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João Pernambuco - 1926 |
João Pernambuco (João Teixeira Guimarães), instrumentista e compositor, nasceu em Jatobá PE em 2/11/1883 e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 16/10/1947. Filho de índia caeté e de português, aos 12 anos já tocava viola, que aprendera com violeiros e cantadores sertanejos.
Com a morte dos pais, transferiu-se para Recife PE, onde começou a trabalhar como aprendiz de ferreiro e depois como operário.
Em 1902, viajou para o Rio de Janeiro, passando a residir com uma irmã e empregando-se numa fundição. Seis anos depois, ingressou como servente na prefeitura do então Distrito Federal e mudou-se para uma pensão, na esquina das ruas Riachuelo com Inválidos.
De cultura modesta, mas de excepcional talento musical, por essa época passou a conviver com os grandes violonistas populares, aprimorando-se então no violão, como autodidata. Já autor de algumas canções e toadas sertanejas, e conhecedor de inúmeras outras do folclore nordestino, conheceu
Catulo da Paixão Cearense, com quem começou a compor cantigas baseadas nesse folclore, como o coco
Engenho de Humaitá, de 1911, que se transformaria na famosa toada
Luar do sertão, dois anos depois, e a toada
Caboca de Caxangá, de 1913, sucesso no Carnaval do ano seguinte.
Com Catulo da Paixão Cearense, passou a ser conhecido nos meios musicais, chegando a exibir-se em residências ilustres, como a de Rui Barbosa e a de Afonso Arinos. Foi sua a idéia de formar o Grupo Caxangá, que lançou nova moda musica! no pais: os integrantes vestiam-se como sertanejos nordestinos e utilizavam instrumentos típicos.
O grupo, composto por ele,
Pixinguinha, Nelson Alves e
Donga, entre outros, teve seu auge em 1914 e dissolveu-se em 1919. Participou então de vários outros conjuntos, entre os quais
Turunas Pernambucanos e
Oito Batutas. Por incumbência de Arnaldo Guinle, viajou por vários Estados, para recolher temas folclóricos brasileiros, trabalho do qual participaram também Donga e Pixinguinha. Compôs várias toadas, muitas delas gravadas pela cantora Stefana de Macedo. Como violonista, gravou para a
Casa Edison (Odeon), Columbia e Phoenix.
Em 1997, o violonista Leandro Carvalho gravou o CD
João Pernambuco: o poeta do violão (brinde da Sadia), extensão de sua monografia
A música para violão de João Pernambuco e Heitor Villa-Lobos, com 14 músicas, entre elas
Azulão e
Ronca o bizouro na fulô, que atribui ao compositor, baseado em levantamento de Jacó do Bandolim.
Obras
Ajueia, Chiquinha, toada, s.d.;
Biro-biro, iaiá, toada, s.d.;
Brasileirinho, choro, s.d.;
Choro em ré menor, s.d.;
Coco dendê rapiá, toada, s.d.;
A coivara do meu peito, toada, s.d.;
Dengoso, choro, s.d.;
Engenho de Humaitá (ou
Luar do sertão, c/versos de Catulo da Paixão Cearense, 1913), coco, 1911;
Estrada do sertão (c/Hermínio Belo de Carvalho), s.d.;
Graúna, choro, s.d.;
Gritos d'alma, valsa, s.d.;
Interrogando, choro, s.d.;
Lágrimas, valsa, s.d.;
Lamento, choro, s.d.;
O marrueiro, toada, s.d.;
Mimoso, choro, s.d.;
Pó de mico, choro, s.d.;
Reboliço, choro, s.d.;
Recordando minha terra, valsa, s.d.;
Sempre-viva, valsa, s.d.;
Sentindo, choro, s.d.;
Siricóia, toada, s.d.;
Sonho de magia, valsa, s.d.;
Sons de carrilhões, choro, s.d.;
Tiá de Junqueira, toada, s.d.;
Valsa em lá, s.d.;
Vancê, toada, s.d.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - SP - 1998.