Lúcio Ciribelli Alves, cantor, compositor e instrumentista, nasceu em Cataguases MG 28/1/1927 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 3/8/1993. Filho de um maestro da banda de Cataguases, aos seis anos começou a aprender violão. Um ano depois mudou-se para o Rio de Janeiro RJ, onde aos nove anos participou do programa Bombonzinho, de Barbosa Júnior, cantando a música Juramento Falso (Pedro Caetano), na época grande sucesso de Orlando Silva.
Apresentou-se depois no Picolino, programa do mesmo Barbosa Júnior, na Rádio Mayrink Veiga. No ano seguinte, interpretou Aladim, na radio-novela Aladim e a lâmpada maravilhosa, da Rádio Nacional, onde também participou do programa Ora Bolas!, recebendo na época o apelido de "cantor das multidinhas", dado por Silvino Neto.
Em 1941, com um grupo de amigos, organizou o conjunto Namorados da Lua, destacando-se como violonista, crooner e arranjador. No mesmo ano, o grupo tirou o primeiro lugar num programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, e, com a música Nós, os carecas (Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti), uma das mais tocadas no Carnaval, venceu concurso carnavalesco do Teatro República, do Rio de Janeiro.
O conjunto gravou seu primeiro disco pela Victor, em 1942, cantando Vestidinho de iaiá e Té logo, sinhá (ambas de Assis Valente). Sempre como líder do conjunto, participou de várias formações diferentes do grupo, que, em seus seis anos de existência, gravou vários discos, atuou na Rádio Nacional e nos casinos Atlântico e Copacabana. Entusiasmado com o desempenho dos Namorados da Lua, começou também a compor e, em 1943, fez com Haroldo Barbosa o samba De conversa em conversa, originalmente intitulado Não sou limão, gravado quatro anos mais tarde por Isaura Garcia, na Victor.
Eu quero um samba (Haroldo Barbosa e Janet de Almeida), gravado com sucesso em junho de 1945 pelo conjunto, chamou a atenção do público para sua voz e, ao serem desfeitos os Namorados da Lua, em 1947, tornou-se cantor independente, lançando sua primeira gravação individual pela Continental, em março de 1948, cantando Solidão, versão feita por Aluísio de Oliveira sobre o bolero Tres palabras (Osvaldo Farres), apresentada no filme Música, maestro, de Walt Disney. No mês seguinte, lançou novo disco, com Aquelas palavras e Seja feliz... adeus (ambas de Luís Bittencourt e Benny Woldorff).
Ainda em 1948 foi para Cuba, México e E.U.A., apresentando-se com o conjunto Anjos do Inferno, retornando alguns meses depois. Daí em diante gravou vários sucessos pela Continental, como Terminemos (Paulo Soledade e Fernando Lobo), Sábado em Copacabana (Carlos Guinle e Dorival Caymmi), Manias (Flávio e Celso Cavalcanti), Xodó (Jair Amorim e José Maria de Abreu), Valsa de uma cidade (Ismael Neto e Antônio Maria), Se o tempo entendesse (Marino Pinto e Mário Rossi) e Na paz do Senhor (José Maria de Abreu e Luiz Peixoto), todas gravadas no início da década de 1950 e grandes êxitos em disco.
Em 1952, novamente com Haroldo Barbosa, compôs Baião de Copacabana. Em junho de 1954, gravou em dupla com Dick Farney um 78 rpm pela Continental, com o samba Tereza da praia (Tom Jobim e Billy Blanco) e Casinha pequena, toada que compôs especialmente para o disco.
A partir de 1955, quando o gênero romântico da dupla começou a sair de moda , os sucessos se tornaram mais raros e ele passou a compor para outros cantores. No final da década de 1950 voltou a gravar, lançando o LP Cantando depois do sol, na Philips, que incluía Emília (Wilson Batista e Haroldo Lobo) e Minha palhoça (J. Cascata).
Com a bossa nova seu nome voltou a ter destaque e, além de participar de vários shows de televisão, boate e teatro, lançou novos LPs. Em 1960, na Odeon, gravou Lúcio Alves interpreta Dolores Duran, no qual homenageava a compositora falecida em outubro de 1959, cantando A noite do meu bem, Fim de caso e outras. Em 1961 gravou pela Philips o LP A bossa é nossa, que incluía Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira ), Nova ilusão (Luís Bittencourt e José Meneses), O samba da minha terra (Dorival Caymmi) e outras composições do gênero.
Em 1963 transferiu-se para a gravadora Elenco, de Aloysio de Oliveira, onde gravou o LP Balançamba, que também continha repertório típico da bossa nova, como Rio, Ah! se eu pudesse e O barquinho (todas de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli). Na década de 1960 utilizou sua experiência, sobretudo em conjuntos vocais, orientando e produzindo gravações e programas de televisão. No programa da TV Record, de São Paulo SP, Corte Rayol Show, em 1965, produziu um quadro musical, Roda de samba, que reunia quatro cantores diferentes em interpretações de quartetos vocais.
Em 1973 passou a trabalhar como produtor musical da TV Educativa, do Rio de Janeiro, gravando ainda outro sucesso, Helena, Helena, Helena (Alberto Land). Em 1975 voltou a gravar na RCA o LP Lúcio Alves, que incluía músicas com nomes de mulher, entre as quais Juraci (Antônio Almeida e Ciro de Sousa), Januária (Chico Buarque), Lígia (Tom Jobim), Carolina (Chico Buarque) e Rosa (Pixinguinha e Otávio de Sousa). Em 1988 lançou o disco Há sempre um nome de mulher.
Algumas letras e músicas cifradas
Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998; Dicionário Cravo Albin.