segunda-feira, 17 de abril de 2006

Menino do Rio

Rompendo com a tradição de se cantar a beleza feminina nas canções de louvor ao Rio de Janeiro, Caetano Veloso utiliza a figura de um garoto de praia em “Menino do Rio”: “Menino do Rio / calor que provoca arrepio / dragão tatuado no braço / calção, corpo aberto no espaço / coração...” E toma como modelo seu amigo José Artur Machado, o surfista Petit, de 22 anos, criado na praia de Ipanema.

Gravado pelo autor (no elepê Cinema transcendental) e por Baby Consuelo, para quem a música foi composta, “Menino do Rio” tornou-se sucesso ao ser escolhido para tema de abertura da telenovela “Água Viva”, da Rede Globo. Infelizmente, Petit teve um final prematuro e trágico: acidentado num desastre de moto, que o deixou com o lado direito do corpo paralisado, suicidou-se em março de 89 (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Menino do Rio (1979) - Caetano Veloso - Intérprete: Baby Consuelo

LP Água Viva / Título da música: Menino do Rio / Caetano Veloso (Compositor) / Baby Consuelo (Intérprete) / Gravadora: Som Livre / Ano: 1980 / Nº Álbum: 403.6204 / Lado A / Faixa 6 / Gênero musical: Canção / MPB.

introd: C Ebdim Dm F

         C7M                Eb°                          
Menino do Rio, calor que provoca arrepio
 Dm        G7               Dm          G7
Dragão tatuado no braço, calção corpo aberto no espaço
 C   C7             F            Fm
Coração de eterno flerte, adoro ver-te
C7M           Eb°
Menino vadio, tensão flutuante do rio
Dm            G7             C
Eu canto para Deus proteger-te
A7       Dm7        G7           C7M
O Havaí, seja aqui, tudo o que sonhares
A7         Dm7   Eb°           Em
Todos os lugares, as ondas dos mares
                  Ab
Pois quando eu te vejo eu desejo o teu desejo
C7M            Eb°
Menino do Rio, calor que provoca arrepio
Dm           G7             C7M
Toma esta canção como um beijo

Luz do Sol


Luz do Sol (1982) - Caetano Veloso - Intérprete: Caetano Veloso

LP Eu Te Amo / Título da música: Luz do Sol / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1983 / Nº Álbum: 81209215 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Canção / MPB.


Eb6/9      Bbm7
Luz do sol
 Eb7/9      Ab7+       Abm6
Que a folha traga e traduz
Gm7         C7/9
Em verde novo
   B7+                                    Eb7+/9
Em folha, em graça, em vida, em força, em luz

Eb6/9   Bbm7 Eb7/9   Ab7+        Abm6
Céu azul,    que vem até onde os pés
Gm7         C7/9
Tocam na terra
    B7+                         Eb7+/9
E a terra inspira e exala seus azuis

Db/Eb Eb7/9

Ab7+
Reza, reza o rio
Abm6                    Eb7+/9
Córrego para o rio, e o rio     pro o mar

Db/Eb Eb7/9

Ab7+              Abm6                     Eb7+/9
Reza a correnteza roça a beira, doura a areia
Dm7/11                 Db7/13
Marcha o homem sobre o chão
            Cm7               Cm6
Leva no coração uma ferida acesa
Fm7/9            Bb7/13
Dono do sim e do não
            Eb7+/9
Diante da visão da infinita beleza
Am7/5-                Ab7/11+            Gm7
Finda por ferir com a mão     essa delicadeza
                C7/9
A coisa mais querida
  F7/13     Fm7  Bb7/9
A glória da vi...da
Eb7+/9     Bbm7
Luz do sol
Eb7/9       Ab7+       Abm6
Que a folha traga e traduz
Gm7         C7/9
Em verde novo
   B7+                                    Eb7+/9
Em folha, em graça, em vida, em força, em luz

Lua e Estrela

Em matéria publicada no Jornal do Brasil, o crítico Tárik de Souza conta: “O baterista Vinícius Cantuária (foto) voltava para casa, de uma festa, (...) quando viu o sol surgir. (...) Mudou de rumo: vestiu um short e dirigiu-se à praia do Arpoador. Na areia, só ele e uma bonita menina apreciando (...) o sol nascente. Aos poucos, a praia foi se povoando. Vinícius e a menina aproximaram-se.(...) Ela usava um anel de lua e estrela. Saiu bruscamente, deixando a interrogação: quem é você? Qual o teu nome? Diz como te encontro.”

Foi este episódio que levou Vinícius a fazer a canção “Lua e Estrela”: “Menina do anel / de lua e estrela / raios de sol / no céu da cidade / brilho da lua / noite é bem tarde / penso em você / fico com saudade / manhã chegando / luzes morrendo / nesse espelho / que é nossa cidade...”

Gravada por Caetano Veloso, de quem o autor era baterista, a canção seria o grande sucesso do elepê Outras palavras, sendo incluída na trilha da telenovela “Baila Comigo”. Com sua romântica placidez, “Lua e Estrela” foi também gravada por Vinícius Cantuária em seu primeiro disco solo, tendo se internacionalizado com as versões em inglês, gravada por Gilberto Gil, e em francês, por Françoise Hardy. Em razão de seu sucesso, o álbum Outras palavras tornou-se o primeiro de Caetano a ultrapassar a cifra de 100 mil cópias (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Lua e Estrela (1981) - Vinícius Cantuária - Intérprete: Caetano Veloso

LP Outras Palavras / Título da música: Lua e Estrela / Vinícius Cantuária (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Polygram / Ano: 1981 / Nº Álbum: 6328 303 / Lado A / Faixa 4 / Gênero musical: Canção / MPB.

Intro.: ( C9 ) C7+    A7+ G/A   D C7+ A7+

  Fm       Fm7+   C           Am7
Menina do anel de lua e estrela
Fm          Fm7+   C            Am7
Raios de sol    no céu da cidade
Bb/C         C7  A7/5-
Brilho da lua,   noite é bem tarde
Dm7            G/B
Penso em você, fico com saudade
Fm       Fm7+   C             Am7
Manhã chegando, luzes morrendo
Fm        Fm7+      C           Am7
Nesse espelho que é nossa cidade
Bb/C     C    A7/5-
Quem é você ? Qual é seu nome ?

 Dm7               G/B
Conta pra mim,diz como te encontro
    Fm          Fm7+ C            Am7
Mas deixe ao destino,deixo ao acaso
     Fm                 Fm7+    C
Quem sabe eu te encontro     de noite
         Am7
no baixo
Bb/C         C7 A7/5-
Brilho da lua,  noite é bem tarde
Dm7              G/B
Penso em você, fico com saudade

Lua de São Jorge


Lua de São Jorge (1979) - Caetano Veloso - Intérprete: Caetano Veloso

LP Cinema Transcendental / Título da música: Lua de São Jorge / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / A Outra Banda da Terra (Acomp.) / Gravadora: Philips / Ano: 1979 / Nº Álbum: 6349 436 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Canção / MPB.


D          B7
Lua de São Jorge
E7
Lua deslumbrante
A7
Azul verdejante
D          A7
Cauda de pavão

D          B7
Lua de São Jorge
E7
Cheia, branca, inteira
A7
Ó minha bandeira
Bm            F#m
Solta na amplidão

G          Gm
Lua de São Jorge
D        B7
Lua brasileira
E7         A7  D
Lua do meu coração

A          F#7
Lua de São Jorge
B7
Lua deslumbrante
E7
Azul verdejante
A          E7
Cauda de pavão

A          F#7
Lua de São Jorge
B7
Cheia, branca, inteira
E7
Oh, minha bandeira
F#m          C#m
Solta na ampidão

D          Dm
Lua de São Jorge
A        F#7
Lua brasileira
B7         E7  A  E7
Lua do meu coração

A          F#7
Lua de São Jorge
B7
Lua maravilha
E7
Mãe, irmã e filha
A             E7
De todo esplendor

A          F#7
Lua de São Jorge
B7
Brilha nos altares
E7
Brilha nos lugares
F#m          C#m
Onde estou e vou

D          Dm
Lua de São Jorge
A               F#7
Brilha sobre os mares
B7             E7   A  E7
Brilha sobre o meu amor

A          F#7
Lua de São Jorge
B7
Lua soberana
E7
Nobre porcelana
A             E7
Sobre a seda azul

A          F#7
Lua de São Jorge
B7
Lua da alegria
E7
Não se vê um dia
F#m        C#m
Claro como tu

D          Dm
Lua de São Jorge
A           F#7
Serás minha guia
B7           E7      A
No Brasil de Norte à Sul

Kalú

Dalva de Oliveira
A dupla Luiz Gonzaga-Humberto Teixeira separou-se no início da década de 1950, em razão da ida de Gonzaga para SBACEM, enquanto Teixeira permanecia na UBC. Na época, compositores de sociedades diferentes não podiam atuar juntos. Passaram, então, os dois a trabalharem sozinhos, ou com outros parceiros, sendo "Kalu" o maior sucesso individual de Teixeira.

