sábado, 8 de abril de 2006

Lúcio Alves


Lúcio Ciribelli Alves, cantor, compositor e instrumentista, nasceu em Cataguases MG 28/1/1927 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 3/8/1993. Filho de um maestro da banda de Cataguases, aos seis anos começou a aprender violão. Um ano depois mudou-se para o Rio de Janeiro RJ, onde aos nove anos participou do programa Bombonzinho, de Barbosa Júnior, cantando a música Juramento Falso (Pedro Caetano), na época grande sucesso de Orlando Silva.


Apresentou-se depois no Picolino, programa do mesmo Barbosa Júnior, na Rádio Mayrink Veiga. No ano seguinte, interpretou Aladim, na radio-novela Aladim e a lâmpada maravilhosa, da Rádio Nacional, onde também participou do programa Ora Bolas!, recebendo na época o apelido de "cantor das multidinhas", dado por Silvino Neto.

Em 1941, com um grupo de amigos, organizou o conjunto Namorados da Lua, destacando-se como violonista, crooner e arranjador. No mesmo ano, o grupo tirou o primeiro lugar num programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, e, com a música Nós, os carecas (Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti), uma das mais tocadas no Carnaval, venceu concurso carnavalesco do Teatro República, do Rio de Janeiro.

O conjunto gravou seu primeiro disco pela Victor, em 1942, cantando Vestidinho de iaiá e Té logo, sinhá (ambas de Assis Valente). Sempre como líder do conjunto, participou de várias formações diferentes do grupo, que, em seus seis anos de existência, gravou vários discos, atuou na Rádio Nacional e nos casinos Atlântico e Copacabana. Entusiasmado com o desempenho dos Namorados da Lua, começou também a compor e, em 1943, fez com Haroldo Barbosa o samba De conversa em conversa, originalmente intitulado Não sou limão, gravado quatro anos mais tarde por Isaura Garcia, na Victor.

Eu quero um samba (Haroldo Barbosa e Janet de Almeida), gravado com sucesso em junho de 1945 pelo conjunto, chamou a atenção do público para sua voz e, ao serem desfeitos os Namorados da Lua, em 1947, tornou-se cantor independente, lançando sua primeira gravação individual pela Continental, em março de 1948, cantando Solidão, versão feita por Aluísio de Oliveira sobre o bolero Tres palabras (Osvaldo Farres), apresentada no filme Música, maestro, de Walt Disney. No mês seguinte, lançou novo disco, com Aquelas palavras e Seja feliz... adeus (ambas de Luís Bittencourt e Benny Woldorff).

Ainda em 1948 foi para Cuba, México e E.U.A., apresentando-se com o conjunto Anjos do Inferno, retornando alguns meses depois. Daí em diante gravou vários sucessos pela Continental, como Terminemos (Paulo Soledade e Fernando Lobo), Sábado em Copacabana (Carlos Guinle e Dorival Caymmi), Manias (Flávio e Celso Cavalcanti), Xodó (Jair Amorim e José Maria de Abreu), Valsa de uma cidade (Ismael Neto e Antônio Maria), Se o tempo entendesse (Marino Pinto e Mário Rossi) e Na paz do Senhor (José Maria de Abreu e Luiz Peixoto), todas gravadas no início da década de 1950 e grandes êxitos em disco.

Em 1952, novamente com Haroldo Barbosa, compôs Baião de Copacabana. Em junho de 1954, gravou em dupla com Dick Farney um 78 rpm pela Continental, com o samba Tereza da praia (Tom Jobim e Billy Blanco) e Casinha pequena, toada que compôs especialmente para o disco.

A partir de 1955, quando o gênero romântico da dupla começou a sair de moda , os sucessos se tornaram mais raros e ele passou a compor para outros cantores. No final da década de 1950 voltou a gravar, lançando o LP Cantando depois do sol, na Philips, que incluía Emília (Wilson Batista e Haroldo Lobo) e Minha palhoça (J. Cascata).

Com a bossa nova seu nome voltou a ter destaque e, além de participar de vários shows de televisão, boate e teatro, lançou novos LPs. Em 1960, na Odeon, gravou Lúcio Alves interpreta Dolores Duran, no qual homenageava a compositora falecida em outubro de 1959, cantando A noite do meu bem, Fim de caso e outras. Em 1961 gravou pela Philips o LP A bossa é nossa, que incluía Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira ), Nova ilusão (Luís Bittencourt e José Meneses), O samba da minha terra (Dorival Caymmi) e outras composições do gênero.

Em 1963 transferiu-se para a gravadora Elenco, de Aloysio de Oliveira, onde gravou o LP Balançamba, que também continha repertório típico da bossa nova, como Rio, Ah! se eu pudesse e O barquinho (todas de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli). Na década de 1960 utilizou sua experiência, sobretudo em conjuntos vocais, orientando e produzindo gravações e programas de televisão. No programa da TV Record, de São Paulo SP, Corte Rayol Show, em 1965, produziu um quadro musical, Roda de samba, que reunia quatro cantores diferentes em interpretações de quartetos vocais.

Em 1973 passou a trabalhar como produtor musical da TV Educativa, do Rio de Janeiro, gravando ainda outro sucesso, Helena, Helena, Helena (Alberto Land). Em 1975 voltou a gravar na RCA o LP Lúcio Alves, que incluía músicas com nomes de mulher, entre as quais Juraci (Antônio Almeida e Ciro de Sousa), Januária (Chico Buarque), Lígia (Tom Jobim), Carolina (Chico Buarque) e Rosa (Pixinguinha e Otávio de Sousa). Em 1988 lançou o disco Há sempre um nome de mulher.

Algumas letras e músicas cifradas











Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998; Dicionário Cravo Albin.

Linda Batista

Linda Batista (Florinda Grandino de Oliveira), cantora e compositora, nasceu em São Paulo SP (14/6/1919) e faleceu no Rio de Janeiro RJ (17/4/1988). Filha do ventríloquo e humorista Batista Júnior (João Batista de Oliveira) e irmã da cantora Dircinha Batista, sua família já residia no Rio de Janeiro, no bairro do Catete, quando nasceu na casa da avó.


Fez o curso primário no Colégio Sion. Por essa época, levada pela empregada, costumava ouvir música na Corbeille de Flores, gafieira próxima de sua casa. Aos dez anos começou a aprender violão com o cantor Patrício Teixeira, chegando a compor uma música intitulada Tão sozinha.

Aos 12 anos passou a freqüentar programas de rádio, acompanhando a irmã Dircinha ao violão. Terminado o ginásio no Colégio São Marcelo iniciou cursos de contabilidade e corte-e-costura.

Em 1936, por um atraso de Dircinha, substituiu-a, estreando como cantora no programa que Francisco Alves fazia na Rádio Cajuti, interpretando Malandro, de Claudionor Cruz. Obteve sucesso, sendo convidada para outras apresentações nessa emissora. No ano seguinte foi eleita Rainha do Rádio, num concurso promovido no Iate dos Laranjas, barco carnavalesco atracado na Esplanada do Castelo, título que manteve durante 11 anos consecutivos.

A 31 de março de 1937 casou com Paulo Bandeira, de quem se separou menos de seis meses depois. Ainda em 1937 atuou no filme Maridinho de luxo, de Luís de Barros, e realizou uma excursão ao Nordeste. Tornou-se crooner da orquestra de Kolman, no Cassino da Urca e, em 1938, pela Odeon, lançou seu primeiro disco, em que interpretava, em dupla com Fernando Álvarez, Chimarrão (Djalma Esteves) e Churrasco (Djalma Esteves e Augusto Garcez).

Em 1939 participou do filme Banana da terra, de J. Rui, e, no mesmo ano, quando viajou a São Paulo, para uma temporada na Rádio Cultura, foi convidada para se apresentar na inauguração do cassino da Ilha Porchat, em São Vicente SP, onde acabou ficando por seis meses. Retornou ao Rio de Janeiro em abril de 1939 e começou a atuar no Cassino da Urca, onde foi atração até 1946; nesse período lançou vários sucessos, inclusive do compositor Chiquinho Sales, contratado pelo cassino especialmente para compor para ela.

Em 1940 transferiu-se para a Victor, onde sua primeira gravação foi a marcha-conga Passei na ponte (Ary Barroso). Em 1941 fez uma excursão a Buenos Aires, Argentina, e lançou Tudo é Brasil (Vicente Paiva e Sá Róris) e Batuque no morro (Russo do Pandeiro e Sá Róris), com muito sucesso; nesse mesmo ano, apresentou-se na Rádio Nacional. No ano seguinte viajou novamente à Argentina e em 1943 assinou contrato com a Rádio Tupi. Para o Carnaval de 1944 lançou Clube dos barrigudos (Cristóvão de Alencar e Haroldo Lobo).

Em 1946 excursionou pelas capitais brasileiras e no ano seguinte, além de atuar no filme Caídos do céu, de Luís de Barros, gravou com êxito No boteco do José (Wilson Batista e Augusto Garcez). Em 1947 foi contratada pela boate Vogue, onde permaneceu até 1952.

Em 1948 gravou Enlouqueci (Luís Soberano, Valdomiro Pereira e João Sales). Nega maluca (Fernando Lobo e Evaldo Rui), samba lançado para o Carnaval de 1950, foi um dos seus maiores sucessos, chegando a ser nome de uma rua no bairro paulistano do Jabaquara.

Em 1951 voltou à Rádio Nacional, com o programa Coisinha Linda. Também nesse ano atuou no filme Agüenta firme, Isidoro, dirigido por Luís de Barros e Ademar Gonzaga; viajou à Europa, apresentando-se em Portugal, na boate Vogue, em Paris, França, na televisão, e na boate Open Gate, em Roma, Itália; e lançou o samba-canção Vingança (Lupicínio Rodrigues), o maior sucesso de sua carreira.

Em 1952 trabalhou nos filmes Tudo azul, de Moacir Fenelon, Está com tudo, de Luís de Barros, e É fogo na roupa, de Watson Macedo. Em 1954 participou dos filmes Carnaval em Caxias, de Paulo Wanderley, e O petró!eo é nosso, de Watson Macedo.

Em 1955 passou para a Rádio Mayrink Veiga e atuou no filme Carnaval em Marte, de Watson Macedo. No ano seguinte transferiu-se para a Rádio Tupi e atuou nos filmes Tira a mão daí, de J. Rui, e Depois eu conto, de José Carlos Burle, e, em 1957, em Metido a bacana, de J. B. Tanko. Nesse ano e no seguinte excursionou pelo Uruguai, tendo ainda participado do filme É de xuá, de Vítor Lima.

