O flautista Viriato Figueira da Silva nasceu em Macaé, estado do Rio de Janeiro. Estudou no Conservatório de Música do Rio de Janeiro com Callado, de quem se tornou grande amigo. Foi um dos primeiros a se destacar no Brasil como solista de saxofone. Viajou a São Paulo como integrante da orquestra do Teatro Phoenix Dramática, sob direção do maestro Henrique Alves de Mesquita.
Segundo o flautista Pedro de Assis, Viriato "empreendeu com grande êxito artístico e financeiro uma turnê artística às capitais nortistas alguns anos depois de ter feito a mesma digressão o maior flautista do mundo, o célebre flautista belga André Mateus Reichert".
A polca Só para Moer, de sua autoria, é a primeira em tonalidade menor de que se tem notícia, e uma das músicas mais lindas do repertório do choro. Gravada originalmente por Patápio Silva em 1902, popularizou-se entre os músicos de choro, tornando-se um clássico da obra de Viriato.
Disco 78 rpm - Título da música: Só para moer - Autoria Silva, Viriato Figueira da (Compositor) - Silva, Patápio (Intérprete) - Imprenta [S.l.]: Odeon, 1904-1907 - Nº Álbum 40047 - Gênero musical Choro
Só para moer (Não vê-la mais) (polca, 1877) - Música: Viriato Figueira da Silva / Letra: Catulo da Paixão Cearense
Senhor / Tréguas a meus ais!
Mata-me esta dor / De não vê-la mais
Volve piedoso o teu olhar / Para o meu sofrer
Vê que a padecer / Venho te implorar
Senhor, faze adormecer / Meu peito a doer
Tu que és todo amor! / Tem compaixão
Da minha dor / Pára o coração
Faze-o descansar / Basta de ansiar
Pensar que nunca mais verei / O anjo que adorei
Por quem choro e chorei / E em cujo altar me ajoelhava
E em que em extremos cultuava / E que era tudo quanto amava
E que era tudo quanto amei
Pensar / Em não mais me orvalhar
Não me sacramentar / Nos olhos que adorei
Naqueles olhos que eu magoado / Sobre um leito debruçado
Num suspiro prolongado / Com as minhas mãos fechei
Tão só / O que hei de fazer?
Mais do que gemer / Mais do que gemer
Até que de mim tenhas dó / Volvas teu amor
Teu sagrado amor / Sobre mim Senhor
Em prece, ajoelhado / A sua sepultura
Que lágrimas transuda / Já tenho interrogado
A sepultura é muda / Não quer me responder
Meus Deus, que hei de fazer? / Senhor, meu Deus, que hei de fazer?
Contrito, ajoelhado / Em lágrimas desfeito
Já tenho interrogado / A pedra de seu lado
A pedra friamente / Silêncio só transuda
E impiedosamente muda / Nada diz ao infeliz
Às horas fulgurantes / Das noites palpitantes
A lua macilenta / Tristonha e sonolenta
O azul do firmamento / E a própria solidão
Entendem minhas queixas / E esta dor do coração
Só Tu, Senhor, em calma / Não ouves meus gemidos
Gritando por sua alma / Cansados, languescidos
Em pleno cemitério / Revela-me o mistério
E vem agora me dizer: / O que é viver, o que é morrer?
Senhor / Tréguas a meus ais!
Mata-me esta dor / De não vê-la mais
Volve piedoso o teu olhar / Sobre o meu penar
Vê que a soluçar / Venho te implorar
Fontes: A Canção no Tempo - Vol.2 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.
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