De estilo romântico-ingênuo, este baião foi feito para atender a um pedido de Dalva de Oliveira, que desejava incluir música nordestina na série que gravaria com a orquestra de Roberto Inglês. Referindo-se a "Kalu", muitos anos depois de seu lançamento, Humberto Teixeira confessou: "Na verdade, Kalu existiu. Só que com outro nome, naturalmente".

Kalu(baião, 1952) - Humberto Teixeira - Intérprete: Dalva de Oliveira


E7+
Kalu, Kalu
                                  F#m7
Tira o verde desses óios di riba d'eu
Kalu, Kalu
                 B7           E7+
Não se esqueça que você já me esqueceu
Kalu, Kalu
     Bm           E7          A7+
Esse oiá despois do que assucedeu
       B7                    G#m7
Com certeza só não tendo coração
     C#7    F#m7
Fazê tar judiação
          B7        E7+
Você tá mangando di eu
 A7+                 A#º     G#m7
Com certeza só não tendo coração
     C#7    F#m7
Fazê tar judiação
          B7        E7+
Você tá mangando di eu

Tropicália

Classificado pelo concretista Augusto de Campos como “oswaldiano, antropofágico, desmistificador”, o primeiro elepê solo de Caetano Veloso, lançado em 1968, o credencia como um dos poetas-compositores mais imaginativos de sua geração. Neste disco polêmico e experimentador, o destaque maior pertence à canção “Tropicália”.

Dividida em cinco partes de melodias primárias e iguais, cada uma terminando com um surpreendente par de “vivas”, a composição oferece uma visão crítica e sintetizada da realidade brasileira, contrapondo valores dessa realidade, numa colagem de símbolos, imagens e citações — “Eu organizo o movimento / eu oriento o carnaval / eu inauguro o monumento / no Planalto Central do país / viva a bossa-sasa / viva a palhoça-ça-ça-ça-ça...”

O próprio título “Tropicália”, cuja origem foi longamente comentada por Caetano, no livro Verdade tropical e que acabaria denominando o movimento poético-musical que marcou aquele final de década, só seria adotado por insistência do produtor Manoel Barenbein, desprezando-se a opção “Mistura Fina”, considerada boa pelo compositor. Júlio Medaglia é o autor do excelente arranjo de “Tropicália” (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Tropicália (1968) - Caetano Veloso - Intérprete: Caetano Veloso

LP Caetano Veloso / Título da música: Tropicália / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1968 / Nº Álbum: R 765.-26 L / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: MPB.


"Quando Pero Vaz Caminha
Descobriu que as terras brasileiras
Eram férteis e verdejantes
Escreveu uma carta ao rei
Tudo que nela se planta
Tudo cresce e floresce
E o Gauss da época gravou"

C#m          F#         C#m
Sobre a cabeça os aviões
            F#          C#m
Sob os meus pés, os caminhões
       F#             C#m             B
Aponta contra os chapadões, meu nariz
E         D          E
Eu organizo o movimento
      D           E
Eu oriento o carnaval
       D
Eu inauguro o monumento
      E            D     E
No planalto central do país
          D       E
Viva a bossa, sa, sa
                D           E
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça
          D       E
Viva a bossa, sa, sa
                E   C#m   B   E
Viva a palhoça, ça, ça,   ça, ça

C#m      F#                        C#m
O monumento é de papel crepom e prata
         F#          C#m
Os olhos verdes da mulata
      F#                           C#m
A cabeleira esconde atrás da verde mata
    F#       C#m   B
O luar do sertão
E     D             E
O monumento não tem porta
            D
A entrada é uma rua antiga,
           E
Estreita e torta
       D                       E
E no joelho uma criança feia e morta,
          D     E
Estende a mão
         D       E
Viva a mata, ta, ta
               D           E
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
         D       E
Viva a mata, ta, ta
                   C#m   B   E   C#m
Viva a mulata, ta, ta,   ta, ta

C#m7          F#7             C#m7
No pátio interno há uma piscina
          F#7         C#m7
Com água azul de Amaralina
          F#7                C#m7
Coqueiro, brisa e fala nordestina
         B   E
E faróis
         D               E
Na mão direita tem uma roseira
       D                   E
Autenticando a eterna primavera
        D
E no jardim os urubus passeiam
          E             D     E
A tarde inteira entre os girassóis
         D      E
Viva Maria, ia, ia
              D           E
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
         D      E
Viva Maria, ia, ia
                  C#m   B   E
Viva a Bahia, ia, ia,   ia, ia

C#m7          F#7           C#m7
No pulso esquerdo o bang-bang
        F#7                     C#m7
Em suas veias corre muito pouco sangue
            F#7
Mas seu coração
                   C#m7    B    E
Balança a um samba de tamborim
       D           E
Emite acordes dissonantes
            D          E
Pelos cinco mil alto-falantes
             D
Senhoras e senhores
                 E             D     E
Ele põe os olhos grandes sobre mim
          D       E
Viva Iracema, ma, ma
              D           E
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
          D       E
Viva Iracema, ma, ma
                  C#m   B   E
Viva Ipanema, ma, ma,   ma, ma

C#m7       F#7         C#m7
Domingo é o fino-da-bossa
        F#7           C#m7
Segunda-feira está na fossa
      F#7         C#m7    B    E
Terça-feira vai à roça, porém
      D             E
O monumento é bem moderno
          D                     E
Não disse nada do modelo do meu terno
         D             E          D    E
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
          D       E
Viva a banda, da, da
                D           E
Carmem Miranda, da, da, da, da
          D       E
Viva a banda, da, da
                    C#m   B   E
Carmem Miranda, da, da,   da, da

Trem das Cores


Trem das Cores (1982) - Caetano Veloso - Intérprete: Caetano Veloso

LP Cores, Nomes / Título da música: Trem das Cores / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Polygram / Ano: 1982 / Nº Álbum: 6328 381 / Lado A / Faixa 3 / Gênero musical: Canção / MPB.


  D
A franja da encosta
D5+             G7+
Cor de laranja
Capim rosa chá
  Em7              Gm7
O mel desses olhos luz
           F7+
Mel de cor ímpar
  Cm7                F7             Bb7+
O ouro ainda não bem verde da serra
           Bbm7
A prata do trem
  D7+            Bm7
A lua e a estrela
 Em7+            G/A A7
Anel de turquesa
   D7+          D5+
Os átomos todos dançam
        G7+
Madruga
Reluz neblina
   Em7            Gm7            F7+
Crianças cor de romã entram no vagão
   Cm7           F7             Bb7+
O oliva da nuvem chumbo ficando
              Bbm7
Pra trás da manhã
    D7+               C#m7/5-
E a seda do azul do papel
                Bm7
Que envolve a maçã

                      C#m7/5-
As casas tão verde e rosa
    F#7     Bm7                E/G#
Que vão passando ao nos ver passar
   Bm7             C#m7/5- Bm7
Os dois lados da jane......la
                     C#m7/5-
E aquela num tom de azul
       F#7  Bm7                E/G#
Quase inexistente azul que não há
 Bm7              E7
Azul que é pura memória de algum
      A   G/B A/C#
lugar
    D7+
Teu cabelo preto,
  D5+            G7+
Explícito objeto
Castanhos lábios
   Em7           Gm7              F7+
Ou pra ser exato lábios cor de açaí
   Cm7
E aqui trem das cores
F7              Bb7+
Sábios projetos
            Bbm7
Tocar na central
    D7+              C#m7/5-
E o céu de um azul celeste
       G7+
Celestial

  ( D7+ G7+ D7+ G7+ A7 )

Tigresa

Tigresa (1977) - Caetano Veloso - Intérprete: Caetano Veloso

LP Bicho / Título da música: Tigresa / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1977 / Nº Álbum: 6349 327 / Lado B / Faixa 3 / Gênero musical: Canção / MPB.


 Dm7           Gm7  
Uma tigresa de unhas negras 
     Dm7            Bb
   e íris cor de mel
Dm7          Gm7  C7 
Uma mulher, uma beleza, 
   F               G7
   que me aconteceu
     Dm7             Bb                 Dm7            Am7
Esfregando a pele de ouro marrom do seu corpo contra o meu
     Bb                C            Dm7
Me falou que o mal é bom e o bem cruel

Dm7               Gm7         Dm7                 Bb
Enquanto os pêlos dessa deusa tremem ao vento ateu
 Dm7          Gm7   C7   F               G7
Ela me conta sem certeza tudo o que viveu
       Dm7        Bb               Dm7                  Am7
Que gostava de política em mil novecentos e sessenta e seis
       Bb               C        Dm7
E hoje dança no frenetic dancyn' days

Dm7              Gm7         Dm7              Bb
Ela me conta que era atriz e trabalhou no Hair
    Dm7           Gm7   C7       F                G7
Com alguns homens foi feliz, com outros foi mulher
        Dm7           Bb            Dm7            Am7
Que tem muito ódio no coração e tem dado muito amor
    Bb                C        Dm7
Espalhado muito prazer e muita dor

Dm7              Gm7           Dm7           Bb
Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar
       Dm7         Gm7   C7        F              G7
Porque ela vai ser o que quis inventando um lugar
       Dm7           Bb               Dm7             Am7
Onde a gente e a natureza feliz vivam sempre em comunhão
      Bb          C                 Dm7
E a tigresa possa mais do que o leão

Dm7            Gm7        Dm7            Bb
As garras da felina me marcaram o coração
    Dm7          Gm7  C7       F             G7
Mas as besteiras de menina que ela disse, não
       Dm7           Bb                     Dm7         Am7
E eu corri para o violão num lamento, e a manhã nasceu azul
       Bb             C         Dm7
Como é bom poder tocar um instrumento

Sozinho


Sozinho (1997) - Peninha - Interpretação: Caetano Veloso

CD Prenda Minha / Título da música: Sozinho / Peninha (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Polygram / Ano: 1999 / Nº Álbum: 538 332-2 / Faixa / Gênero musical: Canção / MPB / Nota: Gravado ao vivo no Metropolitan, Rio de Janeiro, de 10 a 13 de setembro de 1998.


D              A/C#           Bm7
As vezes no silêncio da noite
Em             Em/D      A7/C# A7
Eu fico imaginando nós dois
D              A/C#       Bm7
Eu fico ali sonhando acordado juntando
Em           Em/D         A7 A#º
O antes o agora e o depois

Bm7                F#m7        G7+
Por que você me deixa tão solto?
Bm7                 F#m7      D/E
Por que você não cola em mim?
Bm7               F#m7       G7+
Tô me sentindo muito sozinho

D                  A/C#       Bm7
Não sou nem quero ser o seu dono
Em                    Em/D      A7/C# A7
É que um carinho às vezes cai bem
D                   A/C#       Bm7
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Em              Em/D          A7  A#º
Só abro pra você   mais ninguém

Bm7                 F#m7     G7+
Porque você me esquece e some
Bm7                  F#m7          D/E
E se eu me interessar  por alguém
Bm7              F#m7       G7+
E se ela de repente me ganha

D                      A/C#             Bm7
Quando agente gosta é claro que agente cuida
Em                Em/D                 C
Fala que me ama só que é da boca pra fora
D                 A/C#          Bm7
Ou você me engana ou não está madura
Em  A7              D
Onde está você agora

Sampa

Por incrível que pareça, o elepê Muito (dentro da estrela azulada), com uma bela foto de Caetano e sua mãe, Dona Canô, na capa, que apresentava “Terra”, “Muito Romântico”, uma pungente interpretação de “Eu Sei que Vou te Amar” e, de quebra, a canção-depoimento “Sampa”, não foi bem recebido por parte da crítica paulista.

“Sampa” surgiu em razão de um programa sobre São Paulo, realizado pela TV Bandeirantes, para o qual o produtor Roberto de Oliveira encomendara um depoimento a Caetano Veloso. Então, Caetano teve a ideia de fazê-lo sob a forma de uma canção, com uma longa letra em que expunha suas impressões sobre a cidade, canção que ele comporia em poucos minutos e que gravaria em vídeo já no dia seguinte. Como o elepê ainda não estava pronto, houve tempo para incluir no repertório a nova música, gravada com o acompanhamento de um singelo conjunto regional, no qual se sobressai o violão sete cordas de Arnaldo Brandão.

A letra de “Sampa” registra referências a muita coisa que o autor considera importante na cidade como a poesia concreta dos irmãos Campos, as figuras de Rita Lee e os Mutantes e, em seu arremate, a declaração “e novos baianos te podem curtir numa boa”, cantada sobre a frase melódica final do samba “Ronda”, de Paulo Vanzolini, o que é um achado. Além de difundir a sigla, que o povo consagrou, “Sampa” impressiona como uma sincera homenagem do artista à cidade que o acolheu no início de sua carreira.

Por exemplo, a esquina das avenidas Ipiranga e São João, que a canção converte numa referência na MPB, deve-lhe trazer boas recordações, pois fica apenas a algumas dezenas de metros do apartamento da avenida São Luís, onde ele morou na época.

Quase um hino a São Paulo, com suas descrições, citações e reflexões, “Sampa” criou laços definitivos entre o poeta e a cidade, impondo-se como peça obrigatória em seu repertório, sempre que ele a visita. Passa também a integrar, com especial destaque, o grupo de composições de autores não-paulistas que homenagearam São Paulo, juntando-se a “Eh! São Paulo” (1934), do mineiro Murilo Alvarenga, à suíte “Paulistana-Retrato de uma Cidade” (1974), do paraense Billy Blanco, e “São São Paulo Meu Amor” (1968), do baiano Tom Zé (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Sampa (1978) - Caetano Veloso - Interpretação: Caetano Veloso

LP Muito - Dentro Da Estrela Azulada / Título da música: Sampa / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1978 / Nº Álbum: 6349 382 / Lado B / Faixa 2.

C7+                 Bm7/11    
Alguma coisa acontece
   E7/9-     Am7+ Am7 Gm7 Gb7/11+
no meu  coração
    F                    A7
Que só quando cruzo a Ipiranga
                  Dm7
e a avenida São João
      G7                     G#º
É que quando eu cheguei por aqui
             Am7
eu nada entendi
   D7/9
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta
               Dm7/9  G7/13  G7/13-
de tuas meninas

Gm7                  C7/9
Ainda não havia para mim Rita Lee
  F7+                    F#º  
A tua mais completa tradução
C/G       A7        Dm7     G7      E7
Alguma coisa acontece no meu coração
A7    D7/9                  Abm6
Que só  quando cruzo a Ipiranga
       G7         C6/9 G7/13  G7/13-
e a avenida São João

C7+                  Bm7/11   
Quando eu te encarei frente a frente
    E7/9-    Am7+  Am7 Gm7 Gb7/11+
não vi o teu rosto
   F                      A7
Chamei de mau gosto o que vi
                  Dm7
de mau gosto, mau gosto
G7                 G#º
É que Narciso acha feio
              Am7
o que não é espelho
    D7/9
E a mente apavora o que ainda
não é mesmo velho
Nada do que não era antes
                      Dm7/9 G7/13 G7/13-
quando não somos mutantes

  Gm7                C7/9
E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
F7+                         F#º  
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
 C/G       A7        Dm7        G7   E7
Aprende depressa a chamar-te de realidade
A7   D7/9               Abm6
Porque és o avesso do avesso,
    G7        C6/9  G7/13  G7/13-
do avesso do avesso

   C7+               Bm7/11   
Do povo oprimido nas filas,
    E7/9-  Am7+   Am7 Gm7 Gb7/11+
nas vilas, favelas
   F                  A7
Da força da grana que ergue
                Dm7
e destói coisas belas
   G7              G#º
Da feia fumaça que sobe
              Am7
apagando as estrelas
   D7/9
Eu vejo subir teus poetas
de campos e espaços
Tuas oficinas de florestas,
                  Dm7/9 G7/13 G7/13-
teus deuses da chuva

Gm7                C7/9
Pan-américas de Áfricas utópicas, túmulo
F7+                      F#º  
do samba mais possivel, novo quilombo de Zumbi
      C/G     A7     Dm7       G7    E7  A7   
E os Novos Baianos passeiam na tua garoa
     D7/9             Abm6     G7       C6/9
E os novos baianos te podem curtir numa boa

Gente


Gente (1977) - Caetano Veloso - Intérprete: Caetano Veloso

LP Bicho / Título da música: Gente / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1977 / Álbum: 6349 327 / Lado A / Faixa 3 / Gênero musical: MPB.


C
Gente olha pro céu
                   Bm7/5- E7
Gente quer saber o um
Am7
Gente é o lugar
                  G7 C7
De se perguntar o um
Ab
Das estrelas se perguntarem
   Cm
se tantas são
Ab
Cada, estrela se espanta
               G7/4 G7
à própria explosão
G
Gente é muito bom
                 Bm7/5- E7
Gente deve ser o bom
Am7
Tem de se cuidar
                  G7 C7
De se respeitar o bom
Ab
Está certo dizer que estrelas
Cm
estão no olhar
Ab
De alguém que o amor te elegeu
     G7/4 G7
pra amar
C
Marina, Bethânia, Dolores,
         F
Renata, Leilinha,
        F#º
Suzana, Dedé
C/G            Ab
Gente viva, brilhando estrelas
   C
na noite
Gente quer comer
              Bm7/5- E7
Gente que ser feliz
Am7                          G7   C7
Gente quer respirar ar pelo nariz
Ab
Não, meu nego, não traia nunca
     Cm
essa força não
Ab
Essa força que mora em seu
    G7/4 G7
coração
C
Gente lavando roupa
     Bm7/5-     E7
amassando    pão
Am7
Gente pobre arrancando a vida
      G7  C7
com a mão
Ab
No coração da mata gente quer
Cm
prosseguir
Ab
Quer durar, quer crescer,
             G7/4  G7
gente quer luzir
C
Rodrigo, Roberto, Caetano,
        F
Moreno, Francisco,
          F#º
Gilberto, João
C/G
Gente é pra brilhar,
Ab                 C
não pra morrer de fome
Gente deste planeta do céu
Bm7/5-      E7
de     anil
Am7
Gente, não entendo gente nada
G7     C7
nos viu
Ab
Gente espelho de estrelas,
        Cm
reflexo do esplendor
Ab
Se as estrelas são tantas,
            G7/4 G7
só mesmo o amor
C
Maurício, Lucila, Gildásio,
         F
Ivonete, Agripino,
          F#º
Gracinha, Zezé
C/G           Ab
Gente espelho da vida,
     C
doce mistério

Desde que o Samba é Samba


Desde Que O Samba É Samba (1993) - Caetano Veloso - Intérpretes: Gilberto Gil e Caetano Veloso

LP/CD Tropicália 2 - Caetano Veloso e Gilberto Gil / Título da música: Desde Que O Samba É Samba / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gilberto Gil (Intérprete) / Gravadora: Polygram / Ano: 1993 / Álbum: 518 178-1 / Lado B / Faixa 6 / Gênero musical: Samba.


(D7+ A7)

      D7+  A7  D7+   D7/9
A tristeza é senhora
G7+                 C7/9     F#7/13  B7/9
Desde que o samba é samba é assim
  Em7           A7             Bm7
A lágrima clara sobre a pele escura
  E7/9                       A7
A noite e a chuva que cai lá fora

    D7+ A7 D7+  D7/9
Solidão apavora
G7+               C7/9      F#7/13  B7/9
Tudo demorando em ser tão ruim
    Em7              A7/13    Bm7             E7/9
Mas alguma coisa acontece  no quando agora em mim
   Em7                  A7     D7+   A7
Cantando eu mando a tristeza embora

(Repete tudo acima)

  Em7                F#7
O samba ainda vai nascer
  Bm7                C#7
O samba ainda não chegou
  F#m7            B7/9
O samba não vai morrer
       Bm7              E7/9
Veja o dia ainda não raiou

  Em7                 F#7
O samba é o pai do prazer
  Bm7                C#7
O samba é o filho da dor
  F#m7              B7   E7/13 E7/5+ Em7
O grande poder transformador

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos

As visitas de muitos amigos brasileiros, como Jorge Mautner, Júlio Bressane e Hélio Oiticica, ajudaram Caetano Veloso a suportar as agruras de seu exílio londrino. Nenhuma delas, porém, o emocionou mais do que a de Roberto Carlos e sua mulher Nice.

Confessa o compositor (no livro Verdade tropical) que chegou a chorar copiosamente ao ouvir Roberto cantar na ocasião, acompanhando-se ao violão, “As Curvas da Estrada de Santos”, canção que acabara de gravar: “Eu chorava tanto e tão sem vergonha que, não tendo lenço nem disposição de me afastar dali, assoei o nariz e enxuguei os olhos na barra do vestido preto de Nice.”

Impressionado com a emoção do amigo, Roberto o homenagearia em seu disco seguinte com a composição “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”: “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos / uma história pra contar / de um mundo tão distante / debaixo dos caracóis dos seus cabelos / um soluço e a vontade / de ficar mais um instante...”

A canção teve grande sucesso, inspirando ao mesmo tempo, conforme foi dito, a homenagem-resposta “Como Dois e Dois”. Detalhe: à época da visita de Roberto, Caetano já havia recuperado quase que totalmente a vasta cabeleira encaracolada que cultivara por mais de dois anos e que fôra tosada pelos militares na prisão em Deodoro (A Canção no Tempo - Vol. 2 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34).

Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos (1971) - Roberto Carlos e Erasmo Carlos - Intérprete: Roberto Carlos

LP Roberto Carlos / Título da música: Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos / Roberto Carlos (Compositor) / Erasmo Carlos (Compositor) / Gravadora: CBS / Ano: 1971 / Nº Álbum: 137745 / Lado B / Faixa 2 / Gênero musical: Canção.

Intro.: E A B E A E B

   E
Um dia a areia branca
     A
Seus pés irão tocar
  B
E vai molhar seus cabelos
  E     A      E  B
A água azul do mar
  E
Janelas e portas vão se abrir
    A
Pra ver você  chegar
  B
E ao se sentir em casa
  E      A      E  B
Sorrindo vai chorar


  E                             A
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
                    B
Uma história pra contar
                   E    A E B
De um mundo tão distante
  E                                 A
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
                 B
Um soluço e a vontade
                    E     A E B
De ficar mais um instante


   E
As luzes e o colorido
      A
Que você vê agora
    B
Nas ruas por onde anda
   E    A    E    B
Na casa onde mora
     E
Você olha tudo e nada
    A
Lhe faz ficar contente
  B
Você só deseja agora
   E       A   E     B
Voltar pra sua gente


   E                             A
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
                     B
Uma história pra contar
                    E    A E B
De um mundo tão distante
   E                                 A
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
                  B
Um soluço e a vontade
                     E     A
De ficar mais um instante


  E
Você anda pela tarde
    A
E o seu olhar tristonho
B
Deixa sangrar no peito
 E                   B
Uma saudade um sonho
   E
Um dia vou ver você
   A
Chegando num sorriso
  B
Pisando a areia branca
   E      A   E    B
Que é seu paraíso


   E                             A
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
                     B
Uma história pra contar
                    E    A E B
De um mundo tão distante
   E                                 A
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
                  B
Um soluço e a vontade
                     E     A
De ficar mais um instante

Chega de saudade


Embora considerada o marco zero da bossa nova, “Chega de Saudade” não é na opinião de Tom Jobim uma composição bossa nova. Em depoimento ao jornalista Tárik de Souza (para o livro Tons sobre Tom), ele esclareceu:

“Minha mãe criou uma menina, que também se chamava Nilza (nome da mãe do Tom) e me pediu para comprar um método de violão para ela, que tinha boa voz. Comprei o método do Canhoto que trazia (...) aquele sistema antigo (de acordes) primeira, segunda, terceira. (...)


Fui obrigado a explicar para ela naquele método (...) e acabei me envolvendo com aquela seqüência de acordes, completamente fáceis. Inventei uma sucessão de acordes, que é a coisa mais clássica do mundo, e botei ali uma melodia.

Mais tarde, Vinícius colocou a letra. De certa forma, sentindo a novidade da bossa nova, do João Gilberto e daquele meio em que a gente vivia, talvez Vinicius tenha sido levado a intitular a música ‘Chega de Saudade’. (...) Esse título é engraçado porque a música tem algo de saudade desde a introdução. Lembra aquelas introduções de conjuntos de violão e cavaquinho, tipo regional. (...).

Na segunda parte, passa para maior (modo maior). Acontecem todas aquelas modulações clássicas que você encontra na música antiga. Isso cria um absurdo: o ‘Chega de saudade’ já é uma saudade jogando fora a saudade!”.

Tom Jobim
Realmente, a bossa nova de “Chega de Saudade” está quase toda na harmonia, nos acordes alterados, pouco utilizados por nossos músicos da época, e na nova batida de violão executada por João Gilberto. A novidade rítmica fica muito clara, especialmente sob os versos “dentro dos meus braços os abraços / hão de ser milhões de abraços / apertado assim...”, com o violão indo na contramão da forma institucionalizada de se tocar samba. Aliás, a inovação já está presente na gravação de Elizeth Cardoso, a primeira de “Chega de Saudade”, feita para o elepê Canção do amor demais, que tem a participação de João Gilberto como violonista.

Esse disco, lançado pela pequena marca Festa, do produtor Irineu Garcia, é considerado por Tom Jobim (em depoimento a Zuza Homem de Mello, em outubro de 68) “um marco, um ponto de fissão, de quebra com o passado”. No dia 10.7.58, seis meses depois da gravação da Elizeth, aconteceu a do João, naturalmente repetindo a mesma batida de violão e apresentando o seu estilo bossa nova de cantar.

Este disco histórico, que traz na outra face o baiãozinho “Bim-Bom” (classificado no selo como samba), provocaria a pitoresca e mal-humorada reação de Álvaro Ramos, gerente das Lojas Assunção, quebrando o disco, indignado com o que o Rio lhe mandava. Atribuída no anedotário da bossa nova a Osvaldo Gurzoni, diretor de vendas da Odeon em São Paulo (que também não gostara do disco), a verdadeira identidade do autor da façanha (Ramos) seria revelada por Ruy Castro no livro Chega de saudade. Esse episódio aconteceu em São Paulo, em agosto de 58, às vésperas do lançamento do disco de 78 rotações, que precedeu em alguns meses o elepê homônimo.

Chega de saudade (bossa nova, 1958) - Tom Jobim e Vinícius de Moraes - Interpretação: João Gilberto

LP Chega De Saudade / Título da música: Chega de Saudade / Tom Jobim (Compositor) / Vinícius de Moraes (Compositor) / João Gilberto (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Ano: 1959 / Nº Álbum: MOFB 3073 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Samba / Bossa Nova.

Dm7           Bº           Bbm6
Vai minha tristeza e diz a ela
        Dm7          A7
Que sem ela não pode ser
Dm7     E7   Am7             Bb7
Diz-lhe numa prece que ela regresse
              A7           A7/5+
Porque eu não posso mais sofrer
Dm7         Bº
Chega de saudade,
       Bbm6           Am6        D7/9-
A realidade é que sem ela não há paz,
         Gm7     A7     Dm7
Não há beleza, é só tristeza
                       Bº
e a melancolia que não sai de mim
    Bbm6            Dm7   Em7  A7
Não sai de mim, não sai

D7+           E7
Mas se ela voltar, se ela voltar,
          G/A   A7          D7+
Qua coisa linda,  que coisa louca
                 Fº         Em7
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
             E7                         Bbm6  A7
Do que os beijinhos que eu darei na sua bo .. ca

D7+             E7         F#7
Dentro dos meus braços os abraços
       Bm7   Bbm7       Am7
hão de ser milhões de abraços
D9  G7+           Gm7           F#m7
Apertado assim, calado assim, colado assim
 Fº          E7         A7             F#7
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
            B7/5+           E7
Que é prá acabar com esse negócio
     A7           D7+/9
de você viver sem mim


Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Vol.2 - 1958-1985.

A dois passos do Paraíso


A Dois Passos do Paraíso (1983) - Evandro Mesquita e Ricardo Barreto - Intérprete: Blitz

LP Radioatividade / Título da música: A Dois Passos Do Paraíso / Evandro Mesquita (Compositor) / Ricardo Barreto (Compositor) / Gravadora: EMI-Odeon / Ano: 1983 / Nº Álbum: 064 422934 / Lado A / Faixa 5 / Formação do grupo: Evandro Mesquita (Voz, Ovation, Gaita), Ricardo Barreto (Guitarra, Vocal), Antônio Pedro (Baixo, Vocal), William Forghieri (Teclados, Vocal), Márcia Bulcão (Voz), Fernanda Abreu (Voz) e Juba (Bateria, Vocal).


Intro.: (G Am7)

G
Longe de casa
Am7
Há mais de uma semana
G
Milhas e milhas distante
Am7
Do meu amor
G
Será que ela está me esperando
Am7
Eu fico aqui sonhando
C
Voando alto
Am7              D  C Bm D
Bem perto do céu

Am7
Eu saio de noite
Em
Andando sozinho
Am7
Eu vou entrando em qualquer farra
Em
Eu faço meu caminho
Am
O rádio toca uma canção
D          C      Bm     D
Que me faz lembrar você
Am
Eu fico louco de emoção
      D      C     Bm        D
E já não sei o que vou fazer

G                      Am7
Estou a dois passos   do paraíso
                      G
Não sei se vou voltar
                       Am7
Estou a dois passos   do paraíso
                                  G
Talvez eu fique, eu fique por lá
                       Am7
Estou a dois passos    do paraíso
C                            Am7
Não sei por que eu fui dizer: - bye, bye

   G                    Am7
(Bye bye, baby, bye bye)

 (G Am7)
A Rádio Atividade leva até vocês
Mais um programa da séria série
Dedique uma canção a quem você ama
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta,
Uma carta de uma ouvinte que nos escreve
E assina com o singelo pseudônimo de
Mariposa apaixonada de Guadalupe
Ela nos conta que no dia que seria
O dia do dia mais feliz de sua vida
Arlindo Orlando, seu noivo
Um caminhoneiro conhecido de pequena
E pacata cidade de Miracema do Norte,
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se.
Oh! Arlindo Orlando
Volte onde quer que você se encontre
Volte para o seio de sua amada.
Ela espera ver aquele caminhão voltando
De faróis baixos, e pára-choque duro.
Agora uma canção
Canta pra mim,
Eu não quero ver você triste assim

     G                    Am7 Bm7 C G
Bye bye, baby, bye bye

                       Am7
Estou a dois passos   do paraíso
                         G
E meu amor vou te buscar
                       Am7
Estou a dois passos    do paraíso
                           G
E nunca mais vou te deixar
                       Am7
Estou a dois passos   do paraíso
  C                          Am7        G
Não sei por que eu fui dizer: -bye, bye

Olhos nos olhos

Nenhum letrista brasileiro supera Chico Buarque na arte de escrever canções para personagens femininas. Numa entrevista à Rádio JB, em 16.5.90, ele afirmou: “fiz muitas músicas de encomenda para teatro. Nesses casos, mais do que os personagens, eu procuro saber quem é o ator ou a atriz que vai interpretá-las.

Então, em minha cabeça, eu misturo a figura da atriz com a da cantora que gostaria que cantasse aquela música. Daí saíram canções como ‘Folhetim’, que tem a cara da Gal. Mas às vezes a canção nem é para teatro, como ‘Olhos nos Olhos’, que fiz para Bethânia. Quando terminei ‘Olhos nos Olhos’ eu disse: olha, esta música está a cara da Maria Bethânia.”

Realmente uma composição melodramática como “Olhos nos Olhos” (“Quando você me deixou, meu bem / me disse pra ser feliz e passar bem / quis morrer de ciúme, quase enlouqueci...”) teria mesmo que ser cantada por Maria Bethânia, tal como outras (“Sem Açúcar”, “O Meu Amor”, “Gota d’Água”) que Chico deve ter feito pensando nela, pois até versos banais—como “olhos nos olhos, quero ver o que você faz / ao sentir que sem você eu passo bem demais” — ganham especial dramaticidade em sua voz rouca.

Uma curiosidade: a canção não termina na tônica. Na tonalidade de lá maior, por exemplo, como está no livro Chico Buarque — letra e música, a melodia acaba na nota sol, sétimo grau da escala, o que dá uma sensação de que não termina (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Olhos no olhos (1976) - Chico Buarque - Interpretação: Maria Bethânia

LP Maria Bethânia - Pássaro Proibido / Título da música: Olhos Nos Olhos / Chico Buarque de Hollanda (Compositor) / Maria Bethânia (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1976 / Álbum: 6349 188 / Lado B / Faixa / Gênero musical: MPB.


F  Gm7  G#º  F/A  G7/13  G7/5+  Gm7  C7/9-

F        Gm7        G#º       F/A
Quando você me deixou, meu bem
F/Eb           F    Bb7+          C#º 
Me disse pra ser feliz e passar bem
Em7              A7/5+ Dm7
Quis morre de ciúme, quase enlouqueci
G7/13                         Gm7       C7
Mas depois, como era de costume, obedeci
F          Gm7      G#º    F/A
Quando você me quiser rever
F/Eb             F       Bb7+       C#º
Já vai me encontrar refeita pode crer
Dm7           C#5+       F/C            F/Eb
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Em7/5-                            Bb7+     A7
Ao sentir que sem você eu passo bem demais
Dm7           C#5+    D/C
E que venho até remoçando
   G/B     Bb7+       A7           G#º 
Me pego cantando sem mais, nem porque
Dm7        C#5+    D/C        
E tantas águas rolaram
G/B               C/Bb
Tantos homens me amaram
              Em7/5-    C7
bem mais e melhor que você
F          Gm7      G#º    F/A
Quando talvez precisar de mim
F/Eb              F            Bb7+       C#º
Você sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Dm7           C#5+       F/C            F/Eb
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
Em7/5-                         Bb7    A7
Quero ver como suporta me ver tão feliz

Feijoada completa


Feijoada Completa (1978) - Chico Buarque - Intérprete: Chico Buarque

LP Chico Buarque / Título da música: Feijoada Completa / Chico Buarque (Compositor) / Chico Buarque (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1978 / Nº Álbum: 6349 398 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Samba / MPB.


Intro.: A7+ / A6 / A7+ / C#7

      F#7  F#7/5+
Mulher,
    B7/9
Você     vai gostar
Dm6/F               E7            A6
Tô levando uns amigos pra conversar
A/G                 A7/5+        D7
Eles vão com uma fome  que nem  me contem
F#7                 F#7/5+     B7/9     E7
Eles vão com uma sede   de anteontem
  A6            A7/5+           D7               D#º
Salta cerveja estupidamente gelada prum batalhão
  A6    F#7/13-   D6   Dm6    A6   C#7
E vamos botar     água no  feijão

      F#7  F#7/5+
Mulher
      B7/9
Não vá     se afobar
Dm6/F                 E7            A6
Não tem que pôr a  mesa, nem dá  lugar
A/G                   A7/5+     D7
Ponha os pratos no chão, e o chão tá posto
F#7                F#7/5+     B7/9      E7
E prepare as linguiças pro tira-gosto
 A6     A7/5+                 D7          D#º
Uca, açú ... car, cumbuca de gelo, limão
  A6    F#7/13-   D6   Dm6    A6   C#7
E vamos botar     água no  feijão

      F#7  F#7/5+
Mulher
    B7/9
Você     vai fritar
Dm6/F                E7            A6
Um montão de torresmo pra acompanhar
A/G                A7/5+       D7
Arroz branco, farofa  e a malagueta
F#7            F#7/5+      B7/9        E7
A laranja-bahia    ou da     seleta
  A6       A7/5+                D7                 D#º
Joga o paio,     carne seca, toucinho no caldeirão
  A6    F#7/13-   D6   Dm6    A6   C#7
E vamos botar     água no  feijão

      F#7  F#7/5+
Mulher
      B7/9
Depois     de salgar
Dm6/F                E7                A6
Faça um bom refogado, que é pra engrossar
A/G               A7/5+       D7
Aproveite a gordura  da frigideira
F#7               F#7/5+        B7/9         E7
Pra melhor temperar   a couve     mineira
   A6             A7/5+         D7                D#º
Diz  que tá dura, pendura a fatura no nosso irmão
  A6    F#7/13-   D6   Dm6    A6
E vamos botar     água no  feijão

Carolina

A timidez de Chico Buarque foi indiretamente responsável pela existência de “Carolina”. Contratado pela TV Globo para comandar “Shell em Show Maior”, ao lado de Norma Bengell, ele chegou a gravar o primeiro programa, mas não houve argumento capaz de convencê-lo a gravar o segundo. Nem mesmo o de que teria de pagar uma multa por descumprimento de contrato.

Foi então que entrou em cena o diretor da emissora, Walter Clark, com a solução conciliatória: a multa seria cancelada em troca da inscrição de uma composição de sua autoria no II Festival Internacional da Canção, promovido pela Globo. Esta composição foi “Carolina”, terceira classificada no festival e pela qual Chico jamais se entusiasmou, apesar do grande sucesso que obteve.

Ainda pertencente ao período lírico-nostálgico que marcou o início de sua carreira, “Carolina” também não entusiasmaria a ala, digamos, mais avançada da crítica. Mas é certamente um belo samba romântico, um tanto amargo, sobre o desencanto de uma mulher que se esqueceu de viver, enquanto “o tempo passou na janela”.

Concluída às pressas, em meio a uma viagem de avião, a composição foi gravada e defendida no festival pelas irmãs Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy, recebendo em seguida gravações de Elizeth Cardoso, Isaura Garcia e Nara Leão (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Carolina (samba, 1967) - Chico Buarque - Intérpretes: Cynara e Cybele


B7/5+       E7+/9
Caroli .... na
                  D#m7/5-
Nos seus olhos fun ...... dos
G#7                C#m7
Guarda tanta dor
     G#m7     C#7/9-         F#m7  B7/9
A dor    de to ..... do esse mundo
     F#m7                  B7/9
Eu já    lhe expliquei que não  vai dar
    E7+/9
Seu pranto não vai nada ajudar
   C#m7/9            F#7
Eu já     convidei para dançar
  F#m7              B7/9-
É hora, já sei, de aproveitar

     E7+/9                       D#m7/5-  G#7/13-
Lá fo .... ra, amor, uma rosa nasceu
              C#m7               Bm7  C#7/9-
Todo mundo sambou  Uma estrela caiu
F#m7      Am6               E7+/9
Eu bem   que mostrei sor .... rindo
C#m7                   F#7/13    F#7/13-
Pela janela, ói que lin ..... do
F#7                 F#m7  B7/5+
Mas Carolina não viu

      E7+/9
Caroli .... na
                   D#m7/5-
Nos seus olhos tris ...... tes
G#7                 C#m7
Guarda tanto amor
      G#m7      C#7/9-      F#m7  B7/9
O amor    que já       não existe
      F#m7               B7/9
Eu bem    que avisei vai acabar
   E7+/9
De tudo  lhe dei para aceitar
    C#m7/9            F#7
Mil versos cantei pra lhe agradar
 F#m7           B7/9-
Agora não sei como    explicar

     E7+/9                     D#m7/5-  G#7/13-
Lá fo .... ra, amor Uma rosa morreu
             C#m7               G#m7/5-   C#7/9-
Uma festa acabou  Nosso barco partiu
F#m7      Am6               E7+/9
Eu bem   que mostrei a e .... la
  C#m7                 F#m7
O tempo passou na jane .... la
         B7/9-           G#7/13  G#7 C#7/9-
Só Caroli .... na não viu
F#m7      Am6               E7+/9
Eu bem   que mostrei a e .... la
  C#m7                 F#m7
O tempo passou na jane .... la
         B7/9-           Em6
Só Caroli .... na não viu

Bye bye Brasil

Betty Faria no filme Bye Bye Brasil - Divulgação

Os casais Cacá Diegues/Nara e Roberto Menescal/Iara foram vizinhos durante anos em um prédio de apartamentos em Ipanema, tendo Cacá, num encontro cotidiano, proposto a Menescal que compusesse a trilha musical de seu filme “Bye Bye, Brasil”, sugerindo Chico Buarque como letrista. Juntos pela primeira vez numa parceria e indecisos sobre quem faria antes a sua parte, Chico e Menescal acabariam concordando que qualquer um poderia começar, a partir do momento em que tivesse uma boa ideia.

Um dia, voltando de São Paulo pela ponte aérea, o violonista teve de repente “a boa ideia”, uma melodia inspirada pelo próprio título do filme. O curioso é que a inspiração surgiu quando ele aguardava, sentado numa poltrona do avião, espremido entre dois sujeitos enormes, que fosse resolvido um problema para a decolagem. Anotada a frase inicial numa pauta improvisada e concluída a melodia um dia depois, Menescal entregou-a a Chico e ficou esperando a letra. Só que o poeta demorou tanto, que chegou o dia da gravação sem que ele a tivesse aprontado. Finalmente, na hora da mixagem, com o tema principal gravado no seu tom, Chico entrou no estúdio trazendo uma imensa tira de papel, com uma letra maior do que se poderia desejar... Mas Cacá logo resolveu a parada da maneira mais prática. Leu os versos até certo ponto e decretou: “tá bom até aqui”, cortando o resto com uma tesoura.

Assim foi gravada por Chico Buarque a excelente canção “Bye Bye, Brasil”, bem vinculada ao enredo do filme, com um personagem narrando num telefone público suas aventuras ambulantes para a namorada: “Oi, coração / não vai dar pra falar muito não / espera passar o avião / assim que o inverno passar / eu vou te buscar / aqui tá fazendo calor / deu pane no ventilador / já tem fliperama em Macau...”

Foi desta gravação que se originou o compacto duplo do filme de grande sucesso. Depois, Chico fez nova gravação com outro arranjo de Menescal para o elepê, enquanto o músico a gravava em versão instrumental para o seu disco Ditos e feitos. Existem ainda outras versões de destaque como a do Grupo Pau Brasil e a de Zé Roberto Bertrami, com Hélio Delmiro, premiada pela revista Playboy.

Meses mais tarde, Menescal viveria uma experiência pitoresca em Cabo Frio. Tocando numa reunião de amigos, foi interpelado por uma garota: “Você sabe aquela música do Chico Buarque, ‘Bye Bye, Brasil’? Ah, toca pra gente cantar...” Então, com sua calma habitual, o autor ignorado tocou sua música, por sinal uma das mais difíceis de sua obra. Que o digam os que se atrevem a gravá-la, pois enquanto a melodia tem diferenças sutis, às vezes apenas uma notinha entre-frases aparentemente iguais, a harmonia é uma sugestiva sucessão de acordes ao improviso (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Bye Bye Brasil (1979) - Chico Buarque e Roberto Menescal - Intérprete: Chico Buarque

LP Vida / Título da música: Bye Bye Brasil / Roberto Menescal (Compositor) / Chico Buarque (Compositor) / Chico Buarque (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1980 / Nº Álbum: 6349 435 / Lado B / Faixa 5 / Gênero musical: Canção.


Em 
Oi, coração
             A4/7      A7 
Não dá pra falar muito não
         D7+ 
Espera passar o avião
              F#m7 
Assim que o inverno passar
B7/9-             Em 
Eu acho que vou te buscar
          A4/7 
Aqui tá fazendo calor
A7            Am 
Deu pane no ventilador
            C/D 
Já tem fliperama em Macau
           G7+               F#7 
Tomei a costeira em Belém do Pará
  B7+                G#m7 
Puseram uma usina no mar
   Am                    C/D 
Talvez fique ruim pra pescar
    F#m7 B7/9- 
Meu amor

Em 
No Tocantins
            A4/7        A7 
o chefe dos Parintintins
            D7+ 
vidrou na minha calça Lee
            F#m7 
Eu vi uns patins prá você
B7/9-            Em 
Eu vi um Brasil na tevê
           A4/7 
Capaz de cair um toró
A7            Am 
Estou me sentindo tão só
C/D             G#7+ 
Oh! tenha dó de mim
   G7+              C7/9 
Pintou uma chance legal
   F#m7            Bm7 
Um lance lá na capital
    G#m7            C#7 
Nem tem que ter ginasial
     F#7+  B7/9- 
Meu amor

Em 
No Tabaris
            A4/7           A7 
o som é que nem os Bee Gees
               D7+ 
Dancei com uma dona infeliz
            F#m7 
Que tem um tufão nos quadris
B7/9-            Em 
Tem um japonês atrás de mim
              A4/7 
Eu vou dar um pulo em Manaus
A7            Am 
Aqui tá quarenta e dois graus
            C/D 
O sol nunca mais vai se pôr
            G7+               F#7 
Eu tenho saudades da nossa canção
   B7+                G#m7 
Saudades de roça e sertão
    Am                 C/D 
Bom mesmo é ter um caminhão
     F#m7 B7/9- 
Meu amor

Em 
Baby bye, bye
           A4/7       A7 
Abraços na mãe e no pai
            D7+ 
Eu acho que vou desligar
             F#m7 
As fichas já vão terminar
B7/9-             Em 
Eu vou me mandar de trenó
           A4/7         A7 
Pra Rua do Sol, Maceió
             Am 
Peguei uma doença em Ilhéus
C/D                G#7+ 
Mas já estou quase bom
 G7+               C7/9 
Em março vou pro Ceará
    F#m7              Bm7 
Com a bênção do meu Orixá
 G#m7               C#7 
Eu acho bauxita por lá
     F#7+  B7/9- 
Meu amor
Em 
Bye,bye Brasil
        A4/7     A7 
A última ficha caiu
              D7+ 
Eu penso em vocês night and day
            F#m7 
Explica que tá tudo ok
B7/9-           Em 
Eu só ando dentro da Lei
            A4/7          A7 
Eu quero voltar podes crer
            D7+ 
Eu vi um Brasil na TV
             F#m7 
Peguei uma doença em Belém
B7/9-         Em 
Agora já tá tudo bem
          A4/7           A7
Mas a ligação está no fim
           D7+ 
Tem um japonês atrás de mim
           F#m7 
Aquela aquarela mudou
B7/9-             Em 
Na estrada peguei uma cor
           A4/7      A7
Capaz de cair um toró
            D7+
Estou me sentindo um jiló
           F#m7 
Eu tenho tesão é no mar
B7/9-              Em 
Assim que o inverno passar
             A4/7        A7 
Bateu uma saudade de ti
                   D7+ 
Estou a fim de encarar um siri
                F#m7 
Com a bênção do Nosso Senhor
B7/9-            Em 
O sol nunca mais vai se pôr

Apesar de você

Chico e Marieta
Na Europa havia mais de um ano, Chico Buarque voltou ao Rio em março de 70, influenciado por André Midani, diretor de sua gravadora, que lhe assegurava “estar melhorando a situação no Brasil”. Mas descobrindo ao chegar que, ao contrário, a situação piorara, externou seu desapontamento no samba “Apesar de Você” que, entre outras coisas, afirmava: “Você vai pagar / cada lágrima rolada / nesse meu penar / apesar de você / amanhã utro dia / você vai se dar mal / etc. e tal...”

Por incrível que pareça, este desabusado recado à ditadura, propositalmente muito mal disfarçado numa fictícia briga de namorados, passou pela censura e foi lançado por Chico num compacto simples. Resultado: o samba estourou nas rádios e já se aproximava da citra de cem mil discos vendidos, quando o governo entendeu a mensagem e, imediatamente, proibiu a música, recolheu e destruiu os discos e, para completar, puniu o censor incompetente. Apenas se esqueceu de destruir a matriz , o que possibilitou a reedição do original, depois que a tempestade passou.

Daí em diante, e até o final da ditadura, Chico Buarque seria implacavelmente marcado pelos censores, sofrendo suas letras os mais absurdos vetos e rejeições. A situação chegou ao ponto de ele ter que se disfarçar, sob os pseudônimos de Julinho da Adelaide e Leonel Paiva, para aprovar três composições que incluiria no elepê Sinal fechado, em 1974. Descoberta a farsa, porém, a censura criou novas exigências: toda letra apresentada teria que ser acompanhada de cópias da carteira de identidade e do CPF do compositor (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Apesar de você (samba, 1970), Chico Buarque


Am     Am7+       Em7/5-
Hoje você é quem manda
 D7/9            G7/13
falou, tá falado
            C7+/9     E/G#
Não tem discussão, não
Am       Am7+       Em7/5-
A minha gente hoje anda
          A7                G/A    A7/5+
falando de lado e olhando pro chão, viu
  D7/9        G7/13      C7+
Você que inventou esse estado
       Fm9         C7+       Fm9     Em    C7/9 F7+
e inventou de inventar toda a escuridão
             E/G#       Am
Você que inventou o pecado,
     C7/9          F7+ G7/13 C   G7/13  C 
esqueceu-se de inventar o perdão
  G7/13     C               A7/5+     Dm7    G7
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
              Dm7
Eu pergunto a você
               G7
onde vai se esconder
           Dm7  E/G#   
da enorme euforia
Em7/5-           A7
Como vai proibir
                  G/A A7/5+ Dm7   Fm9
quando o galo insistir em cantar
    Bb7        Em7   A7/5+  
Água nova brotando e a gente
   D7/9   G7/13  C     E/G#
se amando sem parar
Am         Am7+     Em7/5-
Quando chegar o momento,
    A7/5+    D7/9    G7/13
esse meu sofrimento
             C7+/9    E/G#
vou cobrar com juros, juro
Am          Am7+      Em7/5-
Todo esse amor reprimido
              A7
esse grito contido,
               G/A  A7/5+
este samba no escuro
    D7/9               C7+/9
Você que inventou a tristeza,
     Fm9        C7+   Fm9     Em7  C7/9  F7+
ora, tenha a fineza de desinventar
           E/G#      Am
Você vai pagar e é dobrado,
    C7/9       F7+
cada lágrima rolada,
G7/13     C      G7/13  C
nesse meu penar
  G7/13     C               A7/5+     Dm7    G7
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
              Dm7
Eu pergunto a você
               G7
onde vai se esconder
           Dm7  E/G#   
da enorme euforia
Em7/5-           A7
Como vai proibir
                  G/A A7/5+ Dm7   Fm9
quando o galo insistir em cantar
    Bb7        Em7   A7/5+  
Água nova brotando e a gente
   D7/9   G7/13  C    
se amando sem parar

A volta do malandro


A Volta do Malandro (1985) - Chico Buarque - Intérprete: Chico Buarque

LP Malandro / Título da música: A Volta do Malandro / Chico Buarque (Compositor) / Chico Buarque (Intérprete) / Gravadora: Barclay / Ariola / Ano: 1985 / Nº Álbum: 826 549-1 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Samba / MPB.


Bb6 Bb7 Bb6 Bb7 Bb6
Eis                 
     Bb7    Bb6   Bb7   Bb6 Bb7 Bb6 Bb7
o malandro na praça outra vez
Bb6     Bb7     
Caminhando na ponta   
     Bb6  Bb7 Ebm6/Gb Ebm7/Gb Ebm6/Gb Ebm7/Gb
  dos pés
Ebm6/Gb     Ebm7/Gb     Ebm6/Gb Ebm7/Gb   Em7/5-  Gm/F
Como quem   pisa nos     corações
Em7/5-       Gm/F  Em7/5-   Gm/F  Bb6 Bb7 Bb6 Bb7
Que rolaram dos    cabarés
Bb6      Bb7    Bb6  Bb7    Ab6 Ab4/6 Ab6 Ab4/6
Entre deusas e  bofetões
Ab6      Ab4/6  Ab6   Ab4/6  G7 Fm6/Ab G7 Fm6/Ab
Entre dados  e   coronéis
G7      Fm6/Ab   G7    Fm6/Ab  C7/E C7/F C7/F# C7/G
Entre parango..lés e patrões
Am6    Am7           Am6    Am7  Bb6 Bb7 Bb6 Bb7
O malandro anda assim de viés
Bb6      Bb7  Bb6   Bb7  Ebm6/Gb Ebm7/Gb Ebm6/Gb Ebm7/Gb
Deixa balançar a maré
Ebm6/Gb   Ebm7/Gb   Ebm6/Gb  Ebm7/Gb G7 Fm6/Ab G7 Fm6/Ab
E a poeira     assentar   no     chão
G7        Fm6/Ab  G7     Fm6/Ab  C7/E C7/F C7/F# C7/G
Deixa a praça virar um salão
Am6        Am7          Am6    Am7  Bb6 Bb7 Bb6 Bb7 
Que o malandro é o barão da ralé


Abm6/Cb / / / / / / / Bb6 Bb7 Bb6 Bb7 Bb6
Bb7 Bb6 Bb7 Bb6 Bb7 Bb6 Bb7 Bb6 Bb7 Bb6 Bb7

A Rosa


A Rosa - Chico Buarque - Interpretação: Chico Buarque

LP/CD Uma Palavra / Título da música: A Rosa / Chico Buarque (Compositor) / Chico Buarque (Intérprete) / Gravadora: BMG Brasil / Ano: 1995 / Nº Álbum: 7432126594-1 / Faixa 5 / Gênero musical: Samba / MPB.



