quarta-feira, 22 de março de 2006

Talento e formosura

A obra mais famosa de Edmundo Otávio Ferreira, foi o chótis Talento e formosura, que recebeu versos de Catulo da Paixão Cearense, sendo gravado, entre outros, pela Banda da Casa Edson e pela Banda do Corpo de Bombeiros, na Odeon; pelos cantores João Barros e Mário Pinheiro, já com versos de Catulo, na Victor Record e pelo Grupo Lulu o Cavaquinho, na Columbia, todas no início do século XX.

Em 1977, Talento e formosura foi regravada por Paulo Tapajós na série "Cantares brasileiros - vol. 1 - a modinha", distribuído pela Companhia Internacional de Seguros como brinde de Natal.

Talento e Formosura (modinha, 1905) - Edmundo Otávio Ferreira e Catulo da Paixão Cearense

Interpretação de Mário Pinheiro em disco da Casa Edison de 1904:

Disco selo: Odeon Record / Título da música: O talento e formosura / Edmundo Otávio Ferreira (Compositor) / Catulo Cearense (Compositor) / Mário Pinheiro (Intérprete) / Violão (Acomp.) / Nº do Álbum: 40151 / Nº da Matriz: Rx-8 / Lançamento: 1904 / Gênero musical: Modinha / Coleção de Origem: IMS, Nirez



Interpretação de Francisco Alves em disco Odeon lançado em 1930:

Disco 78 rpm / Título da música: Talento e Formosura / Edmundo Otávio Ferreira (Compositor) / Catulo da Paixão Cearense (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Tute [Violão] (Acomp.) / Luperce [Bandolim] (Acomp.) / Gravadora; Odeon / Nº do Álbum: 10709-a / Nº da Matriz: 3927 / Gravação: 28/Agosto/1930 / Lançamento: Novembro/1930 / Gênero musical: Modinha / Coleção de Origem: IMS, Nirez



Interpretação de Vicente Celestino em disco da RCA Victor lançado em 1952:

Disco 78 rpm / Título da música: Talento e Formosura / Edmundo Otávio Ferreira (Compositor) / Catulo Cearense (Compositor) / Vicente Celestino (Intérprete) / Orquestra (Acomp.) / Gravadora: RCA Victor / Nº do Álbum: 80-1021-b / Nº da Matriz: SB-093385 / Gravação: 6/Agosto/1952 / Lançamento: Novembro/1952 / Gênero musical: Canção



Talento e formosura (modinha)

Tu podes bem / Guardar os dons da formosura / Que o tempo um dia / Há de implacável trucidar / Tu podes bem / Viver ufana da ventura / Que a natureza / Cegamente quis te dar

Prossegue embora / Em flóreas sendas sempre ovante / De glórias cheia / No teu sólio triunfante / Que antes que a morte / Vibre em ti funéreo golpe seu / A natureza irá roubando / O que te deu

E quanto a mim / Irei cantando o meu ideal de amor / Que é sempre novo / No viçor da primavera / Na lira austera / Em que o Senhor me fez tão destro / Será meu estro / Só do que for imortal

Terei mais glória / Em conquistar com sentimento / Pensantes almas / De varões de alto saber / E com amor / E com pujança de talento / Fazer um bardo / Ternas lágrimas verter

Isto é mais nobre / É mais sublime e edificante / Do que vencer / Um coração ignorante / Porque a beleza é só matéria / E nada mais traduz / Mas o talento é só espírito / E só luz

Descantarei na minha lira / As obras-primas do Criador / O mago olor da flor / Desabrochando à luz do luar / O incenso d’água / Que nos olhos faz / A mágoa rutilar / Nuns olhos onde o amor / Tem seu altar

E o verde mar que se debruça / N’alva areia a espumejar / E a noite que soluça / E faz a lua soluçar / E a Estrela Dalva / E a Estrela Vésper languescente / Bastam somente / Para os bardos inspirar

Mas quando a morte / Conduzir-te à sepultura / O teu supremo orgulho / Em pó reduzirá / E após a morte / Profanar-te a formosura / Dos teus encantos / Mais ninguém se lembrará

Mas quando Deus / Fechar meus olhos sonhadores / Serei lembrado / Pelos bardos trovadores / Que os versos meus hão de na lira / Em magos tons gemer / Eu morto embora / Nas canções hei de viver



Fonte: A Canção no Tempo (Vol. 1) - Jairo Severiano, Zuza Homem de Mello - Editora 34

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