Após uma viagem à Argentina, em 1959 voltou à Rádio Nacional e recebeu da UBC e da SBACEM o troféu Noel Rosa, por gravar exclusivamente música brasileira. A partir de 1960 lançou principalmente músicas de Carnaval (inclusive algumas de sua autoria), participando de programas de televisão. Seguindo a trajetória de suas companheiras Emilinha Borba, Marlene, Nora Ney e a irmã Dircinha Batista, autênticas representantes da fase áurea do rádio carioca, também afastou-se a partir dos anos de 1960 das atividades artísticas.

Algumas músicas





















Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Jorge Veiga


Jorge Veiga (Jorge de Oliveira Veiga), cantor e compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 6/12/1910 e faleceu em 29/5/1979. Nascido no subúrbio do Engenho de Dentro, trabalhou desde menino como engraxate, vendedor de bananas e em biscates. Costumava cantarolar enquanto trabalhava, e sua oportunidade surgiu quando executava serviços de pintor de paredes num armazém cujo proprietário tinha contatos na Rádio Educadora do Brasil.


Levado ao Programa Metrópolis, estreou em 1934, cantando no estilo de Sílvio Caldas, um dos intérpretes de maior prestígio na época. Por influência de Heitor Catumbi e, depois, Rogério Guimarães, resolveu mudar de estilo.

Integrante do elenco da Rádio Tupi a partir de 1942, o cantor firmou-se sobretudo como intérprete de sambas malandros e anedóticos e ainda de sambas de breque, característica marcante de seu repertório, merecendo de Paulo Gracindo, em cujo programa atuava, o nome de Caricaturista do Samba. Estreou no disco com a gravação do samba Iracema (Raul Marques e Otolino Lopes), grande sucesso do Carnaval de 1944.

Nos anos seguintes alcançou novos êxitos, interpretando Rosalina e Cabo Laurindo (ambas de Haroldo Lobo e Wilson Batista) e Na minha casa mando eu (Ciro de Sousa), em 1945; Vou sambar em Madureira (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) e Pode ser que não seja (Antônio Almeida e João de Barro), em 1946.

No Carnaval de 1947, sua interpretação da marcha Eu quero é rosetá (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), alcançou enorme sucesso. Na Rádio Tupi, e a partir de 1951 na Rádio Nacional, ficou famoso pela fórmula, criada por Floriano Faissal, com a qual iniciava seus programas: "Alô, alô senhores aviadores que cruzam os céus do Brasil, aqui fala Jorge Veiga, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Estações do interior, queiram dar os seus prefixos para guia de nossas aeronaves".

Como compositor, em 1955 lançou, em parceria com José Francisco (Zé Violão), o samba Aviadores do Brasil, entre outros. Durante a década de 1950, obteve seus maiores sucessos com as gravações dos sambas Estatutos de gafieira (Billy Blanco), lançado em 1954, e Café Soçaite (Miguel Gustavo), em 1955.

No ano seguinte lançou o LP Boate Tralalá, cuja música-título é de Miguel Gustavo. Bigorrilho (Paquito, Sebastião Gomes e Romeu Gentil) foi grande êxito no Carnaval de 1964. Em 1971 gravou, com Ciro Monteiro, o LP De leve, pela RCA Victor, em que cantaram seus respectivos repertórios, em dupla ou sozinhos. Em 1975 gravou na Copacabana o LP O melhor de Jorge Veiga.

Músicas cifradas e letras



























Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Klécius Caldas

Klécius Pennafort Caldas, compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 6/5/1919. Nascido no bairro de Lins de Vasconcelos, estudou no Colégio Pedro II e na Academia Militar do Realengo, chegando ao posto de coronel do Exército.


Começou a compor em meados da década de 1940, quase por acaso: no mesmo edifício residia seu colega de farda Armando Cavalcanti, que o convidou para parceiro. Os dois fizeram juntos uma série de composições, a partir de O velho bar, lançada por Francisco Alves num programa na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, e gravada na Continental muito mais tarde por Helena de Lima, no início de sua carreira.

De autoria da dupla, Dick Farney gravou Somos dois (1948) e Francisco Alves, Palavras amigas (1949). Na época de maior sucesso da música nordestina, os dois fizeram várias composições no gênero, como Sertão de Jequié e Boiadeiro, gravadas respectivamente por Dalva de Oliveira e Luiz Gonzaga, que transformou essa última composição em prefixo de suas apresentações.

A dupla é responsável também por vários sucessos de Carnaval: Marcha do gago, gravada em 1950 por Oscarito, por sugestão de David Nasser (e que abriu o caminho para que outros cômicos, vedetes e animadores lançassem discos carnavalescos); Papai Adão (1951), Maria Candelária (1952), gravadas por Blecaute; Máscara da face (1953), gravada por Dircinha Batista; Piada de salão, primeira colocada no concurso do ano de 1954, Maria Escandalosa (1955), gravadas por Blecaute. Outros êxitos foram as músicas de meio de ano, como Neste mesmo lugar, samba de 1956, e Sua Majestade o Neném, balada gravada em 1960.

Na década de 1960, a dupla continuou produzindo destaques de Carnaval: A letra jota (1961 ), A lua é dos namorados (com um terceiro parceiro, Brasinha, 1961), Marcha do paredão (1962), O último a saber (1963), A lua é camarada (1963) e Casa de sapé (1965).

Fez parcerias também com Francisco Alves, Luís Antônio, Hélio Mateus, Rutinaldo, Herivelto Martins, Vítor Freire e Dick Farney. Em 1994 publicou o livro Pelas esquinas do Rio - Tempos idos e jamais esquecidos, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro.