 D      A7             D     C#m7/5-  F#7
Arrasa, o meu projeto de vida
   Bm      F#7            D7
Querida, estrela do meu caminho
  Bb        A7               D         C#7
Espinho, cravado em minha garganta, garganta
  Am/C      B7              E7      A7
A santa, às vezes troca meu nome, e some

  D        A7            D     C#m7/5-  F#7
E some nas altas da madrugada
   Bm       F#7            D7
Coitada, trabalha de plantonista
  Bb                     D        C#7
Artista, é doida pela Portela, oi ela
   Am/C    B7              E7      A7
Oi ela, vestida de verde e rosa, a rosa

  D       A7                 D7
A Rosa, garante que é sempre minha
    G        B7               E7     A7
Quietinha, saiu pra comprar cigarro
    Bb                           D          C#7
Que sarro, trouxe umas coisas do norte, que sorte
    Am/C      B7            E7     A7
Que sorte, voltou toda sorridente

  D        A7           D      C#m7/5-  F#7
Demente, inventa cada carícia
 Bm           F#7                D7
Egípcia, me encontra e me vira a cara
 Bb                       D          C#7
Odara, gravou meu nome na blusa, me acusa
    Am/C    B7                 E7      A7
Me acusa, revista os bolsos da calça

  D         A7             D      C#m7/5-  F#7
A falsa, limpou a minha carteira
  Bm       F#7            D7
Maneira, pagou a nossa despesa
  Bb                      D          C#7
Beleza, na hora do bom se queixa, me deixa
  Am/C        B7            E7      A7
A gueixa, que coisa mais amorosa, a rosa

  D         A7             D7
A Rosa, e o meu projeto de vida?
   G       B7               E7    A7
Bandida, cadê minha estrela-guia?
  Bb                         D         C#7
Vadia, me esquece na noite escura, mas jura
   Am/C         B7            E7    A7
Me jura, que um dia volta pra casa

  D7+    A7             D7+   D7
Arrasa o meu projeto de vida
   G       Bm7            Em7
Querida, estrela do meu caminho
  G        Gm7              D7+       C#7
Espinho cravado em minha garganta, garganta
  F#m7     Bm7              Em7      A7
A santa às vezes me chama Alberto, Alberto

  D7+     A7                D7+   D7
Decerto sonhou com alguma novela
  G         Bm7             Em7
Penélope, espera por mim bordando
  G       Gm7             D7+        C#7
Suando, ficou de cama com febre, que febre
  F#m7        Bm7               Em7     A7
A lebre, como é que ela é tão fogosa, a Rosa

  D7+    A7            D7+   D7
A Rosa jurou seu amor eterno
    G       Bm7           Em7
Meu terno ficou na tinturaria
   G      Gm7              D7+       C#7
Um dia me trouxe uma roupa justa, me gusta
   F#m7      Bm7              Em7   A7
Me gusta, cismou de dançar um tango

    D7+     A7            D7+   D7
Meu rango sumiu lá da geladeira
  G          Bm7             Em7
Caseira, seu molho é uma maravilha
    G        Gm7               D7+       C#7
Que filha, visita a família em Sampa, às pampa
   F#m7      Bm7            Em7   A7
Às pampa, voltou toda descascada

  D7+    A7               D7+   D7
A fada, acaba com a minha lira
  G       Bm7            Em7
A gira, esgota a minha laringe
  G        Gm7             D7+    C#7
Esfinge, devora a minha pessoa, à toa
  F#m7     Bm7            Em7     A7
A boa, que coisa mais saborosa, a Rosa

    D7+       A7             D7+   D7
Ah, Rosa, e o meu projeto de vida?
   G       Bm7              Em7
Bandida, cadê minha estrela guia?
  G         Gm7              D7+       C#7
Vadia, me esquece na noite escura, mas jura
   F#m7        Bm7           Em7   A7  D7+
Me jura que um dia volta pra casa

A banda

A passagem de uma banda desperta alegria e prazer em um grupo de pessoas, mergulhadas na monotonia de suas vidas insignificantes (“A minha gente sofrida / despediu-se da dor / pra ver a banda passar / cantando coisas de amor”).

Mas o encantamento tem apenas o tamanho de uma canção, voltando tudo à rotina anterior no momento em que a música deixa de ser ouvida (“Mas para o meu desencanto / o que era doce acabou / tudo tomou seu lugar / depois que a banda passou”).

Espantando a dor, a desesperança, a imobilidade, a banda simboliza a importância da música para a vida. Na visão do poeta, a música é amor, emoção, movimento; o silêncio: tristeza, sofrimento, solidão. Uma composição típica da fase inicial de Chico Buarque, com seu estilo lírico-narrativo, “A Banda” dividiu com “Disparada” o primeiro lugar no II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record.

Seu sucesso foi fulminante, tendo o compacto de lançamento, gravado por Nara Leão, vendido 55 mil cópias em quatro dias. Porém, sua maior façanha foi entrar para os repertórios de bandas do mundo inteiro, mesmo sem ser música militar (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

A banda (marcha, 1966) - Chico Buarque - Intérprete: Nara Leão

Compacto simples / Título da música: A banda / Chico Buarque de Hollanda (Compositor) / Nara Leão (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1966 / Álbum: 365.200 / Lado A / Gênero musical: Marcha.


D6/9                  A7
    Estava à toa na vi__da O meu amor me chamou
F#m7          B7          E7(9)         A7
    Pra ver a banda passar     Cantando coisas de amor
D6/9                   A7
    A minha gente sofri__da Despediu-se da dor
F#m7          B7          E7(9)         A7            D6/9
    Pra ver a banda passar     Cantando coisas de amor

        D7M                     A7
O homem sério que contava dinhei__ro parou
      Am6/C        B7        Em7         Em/D
O faroleiro que contava vanta___gem parou
      C#m7        F#7(9)        F#m7      B7
A namorada que contava  as estre____las parou
        E7(9)                 Em7(9)    A7
Para ver,    ouvir e dar passa______gem
       D7M                  A7
A moça triste que vivia cala__da sorriu
       Am6/C        B7       Em7           Em/D
A rosa triste que vivia fecha___da se abriu
        C#m7      F#7(9)
E a meninada toda se    asanhou
F#m7          B7          E7(9)         A7
    Pra ver a banda passar     Cantando coisas de amor

D6/9                  A7
    Estava à toa na vi__da O meu amor me chamou
F#m7          B7          E7(9)         A7
    Pra ver a banda passar     Cantando coisas de amor
D6/9                   A7
    A minha gente sofri__da Despediu-se da dor
F#m7          B7          E7(9)         A7            D6/9
    Pra ver a banda passar     Cantando coisas de amor

        D7M                       A7
O velho fraco se esqueceu do cansa__ço e pensou
              Am6/C    B7           Em7           Em/D
Que ainda era moço pra sair no terra___ço e dançou
       C#m7      F#7(9)       F#m7
A moça feia debruçou   na jane____la
   B7             E7(9)               Em7(9)   A7
Pensando que a ban_____da tocava pra e______la
          D7M                       A7
A marcha alegre se espalhou na aveni__da e insistiu
      Am6/C       B7         Em7         Em/D
A lua cheia que vivia escondi___da surgiu
        C#m7      F#7(9)
Minha cidade toda se    enfeitou
F#m7          B7          E7(9)         A7
    Pra ver a banda passar     Cantando coisas de amor

D6/9                     A7
    Mas para meu desencan__to O que era doce acabou
F#m7       B7           E7(9)             A7
    Tudo tomou seu lugar     Depois que a banda passou
D6/9                      A7
    E cada qual no seu can__to Em cada canto uma dor
F#m7          B7          E7(9)         A7
    Depois da banda passar     Cantando coisas de amor
D6/9          B7          E7(9)         A7
    Depois da banda passar     Cantando coisas de amor
D6/9          B7          E7(9)         A7            D6/9
    Depois da banda passar     Cantando coisas de amor