quarta-feira, 19 de abril de 2006

Maringá

É comum no mundo inteiro cidades emprestarem seus nomes a canções. Difícil é uma canção inspirar o nome de uma cidade, como foi o caso de "Maringá". O fato ocorreu em 1947, quando Elizabeth Thomas, esposa do presidente da Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná, sugeriu que a composição desse nome a uma cidade recém-construída pela empresa, e que em breve se tornaria uma das mais prósperas do estado.

O curioso é que a canção jamais teria existido se seu autor Joubert de Carvalho (foto ao lado) não fosse, quinze anos antes, um freqüentador assíduo do gabinete do então ministro da viação, José Américo de Almeida.

Joubert, formado em medicina, pleiteava uma nomeação para o serviço público. Numa dessas visitas, aconselhado pelo oficial de gabinete Rui Carneiro, o compositor resolveu agradar o ministro, que era paraibano, escrevendo uma canção sobre o flagelo da seca que na ocasião assolava o Nordeste.

Surgia assim a toada "Maringá", uma obra-prima que conta a tragédia de uma bela cabocla, obrigada a deixar sua terra numa leva de retirantes. Em tempo: alguns meses após o lançamento vitorioso de "Maringá", Joubert de Carvalho foi nomeado para o cargo de médico do Instituto dos Marítimos, onde fez carreira chegando a diretor do hospital da classe. (Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Vol. 1 - Editora 34).

Maringá (toada, 1932) - Joubert de Carvalho

Disco 78 rpm / Título da música: Maringá / Autoria: Carvalho, Joubert de (Compositor) / Gastão Formenti (Intérprete) / Orquestra Victor Brasileira (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Victor, 13/06/1932 / Nº Álbum 33586 / Gênero musical: Canção


A                       Dm 
Foi numa leva que a cabocla Maringá 
               G7                            C    
Ficou sendo a retirante que mais dava o que falar 
        E7                         Am 
E junto dela veio alguém que suplicou 
         F           Dm           E7             A 
Pra que nunca se esquecesse de um caboclo que ficou 
  
   E7          A 
Maringá,  Maringá 
              A7+                           Bbº 
Depois que tu partiste tudo aqui ficou tão triste 
                       Bm 
Que eu "garrei" a imaginar 
               E7 
Maringá,  Maringá 
  
Para haver felicidade é preciso que a saudade 
                    A 
Vá bater noutro lugar 
    G7          Gb7 
Maringá,     Maringá 
                     Bm        B7          E7 
Volta aqui pro meu sertão pra de novo o coração 
                    A 
De um caboclo a sossegar 
  
                            Dm 
Antigamente uma alegria sem igual 
             G7                      C 
Dominava aquela gente na cidade de Pombal 
           E7                            Am 
Mas veio a seca, tudo a chuva foi-se embora 
      F               Dm 
Só restando então as águas 
          E7             A 
Dos meus "'óio" quando chora 
    E7          A 
Maringá,   Maringá 

Recebi hoje, dia 3 de fevereiro, um e-mail comentando o artigo acima que coloquei faz alguns anos no site de músicas antigas da MPB “cifrantiga” e que reproduzo abaixo: “O seu artigo sobre a ligação entre a música e a cidade de Maringá-PR., está muito próximo do correto.

Realmente, José Américo (Ministro da Viação e Obras), tinha como chefe de gabinete o senhor Ruy Carneiro , que mais tarde viria a governador e senador do seu Estado (a Paraíba).

Joubert de Carvalho gostava da boemia e naquele ambiente veio a conhecer e se tornar amigo do senhor Alcides Carneiro (irmão de Ruy Carneiro e também funcionário do Ministério da Viação e Obras), que solteiro e apaixonado por uma namorada chamada Maria, residente na cidade do Ingá (60 km de João Pessoa - PB), compôs a música “Maringá”, narrando o flagelo da seca no nordeste, principalmente na cidade de Pombal, localizada na alto sertão paraibano.

Gostaria de cumprimentá-lo pela narrativa, eis que mesmo na cidade de Maringá, poucas pessoas conhecem a origem do nome da cidade."

Silvano Almeida - Londrina-PR

(um grande abraço pra ti Silvano!)

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