quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Ary Barroso - Letras, cifras e músicas



Ary Barroso - Algumas letras, cifras e gravações


























































Veja também:



Ary Barroso - Obra Completa


Ary Barroso - Obra completa

ABC do amor, marcha, 1935; Ai, Geni, samba, 1951; Amar, valsa, 1937; Amizade, samba-canção, 1928; Amor de mulato (c/Lamartine Babo), marcha, 1928; Amor fatal, fox, 1933; O amor vem quando a gente não espera (c/Cardoso de Meneses e Bittencourt), 1929; Anistia, samba, 1934; Anoiteceu, samba, 1935; Aquarela do Brasil, samba, 1939; Aquarela mineira, samba, 1950; Assobia um samba, samba, 1946; Aula de música, samba, 1932; Bahia, samba, 1931; Bahia imortal, samba, 1946; A baiana saiu de espanhola, marcha, 1941; Balada da saudade, samba, 1962; Balão que muito sobe (c/Osvaldo Santiago), marcha, 1934; Batalhão do amor, marcha, 1939; Bateram na minha porta, canção, 1934; Batuca nega, samba, 1942; A batucada começou, samba, 1941; Batuque, 1931; Bebeco e Doca (c/Luís Peixoto), samba, 1960; Benzinho, samba, 1931; Blim...blem... blão..., marcha, 1941; A boa mazurca, mazurca-samba, 1942; Boneca de piche (c/Luís Iglésias), cena carioca, 1938; O Brasil há de ganhar, samba, 1950; Brasil moreno (c/Luís Peixoto), samba, 1942; Caboca (c/José Carlos Burle), samba-canção, 1934; Cabrocha inteligente, samba, 1933; Cachopa (c/Luís Peixoto), marcha, 1936; Cachorro quente (c/Lamartine Babo), marcha, 1928; Caco Velho, samba-canção, 1934; Camisa amarela, samba, 1938; Canção da felicidade (c/Oduvaldo Viana), 1934; Canção em tom maior, 1961; Canta, Maria, valsa estilo português, 1941; Cantiga de enganar tristeza (c/Tiago de Melo), samba-canção, 1959; Carioquinha brejeira, marcha, 1937; Carne seca com tutu (c/Vilma Quantiere de Azevedo), samba, 1959; A casa dela, marcha, 1936; A casta Suzana (c/Alcir Pires Vermelho), marcha, 1938; Cavalhada franciscana, intermezzo carnavalesco, 1934; Cavanhaque, marcha, 1931; Cem por cento brasileira, marcha, 1943; Cena de senzala (c/George André), samba, 1941; Censura (c/Amaro Silva), samba, 1942; Chama-se João, samba, 1950; Chiribiribi quá-quá (c/Nássara), marcha, 1936; Chopp em garrafa (c/Bastos Tigre), marcha, 1936; Chorando, choro, 1951; Chula-ô, marcha, 1942; A cigana lhe enganou (c/Gomes Filho), marcha, 1938; Cinco horas da manhã, samba, 1943; Circo de cavalinhos, marcha, 1938; Coisas do Carnaval, samba, 1942; Colibri, marcha, 1937; Colombinas fracassadas, samba, 1957; Como as ondas do mar, marcha, 1938; Como se deve amá, canção, 1930; Como vais você?, marcha, 1937; Confessa (c/Amaro Silva), samba, 1942; Confissão de amor (c/Joraci Camargo), valsa, 1937; Correio já chegou, samba, 1934; Cruel resistência (c/Iraci N. Silva), samba, 1952; Cuatro palabritas (c/Juan Daniel), valsa, 1945; Dá nela, marcha, 1930; De déu em déu, marcha, 1938; De longe, cateretê, 1932; De qualquer maneira (c/Noel Rosa), samba, 1939; Deixa disso, samba, 1931; Deixa essa mulher sofrer, samba, 1940; Deixa o mundo falar, samba, 1947; Dengo, samba, 1953; Deve ser o meu amor, batucada, 1936; Diz que dão, samba, 1944; Dois amigos, samba-canção, 1960; Dona Alice (c/Marques Porto e Luis Peixoto), marcha, 1930; Dona Helena (c/Nássara), marcha, 1935; Duro com duro, samba, 1934; E a festa, Maria? (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1939; É assim que se vai no arrastão, marcha, 1934; É bamba, samba, 1931; É banal, samba, 1929; É do balacobaco, samba, 1931; É do outro mundo, samba, 1931; É luxo só (c/Luís Peixoto), samba, 1957; É mentira, oi, samba, 1932; E o samba continua (c/Lamartine Babo), samba, 1935; É pão ou não é?, marcha, 1947; É pra frente que se anda, samba, 1935; Ela sabe e não diz, samba, 1938; Ela vive chorando (c/Álvaro de Carvalho), samba, 1941; Em noite de luar (c/Vinícius de Morais), samba-canção, 1962; Escrevi um bilhetinho, marcha, 1 938 (c/Meira Guimarães), samba, 1960; Essa diaba, samba, 1958; Esta noite eu sonhei com você, marcha, 1936; Estrela da manhã (c/Noel Rosa), samba, 1934; Eu dei..., marcha, 1938; Eu fui de novo à Penha, samba, 1958; Eu fui ver, samba, 1956; Eu gosto do samba, samba, 1940; Eu não sou manivela, samba, 1953; Eu nasci no morro, samba, 1946; Eu sonhei, samba, 1935; Eu sou do amor, marcha, 1930; Eu vou pro Maranhão, samba, 1933; Faceira, samba, 1931; Faixa de cetim, samba, 1942; Falta de consciência, samba, 1933; Falta um zero no meu ordenado (c/Benedito Lacerda), samba, 1948; Fechei a página, marcha, 1952; Flor de inverno, fox-trot, 1933; Flor tropical, marcha, 1950; Flores mortas, samba, 1952; Foi de madrugada, batucada, 1937; Foi ela, samba, 1935; Folha morta, samba-canção, 1953; Forasteiro, samba, 1950; Fugiu, fugiu!, samba-canção, 1930; Uma furtiva lágrima, marcha, 1937; Garota colossal (c/Nássara), marcha, 1935; Gasparino, samba, 1942; Gira (c/Marques Porto), samba, 1931; Grand monde do crioléu, samba, 1957; Grau dez (c/Lamartine Babo), marcha, 1935; Grave revelação, samba, 1948; Hino do Colégio de Cataguases (c/Tostes Malta), 1936; Iaiá boneca, marcha, 1940; Iaiá da Bahia, samba, 1951; Inquietação, samba, 1935; Isso é xodó, marcha, 1932; Isto aqui o que é?, samba, 1942; Já era tempo (c/Vinícius de Morais), samba, 1962; Janjão e Zabé (c/Paulo Roberto), marcha, 1937; Jogada pelo mundo, samba, 1960; Juramento (c/Marques Porto e Luís Peixoto), samba, 1930; Labaredas do amor (c/Aldo Taranto), valsa, 1929; Laço branco, cateretê mineiro, 1952; Linguagem do olhar, samba, s.d.; Longe de você (c/Luís Peixoto), samba-canção, 1963; Madrugada, samba, 1943; Mal- me-quer, bem-me-quer, marcha, 1948; Malandragem, canção, 1932; Malandro sofredor, samba, 1934; Mão no remo (c/Noel Rosa), samba, 1931; O mar também conhece, marcha, 1951; Maria, samba carnavalesco, 1931; Maria (c/Luís Peixoto), samba-canção, 1931; Maria das Dores, samba-canção, 1954; Mazinha (c/Ari Kerner), tango, 1928; Menina que tem uma pose (c/Haroldo Daltro), samba, 1932; Menina tostadinha, marcha, 1935; Mentira (c/Augusto Jaime de Vasconcelos), samba- canção, 1951; Mentira de amor, valsa, 1940; Mês de Maria, samba, 1957; Meu amor não me deixou, samba, 1938; O meu dia há de chegar (c/Alcir Pires Vermelho), marcha, 1938; Meu Natal (c/Francisco Alves), marcha, 1934; Meu pampa lindo (c/Zeca Ivo), canção, 1928; Minha maior ilusão, samba, 1936; Minha palmeira triste (c/Lamartine Babo), samba-canção, 1932; Morena boca de ouro, samba, 1941; Moçoró, minha nega, samba, 1934; Mulata de Mangueira, samba, 1966; Mulata no sapateado (c/Vinícius de Morais), samba, 1962; Mulatinho bamba (c/Kid Pepe), marcha, 1935; Na Baixa do Sapateiro, samba-jongo, 1938; Na batucada da vida (c/Luís Peixoto), samba-canção, 1934; Na beira do cais, samba, 1951; Na parede da igrejinha, samba, 1944; Na Piedade, samba, 1932; Na virada da montanha (c/Lamartine Babo), samba, 1935; Nada mais me consola, samba, 1952; Não é vantagem, samba, 1942; Não faz assim, meu coração, samba, 1931; Não posso acreditar (c/Claudemiro de Oliveira), samba, 1932; Não posso mais (c/I.Kolman), marcha, 1928; Não quero mais, samba, 1957; Não quero saber, samba, 1957; Não quero você (c/Irmãos Quintiliano), samba, 1931; Não se deve lamentar, marcha, 1937; Não vou lá, samba, 1928; Nega baiana (c/Olegário Mariano), samba, 1931; Nega Nhanhá, samba, 1957; O nego no samba (c/Marques Porto e Luís Peixoto), samba, 1930; Nego também é gente (c/De Chocolat), marcha, 1933; Nem ela, samba, 1956; Neném (c/Luís Peixoto), marcha, 1934; Nini, samba, 1929; No jardim dos meus amores, marcha, 1950; No morro (Eh! eh!) (c/Luís Iglésias), samba, 1930; No rancho fundo (c/Lamartine Babo), samba-canção, 1931; No tabuleiro da baiana, batuque, 1937; Nóis precisemo, samba, 1954; Um nome para esta valsa, 1954; Nosso amô veio dum sonho, samba, 1932; O nosso amor morreu, samba, 1952; Nosso ranchinho, marcha, 1935; Novo amor, samba, 1937; Nunca mais, samba, 1940; Oba!, samba, 1930; Ocultei, samba-canção, 1954; Oh! Nina (c/Lamartine babo), fox-trot, 1928; Olha a lua, samba, 1937; Olhos divinos, valsa, 1944; Outro amor (c/Claudionor Machado), samba, 1930; Palmeira triste (c/Lamartine Babo), samba-canção, 1932; Passei na ponte, marcha, 1941; O passo do vira, marcha, 1941; Paulistinha querida, marcha, 1936; Pega no pau da bandeira (c/J. Castro), marcha, 1940; Pente fino (c/Sílvio Caldas), marcha, 1932; Perdão, samba, 1934; Pica-pau, marcha, 1942; Pierrô, samba, 1960; Plena manhã, samba-canção, 1951; Pobre e esfarrapada, samba, 1932; Podes ir, meu amor, valsa, 1948; Por especial favor, marcha, 1934; Pois sim!, pois não!, samba, 1938; Por causa desta cabocla (c/Luís Peixoto), samba, 1935; Por conta do boneco, samba, 1931; Pra machucar meu coração, samba, 1943; Primavera (c/Lúcia Alves Catão),samba, 1951; Primavera do Brasil (c/Guilherme Figueiredo), hino, 1956; Primeiro amor, canção, 1932; Prossiga, samba, 1955; Quando a noite é serena, samba, 1939; Quando a noite vem chegando, samba, 1933; Quando eu penso na Bahia (c/Luís Peixoto), samba jongo, 1938; Quanto num chorei, canção, 1930; Quem cabras não tem..., marcha, 1943; Quem é o homem, marcha, 1937; Quem me compreende (c/Bernardino Vivas), canção, 1931; Quem sabe, sabe, marcha, 1956; Qué-qué-qué-rê (c/Álvaro S. Carvalho), marcha, 1941; Quero dizer-te adeus, valsa, 1942; Quero voltar à Bahia (c/Meira Guimarães), samba, 1961; Os quindins de Iaiá, samba, 1941; Rancho das namoradas (c/Vinícius de Morais), marcha, 1962; Recordações (c/Norival de Freitas), canção, 1932; Rio, samba, 1948; Rio de Janeiro, samba, 1950; Risque, samba, 1952; Rosa, samba, 1956; Rosalina, marcha, 1931; O sabiá de sinhá moça (c/Irmãos Quintiliano), toada, 1931; Sai, barbado (c/Ainejerê), samba, 1931; Salada mista, marcha, 1938; Samba (c/Luis Iglésias), 1955; Samba da gelatina, 1930; Samba de São Benedito (c/Marques Porto e Luís Peixoto), 1930; Samba em Mangueira, s.d.; Um samba em Piedade, 1932; Samba no céu (c/Meira Guimarães), 1960; Samba-charleston, s.d.; Sambando na gafieira, choro, 1951; Sapateado (c/Luís Iglésias), fox-trot, 1930; Se Deus quiser (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1940; Segura a fazenda, samba, 1928; Segura esta mulher, marcha, 1933, Sem ela, samba, 1936; Sem querer...(c/Marques Porto e Luís Peixoto), samba-canção, 1931; Semente do amor, balada, 1961; Sentinela alerta, samba, 1934; Seu Manduca esfarrapado, batuque, 1931; Só a saudade não passa, samba, 1941; Só, samba, 1957; Sobe meu balão, marcha, 1935; Sombra e luz, valsa, 1958; Sonhei que era feliz, samba, 1932; O sonho azul da minha vida (c/Miguel Santos e Paulo Orlando), valsa, 1936; Sonho de amor, samba, 1944; Sou da pontinha, marcha, 1931; O tal bichinho, marcha, 1928; Tenho saudade, samba, 1931; Terra de Iaiá, samba, 1931; Terra seca, samba, 1943; Teus óio..., canção, 1930; Trapo de gente, samba-canção, 1953; Três lágrimas, canção, 1941; Tristeza dos sinos, valsa, s.d.; Tu, samba-canção, 1934; Tu quê tomá meu nome (c/Olegário Mariano), samba, 1929; Tu queres muito, samba, 1928; Tufão, samba, 1961; Ubaenses gloriosos, marcha, 1918; A única lembrança, samba-canção, 1938; Upa... upa... (Meu trolinho), marcha, 1940; Vá cumprir o teu destino, samba, 1929; Vai de vez, samba, 1950; Vai tratar da tua vida, samba, 1931; Vamos deixar de intimidades, samba, 1929; Vão pro Scala de Milão, samba, 1938; Vem cá, Mané, samba, 1957; Veneno (c/Alcir Pires r Vermelho), marcha, 1940; Vespa (c/Malfitano), samba, 1940; Vingança (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1939; Viu..., marcha, 1936; Viver assim não é vida, samba, 1939; A vizinha das vantagens (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1939; Você está aí pra isso?, marcha, 1938; Você fracassou, samba, 1958; Você não era assim (c/Aricles França), samba, 1930; Volta, meu amor, samba, 1936; Vou à Penha, samba, 1929; Vou deixá o batedô (c/Luciano Perrone), samba, 1932; Vou procurar outro bem (c/Nestor de Holanda), samba, 1957; Zombando da vida (c/Márcio Lemes Azevedo), samba, 1933.

