domingo, 20 de janeiro de 2008

Mula baia

Raul Torres
Mula Baia - Raul Torres, Serrinha e Rieli

Fazenda Belo Horizonte / Uma tropa ali chegou
Que vinha do Indaiá / Ali a tropa pousou
Nego Plácido viu a tropa / Da mula baia gostou
Criola de São Junqueira / Fechou negócio e comprou

E foi nessa hora mesmo / Nego Plácido falou
Pregue o sêlo no recibo / O dinheiro ele puchou
Botou a besta no pasto / Êle mesmo que amansou
E no fim de quinze dias/ Na cidade ele passeou
Levou a besta na cidade / Foi ferrar lá no ferreiro
Lá na cidade de Franca / O povo ficou banzê
De vêr a marcha da besta / Pisando muito ligeira
Batia a ferragem nas pedras / Parecia fogo de isqueiro

No lugar que ele passava/ Causava adimiração/ Nego Plácido montado
Parecia o Napoleão/ No pescoço lenço branco/ Bombacha de gorgurão
Era de marcha trotada/ Ferradura de rompão

Lá na cidade de Franca/ êle é um grande fazendeiro/ Tem fazenda com invernada
Ele é um grande boiadeiro/ No estado de Goiás/ No Triângulo Mineiro
Prá comprar treis mil cabeça/ Ele tem muito dinheiro
Na barranca do Rio Grande/ Uma boiada chegou/ Tinha quase mil cabeça
Nego Plácido comprou/ No fazer a travessia/ A correnteza levou
No meio daquele rio/ A boiada esparramou

O nego vendo o perigo/ Co'a mula baia gritou/ Atirou a baia n'água
E o laço na mão levou/ Mesmo no meio do rio/ Muitos bois ele laçou
No lombo da mula baia/ A sua boiada ele salvou.

Do lado que o vento vai

Raul Torres
Do Lado Que o Vento Vai (1939) - Raul Torres e Serrinha

Adeus, morena! Eu vou
Do lado que o vento vai
Amanhã, muito cedinho,
Peço a bênção dos meus pais.

Me fizeram judiação,
É coisa que não se faz!
Adeus, morena! Eu vou,
Adeus, eu vou pro sertão de Goiás!

Na passagem da porteira
Quem achar um lenço é meu,
Que caiu da algibeira
No pulo que o macho deu.

Quando de ti me afastei,
No Riacho da Alegria,
Tanto os meus olhos choravam,
Como o riacho corria...

Boiada cuiabana

Raul Torres
Boiada Cuiabana (1937) - Raul Torres e Serrinha

Vou contar a minha vida
Do tempo que eu era moço
Duma viagem que eu fiz
Lá no sertão do Mato Grosso
Fui buscar uma boiada
Isto foi no mês de agosto.

Meu patrão foi embarcado
Na linha Sorocabana
Capitais da comitiva
Era o Juca Flor da Grama
Foi tratado pra trazer
Uma boiada cuiabana.

Eu sai de Lambary
Na minha besta Ruana
Só depois de 30 dias
Que cheguei em Aquidauana
Lá fiquei enamorado
Duma malvada baiana.

No baio foi João Negrão
No tordilho Severino
Zé Garcia no Alazão
No Pampa foi Catarino
A madrinha e o cargueiro
Quem puxava era um menino.

Na volta de Campo Grande
No cassino foi entrando
Uma linda paraguaia
Na mesa estava jogando
Botei a mão na gibeira
Dinheiro estava sobrando.

Ela mandou me dizer
Pra mim que fosse chegando
Eu virei e disse pra ela
Vai bebendo eu vou pagando
Eu joguei nove partida
Meu dinheiro foi andando.

De Campo Grande parti
Com a boiada cuiabana
Meu amor veio na anca
Da minha besta Ruana
Hoje eu tenho quem me alegre
Na minha velha choupana.

Cigana

Raul Torres
Cigana (1937) - Raul Torres e Serrinha
A                                                  
Um dia uma cigana leu a minha mão    -------     
F#m                                         dedilhado
Falou que o destino do meu coração   -------     
D                          A  E                          
Daria muitas voltas, mas ia encontrar você
A
Eu confesso que na hora duvidei
F#m  
Lembrei de quantas vezes eu acreditei
D                        A                
Mas não dava certo, não era pra acontecer
F#m              C#m
Foi só você chegar, pra me convencer
D                        A    Ab
Estava escrito nas estrelas, que eu ia te conhecer
F#m            C#m
Foi só você me olhar, que eu me apaixonei
D          Bm   
Valeu a pena esperar, esse é o grande amor,
E
Que eu sempre sonhei
A        F#m    
Vou te amar, pra sempre vou te amar
D                                  A  E
Quero seu carinho, sua boca pra beijar
A         F#m  
Vou te amar, pra sempre vou te amar
D                      A
Tudo que eu preciso, só você pode me dar