segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Carolina Cardoso de Meneses

Carolina C. Meneses - 1941
Carolina Cardoso de Meneses, instrumentista e compositora, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 27/05/1916 e faleceu em 31/12/2000. Filha do pianista Osvaldo Cardoso de Meneses, começou a estudar piano aos 13 anos com Zaíra Braga e depois com Gabriel de Almeida e Paulinho Chaves. Formou-se em teoria e solfejo pelo I.N.M. (Instituto Nacional de Música), em 1930, estudando a seguir harmonia com seu primo Newton Pádua.

Ainda nesse ano, participou da histórica gravação do samba Na Pavuna (Almirante e Homero Dornellas), estreando realmente como profissional na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, passando depois por várias emissoras, como a Rádio Educadora, Philips e Mayrink Veiga.

Gravou sua primeira composição, em 1932, pela Odeon: o fox Preludiando; e em 1935 transferiu-se para a Rádio Tupi, indo nove anos depois para a Nacional, onde ficou até 1968, quando se aposentou.

Em 1942 gravou três 78 rpm com Garoto, sob o título Garoto e Carolina. Complementando a tarefa iniciada por Ernesto Nazareth, ajudou a adaptar o chorinho para piano, como no seu LP gravado sob etiqueta Sinter Música de Ernesto Nazareth.

Compôs diversos sambas, choros, foxes e baiões, destacando-se na sua obra Aquela rosa que você me deu (com Armando Fernandes), marcha-rancho defendida por Ellen de Lima e classificada em segundo lugar no II Concurso de Músicas de Carnaval, promovido em 1968 pela Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara.

Outros sucessos seus: Aquela rosa que você me deu, marcha-rancho (1967); Ausência, fox (1938); Caboclinha (com Osvaldo Cardoso de Meneses), choro (1933); Comigo é assim, choro; Era tão lindo o meu amor, canção (1932); Esquina da vida (com Armando Fernandes), samba (1954); Eu e ela, samba (1958); Mentiras (com René Bittencourt), bolero (1958); Nós dois (com A Fernandes), samba (1954); Nosso mal, samba (1953); Papai Noel (com Jorge André), canção (1931); Pombo-correio, choro (1931), e Preludiando, fox (1932).

A partir da década de 70 diminuiu suas atividades artísticas. Em 1997 gravou um CD com clássicos como Odeon (Ernesto Nazareth), Lamento (Pixinguinha) e Tico-tico no fubá (Zequinha de Abreu) e composições de sua autoria.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira: erudita, folclórica e popular. Popular. São Paulo, Art Editora.

Minha linda Salomé

Minha linda Salomé (marcha, 1945) - Denis Brean e Vitor Simon - Intérprete: Bob Nelson

Disco 78 rpm / Título da música: Minha linda Salomé / Denis Brean (Compositor) / Vitor Simon (Compositor) / Bob Nelson, 1918-2009 (Intérprete) / Conjunto (acomp.) / Gravadora: Victor / Gravação: 29/12/1944 / Lançamento: 03/1945 / Nº do Álbum: 80-0256 / Nº da Matriz: S-078111-1 / Gênero musical: Marcha


Quando eu vou pro meu rancho da montanha
Vou montado nesse meu cavalo amigo
Ainda existe algo mais que me acompanha
E por ela com todo mundo eu brigo


Eu por ela desacato
O mais temível bandoleiro
E por ela também mato
Até meu melhor rancheiro
Ela tem os olhos tristes como um lago
Já venceu um concurso lá em Chicago


Meus senhores
Vou dizer quem ela é
Entretanto, adivinhe quem quiser
É a minha linda vaca Salomé.



Fontes: Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

Bob Nelson


Bob Nelson (Nelson Pérez), cantor e compositor, nasceu em Campinas, SP, em 12.10.1918, sendo o 6º dos oito filhos de José Pérez, espanhol, ferroviário da Mogiana e dono do Hotel Dalva, e de D. Floresmina. Fez o grupo escolar que funcionava em anexo à Escola Normal e formou-se contador na Escola de Comércio São Luiz. Em sua família só ele teria pendores artísticos.


