quarta-feira, 29 de março de 2006

Zé Pereira

O "zé-pereira" é uma brincadeira carnavalesca introduzida no Rio de Janeiro em meados do século XIX por imigrantes portugueses, caracterizada pelo ir e vir de foliões, isoladamente ou em grupos, a bater bombos e zabumbas pelas ruas da forma mais atroadora que pudessem conseguir.

Embora apontada pelo cronista da vida carioca Vieira Fazenda como criação de um morador da cidade de nome José Nogueira de Azevedo Paredes, que teria originado por corruptela o genérico zé-pereira, a brincadeira barulhenta constitui em verdade o prolongamento de costumes populares da região do Minho, em Portugal, onde há notícia da presença desses tocadores de 'zabombas" à frente de procissões e festas da igreja, desde o século XVI.

No Rio de Janeiro uma peça musicada francesa intitulada Les Pompiers de Nanterre (Os bombeiros de Nanterre), com música de Antonin Louis, ia tornar tão popular sua fanfarra de abertura, que no mesmo ano receberia versão carioca cantada por seu autor, o comediante Francisaco Correia Vasques, na cena cômica intitulada Zé-pereira carnavalesco, representada no Teatro Fênix, do Rio de Janeiro, em 1869.

Apoiada agora pela melodia francesa na marcação barulhenta característica dos zabumbas dos zé-pereiras de rua - "E viva o zé-pereira / Pois ninguém faz mal / E viva a bebedeira / Nos dias de Carnaval / Zim balalá, zim balalá / E viva o Carnaval" - a cantiga viria a transformar-se, sob as mais variadas versões dos versos, a "primeira cantiguinha e música do Carnaval Brasileiro", conforme o historiador de música carnavalesca carioca Edigar de Alencar, em seu livro Claridade e sombra na música do povo (pág. 33).

A extrema popularidade da melodia breve, feita para explodir nos metais, tornou o zé-pereira, a partir da década de 1930, a música obrigatória de abertura dos bailes de Carnaval com orquestra.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

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