Mano Décio da Viola (Décio Antônio Carlos), compositor, Juiz de Fora MG 14/7/1909—id. 18/10/1984. Baiano de Santo Amaro da Purificação, mas registrado em Juiz de Fora, foi para o Rio de Janeiro com um ano, e dos seis aos 14 anos morou no morro da Mangueira, saindo nos Carnavais no rancho Príncipe das Matas, organizado por sua família.
Por 1923, com 14 anos, mudou-se para o subúrbio carioca de Madureira, passando a integrar o bloco local Vai Como Pode, que mais tarde se transformaria no G.R.E.S. da Portela. Pouco depois, fugiu de casa, voltando para a Mangueira, e começou a trabalhar como vendedor de jornais no Largo da Carioca.
Nesse tempo, conheceu Manga (Norberto Marçal), passando a morar em sua casa perto da favela do Buraco Quente, local do morro freqüentado por sambistas, onde surgiu alguns anos depois o G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira.
Em 1930, já morando no subúrbio de Ramos, e fazendo parte do G.R.E.S. Recreio de Ramos, fundado por Manga, compôs seu primeiro samba, Vem, meu amor (com Bide e João de Barro), gravado em 1935 por Almirante.
A partir de 1934 voltou a morar em Madureira, transferindo-se então para a escola de samba Prazer da Serrinha, onde foi diretor de samba e ganhou de um velho sambista, o Magro, o apelido de Mano Décio da Viola. Para essa escola, compôs, em 1945, com Silas de Oliveira, o samba-enredo Conferência de São Francisco, um dos primeiros a tratar de assunto histórico.
Em 1947, com um grupo de dissidentes da Prazer da Serrinha, fundou a 23 de março o G.R.E.S. Império Serrano, escola que sairia durante vários anos cantando sambas seus, conseguindo, com eles, ser campeã quatro vezes.
Em 1949, venceu com Tiradentes (com Penteado e Estanislau Silva), samba-enredo considerado um dos clássicos do gênero. Em 1951, classificou-se em primeiro lugar com Batalha naval do Riachuelo (com Penteado e Molequinho). O Império voltou a ganhar em 1955, com Exaltação a Duque de Caxias (com Silas de Oliveira), e em 1960, com Medalhas e brasões (com Silas de Oliveira), samba-enredo que, por problemas diplomáticos com a embaixada do Paraguai, teve sua letra original alterada, dividindo o primeiro lugar com outras quatro escolas.
Além de sambas-enredo, fez, em 1973, o Hino dos portuários do Brasil (com Ernesto M. da Silva), categoria profissional à qual pertenceu. Tocava violão e bandolim e foi autor de inúmeros sambas, como Lá vem ela com uma trouxa de roupa na cabeça, gravado por Raul Marques em 1942; Apoteose ao samba, gravado por Jamelão em 1950; Olelê, olalá, gravado por Adilson Ribeiro em 1973.
Em 1975, aos 66 anos, gravou na Tapecar seu primeiro LP, que incluiu, entre outras, Dona Santa, rainha do maracatu, Obsessão, Mano Décio ponteia a viola e Hora de chorar. Gravou na Philips, em 1976, o LP O lendário Mano Décio da Viola. Em 1978, pela CBS, lançou seu terceiro e último LP, O imperador.
Já afastado da escola, estava preparando o quarto disco, só com músicas de terreiro, quando morreu. Compôs mais de 500 sambas e, com o parceiro Silas de Oliveira, foi um dos pioneiros na composição de sambas-enredos para os desfiles de Carnaval. A Império Serrano desfilou por 19 anos cantando composições suas.
Obras:
Batalha naval do Riachuelo (c/Penteado e Molequinho), samba-enredo, 1951; Conferência de São Francisco (c/Silas de Oliveira), samba-enredo, 1945; Dona Santa, rainha do maracatu, 1975; Exaltação a duque de Caxias (c/Silas de Oliveira), samba-enredo, 1955; Heróis da liberdade (c/Manuel Ferreira e Silas de Oliveira), samba-enredo, 1969; Medalhas e brasões (c/Silas de Oliveira), samba-enredo, 1960; Tiradentes (c/Penteado e Estanislau Silva), samba-enredo, 1949; Viagem encantada (c/Jorginho Pessanha), 1975.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário