maricota, sai da chuva (c/ Marcelo Tupinambá);  Que sodade (c/ Marcelo Tupinambá); Tristeza de caboclo (c/ Marcelo Tupinambá); Viola cantadeira (c/ Marcelo Tupinambá).

A cor morena

A cor morena (cantiga infantil) - Som midi - Rondas Infantis - Jangada Brasil 2002

Uma roda de crianças, com uma no meio. Cantam as da roda:

A cor morena
É cor de ouro
A cor morena
É meu tesouro


Responde a menina do centro:

É de meu gosto, }
É de minha opinião, }
Hei-de amar a cor morena }
Que papai queira, que não }
bis

A roda:

A cor morena
É cor de prata,
A cor morena
É quem me mata


A menina:

É de meu gosto }
É de minha opinião }
Hei de amar a cor morena }
Com prazer no coração }
bis

A roda:

A cor morena
É cor de canela,
A cor morena
É uma cor tão bela


A menina:

É de meu gosto, }
É de minha opinião, }
Hei de amar a cor morena }
Que papai queira, que não } bis

Informante: Dona Bibi. Natal, RN, 18 de abril de 1947

Fonte: Rondas Infantis Brasileira - Reunidas por Veríssimo de Melo - Jangada Brasil 2003.

A canoa virou

A canoa virou (cantiga infantil)- LP Palavra Cantada: Cantigas de Roda

Extraída de uma série de cantigas infantis, registradas por Veríssimo de Melo em Rondas infantis brasileiras (São Paulo, Departamento de Cultura, 1953). É uma roda de crianças, todas de mãos dadas.... e assim cantam:
Tom: A

A E A
A canoa virou
A7 D
Pois deixaram ela virar
Bm E
Foi por causa de Maria
E7 A
Que não soube remar
E A
Se eu fosse um peixinho
A7 D
E soubesse nadar
Bm E
Eu tirava Maria
E7 A
Do fundo do mar

Bm
Siri pra cá,
Siri pra lá
E
Maria é bela
A
E quer casar.
Quando as meninas dizem Fulana, (Maria, por exemplo), esta se vira para fora da roda e continua de mãos dadas, em sentido contrário. Cantam novamente o quarteto, mudando apenas o nome de outra menina, que igualmente vira para fora da roda. E assim sucessivamente, até a última. Depois, todas batem palmas e pulam.

Informante: Noemi Noronha. Natal, RN, 14 de abril de 1947.

Fonte: Rondas Infantis Brasileira - Reunidas por Veríssimo de Melo - Jangada Brasil 2003.

Alfredo Gama

Alfredo Gama (Alfredo de Albuquerque Gama), advogado, compositor e pianista, nasceu no Recife, Pernambuco, em 08/08/1867, e faleceu na mesma cidade em 21/11/1932. Era filho de Aires de Albuquerque Gama e de Maria Emília de Albuquerque Gama. Formou-se em Direito pela Faculdade do Recife em 1889, tendo sido juiz de comarca no interior de Pernambuco.

Em 1897, fundou o Instituto Aires Gama. Casou-se com Maria Luísa Barbosa, com quem teve sete filhos. Foi redator do Diário Oficial do Estado, cargo que ocupou até seu falecimento em 1932.

Exerceu intensa atividade, tendo deixado mais de 250 composições, algumas das quais permaneceram inéditas. Suas melodias marcaram época na capital pernambucana, muitas com letras de sua autoria, outras com versos de Armando de Oliveira. 

Freqüentava a alta sociedade pernambucana, tendo lançado várias de suas músicas no Clube Internacional, interpretando-as ao piano. Escreveu também comédias e peças musicais, algumas inclusive para Alda Garrido.

Sua primeira composição foi a polca Ave do paraíso. Em 1917 compôs a valsa Saudades (editada como Valsa da saudade), gravada em 1929 por Francisco Alves. Dois anos depois, compôs a toada-canção Caboquinha, gravada por Pedro Celestino, em 1928, e por Francisco Alves, em 1930. 

Seu principal parceiro foi Armando de Oliveira. Sua última composição foi uma valsa feita pouco antes de morrer, em parceria com Austro Costa, Cala-te, coração.

Em 1946, sua valsa Valsa dos que sofrem foi gravada ao piano por Mário de Azevedo em disco Continental. 

Em 1959, teve as valsas Valsa dos que sofrem (Os que sofrem), Valsa dos que sonham, Valsa dos que ficam, Valsa da saudade, Tempos saudosos, e Como é bom sonhar, gravadas por Mário de Azevedo no LP Tempos saudosos - Músicas de Ernesto Nazareth e Alfredo Gama - Mário de Azevedo e seu piano da gravadora Sinter.

