quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

E não sou baiano

E não sou baiano (samba, 1945) - Valdemar Ressurreição - Intérprete: Trio de Ouro

Disco 78 rpm / Título da música: E não sou baiano / Valdemar Ressurreição (Compositor) / Trio de Ouro [Herivelto Martins, Nilo Chagas e Dalva de Oliveira] (Intérprete) / Abel com Benedito Lacerda e Seu Conjunto (Acomp.) / Gravadora: Odeon / Gravação: 11/05/1945 / Lançamento: 09/1945 / Nº do Álbum: 12617 / Nº da Matriz: 7829 / Gênero musical: Samba / Coleção de origem: Nirez



Bahia,
Quem pintou sua aquarela,
Só viu farofa amarela,
Vatapá e cangerê
Ai ai ai
Não viu você,
Não viu, foi pena não ver.

Não viu sua cidade iluminada
Feira do Sete e Calçada
Nem subiu a Conceição,
Seus lindos coqueirais
que cada palma
me falou mais alto à alma
e prendeu meu coração,

Não quero dar exemplo
Só contemplo
a verdade, não minto
Falo somente o que sinto
E não sou baiano, não!

Cantei também no Jandaia
e fui contrito ao Bonfim
Foste à Conceição da Praia?
Fiz uma prece por mim
Também da Cidade Alta
no meu peito o que não falta
é recordação

Ai, ai, ai, ai!
E não sou baiano, não!



Fontes: Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

segunda-feira, 6 de março de 2023

Mamãe não quer

Carmen Miranda - 1930

Em janeiro de 1930, Carmen Miranda gravou "Prá Você Gostar de Mim" (de Joubert de Carvalho, mais conhecida como "Taí") e o disco foi lançado às vésperas do Carnaval de 1930. Foi sucesso durante o ano todo, sendo ainda uma das músicas mais cantadas no carnaval de 1931, até mesmo mais do que no de 1930. No entanto, no mesmo disco, no lado A, continha um samba-canção não muito conhecido intitulado "Mamãe Não Quer" de autoria de Américo de Carvalho. Então, a seguir, mais um tesouro musical pela voz da "Pequena Notável" ...

Mamãe não quer (samba-canção, 1930) - Américo de Carvalho - Intérprete: Carmen Miranda

Disco 78 rpm / Título da música: Mamãe Não Quer / Américo de Carvalho (Compositor) / Carmen Miranda, 1909-1955 (Intérprete) / Choro Victor (Acomp.) / Gravadora: Victor / Nº Álbum: 33263-a / Nº da Matriz: 50162-2 / Gravação: 22/01/1930 / Lançamento: Fevereiro/1930 / Gênero musical: Samba Canção



Ai, eu não sei por quê
que mamãe não quer que eu me case com você (bis)

A minha mãe me disse p'rá eu não me casar
Deixar dessa tolice e não te namorar (bis)

Ai, eu não sei por quê
que mamãe não quer que eu me case com você (bis)

Contigo hei de casar, não ligo o que ela diz
Eu vou me amarrar e vou ser bem feliz (bis)




Fonte: Discografia Brasileira - IMS.

domingo, 29 de janeiro de 2023

Corta-jaca


Conhecido desde 1895, quando foi lançado na opereta-burlesca "Zizinha Maxixe", o tango "Corta-Jaca", cujo título original é "Gaúcho", teve a popularidade redobrada nove anos depois, ao reaparecer na revista Cá e Lá. Comprovam o sucesso as oito gravações que recebeu entre 1904 e 1912 e sua apresentação, em 26.10.1914, numa recepção oficial no Palácio do Catete, então sede do Governo Federal. Na ocasião, foi interpretado pela primeira dama, Sra. Nair de Teffé, fato explorado como escândalo pela oposição.

"Corta-Jaca" ou "Dança do Corta-Jaca", como está classificado em uma de suas edições, é na verdade um maxixe bem sacudido, característica que muito contribuiu para o seu êxito. A fim de ser cantado em Cá e Lá, ganhou letra de Tito Martins e Bandeira de Gouveia, autores da peça ("Ai! Ai! Que bom cortar a jaca / Ai! Sim, meu bem ataca, sem descansar...").
"Não há razão para censurar o Corta-jaca, minha senhora. O tango nasceu nos cabarets escusos, mas... chegou aos salões mais finos... Fez-se por si" (Careta - Rio de Janeiro, ed. 333, de 07/11/1914). No sarau do Catete, em 1914, a primeira-dama Nair de Tefé tocou ao violão o Corta-jaca, maxixe de Chiquinha Gonzaga, causando grande escândalo. O episódio levou Rui Barbosa a ocupar a tribuna do Senado para classificar esse gênero de ritmo como "a mais vulgar e grosseira de nossas manifestações musicais".

Corta-Jaca (Gaúcho) (tango, 1895) - Chiquinha Gonzaga e Machado Careca. Essa composição de Chiquinha recebeu as mais diversas definições de gênero musical nas gravações durante o séc. XX como se nota nos exemplos abaixo.