Veja também:

Ary Barroso - Biografia

Ary Barroso - Letras, cifras e gravações


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Ary Barroso - Biografia


Ary Evangelista Barroso foi, sem dúvida, um dos representantes da geração de sambistas que deu a base da MPB da segunda metade do século e conhecê-lo é conhecer um pouco da História do Brasil.


Em 1939 lançou, no espetáculo 'Joujox et balagandans', de Henrique Pongetti, o samba "Aquarela do Brasil", iniciador do samba-exaltação, de melodia extensa e sempre apoiado em grande aparato orquestral - gênero que se acreditava destinado à conquista do mercado internacional da música popular; "Aquarela do Brasil" só teve sucesso depois da gravação feita por Francisco Alves.

Ary sempre esteve em campo para promover a música brasileira. Em seus programas prestigiava os calouros que apresentavam canções do repertório nacional. Tinha horror aos acordes americanos em samba. Nas várias vezes em que esteve no exterior, preocupou-se em levar o samba autêntico. Quando, em 1952, compôs o samba-canção "Risque", teve de brigar para que não fosse gravado como bolero.

Mesmo depois de sua morte, o compositor brasileiro mais conhecido em seu país e fora dele, continua sendo gravado por grandes e famosos intérpretes, que reconhecem seu extraordinário talento.

Trechos do livro de Sérgio Cabral intitulado "No tempo de Ari Barroso": Nos seus últimos dias Ary telefona do hospital para o amigo David Nasser:

- Estou me despedindo. Vou morrer.

- Como é que você sabe, Ary?

- Estão tocando as minhas músicas no rádio.

No show Eu sou o espetáculo o comediante José Vasconcelos imitava Ary, no momento em que este estaria recebendo um candidato em seu programa Calouros em desfile:

Ary - O que você vai cantar?

Calouro - Vou cantar um sambinha.

Ary - É sempre assim. Se fosse mambo, não seria um mambinho. Se fosse bolero, não seria bolerinho. Mas samba é um sambinha. E que sambinha o senhor vai cantar?

Calouro - Aquarela do Brasil.

Ary Evangelista Barroso nasceu em Ubá, Minas Gerais, dia 07 de novembro de 1903. Seu pai, o Dr. João Evangelista Barroso, foi deputado estadual e promotor público em Ubá. Após a morte de sua mãe, Angelina de Resende Barroso e de seu pai, ambas ocorridas em 1911, Ary passou a ser criado pela avó, Gabriela Augusta de Rezende, e por uma tia, Rita Margarida de Rezende. Tia Ritinha era professora de piano e durante muito tempo ensinou-o a Ary. Essas aulas acabaram por ajudar no ganha-pão da família.

Aos doze anos, começou a trabalhar como pianista auxiliar no Cine Ideal, apesar do empenho da avó e da tia em fazê-lo padre. Ary estudou, inicialmente, na escola pública Guido Solero. Depois de passar por várias escolas da zona da Mata, acabou concluindo o curso no Ginásio de Cataguases. Aos 15 anos, Ary compôs o cateretê "De longe" e a marcha "Ubaenses Gloriosos".

Aos 17 anos, em 1920, Ary recebeu de seu tio Sabino Barroso, ex-ministro da Fazenda, uma herança de 40 contos de réis e resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro. Lá, em 1921 , matriculou-se na Faculdade de Direito e acabou gastando sua herança nos melhores restaurantes, com as melhores bebidas e trajando as roupas mais elegantes (foto ao lado: Ivone Barroso, a companheira que segurava as pontas em casa).

Em 1922, reprovado na faculdade e já sem dinheiro, Ary teve de trabalhar, fazendo fundo musical para filmes mudos do cinema Íris, no Largo da Carioca.Como era bom pianista, em 1923 Ary passou a tocar com a orquestra do maestro Sebastião Cirino, na sala de espera do Teatro Carlos Gomes.

Em 1926 Ary voltou ao curso de Direito, porém sem deixar a atividade de pianista de lado. Como estava desempregado, Ary oferecia-se para tocar em bailes por um preço irrisório até que, em 1928, foi contratado pela orquestra do maestro Spina, de São Paulo, para uma temporada em Santos e Poços de Caldas. Foi nessa época que Ary resolveu dedicar-se à composição.

De 1928 são suas composições "Amizade", "Não vou lá", "Segura a fazenda", "O tal bichinho" e "Tu queres muito" e, ainda, "Amor de mulato", "Cachorro quente" e "Oh! Nina", em parceria com Lamartine Babo; "Mazinha", com Ari Kerner; "Meu pampa lindo", com Zeca Ivo; e "Não posso mais", com I. Kolman. Durante os oito meses de viagem, compôs várias músicas.

Em 1929 já de volta ao Rio de Janeiro, Ary deixou suas músicas na casa editora Carlos Wehrs, de onde duas - "Vamos deixar de intimidade" e "Vou à Penha" - foram levadas por Olegário Mariano e Luiz Peixoto para serem incluídas na revista 'Laranja da China', que era apresentada no Teatro Recreio. "Vamos deixar de intimidade" acabou sendo gravada por seu amigo e colega de faculdade Mário Reis, transformando-se no primeiro sucesso de Ary Barroso.

Em 1929 Ary concluiu seu curso de Direito e compôs, em parceria com Cardoso de Menezes e Bitencourt, "O amor vem quando a gente não espera" e em parceria com Olegário Mariano, "Tu qué tomá meu nome".

Ainda nesse ano Ary compôs os sambas "É banal", "Nini" e "Vá cumprir o teu destino", a valsa "Labaredas de amor" e a marcha "Dá nela", que, por incentivo de Eduardo Souto, foi inscrita no concurso de músicas carnavalescas da Casa Edison para o carnaval de 1930. A música obteve o primeiro lugar. Com o prêmio de 5 contos de réis, Ary pagou algumas dívidas. Com o que sobrou, pode se casar com Ivone Belfort de Arantes (foto: beijando Araci de Almeida, a grande intérprete de "Camisa amarela", 1953).

Ainda em 1930 Ary compôs as canções "Como se deve amá", "Quanto num chorei" e "Teus óio", a marcha "Eu sou do amor", o samba-canção "Fugiu, fugiu!" e os sambas "Oba!" e "Samba da gelatina" e também a marcha "Dona Alice" e os sambas "Juramento", "O nego no samba" e "Samba de São Benedito" em parceria com Marques Porto e Luiz Peixoto; o samba "No morro (eh! eh!)" e o foxtrote "Sapateado", em parceria com Luís Iglésias; o samba "Outro amor", em parceria com Claudionor Machado; e o samba "Você não era assim", em parceria com Aricles França.

Em 1931 Ary produziu várias composições para o teatro musicado, destacando-se "Faceira", lançada por Sílvio Caldas na revista 'Brasil do Amor', que estreou em maio, no Teatro Recreio (foto: Ary Barroso também foi radialista de jogos de futebol. Era a oportunidade de expressar sua enorme paixão por esse esporte e pelo Flamengo). Em junho, era encenada, no mesmo teatro, a revista "É do balacobaco", na qual estava incluída, entre outras, a música de Ary "Na grota funda", com letra do caricaturista J. Carlos. Na estreia estava presente Lamartine Babo que impressionado com a música, resolveu escrever outra letra para a melodia.

Nascia, assim, "No Rancho Fundo", lançado dias depois no programa que Lamartine comandava na Rádio Educadora do Rio de Janeiro. Ainda desse ano são suas composições "Bahia", "Batuque", "Benzinho", "Cavanhaque", "Deixa disso", "É bamba", "E do balacobaco", "É de outro mundo", "Não faz assim meu coração", "Por causa do boneco", "Rosalina", "Seu Manduca esfarrapado", "Sou da pontinha", "Tenho saudade", "Terra de laiá" e "Vai tratar da tua vida" e ainda "Gira", em parceria com Marques Porto; "Mão no remo", com Noel Rosa; "Não quero você" e "O sabiá de sinhá moça", com os Irmãos Quintiliano; "Nega baiana", com Olegário Mariano; "Quem me compreende", com Bernardino Vivas; "Sai, barbado", com Ainejeré; e "Sem querer...", com Marques Porto e Luiz Peixoto.

Orlando Silva e Ary no meio de populares e jornalistas. Era o encontro entre um dos intérpretes mais populares do país e o compositor que havia rompido nossas fronteiras e fazia sucesso nos EUA.

Em 1932, convidado por Renato Murce, Ary foi para a Rádio Philips. Começou como pianista e logo se tornou locutor, inclusive esportivo, humorista e animador. Apresentou-se no programa 'Horas de Outro Mundo' e no programa "Casé". Nesse mesmo ano ainda compôs "Aula de música", "De longe", "É mentira, oi", "Isso é xodó", "Malandragem", "Na Piedade", "Nosso amô veio dum sonho", "Pobre e esfarrapada", "Primeiro amor", "Um samba em Piedade" e "Sonhei que era feliz".

Em parceria com Luiz Peixoto, compôs "Maria"; com Haroldo Daltro, compôs "Menina que tem uma pose"; com Lamartine Babo, "Minha palmeira triste"; com Claudeniro de Oliveira ,"Não posso acreditar"; com Sílvio Caldas, "Pente fino"; com Norival de Freitas, "Recordações"; e com Luciano Perrone compôs "Vou deixá o batedô" (foto: a cantora Ângela Maria, que na década de 50, se lançou no mercado do disco gravando várias composições de Ary Barroso. Ela era uma de suas intérpretes favoritas).

De 1933 são suas composições "Amor fatal", "Cabrocha inteligente", "Eu vou pra Maranhão", "Falta de consciência", "Flor de inverno", "Quando a morte vem chegando" e "Segura esta mulher" e, ainda, "Nego também é gente", feita em parceria com De Chocalat, e "Zombando da vida", composta em parceria com Márcio Lemes Azevedo .

Em 1934, depois de ter ido à Bahia como pianista da orquestra de Napoleão Tavares, Ary criou, na Rádio Cosmos de São Paulo, o programa "Hora H". Nesse mesmo ano compôs "Anistia", "Bateram na minha porta", "Caco velho" "Cavalhada franciscana", "Correio já chegou", "Duro com duro", "É assim que se vai no arrastão", "Malandro sofredor", "Moçoró, minha nega", "Perdão", "Por especial favor", "Sentinela alerta" e "Tu". Também com Osvaldo Santiago, compôs "Balão que muito sobe"; com José Carlos Burle, "Caboca"; com Oduvaldo Viana, "Canção da Felicidade"; com Noel Rosa, "Estrela da manhã"; com Francisco Alves, "Meu Natal"; e com Luiz Peixoto, "Neném" e "Na batucada da vida", regravada por Elis Regina em 1974, contribuindo para tornar ainda mais amarga a mensagem da composição.

Em 1935 Ary Barroso levou o programa "Hora H" para a Rádio Cruzeiro do Sul, do Rio de Janeiro, e também estreou como locutor esportivo, auxiliando Gagliano Neto na transmissão de corridas de automóvel, no circuito da Gávea. Como locutor de futebol, Ary ficou famoso por tocar uma gaita de boca toda vez que era marcado um gol e também por sua parcialidade em favor do Flamengo.

As múltiplas atividades desenvolvidas não sufocaram o compositor Ary Barroso. Pelo contrário, ele ia se tornando um dos mais férteis autores da MPB, revelando novos sucessos a cada ano. Com Nássara, ele compôs "Dona Helena" e "Garota colossal"; com Lamartine Babo, "E o samba continua", "Grau dez" e "Na virada da montanha"; com Luiz Peixoto, "Por causa dessa cabocla"; e com Kid Pepe, compôs "Mulatinho bamba". Ainda em 1935, Ary Barroso compôs "ABC do amor", "Anoiteceu", "É pra frente que se anda", "Eu sonhei", "Foi ela", "Menina tostadinha", "Nosso ranchinho", "Os quindins de Iaiá", "Sobe meu balão" e "Inquietação", lançado por Sílvio Caldas naquele ano e regravado por Gal Costa em 1980. A extraordinária linha melódica de "Inquietação" é considerada uma das elaborações mais perfeitas de Ary Barroso.

Em 1936 Ary Barroso compôs as marchas "A casa dela", "Esta noite sonhei com você", "Paulistinha querida" e "Viu..." os sambas "Minha maior ilusão", "Sem ela", "Sonho de amor" e "Volta meu amor"; a batucada "Deve ser o meu amor" e, ainda, a marcha "Cachopa", em parceria com Luiz Peixoto; a marcha "Chiribiribi quá-quá", com Nássara; a marcha "Chopp em garrafa", com Bastos Tigre; e o "Hino do Colégio de Cataguases", com Tostes Malta.