Algumas músicas



















Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Humberto Teixeira

Humberto Cavalcanti Teixeira, compositor e instrumentista, nasceu em Iguatu CE (5/1/1916) e faleceu no Rio de Janeiro RJ (3/10/1979). Sobrinho do maestro cearense Lafaiete Teixeira, desde criança interessou-se por música, sendo sua primeira composição a Valsa triste


Estudou bandolim em Iguatu, e fez secundário em Fortaleza CE, onde começou a aprender flauta com o maestro Antônio Moreira, da Orquestra Majestic. Aperfeiçoando-se no instrumento com seu tio Lafaiete, aos 13 anos teve sua primeira composição editada, Miss Hermengarda. Dois anos depois, deixou a capital cearense para fixar-se no Rio de Janeiro RJ.

Em 1934, seu samba Meu pedacinho ficou em quinto lugar no concurso carnavalesco de sambas e marchas da revista O Malho, classificando-se ao lado de Índio, Capiba, José Maria de Abreu e outros nomes. Continuou editando composições de vários gêneros, como valsas, toadas, modinhas e canções.

Em 1943, diplomou-se pela Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, passando a exercer advocacia, paralelamente às atividades musicais. No ano seguinte teve sua primeira composição gravada, o samba apoteótico Sinfonia do café (com Lírio Panicali), por Deo e Coro dos Apicás, na Continental. Ainda em 1944, Natalina (com E. Guimarães) foi gravada pelos Quatro Ases e Um Curinga.

Em 1945 conheceu Luiz Gonzaga, que estava à procura de um letrista que se interessasse pelos ritmos nordestinos, pouco conhecidos no restante do país. Formada a parceria, escolheram o baião como ritmo ideal para iniciar a divulgação dos ritmos do Nordeste.

Em 1946, foram gravadas Deus me perdoe e Só uma louca não vê (ambas com Lauro Maia), respectivamente, por Ciro Monteiro, na Victor, e Orlando Silva, na Odeon. Ainda nesse ano, lançou a primeira composição com Luiz Gonzaga, Baião, interpretada pelos Quatro Ases e Um Curinga em disco Odeon, em que apareciam instrumentos como acordeom, triângulo e zabumba, pouco divulgados no cenário musical da época, dominado pelo samba, samba-canção e ritmos importados.

O lançamento do primeiro baião teve grande sucesso e deu início a uma série de êxitos da dupla, que durou até inícios da década de 1950, como Asa branca, No meu pé de Serra, Mangaratiba, Juazeiro, Paraíba, Qui nem jiló, Baião de dois, Assum preto e Lorota boa, entre outros.

Por 1950 desfez a parceria, depois de eleito deputado federal, tendo obtido votação maciça no Ceará, após campanha apoiada por seu trabalho musical com Luiz Gonzaga. Em 1958 conseguiu a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Lei Humberto Teixeira, para a formação de caravanas artísticas de divulgação da música popular brasileira no exterior. A primeira delas foi no mesmo ano para a Europa, integrada pelo conjunto Os Brasileiros, do qual faziam parte o Trio Yrakitan, os instrumentistas Abel Ferreira, Sivuca, Pernambuco, Dimas e o maestro Guio de Morais, apresentando-se em várias capitais. Seguiram-se várias caravanas, até 1964, sempre dirigidas por ele, que se tornou compositor internacionalmente conhecido, com obras gravadas em vários idiomas.

Em 1966, Asa branca foi regravada por Geraldo Vandré no LP Hora de lutar (RGE). A partir de 1967 reiniciou sua luta pelo direito autoral, sendo eleito, em 1971, vice-diretor da UBC. Um ano depois, o grupo baiano liderado por Gilberto Gil e Caetano Veloso interessou-se pelo baião, tendo incluído em seu repertório vários sucessos seus com Luiz Gonzaga. Na Philips, Caetano Veloso gravou Asa branca e Gal Costa Assum preto. Além disso, outras músicas da dupla foram incluídas em shows do grupo.

Teve mais de 400 composições gravadas por importantes intérpretes da nossa música, como Carmélia Alves, Orlando Silva e Araci de Almeida, entre muitos outros. Além de Luiz Gonzaga, Felícia Godói e Lauro Maia foram seus parceiros constantes, tendo composto ainda com Sivuca e com o maestro Copinha. Obteve grande sucesso com o baião, mas escreveu também sambas, marchas, xótis, sambas-canções e toadas.

Algumas músicas





















Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Hervé Cordovil


Hervé Cordovil, compositor, pianista e regente, nasceu em Viçosa MG (3/2/1914) e faleceu em São Paulo SP (16/7/1979). Foi criado no Rio de Janeiro RJ. O pai era médico e político e a mãe tinha formação musical. Estudou música desde pequeno e, entre 1924 e 1930, no Colégio Militar, foi aluno de Romeu Malta, que era também maestro da banda do colégio. Nessa época, começou a compor, mas foi desencorajado por Eduardo Souto, diretor da Casa Edison, a quem mostrou suas primeiras músicas.


Estreou como pianista e compositor em 1931, na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, e na Orquestra de Romeu Silva. Em 1933, já como um dos pianistas mais solicitados pelas rádios cariocas, transferiu-se para a Rádio Philips. No ano seguinte, compôs com Lamartine Babo um dos seus primeiros jingles, a marcha Madame do barril. No ano seguinte sua composição Triste cuíca (com Noel Rosa) foi lançada por Araci de Almeida. Ainda em 1935, trabalhou como maestro da orquestra do filme Estudantes, de Wallace Downey, e, a partir de então, musicou diversas peças de teatro, entre elas Da favela ao Catete, escrita por Freire Júnior, participando como pianista de diversas gravações.