Interpretação de Os Geraldos, acompanhados ao piano, em 1906:

Disco selo: Odeon Record / Título da música: Corta Jaca / Chiquinha Gonzaga (Compositora) / Machado Careca (Compositor) / Os Geraldos (Intérprete) / Piano (Acomp.) / Nº do Álbum: 40454 /Lançamento: 1906 / Gênero musical: Duetto / Coleção de Origem: IMS, Nirez



Interpretação de Zé da Zilda, com o Conjunto Regional de Donga, em 1938:

Disco 78 rpm / Título da música: O Corta Jaca / Chiquinha Gonzaga (Compositora) / José Gonçalves [Zé da Zilda] (Intérprete) / Conjunto Regional de Donga (Acomp.) / Gravadora: Odeon / Nº do Álbum: 11661-a / Nº da Matriz: 5906 / Gravação: 30/Agosto/1938 / Lançamento: Novembro/1938 / Gênero musical: Corta Jaca / Coleção de Origem: IMS, Nirez



Interpretação de Guio de Moraes e Seus Parentes em 1953:

Disco 78 rpm / Título da música: Gaúcho (Corta Jaca) / Chiquinha Gonzaga (Compositora) / Guio de Moraes e Seus Parentes (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Nº do Álbum: 13523-a / Nº da Matriz: 9792 / Gravação: 15/Julho/1953 / Lançamento: Outubro 1953 / Gênero musical: Choro / Coleção de Origem: Nirez



Ai, ai, como é bom dançar, ai! / Corta-jaca assim, assim, assim / Mexe com o pé! / Ai, ai, tem feitiço tem, ai! / Corta meu benzinho assim, assim!

Esta dança é buliçosa / tão dengosa / que todos querem dançar / Não há ricas baronesas / nem marquesas / que não saibam requebrar, requebrar

Este passo tem feitiço / tal ouriço / Faz qualquer homem coió / Não há velho carrancudo / nem sisudo / que não caia em trololó, trololó

Quem me vê assim alegre / no Flamengo / por certo se há de render / Não resiste com certeza / este jeito de mexer



Fontes: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34​; Instituto Moreira Salles.

O despertar da montanha

"Você acaba de fazer o seu "Danúbio Azul", disse o professor Guilherme Fontainha a Eduardo Souto, quando este lhe mostrou, ao piano, "O Despertar da Montanha". Peça essencial do repertório pianístico brasileiro, típica dos saraus do início do século, "O Despertar da Montanha" é a obra mais conhecida de Souto. Lançada em 1919, com sucesso imediato, tem na capa da edição inicial curioso desenho, que mostra uma cena pastoril de natureza européia: ao pé de suntuosa montanha, um pastor descansa tocando flauta, enquanto seu cão vigia um rebanho de quinze ovelhas...

Mas, se a cena é européia, a composição é bem brasileira, tendo ajudado até a fixar uma forma de tango, que Eduardo Souto chama de tango de salão, diferente dos tangos de Nazareth, mais próximos do choro. "O Despertar da Montanha" tem uma letra de Francisco Pimentel, que nada lhe acrescenta.

O Despertar da Montanha (tango de salão, 1919) - Eduardo Souto e Francisco Pimentel

Interpretação de Francisco Mignone e Conjunto Orquestral em 1943:

Disco 78 rpm / Título da música: Despertar da Montanha / Eduardo Souto (Compositor) / Conjunto Orquestral (Intérprete) / Francisco Mignoni [Região] (Intérprete) / Gravadora: Columbia / Nº do Álbum: 75001-b / Nº da Matriz: #594-1 / Gravação: 5/janeiro/1943 / Lançamento: 1943 / Gênero musical: Tango / Coleção de fontes: Nirez, IMS D



Interpretação de Sílvio Caldas em 1946:

Disco 78 rpm / Título da música: Despertar da Montanha / Eduardo Souto (Compositor) / Francisco Pimentel (Compositor) / Sílvio Caldas (Intérprete) / Orquestra Continental (Acomp.) / Gravadora: Continental / Nº do Álbum: 28000-b / Nº da Matriz: #1567-1 / Gravação: 5/agosto/1946 / Lançamento: 1946 / Gênero musical: Canção de tango / Coleção de fontes: Nirez



Interpretação de Roberto Fioravante em 1963:

LP Seresteiro Da Saudade Nº 5 / Título da música: O Despertar da Montanha / Eduardo Souto (Compositor) / Francisco Pimentel (Compositor) / Roberto Fioravante (Intérprete) / Gravadora: Chantecler / Nº do Álbum: CMG 2218 / Ano: 1963 / Gênero musical: Canção / Seresta



Quando a noite entra na agonia, / Surgem os primeiros raios, / Na moldura do horizonte, / Iniciam seus ensaios, / Doira-se um monte... / E os lindos ramos mais felizes, / Os que ao longe estão mais altos, / Pintam-se em matizes, / No cimo do planalto... / Sai da sombra um novo dia.

E a luz da madrugada, / Entrando suavemente na floresta, / Beija os ninhos, / E esta festa, / Desperta os passarinhos / E envolve troncos, / Vindo através das folhagens, / Em acordes selvagens, / Anunciam a alvorada.

Desses cantos, sob o sol da manhã, / Em linda festa pagã, / Escorre a vida, cheia de encantos, / E transborda, numa chuva de cores, / E entre os vales sonhadores, / A montanha acorda.


Fonte: A canção no tempo - 85 anos de músicas brasileiras (Vol. 1: 1901-1957) - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello.