A toada "Luar do Sertão" é um dos maiores sucessos de nossa música popular em todos os tempos. Fácil de cantar, está na memória de cada brasileiro, até dos que não se interessam por música. Como a maioria das canções que fazem apologia da vida campestre, encanta principalmente pela ingenuidade dos versos e simplicidade da melodia. Embora tenha defendido com veemência pela vida afora sua condição de autor único de "Luar do Sertão", Catulo da Paixão Cearense deve ser apenas o autor da letra.
A melodia seria de João Pernambuco ou, mais provavelmente, de um anônimo, tratando-se assim de um tema folclórico - o côco "É do Maitá" ou "Meu Engenho é do Humaitá" -, recolhido e modificado pelo violonista. Este côco integrava seu repertório e teria sido por ele transmitido a Catulo, como tantos outros temas. Pelo menos, isso é o que se deduz dos depoimentos de personalidades como Heitor Villa-Lobos, Mozart de Araújo, Sílvio Salema e Benjamin de Oliveira, publicados por Almirante no livro No tempo de Noel Rosa.
Há ainda a favor da versão do aproveitamento de tema popular, uma declaração do próprio Catulo (em entrevista a Joel Silveira) que diz: "Compus o Luar do Sertão ouvindo uma melodia antiga (...) cujo estribilho era assim: 'É do Maitá! É do Maitá"'. A propósito, conta o historiador Ary Vasconcelos (em Panorama da música popular brasileira na belle époque) que teve a oportunidade de ouvir "Luperce Miranda tocar ao bandolim duas versões do 'É do Maitá': a original e 'outra modificada por João Pernambuco', esta realmente muito parecida com Luar do sertão".
Homem humilde, quase analfabeto, sem muita noção do que representavam os direitos de uma música célebre, João Pernambuco teve dois defensores ilustres - Heitor Villa-Lobos e Henrique Foreis Domingues, o Almirante - que, se não conseguiram o reconhecimento judicial de sua condição de autor de Luar do Sertão, pelo menos deram credibilidade à reivindicação. Ainda do mesmo Almirante foi a iniciativa de tornar o Luar do Sertão prefixo musical da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a partir de 1939.
Luar do Sertão (toada, 1914) - João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense - Interpretação: Francisco Alves
Disco 78 rpm / Título da música: Luar do Sertão / João Pernambuco (Compositor) / Catulo da Paixão Cearense (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Orquestra Odeon, Lírio Panicali [Direção] (Acomp.) / Nº do Álbum: 12377-b / Nº da Matriz: 7395 / Gravação: 5/Outubro/1943 / Lançamento: Novembro/1943 / Gênero musical: Canção
Eduardo das Neves, o cantor-circense Dudu, interpreta na primeira gravação em 1914:
Disco selo: Odeon Record / Título da música: O Luar do Sertão / João Pernambuco (Compositor) / Catulo da Paixão Cearense (Compositor) / Eduardo das Neves (Intérprete) / Piano e coro (Acomp.) / Nº do Álbum: 120911 / Nº da Matriz: 120.911=3 / Lançamento: Fevereiro/1914 / Gênero musical: Toada sertaneja / Coleção de Origem: IMS, Nirez / Obs.: No rótulo do disco consta Catullo Cearense (Catulo) como compositor da melodia e da letra.
A melodia seria de João Pernambuco ou, mais provavelmente, de um anônimo, tratando-se assim de um tema folclórico - o côco "É do Maitá" ou "Meu Engenho é do Humaitá" -, recolhido e modificado pelo violonista. Este côco integrava seu repertório e teria sido por ele transmitido a Catulo, como tantos outros temas. Pelo menos, isso é o que se deduz dos depoimentos de personalidades como Heitor Villa-Lobos, Mozart de Araújo, Sílvio Salema e Benjamin de Oliveira, publicados por Almirante no livro No tempo de Noel Rosa.
Há ainda a favor da versão do aproveitamento de tema popular, uma declaração do próprio Catulo (em entrevista a Joel Silveira) que diz: "Compus o Luar do Sertão ouvindo uma melodia antiga (...) cujo estribilho era assim: 'É do Maitá! É do Maitá"'. A propósito, conta o historiador Ary Vasconcelos (em Panorama da música popular brasileira na belle époque) que teve a oportunidade de ouvir "Luperce Miranda tocar ao bandolim duas versões do 'É do Maitá': a original e 'outra modificada por João Pernambuco', esta realmente muito parecida com Luar do sertão".
Homem humilde, quase analfabeto, sem muita noção do que representavam os direitos de uma música célebre, João Pernambuco teve dois defensores ilustres - Heitor Villa-Lobos e Henrique Foreis Domingues, o Almirante - que, se não conseguiram o reconhecimento judicial de sua condição de autor de Luar do Sertão, pelo menos deram credibilidade à reivindicação. Ainda do mesmo Almirante foi a iniciativa de tornar o Luar do Sertão prefixo musical da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a partir de 1939.
Luar do Sertão (toada, 1914) - João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense - Interpretação: Francisco Alves
Disco 78 rpm / Título da música: Luar do Sertão / João Pernambuco (Compositor) / Catulo da Paixão Cearense (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Orquestra Odeon, Lírio Panicali [Direção] (Acomp.) / Nº do Álbum: 12377-b / Nº da Matriz: 7395 / Gravação: 5/Outubro/1943 / Lançamento: Novembro/1943 / Gênero musical: Canção
Eduardo das Neves, o cantor-circense Dudu, interpreta na primeira gravação em 1914:
Disco selo: Odeon Record / Título da música: O Luar do Sertão / João Pernambuco (Compositor) / Catulo da Paixão Cearense (Compositor) / Eduardo das Neves (Intérprete) / Piano e coro (Acomp.) / Nº do Álbum: 120911 / Nº da Matriz: 120.911=3 / Lançamento: Fevereiro/1914 / Gênero musical: Toada sertaneja / Coleção de Origem: IMS, Nirez / Obs.: No rótulo do disco consta Catullo Cearense (Catulo) como compositor da melodia e da letra.
--------G ----------Em -------Am --------D7-------- G----- D7
Não há, ó gente, oh não luar / Como este do sertão (bis)
--------------G------- Em------------ Am--------------------------- D7
Oh que saudade do luar da minha terra / Lá na serra branquejando
------------------------G D7------- G--------- Em---------- Am
Folhas secas pelo chão / Esse luar cá da cidade, tão escuro
--------------------------D7------------------- G------- D7
Não tem aquela saudade / Do luar lá do sertão (refrão)
--------------G --------Em ---------Am--------------------------- D7
A gente fria desta terra sem poesia / Não se importa com esta lua
-----------------------G D7------------- G--------- Em------- Am
Nem faz caso do luar / Enquanto a onça, lá na verde capoeira
------------------------D7-------------------- G------ D7
Leva uma hora inteira, / Vendo a lua a meditar (refrão)
-----------------G--------------- Em---------- Am
Ai, quem me dera que eu morresse lá na serra
------------------------D7---------------------- G------- D7
Abraçado à minha terra e dormindo de uma vez
-------------G------------- Em --------Am
Ser enterrado numa grota pequenina
------------------------D7 ----------------G -------D7
Onde à tarde a surunina chora sua viuvez (refrão).
Não há, ó gente, oh não luar / Como este do sertão (bis)
--------------G------- Em------------ Am--------------------------- D7
Oh que saudade do luar da minha terra / Lá na serra branquejando
------------------------G D7------- G--------- Em---------- Am
Folhas secas pelo chão / Esse luar cá da cidade, tão escuro
--------------------------D7------------------- G------- D7
Não tem aquela saudade / Do luar lá do sertão (refrão)
--------------G --------Em ---------Am--------------------------- D7
A gente fria desta terra sem poesia / Não se importa com esta lua
-----------------------G D7------------- G--------- Em------- Am
Nem faz caso do luar / Enquanto a onça, lá na verde capoeira
------------------------D7-------------------- G------ D7
Leva uma hora inteira, / Vendo a lua a meditar (refrão)
-----------------G--------------- Em---------- Am
Ai, quem me dera que eu morresse lá na serra
------------------------D7---------------------- G------- D7
Abraçado à minha terra e dormindo de uma vez
-------------G------------- Em --------Am
Ser enterrado numa grota pequenina
------------------------D7 ----------------G -------D7
Onde à tarde a surunina chora sua viuvez (refrão).
Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.
Em 1914 Eduardo das Neves diz que o luar da cidade é escuro. Imagine hoje, atualmente, 2022 ...
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