Um dos grupos mais importantes da bossa nova, caracterizou-se sempre pela sofisticação na concepção musical e nos arranjos. No início acompanhavam principalmente cantoras, como Maysa e Leny Andrade, e ainda contavam com o pianista Luís Carlos Vinhas e o violonista Roberto Menescal.
A formação definitiva (Luís Eça, piano, Hélcio Milito, bateria, Bebeto Castilho, baixo e sopros) estreou em março de 1962 no Bottle's Bar, no Beco das Garrafas. Lá realizaram os primeiros pocket-shows. Foi referência definitiva para uma série de trios instrumentais-vocais que surgiram na época.
Com microfones presos às lapelas, destacavam as realizações vocais que acrescentavam aos ricos arranjos instrumentais. O trio também realizou trabalhos com um enfoque erudito, tendo como resultado os discos Tamba Trio e Cordas e Tamba Trio e Quinteto Villa-Lobos, que representam o encontro clássico-popular.
Depois de várias paralisações e a morte do pianista Luiz Eça em 1992, o trio voltou à atividade, com Weber Iago em seu lugar. Entre inéditos e coletâneas, o grupo já tem 15 discos lançados.
O Tamba Trio foi um dos grupos mais importantes da bossa nova, caracterizou-se pela sofisticação na concepção musical e nos arranjos. Com microfones presos às lapelas, destacavam as realizações vocais que acrescentavam aos ricos arranjos instrumentais. Sua formação: Luís Eça, piano, Hélcio Milito, bateria, Bebeto Castilho, baixo e sopros. Estrearam em 1962 no Bottle's Bar, Beco das Garrafas.
Em depoimento para a revista Manchete, em 1965, Vinícius de Moraes conta como conheceu a garota de Ipanema: “Seu nome é Heloísa Eneida Pais Pinto, mas todos a chamam de Helô (Helô Pinheiro, depois de casada). Há três anos, ela passava ali no cruzamento de Montenegro e Prudente de Morais, e nós a achávamos demais. De nosso posto de observação, enxugando a nossa cervejinha, Tom e eu emudecíamos à sua vinda maravilhosa. (...)
E lá ia ela toda linda, a garota de Ipanema, desenvolvendo no percurso a geometria espacial de seu balanceio quase samba. (...) Para ela fizemos, com todo o respeito e mudo encantamento, o samba que a colocou nas manchetes do mundo inteiro e fez da nossa querida Ipanema uma palavra mágica para os ouvintes estrangeiros.”
Naquele 1962 em que a canção foi feita, a bela Heloísa tinha quinze anos e passava realmente todos os dias pelo bar Veloso, situado na mesma rua Montenegro onde ela morava. Naturalmente, sabia-se admirada pelos freqüentadores do bar, pois nas vezes em que lá entrava era saudada pelos assovios de praxe. O que não sabia era que tinha sido a inspiradora de “Garota de Ipanema”, segredo só revelado pelos autores em 1965.
Mas, se a visão da musa aconteceu no Veloso, a criação do samba teve lugar noutros ambientes e em etapas distintas. Inicialmente, em Petrópolis, Vinícius aprontou-lhe a letra, até com certa dificuldade, tendo composto duas versões, para aproveitar a segunda (a primeira chamava-se “A Menina que Passa”). Em seguida, foi a vez de Tom musicar o poema, tarefa também trabalhosa, que ele realizou em sua então nova moradia na rua Barão da Torre. Ao final, o compositor deu a “Garota de Ipanema” uma de suas mais originais melodias, igualmente alegre e triste, bem de acordo com a letra que exalta a beleza radiante da moça que passa, ao mesmo tempo em que lamenta a solidão do poeta, condenado a admirá-la à distância.
Destinada a uma comédia chamada “Blimp”, jamais concluída por Vinícius, “Garota de Ipanema” acabou sendo lançada no show “Encontro”, que estreou em 2 de agosto de 62 e permaneceu 45 dias em cartaz na boate Au Bon Gourmet, em Copacabana. Este espetáculo reuniu pela única vez num palco os três grandes da bossa nova — Antônio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto — mais o conjunto Os Cariocas, e lançou, além de “Garota de Ipanema”, “Só Danço Samba” e “Samba do Avião”, sendo a primeira e a segunda as últimas canções da dupla Tom - Vinícius. Todas essas composições saíram em disco no início de 63, tendo Pery Ribeiro, Os Cariocas e o Tamba Trio a primazia de gravarem “Garota de Ipanema”.
Em abril, Tom Jobim a apresentava aos americanos no elepê The composer of Desafinado plays. Ao final do ano, a Verve lançou o single de Astrud Gilberto e Stan Getz, disco que vendeu milhões e estabeleceu o prestígio internacional de “The Girl from Ipanema”, título da versão do letrista Norman Gimbel. Amadora até então, Astrud encantou os americanos pela simplicidade e a ausência da afetação das cantoras de experiência formal. Esse single e o álbum Getz / Gilberto, que contém a gravação integral com a participação de João Gilberto cantando em português, receberam quatro prêmios Grammy: melhor single, melhor álbum, melhor performance de jazz instrumental e melhor gravação.