Em 1937 Ary Barroso lançou o programa 'Calouros em Desfile', na Rádio Cruzeiro do Sul, que depois foi levado para a TV Tupi. Nesse programa Ary exigia que os candidatos cantassem somente música brasileira e que anunciassem corretamente o nome dos compositores. Na TV Tupi, Ary instituiu o gongo, tocado para desclassificar os candidatos muito ruins. Mas o gongo silenciou diante de nomes como Ângela Maria e Lúcio Alves, dois dos muitos grandes intérpretes que ali se lançaram. São também de 1937 suas composições "Confissão de amor", feita em parceria com Joraci Camargo; "Janjão e Zabé", em parceria com Paulo Roberto e, ainda, as composições "Amar", "Carioquinha brejeira", "Colibri", "Como vaes você", "Foi de madrugada", "Quem é o homem", "Uma futura lágrima", "Não se deve lamentar", "Novo amor", "Olha a lua" e "No tabuleiro da baiana", que foi composta para um espetáculo do Teatro Recreio, no Rio de Janeiro, e Ary acabou vendendo os direitos da composição para Jardel Jércolis, que a explorou em espetáculos teatrais. Mais tarde, quando esse 'samba-batuque' passou a ser sucesso no Cassino Atlântico, na interpretação de Grande Otelo e Déo Maia, Ary Barroso requereu e obteve judicialmente a propriedade da música.

Durante muitos anos Ary Barroso comandou um programa de calouros em diferentes rádios do Rio de Janeiro. Mas foi na rádio Tupi que o programa ficou mais conhecido e se tornou sucesso popular da época. Durante o show, Ary fazia soar um gongo, como sinal de que o candidato estava eliminado. 

Em 1938 Ary Barroso foi para a Rádio Tupi, onde atuou o comentarista, humorista, ator e locutor. Nesse ano ainda compôs, em parceria com Luís Iglesias, "Boneca de pixe"; com Alcir Pires Vermelho, "A casta Suzana" e "O meu dia há de chegar"; com Gomes.Filho, "A cigana lhe enganou"; e com Luiz Peixoto, "Quando eu penso na Bahia" (foto: durante muito tempo Ary Barroso, além de compositor, se dividiu entre o trabalho como cronista, roteirista de radionovelas, político e locutor de jogos de futebol).

São também de 1938 suas composições "Circo de cavalinhos", "Como as ondas do mar", "De déu em déu", "Ela sabe e não diz", "Escreva um bilhetinho", "Eu dei..." "Meu amor não me deixou", "Pois sim!,., pois não!", "Salada mista", "A única lembrança", "Vão pro Scala de Milão", "Você está aí pra isso?" e "Na Baixa do Sapateiro", que foi gravado por Carmen Miranda, mas só obteve sucesso no Brasil depois de ter chamado a atenção do mundo na trilha sonora do desenho 'Você já foi à Bahia?', de Walt Disney. Este samba-jongo deveria chamar-se 'Bahia', nome que Ary conservou nas edições estrangeiras, mas acabou por denominá-lo "Na baixa do sapateiro", para não confundir essa música com sua outra "Bahia", composta em 1931.

Em 1939 Ary Barroso lançou, no espetáculo 'Joujox et balagandans', de Henrique Pongetti, o samba "Aquarela do Brasil", iniciador do samba-exaltação, de melodia extensa e sempre apoiado em grande aparato orquestral - gênero que se acreditava destinado à conquista do mercado internacional da música popular; "Aquarela do Brasil" só teve sucesso depois da gravação feita por Francisco Alves. Ainda nesse ano, compôs, em parceria com Noel Rosa, "De qualquer maneira" e, em parceria com Alcir Pires Vermelho, "E a testa, Maria?", "Vingança" e "A vizinha das vantagens". São ainda de 1939 suas composições "Batalhão de amor", "Quando a noite é serena", "Viver assim não é vida" e "Camisa amarela", grande sucesso na gravação original, na voz de Araci de Almeida, sendo regravado, depois, pela própria Araci e por vários outros intérpretes.

Em 1940 Ary Barroso compôs os sambas "Deixa esta mulher sofrer", "Eu gosto de samba" e "Nunca mais"; as marchas "Iaiá Boneca" e "Upa, upa (Meu trolinho)" e a valsa "Mentira de amor" e, também, a marcha "Pega no pau da bandeira", em parceria com J. Castro; o samba "Se Deus quiser" e a marcha "Veneno", com Alcir Pires Vermelho; e o samba "Vespa", em parceria com Malfitano. Em 1943 compõe "Pra machucar meu coração" e "Terra seca" e as marchas "Cem por cento brasileiro" e "Quem cabras não tem...".

No início de 1944 Ary Barroso foi, pela primeira vez, aos Estados Unidos e compôs, para o filme 'Brasil', a música "Rio de Janeiro", que chegou a ser indicada para o Oscar. Também de 1944 são suas composições "Diz que dão", "Na parede da igrejinha" e "Olhos divinos". Nesse mesmo ano surgiu a Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores da Música - SBACEM, da qual Ary foi, praticamente, o primeiro presidente. Pelo trabalho que realizou em defesa do direito autoral, Ary foi aclamado Presidente de Honra e Conselheiro Perpétuo dessa entidade.

No final de 1944 Ary Barroso voltou aos Estados Unidos, onde permaneceu por oito meses, ganhando mil dólares por semana. Dessa vez compôs a canção-tema do filme 'Três Garotas de Azul'. Em 1945 Ary compôs, em parceria com Juan Daniel, a valsa "Cuatro palabritas". Ary voltaria ainda mais urna vez à América do Norte, em 1945, para musicar "O Trono das Amazonas", que teria 18 composições suas e que não chegou a ser encenado, porque o produtor faliu pouco antes da estreia.

Em 1946 Ary Barroso se candidatou a vereador no Rio de Janeiro, pela União Democrática Nacional e teve a segunda maior votação da Câmara de Vereadores do então Distrito Federal. Ary só perdeu para Carlos Lacerda. O talento de polemista de Ary e a mesma paixão com que irradiava partidas de futebol foram levados para a política. Sua grande batalha foi a do local onde seria construído o Maracanã. Carlos Lacerda queria que o enorme estádio fosse erguido na restinga de Jacarepaguá, mas Ary conseguiu que o local aprovado fosse o terreno do Derby Club. Para isso, Ary realizou diversas manobras: para conseguir o apoio da bancada majoritária, a do Partido Comunista Brasileiro, com 18 vereadores, Ary pediu, junto com João Lyra Filho, uma pesquisa ao IBOPE, cujo resultado apontou que 88% da população queria o estádio no terreno do Derby, onde, aliás, acabou sendo construído.

Também de 1946 são seus sambas "Assobia um samba" "Bahia imortal" e "Eu nasci no morro". Em 1947 Ary Barroso compôs o samba "Deixa o mundo falar" e a marcha "É pão, ou não é?". De 1948 são suas composições "Grave revelação", "Mal-me-quer, bem-me-quer", "Podes ir, meu amor", "Rio" e "Falta um zero no meu ordenado", esta em parceria com Benedito Lacerda (foto:Luiz Peixoto, parceiro frequente do compositor Ary Barroso).

Em 1950 aparecem os sambas "Aquarela mineira", "O Brasil há de ganhar", "Chama-se João", "Forasteiro" e "Vai de vez", as marchas "Flor tropical" e "No jardim dos meus sonhos" e ainda o samba "Carne seca com tutu", em parceria com Vilma Quantiere de Azevedo.

De 1951 são os sambas "Ai, Geni", "Iaiá da Bahia" e "Na beira do cais"; os choros "Chorando" e "Sambando na gafieira"; a marcha "O mar também conhece"; o samba-canção "Plena manhã" e, também, o samba-canção "Mentira", feito em parceria com Augusto Jaime de Vasconcelos, e o samba "Primavera", feito em parceria com Lúcia Alves Calão.

Ary Barroso sempre esteve em campo para promover a música brasileira. Em seus programas prestigiava os calouros que apresentavam canções do repertório nacional. Tinha horror aos acordes americanos em samba. Nas várias vezes em que esteve no exterior, preocupou-se em levar o samba autêntico. Quando, em 1952, compôs o samba-canção "Risque", teve de brigar para que não fosse gravado como bolero. A primeira gravação de "Risque" Foi de Aurora Miranda, irmã de Carmen Miranda; mas foi na voz de Linda Batista que o samba-canção teve sucesso Com Iraci N. Silva, Ary compôs, em 1952, o samba "Cruel resistência". Também de 1952 são suas composições "Fechei a página", "Flores mortas", "Laço branco", "Nada mais me consola", "O nosso amor morreu" e "Folha morta", gravado por Dalva de Oliveira para a Odeon, em Londres, e lançado no Brasil com sucesso imediato. Quatro anos mais tarde, "Folha morta" foi gravada por Jamelão, na Continental, reeditando o sucesso da música e confirmando, mais uma vez, o bem-sucedido de Ary Barroso no gênero samba-mórbido.

A princípio Ary Barroso não gostava da bossa nova, mas isso não o impediu de colocar "A felicidade", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, entre as dez melhores músicas populares de todos os tempos. Assim era Ary: impulsivo, orgulhoso, sempre pronto a criticar abertamente o que julgasse errado. Logo, seu encontro com o compositor Heitor Villa-Lobos só podia dar no que deu: briga. Num concurso de música, Villa-Lobos negou a Ary o primeiro lugar, que muitos achavam ser ele merecedor. Isso bastou para que rompessem relações. No dia 7 de setembro de 1955, Ary e Villa-Lobos se encontraram no Palácio do Catete, para receber a Ordem do Mérito, que lhes havia sido concedida pelo Presidente da República, Café Filho. Foi então que David Nasser, vencedor do concurso gerador do ressentimento, contou a Ary que havia ganhado o prêmio porque Villa-Lobos sabia das dificuldades que David atravessava na época e tinha resolvido ajudá-lo. Us dois gênios geniosos se abraçaram e acabou-se o desentendimento.

Ary e Villa-Lobos: grandes nomes recebendo a Comenda da Ordem do Mérito Nacional, em 1955.


