Nelson Sargento (Nelson Mattos), compositor e cantor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 25/7/1924. Aos dez anos já saía na antiga escola de samba Azul e Branco, do morro do Salgueiro, e aos 12 foi com a mãe para a Mangueira, indo depois morar na casa do padrinho, Alfredo Português.
Ali entrou em contato com sambistas como Cartola e Nelson Cavaquinho, com os quais aprendeu violão. Apelidado de Nelson Sargento quando deu baixa no Exército, começou a freqüentar com Alfredo Português a escola de samba Unidos da Mangueira, hoje extinta.
Em 1947 já tinha alguns sambas de sua autoria; levado por Carlos Cachaça para a ala dos compositores da Mangueira, compôs com Alfredo Português, no ano seguinte, seu primeiro samba-enredo para a escola, o Rio São Francisco.
Em 1950, com o mesmo parceiro, fez Apologia aos mestres, samba-enredo em que a escola homenageava Miguel Couto, Osvaldo Cruz, Rui Barbosa e Ana Néri, mas que não chegou a ser cantado na avenida, sendo substituído por outro. No mesmo ano, levou para a ala alguns compositores como Darci, Cícero, Pelado e Batista.
Por quatro anos seguidos perdeu a competição; mas, em 1955, seu samba-enredo Cântico à natureza (com Jamelão e Alfredo Português) foi popularmente consagrado e gravado com grande sucesso por Jamelão, na Continental. Dois anos mais tarde, com a morte de Alfredo Português, passou a compor com Carlos Marreta, lançando Vai dizer a ela, e, em 1958, foi eleito presidente da ala dos compositores da Mangueira, afastando-se da escola quatro anos depois.
Em 1963, freqüentando o Zicartola em sua fase áurea, conheceu Hermínio Bello de Carvalho e foi convidado a integrar o conjunto que atuava nesse restaurante dos também mangueirenses Cartola e sua mulher Zica. Dois anos mais tarde, participou do musical Rosa de ouro, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, no Teatro Jovem, do Rio de Janeiro, com Araci Cortes, Clementina de Jesus e o conjunto Rosa de Ouro, integrado por Elton Medeiros, Paulinho da Viola, Jair do Cavaquinho e Nescarzinho do salgueiro.
Ao terminar a temporada foi convidado a participar do conjunto A Voz do Morro, com Zé Keti e o pessoal do Rosa de Ouro, além de Oscar Bigode e José Cruz. Com esse conjunto, participou da gravação do LP Roda de samba, volume II, pela Musidisc, em 1965 e, no ano seguinte, do LP A voz do morro, pela RGE.
Em 1967, como integrante do conjunto Os Cinco Crioulos, gravou três LPs na Odeon, entre eles Samba... no duro. Mais tarde recebeu convite para gravar na Marcus Pereira, além de cantar em algumas faixas de uma coleção de discos sobre a história das escolas de samba, lançada pela Rio Gráfica Editora.
Em 1972, Paulinho da Viola gravou sua composição Falso moralista, em seu LP A dança da solidão. Sua música Cântico à natureza, regravada por Jamelão e também pela cantora Renata Lu, foi, em 1975, considerada pela Mangueira como um dos dez melhores sambas da escola em todos os tempos.
Um de seus maiores sucessos foi o samba Agoniza mas não morre, lançado em 1978 por Beth Carvalho. Compôs ainda o samba Triângulo amoroso, dedicado à Mangueira, gravado em 1979 no seu LP Sonho de um sambista, lançado pela Eldorado.
Profissionalmente, é pintor de paredes, dedicando-se também à pintura primitivista. Desde 1973, como artista plástico, realizou diversas exposições individuais, entre elas no Arquivo da Cidade (1983), Museu da Imagem e do Som (1993), Câmara Municipal do Rio de Janeiro (1994). Em 1984, com Alice Campos, Francisco Duarte e Dulcinéia Duarte, escreveu a monografia Um certo Geraldo Pereira, premiada pela Funarte no Projeto Lúcio Rangel. Lançou em 1986 o LP Encanto da paisagem, Kuarup (reeditado em CD pela Rio Arte). O Clube de Criação de São Paulo lançou o LP Inéditas — Nelson Sargento, em 1990.
Na década de 1990 iniciou carreira internacional, viajando para o Japão a convite de um empresário japonês e incentivado por Henrique Cazes. Em 1996, foi condecorado com a Medalha de Mérito Pedro Ernesto, concedida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, por serviços prestados à arte e à cultura.
Lançou o CD Inéditas do Mestre Cartola, gravado no Japão (selo Tartaruga), com músicas ainda não registradas em disco, como Velho Estácio, de 1930, à qual acrescentou uma segunda parte à letra. Comemorou 73 anos de idade e 60 de samba, em 1997, com festa na quadra da Escola de Samba Unidos do Porto da Pedra, em São Gonçalo RJ.
Ainda em 1997 apresentou-se no Projeto Pixinguinha, em várias capitais brasileiras. O documentário Nelson Sargento, de Estêvão Ciavatta Pantoja, foi premiado no VIII Festival de Curtas-Metragens de São Paulo. O filme mostra o morro da Mangueira pelos olhos poéticos de um dos últimos sambistas da velha guarda em atividade.
Pai de 11 filhos (sete naturais e quatro de criação), desde 1990 viaja quase todo ano para o Japão, onde faz shows e grava discos.
Obras: Agoniza mas não morre, 1978, Apologia aos mestres (c/Alfredo Português), samba-enredo, 1950; Berço de bamba, 1990; Cântico à natureza (ou As quatro estações do ano) (c/Jamelão e Alfredo Português), samba-enredo, 1955; Falso amor sincero, 1979; Idioma esquisito, 1996; Nas asas da canção, (c/Dona Ivone Lara), 1990; Rio São Francisco (c/Alfredo Português), samba-enredo, 1948; Sonho de um sambista, 1979; Triângulo amoroso, samba, s.d.; Vai dizer a ela (c/Carlos Marreta), 1957.
CDs: Sonho de um sambista, 1995, Eldorado 584090; O encanto da paisagem, 1996, Rio Arte KCDRDO 13/96-1.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editoa / PubliFolha.