A história de "Alá-lá-ô" começou no carnaval de 1940, quando um bloco do bairro da Gávea cantou nas ruas a marcha "Caravana", de autoria de seu patrono Haroldo Lobo, que tinha apenas estes versos: "Chegou, chegou a nossa caravana / viemos do deserto / sem pão e sem banana pra comer / o sol estava de amargar / queimava a nossa cara / fazia a gente suar".
Meses depois, preparando o repertório para o carnaval de 41, Haroldo pediu a Antônio Nássara para completar a composição. Achando a idéia (a caravana, o deserto, o calor...) bem melhor do que os versos, ele logo faria esta segunda parte: "Viemos do Egito / e muitas vezes nós tivemos que rezar / Alá, Alá, Alá, meu bom Alá / mande água pra Ioiô / mande água pra Iaiá / Alá, meu bom Alá".
Conta Nássara - em depoimento realizado para o Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, em 1983 - que, quando Haroldo tomou conhecimento dos versos, com a palavra "Alá" repetida várias vezes, entusiasmou-se: "Mas que palavra você me arranjou, rapaz!". E ali, na hora, criou o refrão "Alá-lá-ô, ô-ô-ô ô-ô-ô / mas que calor, ô-ô-ô ô-ô-ô", ponto alto da composição.
Ainda no mesmo depoimento, Nássara ressalta a atuação de Pixinguinha, como arranjador, na gravação inicial: "Era a última sessão de gravação para o carnaval de 41. Se não fosse gravado naquela sessão, só sairia no ano seguinte. Então, corri à casa de Pixinguinha, na rua do Chichorro, no Catumbi. Era um sábado de verão e o maestro, cheio de serviço, estava trabalhando sem camisa, encharcado de suor. Mesmo assim, ele teve a boa vontade de dar prioridade à minha música, começando a fazer imediatamente o arranjo, que ficou uma beleza, com uns três ou quatro enxertos de sua autoria".
Além da criativa introdução, Pixinguinha soube vestir "Allah-lá-ô" com uma orquestração exemplar, em que mais uma vez utilizou o recurso da modulação na sessão instrumental, que começa e termina com duas brilhantes passagens, primeiro subindo a lá maior e depois retornando a sol maior, tonalidade do cantor. Em 1980, num artigo em Manchete, David Nasser declarou-se autor da letra de "Caravana", embrião de "Allah-la-ô".
Allah-la-ô (marcha/carnaval, 1941) - Haroldo Lobo e Nássara - Intérprete: Carlos Galhardo
Disco 78 rpm / Título da música: Alá-lá-ô / Haroldo Lobo (Compositor) / Nássara, 1910-1996 (Compositor) / Carlos Galhardo, 1913-1985 (Intérprete) / Orquestra (Acomp.) / Gravadora: Victor / Gravação: 21/11/1940 / Lançamento: 01/1941 / Nº do Álbum: 34697 / Nº da Matriz: 52055 / Gênero musical: Marcha
Meses depois, preparando o repertório para o carnaval de 41, Haroldo pediu a Antônio Nássara para completar a composição. Achando a idéia (a caravana, o deserto, o calor...) bem melhor do que os versos, ele logo faria esta segunda parte: "Viemos do Egito / e muitas vezes nós tivemos que rezar / Alá, Alá, Alá, meu bom Alá / mande água pra Ioiô / mande água pra Iaiá / Alá, meu bom Alá".
Conta Nássara - em depoimento realizado para o Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, em 1983 - que, quando Haroldo tomou conhecimento dos versos, com a palavra "Alá" repetida várias vezes, entusiasmou-se: "Mas que palavra você me arranjou, rapaz!". E ali, na hora, criou o refrão "Alá-lá-ô, ô-ô-ô ô-ô-ô / mas que calor, ô-ô-ô ô-ô-ô", ponto alto da composição.
Ainda no mesmo depoimento, Nássara ressalta a atuação de Pixinguinha, como arranjador, na gravação inicial: "Era a última sessão de gravação para o carnaval de 41. Se não fosse gravado naquela sessão, só sairia no ano seguinte. Então, corri à casa de Pixinguinha, na rua do Chichorro, no Catumbi. Era um sábado de verão e o maestro, cheio de serviço, estava trabalhando sem camisa, encharcado de suor. Mesmo assim, ele teve a boa vontade de dar prioridade à minha música, começando a fazer imediatamente o arranjo, que ficou uma beleza, com uns três ou quatro enxertos de sua autoria".
Além da criativa introdução, Pixinguinha soube vestir "Allah-lá-ô" com uma orquestração exemplar, em que mais uma vez utilizou o recurso da modulação na sessão instrumental, que começa e termina com duas brilhantes passagens, primeiro subindo a lá maior e depois retornando a sol maior, tonalidade do cantor. Em 1980, num artigo em Manchete, David Nasser declarou-se autor da letra de "Caravana", embrião de "Allah-la-ô".
Allah-la-ô (marcha/carnaval, 1941) - Haroldo Lobo e Nássara - Intérprete: Carlos Galhardo
Disco 78 rpm / Título da música: Alá-lá-ô / Haroldo Lobo (Compositor) / Nássara, 1910-1996 (Compositor) / Carlos Galhardo, 1913-1985 (Intérprete) / Orquestra (Acomp.) / Gravadora: Victor / Gravação: 21/11/1940 / Lançamento: 01/1941 / Nº do Álbum: 34697 / Nº da Matriz: 52055 / Gênero musical: Marcha
Tom: D A7 D Allah-la-ô, ô ô ô, ô ô ô ô A7 D Mas que calor, ô ô ô, ô ô ô (bis) A7 D Atravessamos o deserto do Sahara A7 D O sol estava quente, queimou a nossa cara (ESTRIB.) D7 G A7 D Viemos do Egito / e muitas vezes nós tivemos que rezar A7 Allah-Allah-Allah, meu bom Allah D A7 D Mande água pra Ioiô / Mande água pra Iaiá A7 D Allah, meu bom Allah
Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34; Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.
Parabéns, seu trabalho é maravilhoso, o Brasil precisa refrescar sua memória
ResponderExcluirTop mpb
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