Em 1957 Ary foi homenageado com o espetáculo 'Mr. Samba', do produtor Carlos Machado. Montado na boate Night and Day, do Rio de Janeiro, o roteiro do show sugeria sua biografia, utilizando suas próprias composições. Desse ano são suas composições "Colombinas fracassadas", "Grand monde do crioléu", "Mês de Maria", "Não quero mais", "Não quero saber", "Nega nhanhá", "Só", "Vem cá, Mané" e, ainda, "Vou procurar outro bem", em parceria com Nestor de Holanda e "É luxo só", em parceria com Luiz Peixoto.

Em 1958 Ary Barroso compôs os sambas "Essa diaba", "Eu fui de novo à Penha" e "Você fracassou" e a valsa "Sombra e luz". De 1959 é o samba-canção "Cantiga de enganar tristeza', composto em parceria com Tiago de Melo. Em 1960 Ary Barroso foi vice-presidente do departamento cultural e recreativo do Clube de Regatas Flamengo. São também de 1960 suas composições "Dois amigos", "Jogada pelo mundo" e "Pierrô" e, ainda, "Esquece" e "Samba no céu", feitas em parceria com Meira Guimarães e "Bebeco e Doca", em parceria com Luiz Peixoto.

Em 1961 Ary adoeceu de cirrose hepática e foi viver em um sítio em Araras, Rio de Janeiro. Mesmo assim, nesse ano, ainda compôs "Canção em tom maior", "Semente do amor", "Tufão" e "Quero voltar à Bahia", esta em parceria com Meira Guimarães.

Em 1962, parcialmente restabelecido, Ary retomou seu programa na TV Tupi, 'Encontro com Ary', transmitido aos domingos. Desse ano é sua composição "Balada da saudade" e as composições, em parceria com Vinícius de Moraes, "Em noite de luar", "Mulata no sapateado", "Rancho das namoradas" e "Já era tempo". Internado na Casa de Saúde São José, com nova crise de cirrose, Ary Barroso parecia recuperar-se no Natal de 1963. Mas sofreu uma nova crise e foi internado no Instituto Cirúrgico Gabriel de Lucena. Ary Barroso morreu pouco antes das 10 horas da noite de 9 de fevereiro de 1964. Mesmo depois de sua morte, Ary Barroso, o compositor brasileiro mais conhecido em seu país e fora dele, continua sendo gravado por grandes e famosos intérpretes, que reconhecem seu extraordinário talento.

Veja também:

Ary Barroso - Letras, cifras e gravações

Ary Barroso - Obra completa (relação das músicas)


Fonte: Memórias da MPB (Samira Prioli Jayme).

Noel Rosa - Obra Completa


Noel Rosa - Obra completa

A-B-Surdo (c/Lamartine Babo), marcha, 1930; A-E-l-O-U (c/Lamartine Babo), marchinha, 1931; Adeus (c/Francisco Alves e Ismael Silva), samba, 1932; Agora, samba, 1931; Alô, beleza, s.d.; Amar com sinceridade (c/Sílvio Pinto) samba, s.d.; Amor de parceria, samba-choro, 1933; Ando cismado (c/Ismael Silva), samba, 1933; Ao meu amigo Edgar (João Nogueira), samba, 1935/1976; Araruta (c/Orestes Barbosa), samba, 1932; Arranjei um fraseado, samba, 1933; Assim, sim (c/Francisco Alves e Silva), marcha, 1932; Atchim (c/Hamilton Sbarra), marcha, 1935/1969; Até amanhã, samba, 1933; Baianinha, choro, 1929; Balão apagado (c/Marília Batista), samba, 1936/1961; Belo Horizonte, paródia, 1935; Boa viagem (c/Ismael Silva), samba, 1934; Boas tensões (c/Arnold Glückmann), valsa, 1935; Bom elemento (c/Quidinho), samba, 1930; Brincadeira de roda, s.d.; Cabrocha do Rocha (c/Sílvio Caldas), samba, s.d.; Cadê trabalho? (c/Canuto), samba, 1932; Canção do galo capão, marcha-paródia, 1935; Cansei de implorar (c/Arnold Glückmann), samba, 1935; Cansei de pedir, samba, 1935; Canta Colombina (c/Jorge Faraj), 1935; Capricho de rapaz solteiro, samba 1933; Cem mil-réis (ou Você me pediu) (c/Vadico), samba, 1936; Choro, choro, s.d.; Chuva de vento, embolada, 1937; Cidade-mulher, marcha, 1936; Coisas do sertão, samba, 1929; Coisas nossas (ou São coisas nossas), samba, 1932; Com mulher não quero mais nada (c/Sílvio Pinto), samba, s.d.; Com que roupa?, samba, 1930; Condena o teu nervoso, paródia, 1935; Contraste, samba, 1933; Conversa de botequim (c/Vadico), samba, 1935; Cor de cinza, samba, 1933; Coração, samba, 1933; Cordiais saudações, samba, 1931; Cumprindo a promessa, 1925; Dama do cabaré, samba, 1936; De babado (c/João Mina), samba, 1936; De qualquer maneira (c/Ari Barroso), samba, 1933; Deixa de ser convencida (c/Wilson Batista), samba, 1935; Devo esquecer (c/Gilberto Martins), samba, 1930; Disse-me adeus, samba, 1935; Disse-me-disse, samba-choro, 1935; Dona Araci, marcha, 1930; Dona do lugar (c/Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; Dona do meu nariz, paródia, 1933; Dona Emília (c/Glauco Viana), marcha, 1930; É bom parar (c/Rubens Soares), 1936; É difícil saber fingir, s.d.; Envio essas mal traçadas, paródia, 1935; É peso, samba, 1932; É preciso discutir, samba, 1931; Escola de malandro (c/Ismael Silva e Orlando Luís Machado), samba, 1932; Espera mais um ano, samba, 1932; Esquecer e perdoar (c/Canuto), samba, 1931; Esquina da vida (ou Na esquina da vida) (c/Francisco Matoso), samba, 1933; Estamos esperando, samba, 1932; Estátua da paciência (c/Gerônimo Cabral), fox-trot, 1931; Este meio não serve (c/Donga), samba, 1936; 5 da manhã (c/Ari Barroso), samba, 1933; Eu agora fiquei mal (c/Antenor Gargalhada), samba, 1931; Eu não, preciso mais do seu amor, s.d.; Eu queria um retratinho de você (c/Lamartine Babo), samba, 1933; Eu sei sofrer, samba, 1937; Eu vi num armazém, paródia, 1935; Eu vou pra Vila, samba, 1930; Faz de conta que eu morri (c/Henrique Gonzales), s.d.; Faz três semanas, paródia, s.d.; Feitiço da Vila (ou Feitiço sem farofa) (c/Vadico), samba, 1934; Feitio de oração (c/Vadico), samba-canção, 1933; Felicidade (ou Que bom, felicidade que vai ser) (c/René Bittencourt), samba, 1932; Festa do céu, toada, 1930; Filosofia (c/André Filho), samba, 1933; Finaleto (c/Arnold Glückmann), samba canção, 1935; Fiquei rachando lenha (c/Hervé Cordovil), samba, 1934; Fiquei sozinha (c/Adauto Costa), marcha-rancho, 1931; Fita amarela, samba, 1933; Fita de cinema, 1935; Foi ele, paródia, 1935; Fui louco (c/Bide), samba, 1933; Fui uma vez, paródia, s.d.; Gago apaixonado, samba, 1930; A Genoveva não sabe o que diz, paródia, 1935; Gosto mas não é muito (c/Francisco Alves e Ismael Silva), marcha, 1931; Habeas-corpus (c/Orestes Barbosa), samba, 1933; Ingênua (c/Glauco Viana), valsa, 1930; Isso não se faz (c/Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; Já não posso mais (c/Canuto, Puruca e Almirante), samba, 1932; Já sei que tens novo amor (c/Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; João Ninguém, samba-canção, 1935; João teimoso (c/Marília Batista), samba, s.d.; O Joaquim é condutor (c/Arnold Glückmann), marcha, 1935; Julieta (c/Frazão), fox-trot, 1931; Juju, marcha, 1935; Lataria (c/João de Barro e Almirante), marcha, 1930; Leite com café (ou Morena ou loura) (c/Hervé Cordovil), samba, Linda pequena (c/João de Barro), marcha, 1934; Lira abandonada, canção, 1930; Madame honesta, s.d.; O maior castigo que eu te dou, samba, 1934; Mais um samba popular (ou Fiz um poema) (c/Vadico), samba, 1934; Malandro medroso, samba, 1930; Mão no remo (ou Iça a vela) (c/Ari Barroso), samba, 1931; Marcha da prima... Vera, 1934; Marcha do dragão (c/Vadico), 1936; Mardade de cabocla, canção sertaneja, 1931; Maria Fumaça, samba, 1936; Mas como... outra vez? (c/Francisco Alves), marcha, 1932; Mas quem te deu tudo isso?, 1937; A melhor do planeta (c/Almirante), samba, 1934; Menina dos meus olhos (c/Lamartine Babo), marcha, 1936; Mentir (ou Mentira necessária), samba, 1933, Mentiras de mulher, samba, 1932; Meu barracão, samba, 1933; Meu bem, samba, 1931; Meu sofrer (ou Queixumes) (c/Henrique Brito), canção, 1930; Minha viola, embolada, 1930; Morena sereia (c/José Maria de Abreu), marcha, 1936; Muito riso, pouco siso, s.d.; Mulata fuzarqueira (ou Fuzarqueira), samba, 1931; Mulato bamba (ou Mulato forte), samba, 1931; Mulher indigesta, samba, 1932; Na Bahia (c/José Maria de Abreu), samba, 1936; Não brinca não (ou E não brinca não), embalada, 1932; Não digas (c/Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; Não faz, amor (c/Cartola), 1932; Não há castigo (c/Donga), samba, 1932; Não me deixam comer, marcha, 1932; Não morre tão cedo!, s.d.; Não quero mais (c/Nonô), samba, 1933; Não resta a menor dúvida (c/Hervé Cordovil), marcha, 1935; Não tem tradução (ou Cinema falado), samba, 1933; Nega (c/Lamartine Babo), samba, 1931; Negócio de turco, paródia, s.d.; Nem com uma flor (c/Francisco Alves), samba, 1933; No baile da flor-de-lis, samba, s.d.; Nos três dias de folia, samba, 1937; Numa noite à beira-mar, valsa, 1936; Nunca dei a perceber (c/Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; Nunca... jamais, samba, 1931; Nuvem que passou, samba, 1932; Onde está a honestidade?, samba, 1933; O orvalho vem caindo (c/Kid Pepe), samba, 1933, Paga-me esta noite, paródia, 1934; Palpite (c/Eduardo Souto), marcha, 1932; Palpite infeliz, samba, 1935; Para atender a pedido, samba, s.d., Para bem de todos nós (c/Arnold Glückmann), marcha, 1935; Para me livrar do mal (c/Ismael Silva), samba, 1932; Pastorinhas (c/João de Barro), marcha-rancho, 1934; Pela décima vez, samba, 1935; Pela primeira vez (c/Cristóvão de Alencar), samba, 1936; Perdão, meu bem (c/Ernani Silva), samba, s.d.; Perdoa este pecador (c/Arnold Glückmann), fox-trot, 1935; Perna bamba (c/Renato Murce), samba, 1930; Pesado treze, paródia, 1931; Picilone, samba, 1931; Pierrô apaixonado (c/Heitor dos Prazeres), marcha, 1935; Por causa da hora, samba, 1931; Por esta vez passa, samba, 1931; Por você sou capaz, s.d.; Positivismo (ou Araruta) (c/Orestes Barbosa), samba, 1933; Pra esquecer, samba, 1933; Pra lá da cidade, s.d.; Pra que mentir? (c/Vadico), samba, 1934; Prato fundo (c/João de Barro), marcha, 1933; Prazer em conhecê-lo (c/Custódio Mesquita), samba, 1932; Precaução inútil, paródia, 1935; Pregando no deserto (c/Nonô), samba, 1933; Primeiro amor (c/Ernâni Silva), samba, 1932; Proezas de seu Fulano, s.d.; Provei (c/Vadico), samba, 1936; O pulo da hora (ou Que horas são?), samba, 1931; Qual a razão? (c/Hélio Rosa), s.d.; Qual foi o mal que eu te fiz? (c/Cartola), samba, 1932; Quando o samba acabou, samba, 1933; Quando pelas aulas ando, paródia, 1927; Quantos beijos (c/Vadico), samba, 1936; Que a terra se abra, paródia, 1935; Que baixo (c/Nássara), marcha, 1936; O que é que você fazia? (c/Hervé Cordovil), marcha, 1935; Que orgulho é este? (c/Alfredo Lopes Quintas), samba, s.d.; Que se dane (c/Jota Machado), samba, 1931; Queimei teu retrato (c/Henrique Brito), samba-canção, s.d.; Quem dá mais? (ou Leilão do Brasil), samba-humorístico, 1930; Quem não dança, samba, 1932; Quem não quer sou eu (c/Ismael Silva), samba, 1933; Quem parte, não parte sorrindo, s d., Quem ri melhor, samba, 1936; Quero falar com você (c/Lauro dos Santos), samba, 1932; Rapaz folgado, samba, 1933; A razão dá-se a quem tem (c/Francisco Alves e lsmael Silva), samba, 1933; Remorso, samba, 1934; Retiro de saudade (c/Nássara), marcha-rancho, 1934; Rir (c/Cartola e Francisco Alves), samba, 1932; Riso de criança (ou Seu riso de criança), samba, 1935; Roubou, mas não leva, paródia, 1935; Rumba da meia-noite (c/Henrique Vogeler), rumba, 1931; Saber amar (c/Alfredo Lopes Quintas), samba, 1935; Saí da tua alcova, canção, s.d.; Saí do presídio, s.d.; Salada russa (c/Renato Murce), embolada, 1930; Samba da boa vontade (c/João de Barro), samba, 1931; Se a sorte me ajudar (c/Germano Augusto Coelho), samba, 1934; Século do progresso, samba, 1934; Sei que vou perder (c/Alfredo Lopes Quintas e Nonô), samba, 1933; Seja breve, samba, 1933; Sem tostão (c/Artur Costa), samba, 1932; Seu Jacinto, marcha, 1933; Seu Zé, paródia, 1935; Silêncio de um minuto, samba, 1935; Sinhá Ritinha (c/Moacir Pinto Ferreira), canção sertaneja, 1931; Só pode ser você (ou Ilustre visita) (c/Vadico), samba, 1935; Só pra contrariar (c/Manuel Ferreira), samba, 1932, Só você, s.d.; O sol nasceu pra todos (c/Lamartine Babo), samba, 1933; Sorrindo sempre (c/Lauro dos Santos, Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; Suspiro (c/Orestes Barbosa), samba, s.d.; Tarzã, o filho do alfaiate (c/Vadico), samba-choro, 1936; Tenentes do diabo (c/Visconde de Bicuiba e Henrique Vogeler), marcha, 1932; Tenho raiva de quem sabe (c/Kid Pepe e Zé Pretinho), samba, 1934; Tenho um novo amor (c/Cartola), samba, 1932; Tipo zero, samba, 1934; Três apitos, samba, 1933; Triste cuíca (c/Hervé Cordovil), samba, 1934; Tudo nos une (c/Arnold Glückmann), marcha, 1935; Tudo pelo teu amor (c/Arnold Glückmann), samba-canção, 1935; Tudo que você diz, samba, 1933; Último desejo, samba, 1937; Uma coisa ficou (c/Hervé Cordovil), 1933; Uma jura que eu fiz (c/Francisco Alves e lsmael Silva), samba, 1932; Vagolino de cassino, paródia, s.d.; Vai haver barulho (c/Francisco Alves), samba, 1933; Vai haver barulho no chatô (c/Valfrido Silva), samba, 1933; Vai para casa depressa (ou Cara ou coroa) (c/Francisco Matoso), samba, 1933; Vaidosa, samba, 1931; Vejo amanhecer, samba, 1933; Verdade duvidosa, samba, s.d.; Vingança de malandro, samba-canção, 1930; Vitória (c/Nonô), samba, 1932; Você é um colosso (ou Pisando no meu calo), samba, 1934; Você foi meu azar (c/Artur Costa), samba, 1931; Você, por exemplo, marcha, 1933; Você sabe de onde eu venho?, paródia, 1928; Você só... mente (c/Hélio Rosa), fox-trot, 1933; Você vai se quiser, samba, 1936; Voltaste pro subúrbio (ou Voltaste), samba, 1934; Vou fazer um samba (c/Russo do Pandeiro), samba, 1934; Vou te ripá 1, samba, 1930; Vou te ripá 2, samba, 1930; O x do problema, samba, 1936; Yolanda, samba, 1935.

Veja também:





Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Noel Rosa - Letras, cifras e músicas



Noel Rosa - Algumas letras, cifras e gravações














































































Veja também:




Noel - O Feitiço da Vila


"Vila Isabel veste luto/ pelas esquinas escuto / violões em funeral/ choram bordões choram primas/ soluçam todas as rimas/ numa saudade imortal/ pelas ruas escondida/ cheia de crepes vestida/ a lua fica a chorar/ e por onde a lua chora/ goteja, goteja agora/ nos oitis do Boulevard/ adeus cigarra vadia/ que em toda a sua agonia/ cantava para morrer ..."


("Violões em funeral" - Sílvio Caldas/Sebastião Fonseca).

Noel Rosa era um pândego, quase um humorista, com suas letras irônicas, sarcásticas, quase satíricas. Nas décadas de 20 e 30, ele alegrará o bairro de Vila Isabel, a cidade do Rio de Janeiro e o Brasil. Sua música inovará e, ainda assim, será aceita até pelos conservadores, que não resistirão e deixarão um sorriso, ainda que leve, ir se formando nos lábios, quando o rádio tocar Gago Apaixonado, Que horas são? ou Com que roupa?.

Será um compositor popular, mas, talvez, a figura que melhor se encaixe a ele seja a de um palhaço. Palhaço daqueles que fazem questão de se maquiar colocando uma lágrima no rosto e, a partir dela, ir quebrando lentamente as resistências, ir conduzindo a imaginação de quem ouve, até que surja o sorriso.

A lágrima de Noel sempre esteve estampada em sua face. Surgiu em seu parto: uma operação difícil, resolvida a fórceps, que mobilizou dois médicos e teve como principal consequência uma fratura no maxilar inferior do bebê. Mas uma fratura que não foi percebida de imediato e que só seria notada meses depois, passado tempo demais para uma correção definitiva. A criança ficará marcada para o resto da vida. Porém, mais profunda que a deformação física, será a de formação no espírito. Noel carregará um grande complexo. A linha reta que une seu pescoço ao lábio inferior, quase sem a presença do queixo, será responsável por várias amarguras que o acompanharão por todos os caminhos da vida.

