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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sorrir dormindo

Gilberto Alves
Sorrir dormindo (Por que sorris?) (valsa, 1911) - Juca Kalut - Versos de: Catulo da Paixão Cearense

Disco selo: Favorite Record / Título da música: Sorrir dormindo (Por quê sorris?) / Juca Kalut (Compositor) / Banda da Casa Faulhaber / Cia. (Intérprete) / Nº do Álbum: 1-452131 / Nº da Matriz: 11353-o- / Data do lançamento: 1911 / Gênero musical: Valsa / Coleção de Origem: Nirez D



Em 1962, a canção Por que sorris?, foi relançada por Gilberto Alves no LP Gilberto Alves de Sempre, gravadora Copacabana (CLP 11268). Ainda em 1969 outra edição agora pela gravadora Som (SOLP 40162):

LP Gilberto Alves De Sempre / Título da música: Por Que Sorris / Juca Kalut (Compositor) / Catulo da Paixão Cearense (Compositor) /Gravadora: Copacabana / Álbum: CLP 11268 / Ano: 1962 / Gênero musical: Valsa



Mas por que sorris / De me ver assim chorando?
Sorris porque não sou feliz / E não mereço teu amor
Gostas de brincar com a dor / E gostas de zombar das dores
Ri de mim, assim / Com teus gestos sedutores
Podes rir assim de mim.

Mas do som, mas sabor / Tem sempre o amor
Demais amargor / Oooooh.... ri... ri de mim!
É uma glória viver / A rir desta dor
Que também, sorri / Que se sente prazer de feliz
Que vê, / Ri que tu és a pureza
É o anjo / A beleza / Não sabe gemer

Feliz quando / O trovador na lira chorando 
Tem o coração / Nos grilhões das prisões 
Do amor são as dores / a extrema 
A inspiração dos cantores / Desejo assim findar 
Cantando os meus amargores / com os teus primores rimar...

Ri de mim, assim / Com teus gestos sedutores
Podes rir assim... / De mim...


Luís de Souza

Luís de Sousa (Joaquim Luís de Sousa - 1865 / 1920 - Rio de Janeiro, RJ), compositor, instrumentista e pistonista, começou a estudar trompete no Ceará, com o mestre de banda Soares Barbosa, e chegou a ser contramestre da Banda do 23º Batalhão de Caçadores de Fortaleza (CE).

Por volta de 1904, frequentava a casa Cavaquinho de Ouro, na Rua do Ouvidor, centro do Rio de Janeiro onde era acompanheiro de importantes chorões da época como Anacleto de Medeiros, Irineu de Almeida, Juca Kalut, e outros. Foi integrante do famoso Rancho Ameno Resedá. Foi diretor do Grupo Luís de Sousa, conjunto instrumental que gravou vários discos pela Odeon no começo do século passado.

Por volta de 1905, sua valsa Clélia, ainda sem a letra de Catulo da Paixão Cearense com a qual ficou conhecida, foi gravada na Odeon pela Banda da Casa Edson. Por volta de 1910, a mesma valsa foi gravada pela Banda da Casa Faulhaber & Cia. Recebeu ainda uma gravação da Banda da Força Policial em disco Columbia.

Por volta de 1907, a canção Missa de amor, com letra de Catulo da Paixão Cearense, foi gravada na Odeon pelo cantor Mário Pinheiro. Por essa época, fez várias gravações na Odeon com seu grupo incluindo o xote Nair, de Catulo da Paixão Cearense e Edmundo Otávio Ferreira, além de choros e valsas como A mulata e Iluminada, provavelmente de sua autoria já que não havia qualquer indicação de autores nos selos dos discos. Por essa época, sua valsa Clélia com letra de Catulo da Paixão Cearense, tornou-se a modinha Ao desfraldar da vela sendo gravada na Odeon por Mário Pinheiro.

Em 1913, voltou a gravar com seu grupo registrando os xotes Mercedes, de Luiz Faria, e Meu ideal, de Irineu de Almeida. Dirigiu também o Quarteto Luis de Souza que ainda em 1913, gravou a valsa Guiomar e as polcas Angelina e Enedina, de Artur Ayrão. Gravou também com seu grupo pela Columbia registrando a polca Isto não é vida, de Felisberto Marques, a valsa O regato, de Catulo da Paixão Cearense, as polcas Amenade e Jurandi, de Albertino Pimentel, e a valsa Em ti pensando, de J. Belizário.

Sobre ele, assim escreveu Alexandre Gonçalves Pinto:

"Pistom dos mais chorões que até hoje ainda ocupa o primeiro lugar entre todos os chorões. O seu pistom tinha a magia das grandes melodias, tocava com sentimento e perfeição de um sopro e mecanismo que só ele possuía, por isso era muito distinguido".

Já Catulo da Paixão Cearense assim o descreveu:

"Foi o mais gigantesco e mimoso pistonista que tive a glória de ouvir até o momento em que escrevo estas linhas. Anacleto de Medeiros no saxofone, Irineu de Almeida, oficlide, Lica, no bombardino, Pedro Augusto, no clarinete; e Luís de Sousa, no pistom, em uma serenata plenilunar, era a maior homenagem que a noite poderia receber de corações humanos."

Obras

Ao desfraldar da vela (c/ Catulo da Paixão Cearense); Carroca; Clélia (c/ Catulo da Paixão Cearense); Georgina; Mimo; Missa de amor (c/ Catulo da Paixão Cearense).

Fontes: Enciclopédia Crevo Albin da MPB; O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - Rio de Janeiro, 1936 (Alexandre Gonçalves Pinto).

quinta-feira, 9 de março de 2006

Juca Kalut

Juca Kalut (José Lourenço Vianna), também conhecido como José Kallut, compositor, nasceu no Rio de Janeiro em 05/11/1857 e faleceu em 22/10/1922. Carteiro frequentava o grupo Cavaquinho de Ouro, na Rua da Carioca, 40, onde se reuniam os chorões das duas primeiras décadas do século XX, entre os quais Villa-Lobos, Quincas Laranjeiras, Mário Cavaquinho, Anacleto de Medeiros e Luís de Souza.

Catulo da Paixão Cearense fez vários versos para algumas de suas composições. Em 1912, sua valsa "Sorrir dormindo", foi gravada na Odeon pela Banda da Casa Edson. No mesmo ano, foi registrada, também na Odeon, por Artur Camilo ao piano e G. de Almeida na flauta. Suas canções "Por que sorris?" e "Por que fui poeta?", com versos de Catulo da Paixão Cearense, foram gravadas por Vicente Celestino na Odeon.

Em 1962, a canção Sorrir dormindo (Por que sorris?), com Catulo da Paixão Cearense foi relançada por Gilberto Alves no LP "Gilberto Alves de sempre" lançado pela gravadora Copacabana. Professor de música, faleceu no subúrbio carioca de Cascadura.

Obras

Campestre (ou O meu mistério, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), xótis, s.d.; Camponesa, valsa, s.d.; Ceci (ou Só no Céu, c/versos de Catulo da Piaxão Cearense), valsa, s.d.; Extremosa, polca, s.d.; Por que sorris, valsa, s.d.; Luísa (ou Por que eu fui poeta, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), mazurca, s.d.; A rola (ou O meu mistério, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), xótis. s.d.; Sorrir dormindo, valsa, s.d.; Ziquinha, polca, s.d.

Juca Kalut

"Juca Kalut, imensurável artista, que a minha pena treme ao trazer aqui o nome deste afamado professor. É impossível descrever aqui, o apogeu deste grande mestre, pois a beleza e os sentimentos dos choros que ele escreveu, com arte e bom gosto que tinha pela música, muito o elevaram no conceito de outros grandes músicos e professores. Era respeitado. Kalut morava em Jacarepaguá, onde foi sempre sua moradia, deixou uma grande bagagem musical; composições sublimes, cada qual era um mundo de inspirações. Catullo Cearense, Hermes Fontes, e outros poetas de valor aproveitaram suas composições em que escreveram belíssimos poemas. São de sua lavra as valsas: "Camponesas”, “Sorrir Dormindo”, “Irene" e muitas outras belíssimas composições. Kallut era exemplar chefe de família e amigo dedicado, foi ótimo funcionário e aposentou-se no cargo de carteiro de 1ª classe.

Adorava seus filhos a quem tratava com o maior desvelo educando-os com o maior carinho, apesar de sua dificuldade monetária, não olhando sacrifícios. Morreu há poucos anos. Com a morte de uma sua filha, muito se apaixonou, pois tinha dado uma educação aprimorada, não só nas letras como na música, pois já era uma maestrina. Morreu, como também seu pai. Ainda hoje o nome de Kalut, é lembrado como lídimo expoente da música, e também pelo seu fino trato, pelo bom gosto de suas composições, e assim deixou um claro bem custoso de preencher, deixando imorredouras saudades que somente a própria morte apagará" (O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - Rio de Janeiro, 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto).


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Ed. e PubliFolha; O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - RJ, 1936; Correio da Noite, de 05/11/1913.

Quincas Laranjeiras


Quincas Laranjeiras (Joaquim Francisco dos Santos), violonista e compositor, nasceu em Olinda, PE, em 08/12/1873, e faleceu no Rio de Janeiro em 04/02/1935. Filho de José Francisco dos Santos e de Flausina Maria dos Santos, veio para o Rio de Janeiro com apenas seis meses de idade. Seu pai era carpinteiro de profissão, embora gozasse fama de bom violeiro.


Com 11 anos, foi trabalhar na Fábrica de Tecidos Aliança, em Laranjeiras, bairro onde morava desde sua chegada à cidade. Daí a origem de seu apelido. Iniciou seus estudos musicais com João Elias, professor e regente da Banda da Fábrica, como estudante de flauta, passando em seguida ao violão.

Em 1889, tornou-se funcionário da antiga Inspetoria de Higiene e Assistência, posteriormente Departamento Municipal de Assistência. Aposentou-se em 1925, sendo saudado por seu chefe pelos "bons serviços, prestados com zelo, dedicação e escrupulosa honestidade". Em 1926 passou a residir na Rua Nascimento Silva, em Ipanema.

Frequentava a Casa de Música Rabeca de Ouro, instalada na Rua da Carioca, onde travou conhecimento com os grandes violonistas da época. Junto a outros colegas do instrumento, colaborou para a fundação e organização da Estudantina Arcas, onde passou a lecionar violão.

Destacou-se como violonista da orquestra da Estudantina Euterpe, formada à base de instrumentos de corda. Participou do grupo que se reunia no Cavaquinho de Ouro situado na atual Rua da Carioca, do qual faziam parte Heitor Villa-Lobos, Anacleto de Medeiros, Zé do Cavaquinho, Juca Kalut, João Pernambuco, Irineu de Almeida, entre outros.

Foi uma das figuras de destaque da orquestra do Rancho Ameno Resedá. Além de acompanhador, foi solista do instrumento, tendo estudado e executado obras de Carcassi, Carulli, marcando uma atuação mais voltada para o violão clássico. Acredita-se que tenha sido o introdutor do ensino de violão por música no Rio de Janeiro, utilizando o Método de Dionísio Aguado. Posteriormente, foi um grande divulgador do método "A escola de Tárrega". Dentre seus alunos, destacam-se Levino Albano da Conceição, José Augusto de Freitas e Antônio da Costa Rabello.

Em 1928, passou a colaborar com a revista " O Violão", apresentando nos dois números iniciais arranjos para violão das obras "A casinha do meu bem" e "Casa de caboco", de Hekel Tavares e Luiz Peixoto. Sua composição mais conhecida, a valsa "Dores d'alma", é um exemplo pioneiro na utilização do arraste - efeito resultante do deslizar de um dedo sobre a corda grave do violão - e que será popularmente conhecido com a interpretação de Dilermando Reis.

Participou ao lado de Sátiro Bilhar, Chico Borges, Mário Cavaquinho, Irineu de Almeida, entre outros, da serenata em homenagem a Santos Dumont, organizada por Eduardo das Neves em 7 de setembro de 1903. Convidado por Catulo da Paixão Cearense, participou como seu acompanhador do concerto realizado no Instituto Nacional de Música, apresentando-se também como solista. Em sua casa na Rua Nascimento Silva, em Ipanema, reunia alunos e amigos dentre os quais Patrício Teixeira, João Pernambuco e José Rebelo da Silva. Obras: Andantino, Dores d'alma, Prelúdio em ré menor, Sabará, Sonhos que passam.

Quincas Laranjeira


1919: Quincas (sentado com o violão), ao lado de Catulo Cearense (de pé) - Acervo Biblioteca Nacional.


"Quincas Laranjeira era bom amigo, exímio violonista, grande artista, modesto e atencioso, de maneiras esplendorosas, por isso tinha em cada colega do choro um verdadeiro admirador de suas excelentes qualidades. Como funcionário Municipal, era fiel cumpridor de seus deveres, na qualidade de porteiro de higiene, atendia o público com presteza e a delicadeza que lhe era peculiar. Aposentou-se no posto de escriturário, era primus interpari no circulo dos grandes chorões de violão, como executor e professor era valorizado, que digam os seus inúmeros discípulos que tanto o consideravam pela maneira afável que dispensava aos seus alunos, ele deixou muitas produções.

Quincas Laranjeira, sempre teve a sua época e finalmente desapareceu do meio de seus amigos e dos chorões da velha guarda, sem que a nossa imprensa lhe prestasse as honras que merecia, partindo com ele todas as suas ilusões de um artista que elevou o seu nome e de seu instrumento o violão, que teve nele um pedestal de glórias.

Quincas foi o continuador de Catullo, nos salões aristocráticos do violão, elevando-o até ao Conservatório de Música para depois ser conquistado pela nata social, onde o violão tem primazia quando manejados por tocadores do quilate de Quincas Laranjeira" (O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - Rio de Janeiro, 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto).


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - São Paulo, 2000 - SP; O Choro - Reminiscências dos Chorões Antigos - Rio de Janeiro, 1936 - Alexandre Gonçalves Pinto.