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domingo, 3 de outubro de 2010

Na casa do Zé Bedeu

Pedro Raimundo
Na casa do Zé Bedeu (polquinha, 1947) - Pedro Raimundo

Título da música: Na casa do Zebedeu / Gênero musical: Tanguinho / Intérprete: Pedro Raimundo / Compositor: Pedro Raimundo / Gravadora Phonodisc / Nome do Álbum: Adeus Mariana / Número do Álbum 0.30-404-122 / Data de Gravação 00/1977 / Data de Lançamento 00/1977 / Lado: lado B/ / Rotações Disco 33 1/3 rpm / Estereo:



Eu vou contá pra vocês / Tudo que aconteceu
Na noite de São João / Na casa do Zé Bedeu
Pela volta das seis horas / Tava grossa a brincadeira
Zé Bedeu gritou: / -Moçada, vâmo acender a fogueira!

Nos fomos todo pra rua / Fizemo roda cantá
Quando fogueira acendeu / Todo mundo quis pulá:
Zé Bedeu foi o primeiro / A cair na brincadeira
Foi pulá de mão no bolso / Caiu dentro da fogueira!

A velha Chica Lorota / Que estava toda animada
Foi pulá caiu a saia / Ficou toda sapecada!
Quando foi as nove hora / Zé Bedeu veio avisar:
-Vamos todos pro salão / Que o baile vai começar!

Quando foi as onze hora / Zé Bedeu gritou assim:
-Vamos todos na cozinha / Tem batata e aipim
Os véio tão proibido / De comer amendoim!
Todo mundo foi comendo / Inté alta madrugada
Zé Bedeu gritou assim: / -Atenção, minha moçada
Vamos todo pro salão / Prá soltar a foguetada!

Os menino e as menina / Só por serem pequenino
Não deixaram soltá bomba / Mas soltavam foguetinho
Estas mocinha de hoje / Toda cheia de coisinha
Não quiseram soltá bomba / Pra mode soltá rodinha

O rapaz envergonhado / Só pro mode as muié
Não quiseram soltá bomba / Mas soltavam buscapé
Os velhos foram chegando / Todos de chapéu na mão
Soltaram um no meio da sala / E soltaram um bomba-rojão

A sogra do Zé Bedeu / Também se alvoroçou
Foi soltá um foguetão / Mas o marvado faió
As velha se revoltaram / Deram logo um contra-ataque
Como não tinha mais bomba / Só soltaram um trique-traque

Zé Bedeu ficou danado / Com tamanha confusão
Chegou no meio da sala / E deu um tiro de canhão
Tinha gente que anuncia lá / Que tudo isto aconteceu
Na noite de São João / Na casa do Zé Bedeu
A todos muito obrigado / Quem vai se embora sou eu...


Pedro Raimundo e a música gaúcha

A música regionalista do Rio Grande do Sul teve uma grande contribuição da música portuguesa e espanhola (da Península Ibérica) que vieram na alma dos colonizadores, como também recebeu a contribuição do imigrante alemão, do imigrante italiano, a influência do índio, do negro e do platino, conforme as pesquisas dos folcloristas Barbosa Lessa e Paixão Côrtes, registradas no livro Danças e Andanças da Tradição Gaúcha (1975).

Mas eles também registram, como adiante irei mencionar, que a música regionalista do Rio Grande do Sul, teve grande influência da milonga argentina e da música sertaneja, principalmente na música caipira de São Paulo, através dos programas de rádio.

Pedro Raimundo foi o grande pioneiro da música regionalista do Rio Grande do Sul. Barbosa Lessa e Paixão Côrtes, no livro mencionado, registraram:

“Nos cafés e bares “da volta do Mercado”, concorridíssimos, ganha aplausos um cantador de nome Pedro Raimundo – natural de Santa Catarina mas bem representativo do Rio Grande na sua maneira “largada” de interpretar, à gaita-piano, animados xotes e polquinhas”.

Em 1940 Pedro Raimundo criou o Programa “Pedro Raimundo e seu conjunto Quarteto dos Tauras”, ao microfone da Rádio Gaúcha de Porto Alegre, e passou a divulgar os nossos ritmos gauchescos. Paixão e Lessa, na obra citada, ainda registram o grande pioneirismo do catarinense, gaúcho de coração:

“Pedro Raimundo deixa em seu lugar, nos shows da “volta do Mercado”, um outro gaiteiro, Oswaldinho, e vai tentar a sorte no Rio. Pouco depois está colhendo aplausos no auditório da Rádio Nacional. E grava a primeira música gauchesca de sucesso nacional: o xote “Adeus, Mariana!

Isso foi em 1943, que Pedro Raimundo radicou-se no Rio de Janeiro e gravou essa música. Cantava na Rádio Nacional, que era a maior vitrine, a maior mídia da época, na divulgação dos artistas brasileiros, sintonizada em todo Brasil. Nesses programas de auditórios, como aquele do Almirante, ele se apresentava pilchado, de bombachas, botas, esporas, lenço ao pescoço, chapéu preto de barbicacho, jogado às costas, representando os usos e costumes do Rio Grande do Sul.

Excursionou por todo o Brasil, vestindo a pilcha gaúcha, e interpretando com sua cordeona, animados xotes, rancheiras, polcas, toadas, valsas e milongas, conforme registramos com o jornalista Vitor Minas, em nosso livro Pedro Raymundo, da coleção Esses Gaúchos (1986).

Sobre o trabalho de Pedro Raimundo, registrei, na Folha de São Borja, um depoimento de Almirante, o grande programador da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que disse:  “Pedro Raymundo: sem o menor favor eu o considero o mais típico e o mais expressivo e legítimo dos artistas gaúchos que já ouvi”.

Registramos em nosso livro com Vitor Minas, que nada menos que Luiz Gonzaga, “O Rei do Baião”, em entrevista ao jornal O Pasquim, em agosto de 1971, declarou ter-se inspirado em Pedro Raimundo, ao constatar que aquele gaúcho tinha o seu traje típico, e porque o nordestino não o tinha, por isso vestiu-se de “cangaceiro”.

Por aí dá para se constatar a projeção a nível nacional que o Pedro Raimundo deu à música do Rio Grande do Sul, cantando xotes e rancheiras, entre outros ritmos gauchescos, por este Brasil afora, numa época que não tinha nem televisão, mas o rádio era um veículo de comunicação de massa, que chegava longe e veio contribuir com essa propagação da Música Popular Brasileira de todas as matizes.


Prece

Pedro Raimundo
Prece (tango, 1950) - Pedro Raimundo

A descontração e exuberância de Pedro Raimundo valeu-lhe o slogan de "O gaúcho alegre do rádio": alternava, em suas apresentações, músicas alegres com outras sentimentais. Foi o primeiro artista típico gaúcho a alcançar fama nacional. 

Apresentava-se com bombachas, lenço no pescoço, botas, esporas, chapéu e guaiaca. Percebendo a aceitação do seu traje regional, Luiz Gonzaga sentiu-se estimulado a apresentar-se como sertanejo nordestino.”

Título da música: Prece / Gênero musical: Tango / Intérprete: Pedro Raimundo / Compositor: Pedro Raimundo / Gravadora Phonodisc / Nome do Álbum: Adeus Mariana / Número do Álbum 0.30-404-122 / Data de Gravação 00/1977 / Data de Lançamento 00/1977 / Lado: lado A / / Rotações Disco 33 1/3 rpm / Estereo:

"És
Palavra de Conforto
Que ameniza os corações sofredores
Quantos por este mundo afora
Aguardam a Oração da Ave-Maria
Para contigo, Palavra Bendita
E juntinho à Deus
Pedir alívio aos seus sofrimentos
E é só em ti Palavra Santa
Que encontramos sempre o bálsamo suavizador..."

Sanfoninha, velha amiga

Pedro Raimundo
Sanfoninha, velha amiga (polca, 1961) - Pedro Raimundo

A última canção do "gaúcho alegre do rádio brasileiro" foi a polca Sanfoninha, velha amiga em 1961, quando já estava inativo profissionalmente.  

Título da música: Sanfoninha, velha amiga / Gênero musical: Polca / Intérprete: Pedro Raimundo / Compositor: Pedro Raimundo / Gravadora Phonodisc / Nome do Álbum: Adeus Mariana / Número do Álbum 0.30-404-122 / Data de Gravação 00/1977 / Data de Lançamento 00/1977 / Lado: lado A / / Rotações Disco 33 1/3 rpm / Estereo:



Gaúcho largado

Pedro Raimundo: divulgador pioneiro.
Em palestra histórica feita junto ao parlamento estadual rio-grandense, em Porto Alegre (1992), o tradicionalista Paixão Cortes enfatizou a condição de ter sido o artista Pedro Raimundo o pioneiro em divulgação de músicas regionalistas em todo o país. De certa forma com razão, pois Luiz Gonzaga, nordestino de Exú, Ceará, espelhado no sucesso de Pedro, apareceu com o seu “baião” no Rio e São Paulo e triunfou.

Pois Pedro Raimundo foi mesmo o precursor brasileiro da música regionalista gaúcha no Brasil. Só depois de muitos anos viria Teixeirinha. Só que o velho e querido Paixão Cortes extrapolou em sua paixão, “contabilizando” Pedro como “gaúcho”. É que o Rio Grande do Sul exerce um certo fascínio para os brasileiros em geral, pois até sua constituição (Farroupilha) tem diferenças da institucional nacional, no que cabe ao estado inserir…

Assim, quando “carimbaram” Pedro como “o gaúcho alegre do rádio brasileiro”, ele nem negou e nem confirmou a alusão: deixou como estava para ver como ficava. Para quem nasceu, como ele, nas costas encharcadas da Lagoa do Imaruí, zona pobre e inexpressiva em termos de representatividade nacional, nesta altura tudo era lucro (fonte:Lagunista).

Título da música: Gaúcho largado / Gênero musical: Toada / Intérprete: Pedro Raimundo / Compositor: Pedro Raimundo / Gravadora Phonodisc / Nome do Álbum: Adeus Mariana / Número do Álbum 0.30-404-122 / Data de Gravação 00/1977 / Data de Lançamento 00/1977 / Lado: lado A / / Rotações Disco 33 1/3 rpm / Estereo:


Saudade de Laguna

Pedro Raimundo
Saudade de Laguna (valsa, 1943) - Pedro Raimundo

Pedro Raimundo gravou e compôs entre 1943 e 1961: Adeus Mariana, Adeus moçada, Chico da Roda, Escadaria, Gaúcho largado, Mágoas de amor, Meu coração te fala, Na casa do Zé Bedeu, Oriental, Prece, Sanfoninha, Velha amiga (última, já na inatividade profissional), Saudades de Laguna, Se Deus quiser, Tá tudo errado (a única composição que teve um parceiro, Jeová R. Portela) e Tico tico no terreiro.

Comentam que Saudades de Laguna encerraria um segredo (que Pedro levou para o túmulo, sem confirmar nem desmentir). Quando morou em Laguna dizem que se apaixonara por uma jovem. Frustrado em seu intento pelos pais da moça, Pedro jamais a teria esquecido. Como não pudesse “homenagear” diretamente a moça, resolveu fazê-lo com a bela valsa, seguramente a melhor composição que fez (com dolente declamação): Saudades de Laguna !  (fonte: Lagunista).

Título da música: Saudade de Laguna / Gênero musical: Valsa / Intérprete: Pedro Raimundo / Compositor: Pedro Raimundo / Gravadora Phonodisc / Nome do Álbum: Adeus Mariana / Número do Álbum 0.30-404-122 / Data de Gravação 00/1977 / Data de Lançamento 00/1977 / Lado: lado A / / Rotações Disco 33 1/3 rpm / Estereo:


"Sinto em meu coração
Uma saudade daquela terra amada
Onde vivi
Saudade que hoje eu choro
Saudade sem fim
Saudade de Laguna
Que é tudo, tudo para mim
Quando de ti me lembro
Laguna amada
Minh'alma triste canta esta saudade
Parece que te vejo
Diante dos meus olhos
Laguna dos meus sonhos
Hoje eu choro...
"

Escadaria

Pedro Raimundo (29/06/1906, Imaruí, SC - 09/07/1973, Rio de Janeiro, RJ), cantor, compositor e instrumentista, nasceu em berço pobre, e seu pai, João Felisberto, era pescador e sanfoneiro. Aos oito anos começou a tocar sanfona. Até os 17, trabalhou como pescador. Trabalhou na Estrada de Ferro Esplanada-Rio Deserto, em Santa Catarina.

Em 1929, mudou-se para Porto Alegre, onde trabalhou como condutor de bondes, inspetor de tráfego, guarda-freios, maquinista de usina, balconista e oleiro. Foi também chaveiro da estrada de ferro D. Teresa Cristina, onde foi vítima de um acidente que lhe deixou um defeito na mão, o que, entretanto, não o impediu de tornar-se um dos mais brilhantes sanfoneiros do Brasil.

Escadaria (choro, 1944) - Pedro Raimundo

Disco 33 1/3 rpm / Título da música: Escadaria / Autoria: Raimundo, Pedro (Compositor) / Raimundo, Pedro (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Phonodisc, 1977 / Nome do Álbum: Adeus Mariana / Nº Álbum 0.30-404-122 / Lado A / Lançamento: 1977 / Gênero: Choro



Veja também:

A música gaúcha ou nativista, Califórnia da Canção Nativa, Cifras de músicas gaúchas, Dicionário regionalista, Gaúcho da Fronteira, Conjuntos ou grupos gaúchos, Dilu Melo, Ovídio Chaves, Os Monarcas, Os Serranos, Pedro Raimundo e Teixeirinha.