Nesse caminhos, Noel Rosa passará inúmeras vezes pelo bulevar 28 de setembro. Em 1932, esta já é a principal rua do bairro de Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro. Noel não passa despercebido. Ele tem as costas ligeiramente encurvadas, está sempre acompanhado de um violão e é assim que as pessoas que estão nos bares, nos botequins e nas portas de casas o reconhecem e o cumprimentam. E ele pára para conversar e alonga o tempo do trajeto, que o leva até o ponto do bonde e, de lá, para o Café Nice, no centro, ou para os bares e prostíbulos da Lapa ou do Mangue, na zona norte.

Em 1932, Noel Rosa já é um compositor popular. No carnaval passado, o de 1931, sua música Com que roupa? foi a mais executada. A partir daí, Noel incorporaria o bairro de Vila Isabel ao cenário artístico brasileiro. Ele mudou a vida daquela comunidade. Transformou aquelas ruas, casas, pessoas e botequins, tipicamente cariocas e de classe média, em imagens que passaram a povoar a imaginação coletiva brasileira a partir de 1929, quando, aos 19 anos, ele começou, efetivamente, a produzir música. Noel aos 21 anos já põe em prática um estilo de vida boêmio que o levaria ao sucesso e à fama, mas, aos poucos, também lhe tiraria a vida.

Noel já havia começado a fazer diferença no bairro onde nasceu e morou ainda na infância. Era uma criança inquieta, que sempre chegava em casa com as roupas rasgadas, o corpo suado das brincadeiras da rua. Sempre a rua, que seria mais seu lar que sua própria casa. Seria na rua que Noel construiria boa parte de sua personalidade. Ali, ele trataria com os personagens da vida cotidiana, humilde, miserável, fanfarrona e malandra do Rio de Janeiro de então. A criança, que desde cedo aprendera a conviver com o infortúnio do queixo, com o infortúnio do suicídio da avó enforcada numa arvore do quintal, o mesmo Noel que, anos mais tarde, enfrentaria um segundo suicídio: o de seu pai.

O artista abraçaria o mundo de Vila Isabel e, a partir dele, construiria um novo, no qual as formas se aproximariam do real mas seriam, de algum modo, mais fluidas. O malandro das ruas seria transformado por Noel em símbolo. Os olhos do artista se lançariam sobre o dia-a-dia e encontrariam as ironias, as anedotas, as brincadeiras, os amores e as desilusões de todo dia. Mas Noel Rosa era mesmo um pândego, incapaz de levar a vida dentro de padrões normais de bom comportamento da época. Quando fez dezessete anos, foi convocado pelo exército e serviu no Tiro de Guerra. Sua passagem pelos quartéis ficou marcada por várias repreensões, em função das paródias que ele costumava inventar para as quadrinhas cantadas durante as marchas.

Ainda no Colégio São Bento onde ele completou seus estudos de segundo grau, ficou famoso o episódio em que ele, Noel, seguia à frente de um desfile, comandando um pelotão de alunos. Ele marchava firme, com a espada desembainhada, apontada para o alto, e os colegas o acompanhavam. Mas, de repente, ele começou a dançar e a rebolar e os outros caíram na gargalhada e dispersaram a parada. Valeu uma suspensão.

Depois do exército, estava decidido a realizar o sonho de sua família e se tornar médico. Prestou o vestibular e não passou. No ano seguinte, tentou novamente e foi aprovado. Começou a cursar, mas nessa época, o samba já o absorvia por inteiro. Foi um período em que ele ficou em dúvida sobre que caminhos deveria adotar para continuar a vida. Pensava em se dividir, fazer medicina e continuar sambista. Mas, logo percebeu que a mistura era impossível. A Medicina foi abandonada, mas deixou lembranças, como a letra do samba Coração, uma música anatômica, como afirma o próprio Noel.

Essa mistura de deboche e inconsequência foi a marca, também, de seu casamento. Por volta de 1930, sua mãe, Dona Martha, já havia transformado a casa da família em uma escola e uma de suas alunas era uma garota chamada Lindaura. E tudo começou com Noel esperando por ela no final das aulas, a pretexto de acompanhá-la até em casa. Como todo namoro, evoluiu para as mãos dadas, os beijinhos e logo, mesmo contra a vontade da mãe de Lindaura, ela já estava casada aos 13 anos de idade. Casada com um Noel 11 anos mais velho que ela, já sambista, já boêmio. Lindaura conta que o casamento foi um misto de alguns momentos hilários e de muitos momentos tristes. Ela se lembra da vez em que os dois combinaram ir ao cinema no centro. Antes, decidiram parar numa leiteria para comer arroz doce. Sentado de frente para a rua, Noel logo avistou algum conhecido e saiu para conversar. Não voltou. Lindaura ficou lá, esperando, em vão, sem dinheiro nenhum para pagar a conta ou tomar o bonde. Foi socorrida pelo garçom que conhecia Noel e lhe emprestou o dinheiro. E ela voltou para casa, dez da noite — o que para os padrões da época era de madrugada —, decidida a nunca mais sair de casa com o marido.

Mas havia o outro lado de Noel. Que deixava versos e bilhetes de amor presos às cordas do violão, para que ela os encontrasse pela manhã, quando ele ainda não havia chegado em casa vindo da noite de boemia. A mesma noite e a mesma boemia que, misturadas ao álcool, foram alguns dos responsáveis por seus pulmões perfurados pela tuberculose, que acabaria levando-o à morte, quando tinha apenas 26 anos, quatro meses e vinte e três dias. Essa foi sempre a marca de Noel. Sua criação não requeria uma condição especial. À noite, a bebida e a poesia iam se misturando e se transformando em canções. Não havia rituais. Sua música não pedia estados de torpor, adormecimento ou euforia. Seus elementos eram outros. E, talvez, tivessem como únicos requisitos o lugar: era na rua que eles surgiam e era nos botequins que eles cresciam e ganhavam a cidade.

No caso de Noel, a música brotava espontaneamente. As sim, quase a esmo. Era uma atividade tão corriqueira quanto conversar com os amigos. Começava cantarolando, as palavras iam se misturando aos sons e pronto! Mais um samba estava terminado. Para Noel, a música sempre foi uma solução. Era a música que lhe aliviava a carga da deformação na face, lhe garantia acesso fácil às mulheres, que, de outra maneira, poderiam desprezá-lo. Era a música que garantia uma certa complacência da família para com seu comportamento até certo ponto irresponsável e lhe abria espaços no meio da sociedade de então. Era por meio da música que ele dava vazão à sua personalidade irreverente e ambígua. Noel Rosa era aquele tipo especial de pessoa que carrega uma tristeza nos olhos mas consegue melhorar um pouco a vida dos que estão em volta.

A trajetória de Noel foi um caminho de duas vias. De um lado, o trágico de sua vida pessoal. De outro, a alegria dos versos e das músicas. Quando ele morreu, já havia virado mito, estava cravado no imaginário popular e suas músicas faziam coro na memória das pessoas. E na memória da MPB.

Veja também:





Fonte: MPB Compositores - Fascículos - Noel Rosa - Ed. Globo, 1996.

Noel Rosa - Biografia


Noel Rosa mudou os rumos da Música Popular Brasileira. Colocou na medida exata, o peso da poesia nas composições. Tudo o que aconteceria em nossa música nas décadas seguintes teria, de alguma forma, sua marca ou sua influência.


Noel de Medeiros Rosa nasceu no chalé da rua Teodoro Silva, em Vila Isabel (RJ), no dia 11 de dezembro de 1911 e lá morreu, em 4 de maio de 1937. Filho de Manoel Garcia de Medeiros Rosa, funcionário público, e de Martha de Medeiros Rosa, professora que o iniciou nas primeiras letras na escolinha que mantinha na sua própria casa. Nasceu de um parto muito difícil, arrancado a fórceps sofreu afundamento e fratura do maxilar o que lhe causou uma paralisia parcial no lado direito do rosto, como consequência carregou o defeito no queixo, o qual acentuava nas suas auto-caricaturas, ao mesmo tempo que manteve-se sempre tímido em público, evitando ser visto comendo.

Quando ainda era pequeno, o pai foi trabalhar em Araçatuba (SP) como agrimensor numa fazenda de café. A mãe abriu uma escola em sua própria casa, no bairro de Vila Isabel, sustenta do assim os dois filhos — o menor, Henrique, nascera em dezembro de 1914. Foi alfabetizado pela mãe e, aos 13 anos, entrou para o colégio Maisonnette, cursando depois o São Bento, onde ficou até 1928, conhecido pelos colegas como Queixinho.

Aos 13 anos, começou a tocar bandolim de ouvido, logo passando para o violão, que aprendeu com o pai e com amigos de casa: seu primo Adílio, Romualdo Miranda, Cobrinha e Vicente Sabonete, entre outros. Por 1925, já dominando o instrumento, tocava em serenatas do bairro acompanhado pelo irmão.

Em 1929, terminado o ginásio, preparou-se para entrar na Faculdade de Medicina, sem deixar de lado o violão e as serenatas. Em Vila Isabel, estudantes do Colégio Batista e moradores do bairro haviam formado um conjunto musical, o Flor do Tempo, que se apresentava em festas de família. Convidados a gravar em 1929, o grupo foi reformulado, com o novo nome de Bando de Tangarás (figura ao lado: charge de Nássara dos Tangarás), conservando João de Barro, Almirante, Alvinho e Henrique Brito, componentes da primitiva formação, e incluindo-o, pois, embora jovem, era conhecido no bairro como bom violonista.

Participou assim das primeiras gravações do Bando de Tangarás, o samba Mulher exigente, seguido de uma embolada e um cateretê (todos de Almirante). No mesmo ano escreveu suas primeiras composições, a embolada Minha viola e a toada Festa no céu, que gravou em 1930 nas duas faces de um 78 rpm da Parlophon. Compôs ainda, em 1931, duas canções sertanejas, Mardade de cabocla e Sinhá Ritinha (com Moacir Pinto Ferreira); decidiu-se depois, definitivamente, pelo samba.

Frequentando o Ponto de Cem Réis, bar de Vila Isabel, entrou em contato com sambistas dos morros cariocas. Entre eles conheceu Canuto, do morro do Salgueiro, seu parceiro em algumas composições, como o samba Esquecer e perdoar, de 1931, e intérprete das primeiras gravações deste e de Eu agora fiquei mal (com Antenor Gargalhada); este último parceiro era o principal dirigente da Escola de Samba Azul e Branco, do Salgueiro. Dividindo-se entre a música e a medicina, Noel freqüentava a faculdade, que abandonou em 1932, restando dessa experiência de estudante o “samba anatômico” Coração, gravado no ano seguinte.

Em 1930 surgiu seu primeiro sucesso, o samba Com que roupa? apresentado pelo autor em espetáculos do Cinema Eldorado, e que já trazia na letra a observação crítica e humorística da vida carioca que marcaria toda a sua obra. No ano seguinte, essa música entrou em diversas revistas, entre as quais Deixa esta mulher chorar (dos irmãos Quintiliano), Com que roupa? (de Luís Peixoto) e Mar de rosas (de Velho Sobrinho e Gastão Penalva).

Ainda em 1931, lançou diversos sambas, entre os quais Mulata fuzarqueira, Cordiais saudações e Nunca... jamais e conheceu Marília Batista, que se tornaria sua intérprete favorita. Por essa época várias composições suas foram aproveitadas em revistas musicais: por exemplo, em Café com música, de Eratóstenes Frazão, apareceram os sambas Eu vou pra Vila, Gago apaixonado, Malandro medroso e Quem dá mais? (ou Leilão do Brasil), e a marcha Dona Araci; em Mar de rosas, de Gastão Penalva e Velho Sobrinho, os sambas Cordiais saudações, Mulata fuzarqueira e Mão no remo (com Ary Barroso).

Ainda como componente do Bando de Tangarás, estreou na Rádio Educadora; depois de passar pela Mayrink Veiga, nesse ano de 1931 atuou na Rádio Philips, em que trabalhou como contra-regra do Programa Casé, apresentando-se também como cantor, ao lado de Almirante, Patrício Teixeira, Marília Batista e João de Barro. Formando com Lamartine Babo e Mário Reis o conjunto Ases do Samba, apresentou- se em São Paulo SP; o sucesso obtido animou-o a excursionar ao Sul do país, com Mário Reis. Em Porto Alegre RS exibiram-se no Cine Teatro Imperial com Francisco Alves, o pianista Nonô e o bandolinista Peri Cunha. Voltaram ao Rio de Janeiro em junho de 1932, depois de apresentações em cidades gaúchas, Florianópolis SC e Curitiba PR.

Convidado por Francisco Alves, passou a integrar, juntamente com Ismael Silva, um trio que participou de diversas gravações na Odeon, usando os nomes de Turma da Vila, Gente Boa e Bambas do Estácio. Formaram também uma tripla parceria, na qual, segundo consta, Francisco Alves teria entrado sobretudo com seu prestígio de cantor, embora seu nome apareça como co-autor, sendo as primeiras, surgidas em 1932, os sambas Adeus e Uma jura que fiz, e a marchinha Assim, sim!. Somente com Ismael Silva, lançou 11 composições, entre as quais os sambas Para me livrar do mal (1932), Ando cismado (1933) e Quem não quer sou eu (1933), gravando com ele diversas dessas composições na Odeon.

O ano de 1932 marcou ainda o início de outra parceria responsável por sucessos antológicos, iniciada quando conheceu na Odeon o compositor paulista Vadico. Juntos fizeram Feitio de oração (1933), Feitiço da Vila (1934), Conversa de botequim (1935) e muitas outras, em que apareceu como letrista.

O ano de 1933 é dos mais fecundos da vida do compositor, registrando mais de 30 músicas gravadas. Além dos sucessos carnavalescos Até amanhã, Fita amarela e Vai haver barulho no chatô (com Valfrido Silva), outras produções importantes desse ano foram os sambas Onde está a honestidade?, O orvalho vem caindo (com Kid Pepe), Três apitos e Positivismo (com Orestes Barbosa).

No mesmo ano teve início a polêmica com Wilson Batista, em torno da qual seriam produzidos diversos sambas famosos: Lenço no pescoço (Wilson Batista) fazia a apologia do sambista malandro, imagem que contestou com Rapaz folgado; Wilson Batista retrucou com Mocinho da Vila, encerrando a primeira fase da polêmica, que continuou depois de algum tempo com novos sambas de parte a parte.

Em 1934 excursionou com Benedito Lacerda, Russo do Pandeiro, Canhoto e outros componentes do grupo Gente do Morro. De volta ao Rio de Janeiro, em junho de 1934 conheceu num cabaré da Lapa a dançarina Ceci (Juraci Correia de Araújo), de 16 anos (foto ao lado), a grande paixão de sua vida e a inspiradora de muitos sambas: Pra que mentir (com Vadico), O maior castigo, Só pode ser você (com Vadico), Quantos beijos (com Vadico), Quem ri melhor, Cem mil réis (com Vadico) e Dama do cabaré e Último desejo. Ainda em 1934 a marcha Linda pequena (com João de Barro) foi gravada por João Petra de Barros; a música, com a letra ligeiramente alterada por João de Barro, foi gravada depois por Sílvio Caldas com o nome de Pastorinhas, vencendo o concurso carnavalesco de 1938, promovido pela prefeitura do então Distrito Federal.

Apesar da notória paixão por Ceci, casou com Lindaura, em 1934. Essa união não alterou em nada sua vida boêmia e as noitadas na Lapa, que acabaram por comprometer sua saúde. Em janeiro de 1935, com lesão nos dois pulmões, foi obrigado a se retirar do Rio de Janeiro para tratamento, indo para Belo Horizonte MG, onde continuou a boêmia, frequentando bares e o meio artístico da cidade, e apresentou-se na Rádio Mineira. Com a morte do pai no mesmo ano, voltou para o Rio de Janeiro.

Ainda em 1935, Araci de Almeida gravou seu samba Riso de criança, dando início a uma série de gravações que a tornaram uma de suas principais intérpretes. Ingressou então na Rádio Clube do Brasil, onde elaborou o programa humorístico Clube da Esquina, para o qual escreveu revistas radiofônicas que alcançaram sucesso: O barbeiro de Niterói, paródia da ópera II Barbieri di Siviglia, de Gioacchino Rossini (1792-1868), e Ladrão de galinha, em que utilizou músicas populares da época, além de A noiva do condutor, terminada em 1936 pelo maestro Arnold Glückmann, autor dos arranjos. Foi convidado pela produtora Carmen Santos para escrever músicas para o filme Cidade-mulher, dirigido por Humberto Mauro; e compôs então a marcha Cidade-mulher, a valsa Numa noite a beira-mar e os sambas Dama do cabaré, Maria Fumaça, Morena sereia (com José Maria de Abreu) e Tarzan (O filho do alfaiate) (com Vadico).

Prosseguia a polêmica com Wilson Batista, que lançou Conversa fiada, respondendo ao seu Feitiço da Vila (com Vadico), de 1934; contra-atacou com Palpite infeliz (1935), mas não respondeu a dois outros sambas, Frankenstein da Vila e Terra de cego.

Da produção de 1935 destacam-se ainda os sambas João Ninguém, Cansei de implorar (com Arnold Glückmann), Conversa de botequim (com Vadico) e a marcha Pierrô apaixonado (com Heitor dos Prazeres). Em 1936 produziu uma única composição, o samba Você vai se quiser, que gravou em dupla com Marília Batista, e que foi um de seus grandes êxitos naquele ano, ao lado de O 'x' do problema, gravado por Araci de Almeida e incluído na revista Rio follie (Jardel Jércolis, Geysa Boscoli e J. Otaviano) e De babado (com João Mina), gravado por Marília Batista. Ainda em 1936, Não resta a menor dúvida (com Hervé Cordovil) e Pierrô apaixonado foram incluídas na trilha sonora do filme Alô, alô, Carnaval, de Ademar Gonzaga.

Em fevereiro de 1937, viajou para Nova Friburgo RJ. Apesar da doença, apresentou-se no cinema local e freqüentava os bares da cidade. De volta ao Rio de Janeiro em março, compôs Último desejo (gravado por Araci de Almeida), e logo em seguida o samba Eu sei sofrer, sua última composição, gravada por Araci de Almeida e Benedito Lacerda exatamente no dia de sua morte.

Em abril viajou novamente, para Barra do Piraí RJ, mas voltou às pressas, em estado muito grave. A 4 de maio morreu em Vila Isabel, aos 26 anos, deixando 230 composições (mais as que vendeu).

Lindaura chora sobre o túmulo de Noel logo após o sepultamento, em 1937. O mito nunca morreu no meio do povo, mas partiu deixando uma grande lacuna na vida de sua jovem viúva.


Veja também:

Noel Rosa - O Feitiço da Vila

Mais detalhes da vida de Noel Rosa e de Vila Izabel.

Noel Rosa - Algumas letras, cifras e músicas

Algumas das músicas de Noel, letras, cifras e gravações antigas.

Noel Rosa - A Obra Completa

Relação das músicas em ordem alfabética de Noel, de seus parceiros, constando o ano da composição.


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha - São Paulo, 1998; MPB Compositores - Noel Rosa - Editora Globo.