Vadico (Osvaldo de Almeida Gogliano), compositor, regente e instrumentista, nasceu em São Paulo SP, em 24/6/1910 e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 11/6/1962. Filho de imigrantes italianos do bairro do Brás, todos seus irmãos eram músicos: Carlos tocava flauta e sax, Rute formou-se em piano e harmonia e Dirceu fez o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Começou a interessar-se por música aos 16 anos e aos 18 deixou a profissão de datilógrafo, para tocar piano em público pela primeira vez, apresentando-se num hotel em Poços de Caldas MG. No mesmo ano venceu um concurso de música popular recebendo medalha de ouro com sua primeira composição, a marcha Isso mesmo é que eu quero.
Em 1929, seu samba Deixei de ser otário foi incluído no filme Acabaram-se os otários (dirigido por Luís de Barros); essa foi sua primeira composição gravada, na Odeon, por Genésio Arruda. Por essa época, já fazia trabalhos de orquestração e enviou um samba para o Rio de Janeiro, Arranjei outra (com Dan Mallio Carneiro), que foi gravado por Francisco Alves em 1930. Isso o encorajou a dedicar-se somente à música, aperfeiçoando seus estudos de piano.
Em 1931 foi para o Rio de Janeiro, onde, por intermédio de Eduardo Souto, teve seu samba Silêncio gravado por Luís Barbosa e Vitório Lattari. Dois anos depois, o mesmo Eduardo Souto o apresentou a Noel Rosa no estúdio da Odeon. Ouvindo uma de suas composições, Noel aceitou a sugestão de Souto para fazer a letra, e dois dias mais tarde estava pronto o Feitio de oração, o primeiro dos seus sambas que teve Noel como letrista e que foi gravado em 1933, na Odeon, por Francisco Alves e Castro Barbosa.
Seguiram-no Feitiço da Vila, Provei, Quantos beijos e Só pode ser você. Musicou depois os versos de Noel Rosa: Conversa de botequim, Cem mil-réis, Tarzan (O filho do alfaiate), Pra que mentir e a Marcha do dragão (publicitária).
Por essa época, também atuou como pianista em diversas escolas de dança, e em 1934 foi contratado por Luís Americano para tocar na boate Lido, substituindo-o, posteriormente, na direção da orquestra. Quatro anos depois tocou durante alguns meses no Cassino Tênis Clube de Petrópolis RJ.
Em 1939 foi com a Orquestra Romeu Silva para os E.U.A., para atuar no pavilhão brasileiro da Feira Mundial de New York, estreando em junho. Permaneceu naquele país até novembro, tendo gravado transmissões para o Brasil na National Broadcasting Corporation. Retornou ao Brasil com Romeu Silva, passando a apresentar-se com a orquestra deste na Feira de Amostras do Rio de Janeiro.
Voltou a Nova York em abril de 1940, para a reabertura da Feira Mundial. Com o encerramento da mostra em outubro daquele ano, foi para Hollywood, onde se encontrou com Zé Carioca e passou a trabalhar na gravação das músicas do filme Uma noite no Rio (That Nightin Rio, de Irving Cummings), com Carmen Miranda.
No ano seguinte, a pedido da Universal Pictures, compôs para um filme o samba Ioiô, que teve letra de Nestor Amaral. Continuou como pianista de Carmen Miranda e do Bando da Lua, fazendo também várias orquestrações para filmes em que estes atuavam, como Weekend in Havana (Aconteceu em Havana, direção de Walter Lang, 1941) e Springtime in the Rockies (Minha secretária brasileira, direção de Irving Cummings, 1942), além de outros.
Em 1943 fez shows em teatros e night clubs, sendo convidado no mesmo ano por Walt Disney, que o pediu emprestado à Twentieth Century Fox por cinco dias, para musicar o desenho de longa metragem Saludos, amigos, em que o personagem Zé Carioca aparece como símbolo do Brasil.
Em 1944 participou de shows com Carmen Miranda e o Bando da Lua, apresentados nas bases da Marinha, em San Francisco, E.U.A. No ano seguinte atuou no restaurante Latin Quarter. Nesse mesmo ano de 1945, deixou de atuar com Carmen Miranda e o Bando da Lua, passando a integrar orquestras norte-americanas. Estudou harmonia, contraponto, composição musical, orquestração e regência, com Mario Castelnuovo-Tedesco (1895-1968).
Em 1948 acompanhou Carmen Miranda em sua temporada em Londres. Em 1949 entrou para a companhia da bailarina Katherine Dunham, como regente de orquestra, excursionando pelos E.U.A., Europa e América do Sul.
Em agosto de 1951 deixou a companhia em Kingston, Jamaica, e foi para New York trabalhar com uma orquestra cubana. Três anos depois, retornou ao Brasil definitivamente, atuando com Os Copacabana, na boate Casablanca, em 1956, passando depois a tocar piano somente em gravações e a fazer orquestrações para a Continental e a Rádio Mayrink Veiga.
No início de 1957 ingressou como diretor musical na TV-Rio, em substituição a Osvaldo Borba. No ano seguinte voltou a trabalhar com Os Copacabana, atuando no dancing Brasil e depois no Avenida. Em 1959 deixou Os Copacabana e foi para o Fred's, até que em janeiro de 1960 foi contratado pelo Sacha's.
Gravou em 1962 na etiqueta Festa o LP Festa dentro da noite. Seus principais parceiros foram Noel Rosa e Marino Pinto, este último letrista de Prece, que considerava sua obra-prima.
Obra
Cem mil-réis (c/Noel Rosa), samba, 1936; Conversa de botequim (c/Noel Rosa), samba, 1935; Feitiço da Vila (c/Noel Rosa), samba, 1934; Feitio de oração (c/Noel Rosa), samba-canção, 1933; Mais um samba popular (c/Noel Rosa), samba, 1934; Pra que mentir (c/Noel Rosa), samba, 1934; Prece (c/Marino Pinto), samba-prelúdio, 1958; Provei (c/Noel Rosa), samba, 1936; Quantos beijos (c/Noel Rosa), samba, 1936; Só pode ser você (c/Noel Rosa), samba, 1936; Súplica (c/Marino Pinto), samba-canção, 1956; Tarzã, o filho do alfaiate (c/Noel Rosa), samba, 1936.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.
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