Com 11 anos já trabalhava no comércio. Depois entrou na Mogiana, apenas para atender ao desejo do pai, foi contador da Armour e caixeiro-viajante. Iniciou-se como crooner da Orquestra Julinho e cantor-solista do Grupo Cacique, que apresentava na Rádio Educadora de campinas (PRC-9), nas pegadas do Bando da Lua e dos Anjos do Inferno, e era formado, além dele, por Paulinho Nogueira e seu irmão Celso, Armando do Couto, primo dos dois e médico, Aimoré dos Santos Matos, oficial, e pelo professor Enéas.

Quando Carmen Miranda se apresentou em Campinas, em 1939, lá estavam eles acompanhando a Pequena Notável. Uma noite, depois de assistir ao filme Idílio Nos Alpes, no Cine Rink, na rua Barão de Jaguara, por brincadeira, começou a se comunicar com um amigo à maneira das montanhas do Tirol, como o cowboy-cantor Gene Autry, com menos perfeição, já vinha fazendo. Aquilo fez vibrar as mocinhas que passavam.

Durante a semana, para viver percorria a Central do Brasil como vendedor das meias Ethel, que ninguém comprava devido ao preço. Uma noite, em Taubaté, cantou no serviço de alto-falante uma adaptação que tinha feito de Ó Suzana. Agradou demais e foi estimulado a ir à Hora da Peneira Rodine, na Rádio Cultura de São Paulo. Vai com o amigo Paulo, que fica com o 2º lugar, com Lábios que beijei, e ele, com Ó Suzana, com o 1º, repartindo entre si, conforme o combinado, os prêmios, 100 e 50 cruzeiros respectivamente, ou seja, 75 para cada um. Aí resolve ficar por São Paulo, tornando-se um "calouro profissional".

Quando canta, sempre Ó Suzana, no programa Calouros do Chá Ribeira, na Rádio Tupi, o diretor Dermival Costalima o contrata a 300 cruzeiros por mês. Numa reunião de diretores, fica decidido que Nelson Pérez positivamente não era nome de cowboy. Um diretor, folheando uma revista de cinema, dá com o nome de Robert (Bob) Taylor, grande galã da época. Costalima tem o estalo: "Bob Nelson!". Nessa ocasião, Assis Chateaubriand, todo-poderoso dono das Associadas, estava empenhando em homenagear, na Tupi, o oficial-comandante americano do Atlântico Sul. Teve uma de suas idéias: "Rapaz, pegue este dinheiro, vá à loja Sloper e compre uma roupa completa de cowboy. E cante Suzana, pois o homem é do Texas!" "- O americano gostou tanto que subiu no palco para abraçar. Ele era muito alto. Abracei ele no joelho!"

Com um repertório ampliado, nesse mesmo ano de 1943, vai atuar no Cassino Ahú, de Curitiba, a 300 cruzeiros por noite. A seguir faz todo o circuito das bases militares, até Natal e Fernando de Noronha. Na volta, Ziembinski o convida para ir ao Rio de Janeiro, onde atua na Rádio Tupi e no Cassino Atlântico, a 500 cruzeiros por noite, com mais sucesso até que Gregorio Barrios e Libertad Lamarque. Como a Tupi ficasse em atraso de pagamento por quatro meses, tenta leiloar nos corredores, com colegas, seus vales e é expulso pelo diretor. Assis Chateaubriand, que o chamava de "cowboy sem cavalo", chega pouco depois e dá-lhe razão: "Atrasou, não pagou, faz leilão dessa porcaria!"

Haroldo Barbosa sem demora o recomenda a Victor Costa, diretor da Nacional. Mesmo já sabendo de seu sucesso, quer testá-lo num programa de auditório. Não deu outra: contrato imediato. Daí em diante o Vaqueiro Alegre, seu slogan, faz-se astro do disco e da Rádio Nacional, emendando um sucesso após outro como Boi Barnabé (com Afonso Simão), Eu tiro o leite (com Sebastião Lima), Minha linda Salomé (Denis Brean e Vitor Simon), Te agüenta, Mané (com Almeida Rego) e Catulé (com Murilo Latini), e sua adaptação de Ó Suzana, gravada na Victor e depois lançada nos EUA.

O Brasil também o conhece através do cinema: Este Mundo É Um Pandeiro (1946), Segura Essa Mulher (1946), É Com Este Que Eu Vou (1948), no qual canta Como É Burro O meu Cavalo! , e Estou Ai? (1949).

Muito depois, em 1970, faria papel de padre em Vale do Canaã, sob a direção de Jece Valadão. Casa-se com Antonietta Leal Perez, em 1950, e têm dois filhos, Nelson Roberto e Eduardo José, e dois netos, Luciana Antonela e Victor Eduardo. Deixando de cantar, continua na Rádio Nacional, como secretário do departamento jurídico e diretor do departamento de gravações.

Na Nacional aposenta-se em 1976, depois de 26 anos ininterruptos de trabalho na estação. Jamais pararia, contudo, de trabalhar. É representante de produtos ópticos, percorrendo todo o Brasil para promover as vendas, e sempre disposto a se apresentar artisticamente, com a mesma disposição e a mesma capacidade de conquistar qualquer platéia.


Fontes: Revivendo Músicas - Biografias; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Blecaute


Blecaute (Otávio Henrique de Oliveira) , cantor e compositor nasceu em Espírito Santo do Pinhal SP, em 05/12/1919, e faleceu no Rio de Janeiro, em 9/2/1983. Órfão de pai e de mãe, aos seis anos foi levado para São Paulo SP, onde trabalhou como engraxate e entregador de jornais.


Estreou como cantor em 1933, no programa de calouros A Peneira de Ouro, da Rádio Tupi, e oito anos depois começou a atuar na Rádio Difusora, adotando, por sugestão do Capitão Furtado, o nome de Black-Out, abrasileirado pela imprensa para Blecaute. Entre 1942 e 1943 foi para o Rio de Janeiro RJ, contratado pela Rádio Tamoio, atuando também na Mauá e Nacional.

Em 1944 participou como cantor do filme Tristezas não pagam dívidas (direção de José Carlos Burle e J. Rui) e gravou seu primeiro disco, com Eu agora sou casado (Cristóvão de Alencar e Alcebíades Nogueira). Obteve grande sucesso no Carnaval de 1949 com Pedreiro Waldemar (Wilson Batista e Roberto Martins), mas o maior êxito de sua carreira ocorreria com o samba General da banda (Tancredo Silva, Sátiro de Melo e José Alcides), lançado no Carnaval do mesmo ano, que lhe valeu o apelido de "general da banda", com o qual passou a ser conhecido.

Consagrado como cantor de sucessos carnavalescos, destacou-se em 1951 com Papai Adão (Armando Cavalcanti e Klecius Caldas) e em 1952 com Maria Candelária (da mesma dupla). Dois anos depois, obteve grande êxito com Piada de salão e em 1955 com Maria Escandalosa (também dessa dupla), fazendo sucesso em 1959 com Chora, doutor (de J. Piedade, Orlando Gazzano e J. Campos).

Repetindo seu êxito nos carnavais, em 1963 destacou-se com o Samba do Iê-Iê-Iê (Estanislau Silva,William Duba e Rosa de Oliveira) e dois anos depois com Quero morrer no Rio, lançando em 1969 Bloco de Banana (de sua autoria), e em 1971 Teresinha Copa70 (Marli de Oliveira e Gatinho).

Além de cantor, também compôs algumas músicas, como Natal das crianças e Iansã, esta lançada no Carnaval de 1973. Gravou dois LPs, um pela Odeon, É para todo mundo cantar, e outro pela Polydor, Na boca do povo.

CDs: Carnaval - Sua história, sua glória, vol. 9, 1993, Revivendo RVCD-034; Carnaval - Sua história, sua glória, vol. 11, 1994, Revivendo RVCD-059.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.