A partir de meados dos anos dez, a música rural paulista saiu do âmbito regional, espalhando-se pelo país. Para isso foi decisivo o trabalho do compositor Marcelo Tupinambá, estilizador do gênero. Com toadas, cateretês e tanguinhos - preferia usar o diminutivo para diferenciar seus tangos dos de Ernesto Nazareth -, ele reinou no meio musical até o início da década de vinte.
Um de seus maiores sucessos é o cateretê O matuto, em que conta o desejo de um cearense desgarrado de voltar à sua terra: "Pro sertão do Ceará / tomara já vortá / tomara já vortá...". A escolha de um tema como este, ligado a outro estado, parece indicar uma aspiração do autor a se popularizar além das fronteiras paulistas.
Natural de Tietê, filho de uma família de músicos, Marcelo Tupinambá chamava-se realmente Fernando Lobo, tendo adotado o pseudônimo em razão dos preconceitos que existiam na época contra a música popular. A mudança de nome aconteceu por volta de 1915 em conseqüência do sucesso do maxixe São Paulo Futuro, de sua autoria. Ele contava que na ocasião, cursando a Escola Politécnica de São Paulo, onde se formou no ano seguinte, foi chamado ao gabinete do diretor Paula Souza, que o censurou: "Não permito que aluno meu ande fazendo maxixes. Quem vai confiar num engenheiro que faz maxixes?". Depois desta advertência, Fernando Lobo virou Marcelo Tupinambá.
O matuto (Canção Cearense) (cateretê, 1918) - versos de Cândido Costa e música de Marcelo Tupinambá
Interpretação pela dupla Os Geraldos em disco etiqueta "Gaúcho", lançado em 1916:
Disco selo: Gaúcho R / Título da música: O Matuto / Marcello Tupynambá (Compositor) / Cândido Costa (Compositor) / Os Geraldos (Intérprete) / Nº do Álbum: 4037 / Lançamento: 1916 / Gênero musical: Tango
Interpretação de Mário Pinheiro em disco Odeon lançado em 1917:
Disco selo: Odeon R / Título da música: O Matuto / Marcello Tupynambá (Compositor) / Claudino Costa (Compositor) / Mário Pinheiro (Intérprete) / Piano (Acomp.) / Nº do Álbum: 121354 / Lançamento: 1917 / Gênero musical: Cateretê / Coleção de Origem: Nirez
Quando foi da meia-noite para o dia, / que eu deixei com cortezia / minha terra, o Ceará / as foias véias já cabia pela estrada, / vim marchando na picada / só na seca a matutá:
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomára eu já vortá... (bis)
No cemiterio os mortos se alevantaram / uns aos outros perguntaram / que qu'eu havéra de querê? / nas catacumba os defunto té gemia / no céo as coruja ria / Eu mesmo não sei porquê...
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomára eu já vortá... (bis)
As santas fêmea, na igreja já chorava / os santos macho só me oiava / com cada ôio assim! / Até os gallo e as gallinha não sabia / de corrê p'ra onde havia / tudo com medo de mim!
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomára eu já vortá.... (bis)
Quando eu cheguei dessa viagem cá no Rio / foi qu'antão logo se viu / qu'é qu'eu vinha cá fazê: / eu fui chamado só p'ra sê o presidente / desta terra, desta gente / sê o rei de vosmucês
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomára eu já vortá... (bis)
Logo o povo, muito amavo, foi dizendo / o dote qu'eu ia tendo: / o Pará, França, o Japão, / um iscalé com doze remo e vinte peça / mas abanei co'a cabeça / dizendo "Não quero, não!"
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomára eu já vortá... (bis)
Agora vorto p'r'o meu ceará querido / sinão fico home perdido / é mió eu i p'ra lá! / Quero i m'imbora e hei de i até a nado / sinão fico avaccaiado / como todo mundo está!
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomara eu já vortá...
Um de seus maiores sucessos é o cateretê O matuto, em que conta o desejo de um cearense desgarrado de voltar à sua terra: "Pro sertão do Ceará / tomara já vortá / tomara já vortá...". A escolha de um tema como este, ligado a outro estado, parece indicar uma aspiração do autor a se popularizar além das fronteiras paulistas.
Natural de Tietê, filho de uma família de músicos, Marcelo Tupinambá chamava-se realmente Fernando Lobo, tendo adotado o pseudônimo em razão dos preconceitos que existiam na época contra a música popular. A mudança de nome aconteceu por volta de 1915 em conseqüência do sucesso do maxixe São Paulo Futuro, de sua autoria. Ele contava que na ocasião, cursando a Escola Politécnica de São Paulo, onde se formou no ano seguinte, foi chamado ao gabinete do diretor Paula Souza, que o censurou: "Não permito que aluno meu ande fazendo maxixes. Quem vai confiar num engenheiro que faz maxixes?". Depois desta advertência, Fernando Lobo virou Marcelo Tupinambá.
O matuto (Canção Cearense) (cateretê, 1918) - versos de Cândido Costa e música de Marcelo Tupinambá
Interpretação pela dupla Os Geraldos em disco etiqueta "Gaúcho", lançado em 1916:
Disco selo: Gaúcho R / Título da música: O Matuto / Marcello Tupynambá (Compositor) / Cândido Costa (Compositor) / Os Geraldos (Intérprete) / Nº do Álbum: 4037 / Lançamento: 1916 / Gênero musical: Tango
Interpretação de Mário Pinheiro em disco Odeon lançado em 1917:
Disco selo: Odeon R / Título da música: O Matuto / Marcello Tupynambá (Compositor) / Claudino Costa (Compositor) / Mário Pinheiro (Intérprete) / Piano (Acomp.) / Nº do Álbum: 121354 / Lançamento: 1917 / Gênero musical: Cateretê / Coleção de Origem: Nirez
Quando foi da meia-noite para o dia, / que eu deixei com cortezia / minha terra, o Ceará / as foias véias já cabia pela estrada, / vim marchando na picada / só na seca a matutá:
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomára eu já vortá... (bis)
No cemiterio os mortos se alevantaram / uns aos outros perguntaram / que qu'eu havéra de querê? / nas catacumba os defunto té gemia / no céo as coruja ria / Eu mesmo não sei porquê...
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomára eu já vortá... (bis)
As santas fêmea, na igreja já chorava / os santos macho só me oiava / com cada ôio assim! / Até os gallo e as gallinha não sabia / de corrê p'ra onde havia / tudo com medo de mim!
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomára eu já vortá.... (bis)
Quando eu cheguei dessa viagem cá no Rio / foi qu'antão logo se viu / qu'é qu'eu vinha cá fazê: / eu fui chamado só p'ra sê o presidente / desta terra, desta gente / sê o rei de vosmucês
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomára eu já vortá... (bis)
Logo o povo, muito amavo, foi dizendo / o dote qu'eu ia tendo: / o Pará, França, o Japão, / um iscalé com doze remo e vinte peça / mas abanei co'a cabeça / dizendo "Não quero, não!"
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomára eu já vortá... (bis)
Agora vorto p'r'o meu ceará querido / sinão fico home perdido / é mió eu i p'ra lá! / Quero i m'imbora e hei de i até a nado / sinão fico avaccaiado / como todo mundo está!
Pro sertão do Ceará / Tomára eu já vortá... / Tomara eu já vortá...
Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.
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