Em 1936 formou-se em direito, mas, antes de acabar o curso, sua carreira como compositor popular já se firmara com a marcha Carolina (com Bonfiglio de Oliveira), que, gravada pelo então desconhecido Carlos Galhardo, fez muito sucesso no Carnaval de 1934. Ainda em 1936, compôs com Noel Rosa a marcha Não resta a menor dúvida, para o filme Alô, alô Carnaval, de Ademar Gonzaga, compondo depois para vários outros filmes. Nesse ano transferiu-se para a Rádio Guarani, de Belo Horizonte MG, em que, por dois anos seguidos, teve de compor e apresentar, diariamente, uma canção nova.

Nessa época compôs, com a prima Marisa Pinto Coelho, Pé de manacá, que fez grande sucesso na voz de Isaura Garcia, em 1950. Em 1938, de volta ao Rio de Janeiro, compôs a marcha Esquina da sorte (com Lamartine Babo), jingle para uma casa lotérica, gravada por Lamartine e Araci de Almeida, na Victor, para o Carnaval do ano. Em 1940, foi trabalhar na Rádio Tupi, de São Paulo.

Entre 1941 e 1945, trabalhou como advogado em Manhuaçu MG. Foi durante esse período que compôs o baião Cabeça inchada, grande sucesso em 1951, quando foi gravado por Carmélia Alves, e que teve mais de 50 gravações diferentes na Europa. Em 1945 voltou a São Paulo, passando a trabalhar como maestro orquestrador na Rádio Record, emissora em que se aposentou 26 anos depois.

Em 1946 compôs, com Mário Vieira, Sabiá lá na gaiola, outro grande sucesso gravado por Carmélia Alves, em 1950. Compôs com Correia Júnior, em 1966, Canto ao Brasil, peça sinfônica orquestrada por Gabriel Migliori e executada pela Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.

No conjunto de sua obra destacam-se as marchas Seu Abóbora (com Lamartine Babo), gravada por Carmen Miranda em 1935, Seu Gaspar, gravada por Sílvio Caldas em 1938, e Esta noite serenou, gravada por Dalva de Oliveira em 1951; a toada Me leva (com Rochinha), gravada por Ivon Curi em 1951; o samba-canção Uma loura, gravado por Dick Farney em 1951; além dos já citados baiões Pé de manacá, Sabiá na gaiola e Cabeça inchada.

Compôs ainda algumas músicas jovens, como Rua Augusta e Boliche legal, ambas em 1964, e a versão Biquini de bolinha amarelinha. Tem músicas feitas em parceria com seus filhos Ronnie Cord e René Cordovil, também compositores.

Em 1977 participou do show comemorativo 30 anos de baião, realizado no Teatro Municipal, de São Paulo, com Luiz Gonzaga, Carmélia Alves e Humberto Teixeira.

Em 1997 foi publicado o livro Hervé Cordovil - Um gênio da música popular brasileira, de autoria de Maria do Carmo T. Passiago (João Scortecci Editora, São Paulo).

Algumas músicas














Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Gilberto Alves

Gilberto Alves Martins, cantor, nasceu no Rio de Janeiro em 15/04/1915 e faleceu em Jacareí SP, em 04/04/1992. Foi criado no subúrbio de Lins de Vasconcelos. Aos 12 anos, fugiu de casa com o irmão mais velho e arranjou emprego de carregador de marmitas, passando a viver desse serviço. Depois, começou a trabalhar como carregador de sapatos, até que aprendeu o ofício de sapateiro, ao qual passou a dedicar-se por conta própria. Paralelamente, cursava o secundário e iniciava-se em música, reunindo-se com amigos para serestas nas ruas de Lins de Vasconcelos e Meyer.


Conheceu Jacó do Bandolim, então garoto, que viria a ser seu grande amigo, e depois dos 16-17 anos começou a frequentar os cabarés da Lapa e o Café Nice, travando conhecimento com Grande Otelo e Sílvio Caldas.

Por volta de 1935, as serestas começaram a ser proibidas, e a guarda noturna dissolvia os grupos de seresteiros que encontrava. Nessa época, conheceu Almirante, que, depois de ouvi-lo cantar, o convidou para se apresentar na Rádio Clube do Brasil. Começou a cantar naquela emissora, mas sem contrato, recebendo apenas cachê. Passou, depois, a apresentar-se na Rádio Guanabara, programa de Luís Vassalo, para onde foi levado pelos compositores Cristóvão de Alencar e Nássara, que conheceu numa seresta em Vila Isabel. Cantou ainda na Rádio Educadora, programa dos irmãos Batista (Marília e Henrique), atuando paralelamente em outras emissoras.

Em 1938 gravou seu primeiro disco, com os sambas Mulher toma juízo (Ataulfo Alves e Roberto Cunha) e Favela dos meus amores (Roberto Cunha), na Columbia. Conheceu então Roberto Martins e Mário Rossi, gravando seu segundo disco com uma música dessa dupla de compositores, Mãos delicadas, além de Duas sombras, esta de Roberto Martins e Jorge Faraj, também lançadas pela Columbia. Daí em diante gravou vários sucessos da dupla Roberto Martins e Mário Rossi, entre os quais seu primeiro êxito em disco, Tra-lá-lá, em 1940, pela Odeon.

A este seguiram-se outros sucessos, como Natureza bela (Felisberto Martins e Henrique Mesquita), em 1942, a marcha Cecília, no Carnaval de 1943, e no ano seguinte o fox Adeus, dos mesmos autores. Ainda em 1944 gravou Despedida (Tito Ramos), Algum dia te direi (Cristóvão de Alencar e Felisberto Martins), Sinfonia dos tamancos (Roberto Martins) e Capital do samba (José Ramos).

No ano seguinte, deixou a Odeon e foi para a Victor, gravando em 1948 o sucesso carnavalesco Rosa Maria (Aníbal Silva e Éden Silva). No mesmo ano, passou a atuar na Rádio Nacional. Em 1949 casou com Jurema Cardoso. No ano seguinte, transferiu-se para a Rádio Tupi, onde permaneceu até 1970, quando se aposentou. Os maiores sucessos de sua carreira foram Pombo correio (Benedito Lacerda e Darci de Oliveira), Agora é tarde (Tito Ramos e Mário Rossi), Recordar é viver (Aldacir Louro e Aluísio Martins), De lanterna na mão (com Elzo Augusto e J. Sacomani), Louca pela boêmia (Alcebíades Barcelos e Armando Marçal), além de Cecília e Natureza bela.

Mesmo depois de aposentado, continuou apresentando-se em emissoras de rádio e televisão. Em 1975 completou quarenta anos de carreira; nos últimos anos de sua vida apresentava-se em churrascarias e na televisão, ao lado de cantores da chamada velha guarda.

Algumas músicas






















Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Herivelto Martins


Agente ferroviário apaixonado pelo teatro, Félix Bueno Martins empenhava a maior parte de seu ganho, para manter as atividades ligadas às artes, e a paixão contaminou, desde cedo, seu filho Herivelto, irmão de Hedelacy, Hedenir e Holdira, os quatro filhos que tivera com a mulher, Carlota de Oliveira. Aos cinco anos, Herivelto morava com a família, em Barra do Piraí, onde o pai fundou a Sociedade Dramática Dançante Carnavalesca Florescente de Barra do Piraí, misto de clube e teatro. E lá se ia quase todo o dinheiro do salário, obrigando D. Carlota a costurar para fora e a fazer doces. Não ficou nisso, o Seu Félix. Organizou as Pastorinhas de Barra do Piraí, com as quais Herivelto saía no Natal, de Papai Noel.


Tais gastos o levaram a hipotecar a casa, que acabou perdida, forçando-os a se mudarem para a periferia da cidade. Ali, Herivelto começa a aprender violão e cavaquinho e compõe seu primeiro samba, Nunca Mais.

Em 1930, Seu Félix foi transferido para São Paulo, Herivelto não se adapta e vai tentar a vida no Rio de Janeiro. Hospeda-se em um quartinho com o irmão Hedelacy, que era barbeiro. Ali, acabaram morando oito rapazes. Segundo Herivelto, "só melhorou com a Revolução de 32: morreram quatro".

Conheceu o compositor Príncipe Pretinho, que o levaria até o cantor J. B. de Carvalho. Tudo começaria aí. J. B. de Carvalho gravou seu samba Da Cor do Meu Violão e Herivelto passou a fazer parte do coro do Conjunto Tupi. Tornou-se amigo de Francisco Sena e, um dia, ao fazerem um dueto, foram ouvidos por Vicente Marzullo, empresário, que se impressionou com o improviso da dupla. Na primeira oportunidade apresentou os dois para cantar nos intervalos do cinema Odeon. Marzullo inventou o : "É a dupla do preto e do branco". Herivelto compôs o samba Preto e Branco, sucesso imediato.

A Odeon gravou em 1934, mas o êxito acabaria no ano seguinte com a morte de Sena. Sozinho, Herivelto Martins foi trabalhar no Cine Pátria, onde conheceu a cantora Dalva de Oliveira. Depois de cantarem juntos, namorarem, passaram a morar juntos. Encontra Nilo Chagas e forma a segunda dupla Preto e Branco. Dalva começa a se apresentar com os dois e grava um disco com o título de Dalva de Oliveira e a Dupla Preto e Branco. César Ladeira leva-os para seu programa na Rádio Mayrink Veiga: "Com vocês o conjunto vocal Dalva de Oliveira e a dupla Preto e Branco. Um trio de ouro". Estava batizado um dos mais famosos trios vocais da MPB. Nasce Peri, o primeiro filho, em 1937. Dois anos depois, Herivelto e Dalva de Oliveira casam-se e nasce Ubiratan. O êxito se transfere para o Cassino da Urca, onde o trio fica até o fechamento do jogo, em 1946.

Como compositor, Herivelto marca presença com sucessos como Praça Onze, Ave Maria do morro, Odete, Ela, Caminhemos e outras tantas.

No final dos anos 50, Nilo Chagas foge na Venezuela com uma vedete e o Trio de Ouro acaba lá. Herivelto e Dalva entram em processo de separação, o que rende uma série de músicas, um combate de sucessos de parte a parte. Herivelto reorganiza o Trio de Ouro por duas vezes, com Noemi Cavalcanti e Nilo Chagas, que tinha reaparecido, e depois com Lurdinha Bittencourt e Raul Sampaio, dissolvendo-se em 1957. Daí para a frente, Herivelto prefere afastar-se da vida artística.

Presidente do Sindicato dos Compositores do Rio, em 1971, trabalha com direitos autorais por muitos anos vindo a falecer em 17 de setembro de 1992.

Algumas músicas















































Veja também:

















Fonte: História do Samba - Editora Globo.

Haroldo Barbosa

Haroldo Barbosa, compositor e radialista, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 21/3/1915 e faleceu em 5/9/1979. Nascido no bairro de Laranjeiras, aos sete anos foi morar em Vila Isabel. Durante o dia estudava no Colégio São Bento e à noite tocava cavaquinho nos bailes de Vila Isabel.


Aos 18 anos foi trabalhar como contra-regra na Rádio Philips, com o irmão, o futuro compositor Evaldo Rui, colaborando no programa Casé, do qual participavam grandes nomes do mundo artístico. Com esse programa transferiu-se para a Rádio Sociedade, onde, além de contra-regra, organizou a discoteca e foi locutor.

Passou depois a exercer essas funções na Rádio Transmissora e, logo em seguida, na Nacional, onde também foi locutor esportivo. Usando sua experiência anterior, desenvolveu várias atividades na Rádio Nacional, que liderava a audiência na época: escreveu o enredo de O Grande Teatro, de César Ladeira, um dos maiores sucessos do rádio, organizou uma orquestra sinfônica com 68 integrantes que já atuavam na emissora, e criou, por volta de 1945, o programa A Canção Romântica, especialmente para Francisco Alves, que deu um novo impulso à carreira do cantor.

Mais tarde passou a dirigir o programa Um Milhão de Melodias, no qual vários cantores se apresentavam interpretando versões de sua autoria. Seu primeiro sucesso como compositor foi a marchinha Barnabé (com Antônio Almeida), uma sátira ao funcionalismo público, que se tornou sinônimo de funcionário público de categoria modesta. Seguiram-se outros sucessos, como os sambas De conversa em conversa (com Lúcio Alves), em 1943, gravado por Isaura Garcia na Victor, em 1947, Adeus, América e Tintim por tintim (ambas com Geraldo Jacques), lançadas por Os Cariocas na Continental e Sinter, respectivamente.

Mais tarde, deixou a Nacional e foi para a Rádio Mayrink Veiga, onde se tornou responsável por diversos programas humorísticos, lançando inclusive Chico Anísio e Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. Esse Norte é de Morte, A Cidade se Diverte, Alegria da Rua foram alguns de seus sucessos na programação da emissora.

Com Geraldo Jacques fez ainda o samba Joãozinho Boa Pinta, gravado por Fafá Lemos na Victor, em 1954, e, com seu mais bem sucedido parceiro, Luiz Reis, compôs Palhaçada, samba lançado por Miltinho (RGE), em 1963. Miltinho gravou várias outras músicas desta dupla, entre as quais Só vou de mulher, Devagar com a louça e Meu nome é ninguém. Tiveram ainda composições gravadas por Elizeth Cardoso (Tudo é magnífico, Nossos momentos, entre outros), Dóris Monteiro (Fiz o bobão), Araci de Almeida (Não se aprende na escola) e Nora Ney.

É autor de inúmeras versões: Trolley Song, Poinciana, Mala guefla, Adiós, pampa mia, Adiós muchachos, Uno, Amor. Sua atividade de compositor diminuiu quando foi para a TV Globo, onde passou a trabalhar na produção de programas humorísticos, ao lado de Max Nunes, seu parceiro em programas de humor desde os tempos da Rádio Nacional.

Algumas músicas
















Obras

Adeus, América (c/Geraldo Jacques), samba, 1948; Baião de Copacabana (c/Lúcio Alves), baião, 1951; Bar da noite (c/Bidu Reis), samba, 1953; Canção da manhã feliz (c/Luís Reis), samba, 1962; De conversa em conversa (Eu não sou limão) (c/Lúcio Alves), samba, 1947; Devagar com a louça (c/Luís Reis), samba, 1963; Eu quero um samba, samba, 1945; Joãozinho boa pinta (c/Geraldo Jacques), samba, 1954; Meu nome é ninguém (c/Luís Reis), samba, 1962; Moeda quebrada (c/Luís Reis), samba, 1961; Não se aprende na escola, samba, 1950; Nossos momentos (c/Luís Reis), marcha-rancho, 1961; Notícia de jornal (c/Luís Reis), samba, 1961; Palhaçada (c/Luís Reis), samba, 1963; Pra que discutir com madame (c/Janet de Almeida), samba, 1956; Quando esse nego chega, samba, 1948; Só vou de mulher (c/Luís Reis), samba, 1961; Tudo é magnífico (c/Luís Reis), samba, 1961.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Eratóstenes Frazão

Erastótenes Frazão - 1935
Frazão (Eratóstenes Alves Frazão), compositor e jornalista, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 17/1/1901 e faleceu em 17/4/1977. Filho do maestro Sebastião Alves Frazão, começou a aprender flauta e violão aos 12 anos, e estudou teoria musical com Ábdon Lira, no Colégio Militar, do Rio de Janeiro.

Foi aluno da Escola de Medicina e Veterinária, mas resolveu seguir a carreira jornalística, começando a trabalhar na redação de O País, passando depois por outros órgãos da imprensa carioca, como os jornais A Notícia, A Folha, e a revista humorística D. Quixote.

Mudou-se, em 1926, para São Paulo SP a fim de participar da fundação do jornal A Nota do Dia, tendo trabalhado também no Diário de São Paulo, Diário da Noite e Diário Nacional.

Regressou ao Rio de Janeiro como cronista parlamentar, passando a escrever para o diário A Manhã e, depois, Crítica, A Noite, Gazeta de Notícias e Vanguarda. Escreveu peças teatrais (comédias e revistas), e destacou-se na música popular brasileira entre as décadas de 1930 e 1950.

Fazia parte da turma de compositores que se reunia no Café Nice. Sua primeira composição gravada foi a paródia O sem trabalho - sobre a melodia de Sussuarana (Hekel Tavares) - em 1931, na Parfophon, por Luís Antônio, pseudônimo usado por Nássara, seu futuro parceiro de sucessos carnavalescos e grande amigo. Estreou no rádio em 1934, como produtor, no Programa Casé, na Rádio Philips, transferindo-se depois para a Rádio Educadora e mais tarde para a Rádio Guanabara.

Em parceria com Nássara, venceu o Concurso de Músicas Carnavalescas, promovido pela prefeitura do antigo Distrito Federal, em 1935, com Coração ingrato, gravada por Sílvio Caldas, na Odeon, e em 1939 com Florisbela, o seu maior sucesso, gravada também por Sílvio Caldas, na Odeon. Foi premiado no mesmo concurso, em 1941, com Nós queremos uma valsa (também com Nássara), gravada por Carlos Galhardo, na Victor.

Sócio fundador da ABCA, participou da fundação da UBC em 1942. Nesse ano, tornou a vencer o Concurso de Músicas Carnavalescas, com Lero-lero (com Benedito Lacerda), gravada por Orlando Silva, na Victor. Em 1946 e em 1947 destacou-se com duas composições feitas com Roberto Martins, O cordão dos puxa-sacos, lançada em discos Victor pelo conjunto Anjos do Inferno, e Marcha dos gafanhotos, gravada por Albertinho Fortuna, na Continental.

Eleito presidente da UBC em 1948, exerceu o cargo por dois anos e em 1952 participou da Conferência Sul-Americana do Direito Autoral, em Santiago, Chile. Outros sucessos seus foram Chuva miúda, gravada por Sílvio Caldas, na Victor; A voz do povo, interpretada por Orlando Silva, na Victor; Quem cantar meu samba, lançada por Orlando Silva, na Victor; Fica doido varrido (com Benedito Lacerda), cantada por Sílvio Caldas, na Victor, e Choro do bebê (com Maria Gomes), gravada por Orlando Silva, na Copacabana.

Algumas músicas



Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Fernando Lobo

Fernando Lobo (Fernando de Castro Lobo), compositor, nasceu em Recife PE em 26/7/1915 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 22/12/1996. A mãe tocava bandolim e a tia, piano. Criado em Campina Grande PB, onde começou a estudar piano com Capiba, pai do famoso compositor do mesmo nome, voltou para Recife para estudar direito e passou então a ter aulas de violino e a atuar como crooner e violinista da orquestra Jazz Band Acadêmica de Pernambuco, que logo deixou.


Como cantor, gravou uma única música: Pare, olhe, escute e goste, frevo-canção de Nelson Ferreira, na Victor, também em 1936. Compôs sua primeira música em 1936, o frevo-canção Alegria, gravado por Nuno Roland, na Odeon, em 1940. Trabalhou na imprensa pernambucana antes de se mudar, em 1939, para o Rio de Janeiro RJ, onde continuou a carreira jornalística nas redações das revistas Carioca, O Cruzeiro e A Cigarra, e chegou a ser diretor da Rádio Tamoio.

Viajou em 1945 para os E.U.A., trabalhando nas cadeias de rádio e televisão CBS e NBC.

Em 1947 obteve sucesso com o samba Saudade (com Dorival Caymmi), gravado por Orlando Silva.

De volta ao Brasil, em 1949, teve sua composição Chuvas de verão gravada por Francisco Alves. No mesmo ano, Araci de Almeida fez sucesso com sua versão da rumba Nasci para bailar.

Para o Carnaval de 1950, lançou com Evaldo Rui, na voz de Linda Batista, Nega maluca, considerado um dos clássicos carnavalescos.

Nessa época fez parte, com Paulo Soledade e Carlos Niemeyer, entre outros, de um grupo de rapazes alegres e turbulentos, conhecido como Clube dos Cafajestes, e foi em memória a um dos componentes do grupo, o comandante Carlos Eduardo de Oliveira, da Panair do Brasil, morto em um desastre de avião, que fez, com Paulo Soledade, Zum-zum, gravado com grande destaque por Dalva de Oliveira e grande sucesso no Carnaval de 1951. Nesse ano já exercia o cargo de redator da Rádio Nacional, sendo colega de Haroldo Barbosa, Evaldo Rui e Renato Murce.

Compôs também, na década de 1950, alguns baiões (gênero que se tornou popular nesse período), tendo como parceiro Manezinho Araújo em A primeira umbigada, entre outros sucessos. Considerado o autor, em parceria com Antônio Maria, de outro samba-canção de muito sucesso na época - Ninguém me ama - ele declarou que a composição era apenas de Antônio Maria, entrando seu nome na parceria por um acordo no qual cedera a parceria para Antônio Maria num outro samba - Preconceito - gravado na outra face de Ninguém me ama por Nora Ney.

Em 1957 passou a trabalhar na televisão, além de continuar escrevendo na imprensa carioca, e teve uma seleção de suas músicas gravadas num LP da Copacabana - Músicas e poesias de Fernando Lobo - que contou com a participação de vários intérpretes. Classificou Diana pastora, em 1967, entre as finalistas do III FMPB, da TV Record, de São Paulo SP, festival do qual saiu vencedor seu filho Edu Lobo, com Ponteio.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.