Luperce Bezerra Pessoa de Miranda, instrumentista e compositor, nasceu em Recife PE em 28/7/1904 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 5/4/1977. Nasceu no bairro dos Afogados. O pai, João Pessoa de Miranda, tocava bandolim, violão e piano, tendo organizado com os 11 filhos uma orquestra caseira.
Tocou bandolim desde os oito anos; aos 15, compôs seu primeiro frevo, e no ano seguinte organizou a Jazz Leão do Norte, orquestra de nove elementos, em que tocava piano, atuando na Confeitaria A Glória, de Recife.
Em 1926 fazia parte do conjunto Turunas da Mauricéia, com o cantor Augusto Calheiros (Patativa do Norte), o violonista cego Manuel de Lima, o violonista e diretor João Frazão, e seus irmãos João, cavaquista, e Romualdo, violonista.
O conjunto seguiu sem ele para o Rio de Janeiro no início de 1927 e, no final do ano, gravou 20 músicas na Odeon, sendo três de Luperce com Augusto Calheiros: a canção Belezas do sertão, o samba O pequeno fiururu e a embolada Pinião, sucesso do Carnaval de 1928.
Ainda em 1927, animado com o sucesso dos Turunas, organizou em Recife novo conjunto - Voz do Sertão, com Meira, violão; José Ferreira, cavaquinho; Robson Florence e ele próprio, bandolins, o cantor de emboladas Minona Carneiro e, depois, Romualdo e veio para o Rio de Janeiro. Aí conheceu o violonista Tute (Artur Nascimento), de quem o conjunto gravou Pra frente é que se anda e Alma e coração, valsa que foi grande sucesso, regravada na década de 1950 pela Sinter. Com o Voz do Sertão lançou, pela Parlophon, Moto contínuo, Lá vai madeira, Festa do Pina, O caboclo alegre e Barulhento (todas de sua autoria).
Em 1929 constituiu o Regional Luperce Miranda, atuando na Rádio Clube do Brasil; gravou com o Bando de Tangarás, ao lado de Almirante, e compôs com Manuel Lino Vaca maiada, gravada por Almirante, na Parlophon. Ao lado de Tute e do Regional, acompanhou os grandes cantores da época, como Carmen Miranda (cuja introdução de No tabuleiro da baiana é de sua autoria), Francisco Alves, Mário Reis em Se você jurar, e Noel Rosa na primeira gravação de Com que roupa?.
No ano seguinte, formou o conjunto Alma do Norte e em 1931 apresentou-se na Radio El Mundo, de Buenos Aires, Argentina, com Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis, Tute, Célia Zenatti e Nestor Figueiredo. Na Victor lançou Alma em delírio, Vamos dançar, Segura o dedo (as três de sua autoria) e Carinhos (Pixinguinha).
Em 1936 foi para a Rádio Mayrink Veiga. Em 1945 transferiu-se para a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, e no ano seguinte voltou para o Nordeste, instalando-se em Recife até 1955, quando reintegrou o elenco da Nacional (aposentando-se em 1973). Em 1956 gravou na Sinter o choro Picadinho à baiana, de sua autoria. Na década de 1950, viajou ainda para a então República Federal da Alemanha. Gravou, pela Odeon, Gozada risonha, Quem disse, Fui ao mar buscar laranja, Me deixa em paz, Ao luar, Agüenta a mão e Noite da minha terra.
Fundador da Academia de Música Luperce Miranda, especializada em instrumentos de corda, foi o primeiro a receber o título de Bacharel da Música Popular Brasileira pelo MIS, do Rio de Janeiro, em 1970. Nessa oportunidade foi lançado um LP em que interpreta choros e valsas de Pixinguinha, Anacleto de Medeiros, Zequinha de Abreu, Orestes Barbosa e Antenógenes Silva. No ano seguinte, lançou o LP Luperce Miranda, pela Som, com Caprichos do destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz); Cantiga por Luciana (Paulinho Tapajós e Edmundo Souto); Prelúdio em ré maior (de sua autoria), bem como Risonha, Norival aos 60, e outras.
Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha - 1998, SP; Dicionário Cravo Albin.
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