Obra

Ave-do-paraíso, polca, s.d.; Caboquinha, toada-canção, 1919; Cala-te, coração (c/Austro Costa), valsa, 1932; Como é bom sonhar, valsa, s.d.; Não te esqueças, valsa, s.d.; Olhos divinos, valsa, s.d.; Tempos saudosos, valsa, s.d.;  Valsa da saudade, 1917; Valsa dos que ficam, s.d.; Valsa dos que sofrem, 1915.

Álvaro Sandim

Álvaro Sandim (circa 1862 Rio de Janeiro - 12/5/1919 Rio de Janeiro), compositor e trombonista, foi aluno do maestro Francisco Braga.

Em 1911, foi trombonista e diretor de harmonia na Sociedade Dançante Carnavalesca "Ninho do Amor", sediada em São Cristóvão. Dois anos mais tarde, deixou o "Ninho do Amor", passando a integrar o rancho "Flor do Abacate", instalado no Largo do Machado e grande rival no bairro do Catete do "Ameno Resedá".

Tornou-se o diretor de música da agremiação e no carnaval desfilava à frente da orquestra que reunia os melhores músicos da época, entre os quais o saxofonista Romeu Silva.

Em 1914, além de continuar dirigindo a orquestra, integrou como secretário a comissão de carnaval deste rancho, participando do planejamento e da escolha do enredo com que o "Flor do Abacate" iria competir no Dia de Ranchos.

Em 1915, compôs a polca Flor de abacate, considerada sua obra prima, na qual imortalizou o seu rancho, e que foi editada pela Casa Beethoven e posteriormente registrada na Biblioteca Nacional. Compôs ainda outras marchas-ranchos para o grupo, das quais infelizmente não se tem registro.

Ainda em 1915, integrou o "Terno Abacatense" em um baile promovido pela sociedade carnavalesca "Netinhos do vovô", em benefício do compositor Sinhô.

Obra

Corbeille, Flor de Abacate.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

J. Bulhões

J. Bulhões (José Carvalho de Bulhões), pianista e compositor, nasceu no Rio de Janeiro-RJ em 21/8/1881, e faleceu na mesma cidade em 13/7/1941. Pai do compositor Max Bulhões.

Famoso "pianeiro" carioca, tocou em todos os clubes do Rio de Janeiro, no início do século XX. É autor, entre muitas outras composições, da valsa Despedida em lágrimas, com letra de Alfredo Cândido, gravada por Bahiano na Odeon entre 1913 e 1916.

Compôs também a polca Sapeca e a música Olhar que engana

Seu grande sucesso foi a marchinha Ai, Filomena, muito cantada no carnaval de 1915. A música fazia uma crítica ao então Presidente Hermes da Fonseca (apelidado pelo povo de 'Dudu') e era baseada em conhecida canção italiana: "Ai, Filomena/ Se eu fosse como tu/ Tirava a urucubaca/ Da cabeça do Dudu". 

Obra

Ai, Filomena, Despedida em lágrimas, Olhar que engana, Sapeca.

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Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha

Honorino Lopes

Honorino Lopes (28/8/1884 Rio de Janeiro, RJ - 19/8/1909 Idem), compositor, morreu tuberculoso com aproximadamente 25 anos de idade.

Foi o compositor de um clássico do choro, Língua de preto, gravado pela primeira vez pela Banda da Força Policial do Estado de São Paulo, na Odeon, entre 1907 e 1912.

Em 1913, foi gravada pela Banda da Casa Edison. Obra que faz parte do repertório de chorões, conta com gravações de músicos como Henrique Cazes, entre outros. Abaixo uma interpretação de Garoto.

Título da música: Língua de preto / Gênero musical: Choro / Intérprete: Garoto / Compositor: Honorino Lopes / Gravadora Odeon / Número do Álbum 12966 / Data de Gravação: 00/1949 / Data de Lançamento 00/1949 / Lado: lado A  /  Acervo Humberto Franceschi  /  Disco 78 rpm:


Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular do Brasil

Cardoso de Menezes

Cardoso de Menezes 1940
Cardoso de Menezes (Frederico Cardoso de Menezes e Souza), compositor e revistógrafo, nasceu no Rio de Janeiro em 31 de março de 1878, em uma casa na rua Bento Lisboa no bairro do Catete.

Filho de Antônio Frederico Cardoso de Menezes e Souza e Judith Ribas Cardoso de Menezes e Souza, foi criado no meio de intelectuais e artistas famosos da época, que se reuniam na casa de seus pais.

O pai foi músico, escritor, poeta e teatrólogo bastante popular no período entre 1875 e 1910; a mãe era também musicista, tendo sido colaboradora de Arthur Napoleão, famoso editor de partituras musicais. Seu avô paterno foi João Cardoso de Menezes e Souza, o Barão de Paranapiacaba (1827-1915), homem de grande erudição, autor de várias obras e traduções e que gozava de prestígio e influência junto a D. Pedro II.

Em 1900, Cardoso de Menezes casou-se com Amélia Juventina Ferreira, com quem teve quatro filhos; nenhum seguiu a carreira artística. Desde de 1895 foi funcionário público, passando pela Alfândega e se aposentando no Tesouro Nacional.

Cardoso de Menezes não quis se dividir entre música e teatro, como seu pai e, resolvendo se dedicar exclusivamente ao teatro, e especificamente ao teatro da Praça Tiradentes, pode conciliar as duas artes, trabalhando nos gêneros ligeiros musicados.

Assim nos relata Brício de Abreu: contou-me ele que, certa vez, ainda no curso preparatório, com 14 anos [1892] escreveu uma “mágica”. Em vez de estudar, estava escrevendo quando o pai [...] perguntou-lhe o que fazia [...] “Estou escrevendo uma “mágica”[...], o velho Cardoso de Menezes respondeu sorrindo para o filho : “Duvido que seja boa, e só irá à cena quando as galinhas tiverem dentes!”[...] Em 1905, [para] a sua primeira peça representada, “Comes e Bebes”, mandou convidar o pai, com um cartão onde dizia: “As galinhas criaram dentes, venha ver!” E desde então o pai se orgulhou do filho.(Abreu, 1963:248)

Antes de Comes e bebes Cardoso de Menezes havia escrito, em 1904, aos 26 anos, uma revista para ser encenada pelo grupo amador Clube Dramático de Ouro, de São Cristovão: São Cristovão por um óculo. Foi na ocasião desta apresentação que Cardoso de Menezes conheceu Chiquinha Gonzaga e Alvarenga Fonseca, que o incentivaram a continuar escrevendo. E foi o que fez, sozinho ou em parceria, o nosso revistógrafo, tornando-se um dos autores de revistas, burletas e operetas mais famosos do Rio.(Abreu, 1963:248)

Com a burleta Comes e bebes deu-se sua estréia profissional, que contou com intérpretes que se tornariam célebres, pouco tempo depois, no teatro ligeiro carioca. A estreia ocorreu justamente na Companhia do Teatro São José, em 4 de janeiro de 1912, com Alfredo Silva, Cinira Polônio, Júlia Martins, Pepa Delgado, Franklin de Almeida e outros. Vieram logo depois, ainda em 1912, a opereta Casei com titia, com música de Chiquinha Gonzaga, apresentada no Teatro São Pedro pela Companhia João de Deus e Zé Pereira com música de Francisco Nunes , também no São José. (Abreu, 1963:248)

Cardoso de Menezes, aliando-se primeiro à grande Chiquinha Gonzaga e logo após a Carlos Bittencourt, produziu revistas, burletas e operetas que ficaram como modelos do gênero. A revista, então chamada de “Carnaval”, teve nele o seu grande autor, “Gato, Baêta e Carapicú” foi dos maiores êxitos de sua época com o ator Alfredo Silva. Depois da fundação da Cia. Nacional de Revistas e Burletas por Paschoal Segreto, para o Teatro S. José, em 1913 [sic], não creio que algum autor tenha ultrapassado com êxito a dupla Carlos Bittencourt e Cardoso de Menezes. (Abreu, 1963: 249)

Cardoso de Menezes foi um dos raros autores a ter o privilégio de ver suas peças em cena por mais de cem representações consecutivas; o que era considerado, para os padrões da época, e do teatro ligeiro, um claro indicativo de qualidade. Segundo Gill (1944: 8) as peças de Cardoso de Menezes [constituíam] acontecimentos expressivos principalmente para os cofres das empresas teatrais [...] e como revistógrafo, descobriu o ovo de Colombo do teatro no Rio quando criou a sua primeira revista exclusivamente carnavalesca. Foi autor de muitas peças, e grande parte desse sucesso, devido certamente a sua “maestria” na escrita destes gêneros teatrais e a consequente boa acolhida do público, realizou com seu mais regular e igualmente bem sucedido colaborador, Carlos Bittencourt.

Faleceu em 30 de março de 1958, às vésperas de completar 80 anos, dos quais mais da metade foram dedicados ao teatro. Sua última peça foi ainda uma revista, Fogo no pandeiro, montada em 1950, pela Companhia Ferreira da Silva no Teatro João Caetano, tendo como intérpretes, entre outros, Dercy Gonçalves, Colé, Silva Filho e Walter D’Ávila.

Fonte: Frederico Antonio Cardoso Menezes - Uma Dinastia de músicos no Porto / Trecho da dissertação de mestrado de Maria Filomena Vilela Chiaradia, p.79-82.