Em meados dos anos noventa, “Garota de Ipanema” ostentava uma discografia de centenas de gravações, com intérpretes das mais variadas tendências, não apenas na área nacional — Astrud, Baden Powell, Os Cariocas, Cauby Peixoto, Dick Farney, Elis Regina, Eumir Deodato, Hermeto Pascoal, João Gilberto, Leny Andrade, Leila Pinheiro, Lúcio Alves, Nara Leão, Tim Maia —, mas, principalmente, na internacional em que, além dos habituais intérpretes da obra jobiniana — Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Stan Getz, Sara Vaughan, Charlie Byrd — ressaltam figuras como Anita O’Day, Al Jarreau, Erroll Garner, Earl Hines, Herbie Mann, Louis Armstrong, Nancy Wilson, Nat King Cole, Oscar Peterson, Peggy Lee, Stephane Grappelli, Vic Damone e muitos outros (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Disco 78 rpm / Título da música: Garota de Ipanema / Jobim, Tom, 1927-1994 (Compositor) / Moraes, Vinicius de, 1913-1980 (Compositor)
Tamba Trio (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Philips, 1963 / Nº Álbum 61209 / Gênero musical: Bossa nova.
F7M G7/6
Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça
G7/5+ Gm7
É ela a menina que vem e que passa
C7/9- F7M Dm7/9+ Gm7 C7/9+
Num doce balanço, caminho do mar
F7M G7/6
Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema
G7/5+ Gm7
O seu balançado é mais que um poema
C7/9- F7M
É a coisa mais linda que eu já vi passar
F#7M B7/9
Ah, por que estou tão sozinho?
A7M D7/9
Ah, por que tudo é tão triste?
Bb7M Eb7/9
Ah, a beleza que existe
Am7 D7/9-
A beleza que não é só minha
Gm7 C7/9-
Que também passa sozinha
F7M G7/6
Ah, se ela soubesse que quando ela passa
G7/5+ Gm7
O mundo sorrindo se enche de graça
C7/9- F7M F#7+
E fica mais lindo por causa do amor
F7M
Por causa do amor
"Batida Diferente" é a composição de Durval Ferreira e Maurício Einhorn, primeiro número do concerto de Bossa Nova no Carnegie Hall de Nova York em 21 de novembro de 1962. Nome como ficou conhecida a batida de violão característica da Bossa Nova.
LP Tamba Trio / Título da música: Batida Diferente / Durval Ferreira (Compositor) / Maurício Einhorn (Compositor) / Tamba Trio (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1963 / Nº Álbum: P 632.129 L / Lado A / Faixa 2 / Gênero musical: Samba / Bossa Nova.
G7M G6
Veja como bate engraçado
Dm7 G7/13 C7M C6/9
o meu coração assim
Cm7 F7/9 Bm7
Tum tum tum tum tum tum tum
Bb7/13 Am7 Ab7/13
Tum tum tum tum tum tum tum tum
Bm7 Bb7/13 Am7 Ab7/13
tum tum tum
G7M G6 Dm7
Bate realmente sincopado
G7/13 C7M C6/9
Vem ouvir assim
Cm7 F7/9 Bm7
Mas bem juntinho de mim
Bb7/13 Am7 Ab7/13 G6 Ebm7 Ab7/13
Tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum
Dm7 G7/13 Dm7 G7/13 C7M F7/13 C6/9
Se do coração batida diferente faz você vibrar
Em7 A7/13 Em7 A7/13
Eu vou lhe mostrar que o meu coração
Am7/11 Ab7/13
Tum tum tum tum tum pode variar
G7M G6 Dm7 G7/13 C7M C6/9
E juntos nós iremos tentar mudar e improvisar
Cm7 F7/9 Bm7
O que vem do coração
Bb7/13 Am7/11 Ab7/13 Ab7/#11 G6
Tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum
LP A Música De Edu Lobo Por Edu Lobo / Título da música: Resolução / Edu Lobo (Compositor) / Lula Freire (Compositor) / Edu Lobo (Intérprete) / Tamba Trio (Partic.) / Gravadora: Elenco / Ano: 1964 / Nº Álbum: ME-19 / Lado A / Faixa 2 / Gênero musical: Samba.
É vou contar o que há
É tempo de dizer quem sou
Sim, eu cansei de lutar
E agora quero descansar
Tanto eu esperei para vencer
E agora vejo que perder
Nada mais é do que cansar
Eu cansei e perdi
Em tanta coisa acreditei
Se ninguém viu o que eu vi
Ninguém sabe mais do que eu sei
Mas se a esperança vai me deixar
E nem mais vou saber chorar
Nem sorrir, sem amor para dar
Não, é preciso não morrer
É preciso decidir de uma vez
O que há pra fazer
Ou viver ou morrer
Há tanto para se fazer
Ou viver ou morrer
Há tanto para se fazer
Todas as canções que eu já cantei
Agora têm que me valer
E me fazer acreditar
Que é preciso viver
E o resto é só deixar pra lá
E mesmo, só vou seguir
E nada me fará mudar
Nada me fará mudar
LP Avanço / Título da música: Moça Flor / Luis Fernando Freire (Compositor) / Durval Ferreira (Compositor) / Tamba Trio (Luiz Eça / Hélcio Milito / Bebeto Castilho) (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1963 / Nº Álbum: P 632.154 L / Lado B / Faixa 3 / Gênero musical: Bossa Nova.
Tom: A
A7/13 A7/13- Am7 D/C Bm7/5- E7/9-
Moça flor é você a mais flor
Am7 D/C Bm7 E7/9-
Moça flor, tem a cor do amor
Am7 D/C
Seu olhar a brilhar e
Bm7 Bb7/13
essa lágrima leve querendo chegar
Eb7+
traz tristeza no ar
Am7 D/C F#m7
Moça flor, esta lágrima pura
B7/4/9 E7+/9 C7+ A7/13 A#°
é o orvalho da flor que chorou, que sentiu
Am7 D7/9-
Deixa o tempo passar, moça flor vai chorar,
E7+/9 E7/9-
É o amor...
Am7 D/C Bm7
Moça flor, tem a cor do amor...