quinta-feira, 8 de junho de 2006

Gente humilde

“Gente Humilde” teria surgido durante uma visita de Garoto a um subúrbio carioca. De repente, ao observar aquelas pessoas e suas casas modestas, ele resolveu homenageá-las numa canção. Tempos depois, a gravaria num acetato para o professor mineiro Valter Souto, registro que asseguraria a sobrevivência da composição, mantida inédita em disco comercial.

Garoto
Finalmente, quase quinze anos após a morte de Garoto, Baden Powell mostrou-a a Vinícius de Moraes que, apaixonando-se pelo tema, deu-lhe uma letra em parceria com Chico Buarque. Aliás, uma letra primorosa que, segundo o próprio Chico, é quase toda de Vinicius: “São casas simples, com cadeiras na calçada / e na fachada escrito em cima que é um lar / pela varanda, flores tristes e baldias / como a alegria que não tem onde encostar...”

Muito antes, porém, houve uma outra letra (“Em um subúrbio afastado da cidade / Vive João e a mulher com quem casou / tem um casebre onde a felicidade / bateu à porta, foi entrando e lá ficou...”) de um poeta mineiro, que preferiu se manter no anonimato. Com esta letra, “Gente Humilde” foi cantada em programas da Rádio Nacional por Zezé Gonzaga e o coral Os Cantores do Céu, em arranjo de Badeco, do conjunto Os Cariocas (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Gente Humilde (canção, 1970) - Chico Buarque, Garoto e Vinícius de Moraes - Interpretação: Ângela Maria

LP Ângela De Todos Os Temas / Título da música: Gente Humilde / Garoto (Compositor) / Vinicius de Moraes (Compositor) / Chico Buarque (Compositor) / Ângela Maria (Intérprete) / Gravadora: Copacabana / Ano: 1970 / Nº Álbum: CLP 11600 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Canção.

Tom: C7+
Intro: C Am F G

C7+                         D#º            Dm7
Tem certos dias em que eu penso em minha gente
          G11              G7        C7+  G7/5+
E sinto assim todo o meu peito se apertar
         Em7         D#º         Dm7
Porque parece que acontece de repente
          Dm4/7       C#7/5-   C7+   G7/13
Como um desejo de eu viver sem me notar
         C7+             D#º         Dm7
Igual a como quando eu passo no subúrbio
     G11               G7             Gm7 C7/13
Eu muito bem vindo de trem de algum lugar
        F7+            G#7/9       Em7   A7/9-
E aí me dá como uma inveja dessa gente
             D7           G7/9-          C7+  G7/13
Que vai em frente sem nem ter com quem contar
             C7+          D#º        Dm7
São casas simples com cadeiras na calçada
        G11              G7            C7+ G7/5+
E na fachada escrito em cima que é um lar
       Em7            D#º        Dm7
Pela varanda flores tristes e baldias
         Dm4/7         C#7/5-       C7+    G7/13
Como a alegria que não tem onde encostar
         C7+       D#º           Dm7
E aí me dá uma tristeza no meu peito
            G11              G7        Gm7 C7/13
Feito um despeito de eu não ter como lutar
               F7+         G#7/9           Em7  A7/9-
E eu que não creio peço a Deus por minha gente
           D7            G7/9-    C7+
É gente humilde, que vontade de chorar

Um comentário:

  1. Lindo! Maravilha. Saudades deste tempo de Paz no subúrbio de cadeiras na calçada.

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