Fonte: Dicionário Cravo Albin.

domingo, 21 de maio de 2006

Adeus Mariana


Adeus Mariana (xote, 1943) - Pedro Raimundo

Título da música: Adeus Mariana/ Gênero musical: Chótis / Intérprete: Pedro Raimundo / Compositor: Pedro Raimundo / Gravadora: Phonodisc / Nome do Álbum: Adeus Mariana (relançamento de 1968) / Número do Álbum 0.30-404-122 / Lado A / Rotações Disco 33 1/3 rpm / Estéreo.


E B7 A B7 A G#m7 B7 E

Nasci lá na cidade me casei na serra
                                B7
Com a minha Mariana moça lá de fora
                          A      B7     Bis
Um dia eu estranhei os carinhos dela
          A      G#m7           F#m7      E
E disse adeus Mariana que eu já vou me embora
Int.

É gaúcha de verdade dos quatro costados
                                    B7
Que usa chapéu grande bombacha e esporas
                              A     B7      Bis
E eu que estava vendo o caso complicado
        A      G#m7           F#m7      E
Disse adeus Mariana que eu já vou me embora
Int.

Nem bem rompeu o dia me tirou da cama
                                    B7
Encilhou o tordilho e saiu campo a fora
                    A    B7              Bis
E eu aproveitei e saí dizendo
  A      G#m7           F#m7      E
Adeus Mariana que eu já vou me embora
Int.

Ela não disse nada mas ficou cismando
                              B7
Que era desta que eu daria o fora
                            A      B7     Bis
Pegou uma açoiteira e veio contra mim
          A       G#m7            F#m7      E
Eu disse larga Mariana que eu não vou me embora
Int.

Ela ficou zangada e foi quebrando tudo
                                    B7
Pegou a minha roupa e jogou porta afora
                           A    B7       Bis
Agarrei fiz uma trouxa e saí dizendo
  A      G#m7           F#m7      E
Adeus Mariana que eu já vou me embora

sexta-feira, 14 de abril de 2006

Pedro Raimundo

Pedro Raimundo, compositor, cantor e instrumentista, nasceu em Imaruí (SC) em 29/6/1906, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 9/7/1973. Filho do pescador e sanfoneiro João Felisberto Raimundo, começou a tocar sanfona aos oito anos. Mais tarde integrou, em sua cidade, a banda Amor à Ordem, além de se apresentar em festinhas. Foi pescador até os 17 anos, quando passou a trabalhar na construção da Estrada de Ferro Esplanada-Rio Deserto (SC).


Casado desde 1926, morou em Lauro Muller, Blumenau e Laguna (SC), fixando-se em Porto Alegre (RS) em 1929. Na capital gaúcha foi condutor de bondes e inspetor de tráfego, tocando sanfona em cafés do Mercado, nas horas de folga.

Em 1939 foi chamado a trabalhar na Rádio Farroupilha, de Porto Alegre, onde organizou o Quarteto dos Tauras. Em 1942 excursionou pelo interior do Rio Grande do Sul e no ano seguinte foi ao Rio de Janeiro, onde se apresentou no Show Muraro, da Rádio Mayrink Veiga, e em programas da Rádio Tupi.

Em seguida Almirante o levou para a Rádio Nacional. Contratado pela emissora, transferiu-se definitivamente para o Rio de Janeiro, lançando ainda em 1943, pela Columbia, seu primeiro disco, com o choro Tico-tico no terreiro e o xótis Adeus Mariana (ambos de sua autoria).

Sua descontração e exuberância valeram-lhe o slogan de O gaúcho alegre do rádio: alternava, em suas apresentações, músicas alegres com outras sentimentais. Foi o primeiro artista típico gaúcho a alcançar fama nacional. Apresentava-se com bombachas, lenço no pescoço, botas, esporas, chapéu e guaiaca. Percebendo a aceitação do seu traje regional, Luiz Gonzaga sentiu-se estimulado a apresentar-se como sertanejo nordestino.

Atuou nos filmes Uma luz na estrada, de Alberto Pieralise, em 1949, e Natureza gaúcha, de Rafael Mancini, em 1958.



Obra

Adeus, Mariana, xótis, 1943; Adeus, moçada, polca, 1944; Chico da roda, chorinho, 1947; Escadaria, choro, 1944; Gaúcho largado, toada, 1944; Mágoas de amor, tango, 1945; Meu coração te fala, valsa, 1945; Na casa do Zé Bedeu, polquinha, 1947; Oriental, baião, 1954; Prece, tango, 1950; Sanfoninha, velha amiga, polca, 1961; Saudade de Laguna, valsa, 1943; Se Deus quiser, xótis, 1943; Tá tudo errado (c/Jeová Rodrigues Portela.); polca, 1948; Tico-tico no terreiro, choro, 1943.

Músicas: 











Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.