Geraldo Pereira |
Neste samba de ritmo sacudido, bem característico de seu estilo, Geraldo estabelece uma divertida comparação entre a falsa baiana - que "Só fica parada / não canta, não samba / não bole, nem nada" - com a verdadeira - "Que mexe, remexe / dá nó nas cadeira / e deixa a moçada com água na boca". Nascido em Juiz de Fora e criado no morro carioca da Mangueira, este notável compositor - bom de letra e melodia entraria na década de 1940 para a história do samba, gênero que revigorou em escassos quinze anos de atividade.
Talvez pelo caráter inovador de sua obra, que inclui até certas resoluções harmônicas inusitadas na época, Geraldo Pereira não foi suficientemente valorizado em vida. Várias dessas inovações estão bem à mostra em "Falsa Baiana": a originalidade melódica, o deslocamento da acentuação rítmica (que causaria forte impressão em João Gilberto) e o ritmo interno das construções verbais, independentes da melodia. Tudo isso seria valorizado na interpretação inconfundível de seu lançador, o grande sambista Ciro Monteiro.
Uma curiosidade: antes de entregar "Falsa baiana" a Ciro, o autor mostrou-a ao cantor Roberto Paiva, que a rejeitou. "Era de madrugada" - relembra Paiva - "e o Geraldo, ‘meio alto', cantou enrolando as palavras, dando a impressão de que o samba estava ‘quebrado'. Um mês depois, ao ouvi-lo na voz do Ciro, descobri que aquela beleza toda era o samba que o Geraldo me oferecera".
Falsa baiana (samba, 1944) - Geraldo Pereira - Intérprete: Ciro Monteiro
Falsa baiana (samba, 1944) - Geraldo Pereira - Intérprete: Ciro Monteiro
Disco 78 rpm / Título da música: Falsa baiana / Geraldo Pereira (Compositor) / Ciro Monteiro (Intérprete) / Benedito Lacerda [1903-1958] e Seu Regional (Acomp.) / Gravadora: Victor / Gravação: 03/04/1944 / Lançamento: 06/1944 / Nº do Álbum: 80-0181 / Nº da Matriz: S-052940-1 / Gênero: Samba
Intro.: G7+ D7/9 G7+ A7 Baiana que entra na roda e só fica parada D7/9 Não samba, não dança, não bole nem nada G7+ G7 Não sabe deixar a mocidade louca
C7+ Baiana é aquela que entra no samba Bm7 de qualquer maneira E7 A7 Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras D7/9- G7+ E7 Deixando a moçada com água na boca
Am7 D7/9- A falsa baiana quando entra no samba G7+ Ninguém se incomoda, ninguém bate palma Am7 D7/9 Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba G7+ G7 Salve a Bahia, senhor
C7+ Cm Mas a gente gosta quando uma baiana Bm7 E7 Samba direitinho, de cima embaixo Am7 Revira os olhinhos dizendo D7/9- G7+ D7/9 Eu sou filha de São Salvador
Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.
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