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quarta-feira, 26 de abril de 2006

Risoleta

Simone Moraes
Entre os improvisados instrumentos de percussão, o que mais marcou os intérpretes foi sem dúvida o chapéu de palha, que era moda entre os almofadinhas. Quem primeiro o usou como elemento de ritmo foi o cantor Luís Barbosa. Iniciou-se na vida artística tocando pandeiro de aro de aço, porém, para ele, muito magro e já minado pela tuberculose, era um tour de force, com dez minutos cansava.

A convite do compositor Nássara (Mundo de Zinco, Alá lá ô, Periquitinho verde, etc.) nasceu como cantor. Com excelente balanço, cantando num estilo coloquial muito antes da bossa nova, despertou logo atenção. Um dos seus maiores êxitos foi Risoleta de Raul Marques e Moacir Bernardino (Escrito por Renato Vivacqua).

O título da música tornou uma jovem de nome Risoleta admiradora incondicional do cantor, pelo fato de a música levar seu nome. Risoleta passou a telefonar para Luiz Barbosa que, quando a conheceu, percebendo a sua juventude em flor, fez com entre os dois ocorresse apenas uma boa amizade.

Mais tarde, Risoleta foi para o rádio e adotou o pseudônimo de Simone Moraes. Tornou-se amiga da mãe do cantor, que chamava-se Bela, mãe de Barbosa Junior e Paulo Barbosa, radio-ator e compositor respectivamente.

A versão da canção Fascinação, escrita por Armando Louzada, diretor da Rádio Mayrink Veiga e mais tarde da Rádio Nacional, foi feita para ela, Simone Moraes, que com ele iria se casar. Fascinação teve um imenso sucesso na voz de Carlos Galhardo, e servia de fundo musical para o programa “Crônica da Cidade” (Histórias do Frazão).

Risoleta (samba, 1937) - Raul Marques e Moacir Bernardino - Intérprete: Luiz Barbosa

Disco 78 rpm / Título da música: Risoleta / Moacir Bernardino (Compositor) / Raul Marques (Compositor) / Luiz Barbosa, 1910-1938 (Intérprete) / Conjunto Boêmios da Cidade (Acomp.) / Gravadora: Victor / Gravação: 20/04/1937 / Lançamento: 06/1937 / Nº do Álbum: 34177 / Nº da Matriz: 80379-1 / Gênero musical: Samba

Intro:  Eb7M    Fm  Bb7  Eb7M  Bb7
 
            Eb7M  
Vou mandar prender, 
    Bb        Eb7M  
Esta nega Risoleta,
         Bb                    Eb7M
Que me fez uma falseta e me desacatou, 
                      Bb  
Porque não lhe dei o meu amor.
                 G                     G7  
Isto é conversa prá doutor. E ela foi criada, 
            Cm7  
Na roda da malandragem,
                                     F7  
Hoje vive com visagem. Sei que com esta nega, 
    Bb7  
Não vou levar a mínima vantagem.
 
   Fm     Bb7
E ela quebrou, 
                  Eb7M  
O meu chapéu de palhinha,
  G       G7
De abinha bem curtinha. E também rasgou, 
                      Cm7  
O terno melhor que eu tinha
         Fm7  
Bis       - Quem me deu foi a Rosinha. E a camisa de seda, 
                 Gb°                   Eb7M
Que eu comprei à prestação da mão do Salomão
        C#7   C7  
 (Por preço de ocasião)
Fm  
E ainda não paguei, 
   Bb7         Eb7M     Bb7
A primeira prestação.
            
Eb7M    Fm  Bb7  Eb7M  
(meu Deus do céu, que confusão!)…


Fontes: Renato Vivacqua; Histórias do Frazão; Instituto Moreira Salles - Acervo musical.

terça-feira, 25 de abril de 2006

No tabuleiro da baiana


"No Tabuleiro da Baiana" é um dos maiores sucessos de Ary Barroso nos anos trinta. Sucesso, aliás, que o surpreendeu, conforme confessou à revista Carioca, em 23.10.37: "'No Tabuleiro da Baiana' foi a primeira música que vendi, tão descrente eu estava do seu mérito. Foi-me encomendada por Jardel Jercolis, que pretendia incluí-la em uma das revistas de sua companhia. A música foi mais 'fabricada' que inspirada; produzi-a mais ou menos à força e acabei compondo-a nos moldes de um batuque feito por mim há vários anos (o samba 'Batuque', gravado por Sílvio Caldas e Elisa Coelho em 1931)".

Mas, embora assim classificada, "No Tabuleiro da Baiana" é uma excelente composição, bem ao estilo Ary Barroso, já mostrando várias daquelas inovações que ele começava a incorporar ao samba. Sua introdução instrumental é tão adequada que faz parte integrante da música. A letra dialogada entre homem e mulher, muito bem construída, ideal para um quadro cômico-musical, têm interferências que funcionam como breques, alguns improvisados na gravação original - por exemplo, o breque "Mentirosa, mentirosa, mentirosa..." foi introduzido pelo cantor Luís Barbosa. A seção "Juro por Deus, pelo Senhor do Bonfim..." quase ad libitum, no meio da música, antecipa um procedimento que Ary usaria outras vezes e que sem dúvida, valoriza o retorno ao ritmo marcado, como em "Os quindins de Iaiá" ( 1941 ) e na segunda versão de "No Morro (Eh, eh!)", rebatizada de "Boneca de piche" (1938).

Comprador dos direitos de "No Tabuleiro da Baiana", para uso exclusivo no teatro, Jardel Jercolis o incluiu na revista Maravilhosa (outubro de 36), na qual era cantado e dançado pela dupla Déo Maia e Grande Otelo. Em 31.12, a composição voltou à cena, na revista É Batata!, da mesma companhia, desta vez apresentada por Oscarito e a menina Isa Rodrigues, então chamada de "Shirley Temple brasileira" e que faria carreira no teatro e na televisão. Antes porém da estréia teatral, "No Tabuleiro da Baiana" já estava gravado por Carmen Miranda e Luís Barbosa, sendo revivido em 1980 por Gal Costa e Caetano Veloso e em 1983 por Maria Bethânia e João Gilberto.

No tabuleiro da baiana (samba-batuque, 1936) - Ary Barroso - Intérpretes: Carmen Miranda e Luiz Barbosa

Disco 78 rpm / Título da música: No tabuleiro da baiana / Ary Barroso (Compositor) / Carmen Miranda, 1909-1955 (Intérprete) / Luiz Barbosa, 1910-1938 (Intérprete) / Luperce Miranda (Acomp.) / Regional (Acomp.) / Benedito Lacerda, 1903-1958 (Acomp.) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 29/09/1936 / Nº Álbum 11402 / Gênero musical: Batuque


No tabuleiro da baiana tem:

-------D7M -----Em7----- Gbm7----- Em7
Vatapá, oi, carurú, mugunzá, tem umbú
-------D7M
Pra Ioiô
----------Eb0------- A7M-- Bb0---- Bm7
Se eu pedir você me dá o seu coração
---------E7----- Em7 ----A7----- D7M
Seu amor de Iaiá?

No coração da baiana tem :

-------D7M ----Em7--- Gbm7 -----Em7
Sedução, cangerê, ilusão, candomblé
--------D7M
Prá você
---Bm7----------- Gbm7
Juro por Deus, pelo Senhor do Bonfim
----Em7--- A7------ D7M
Quero você, baianinha, inteirinha
--------B7 ------Gbm7/-5
Pra mim
------B7/-9-------- Em7------ A7
E depois, o que será de nós dois
--------D7M----- Em7--- A7--- D7M
Seu amor é tão fugaz, enganador

Bm7 ----------Gbm7
Tudo já fiz, fui até num cangerê
Em7------ A7
Pra ser feliz
---------D7M -------------------B7 ------Gbm7/-5
Meus trapinhos juntar com você
-----B7/-9---- Em7----------- A7
E depois vai ser mais uma ilusão
-------D7M ----Em7 -----A7 -----D7M
No amor quem governa é o coração 



Fontes: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34; Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

segunda-feira, 24 de abril de 2006

Minha Palhoça

Sílvio Caldas
Todas as delícias da vida campestre - o pomar, o riachão, a passarada, a fonte ao pé do monte - são aqui oferecidas à mulher amada, para ela trocar a cidade pelo sertão. Mas, por via das dúvidas, o convite é reforçado com a promessa de alguns bens da civilização - um rádio, uma Kodak... - pois, afinal, conforto nunca faz mal a ninguém.

Seguindo a linha "rancho-fundo", tão em moda na época, "Minha Palhoça" consagrou-se como um dos melhores sambas do gênero, enriquecendo simultaneamente o repertório de dois cantores: Luís Barbosa, que o popularizou no rádio, e Sílvio Caldas, que a gravou. Curiosa a história de Luís Barbosa. Considerado por muitos o grande sambista de sua geração, teve a carreira quase restrita ao rádio, gravando somente 21 discos.

Minha Palhoça (samba, 1935) - J. Cascata - Intérprete: Sílvio Caldas

Disco 78 rpm / Título da música: Minha palhoça / J. Cascata, 1912-1961 (Compositor) / Sílvio Caldas (Intérprete) / Choro Odeon (Acomp.) / Gravadora: Odeon / Gravação: 09/08/1935 / Lançamento: 10/1935 / Nº do Álbum: 11271 / Nº da Matriz: 5117 / Gênero musical: Samba Coleções: IMS, Nirez

D7M           A7             D7M
Mas se você quisesse, morar na minha palhoça
                       A7
 – Lá tem troça e se faz bossa –
  D7M     Eb°                  Em7
Fica lá na roça, à beira de um riachão 
– E à noite tem violão –
F#7                              Bm7
Uma roseira, cobre a banda da varanda e
    B7               E7          Db7
Ao romper da madrugada, vem a passarada, 
         A7
  abençoar nossa união.
  Em                               A7                           
Tem um cavalo, que eu comprei à prestação 
                         D
  e que não estranha a pista 
Tem jornal; lá tem revista.
  D7                            G
Uma Kodak para tirar nossas fotografias 
– Vai ter retrato todo dia –
 Gm                                 D7M
Um papagaio, que eu mandei vir do Pará.
Bm             Em7              A7               D7M
Um aparelho de rádio batata,  e um violão que desacata.
                           E7
Meu Deus do céu que bom seria…
 D7M      A7              D7M
Mas se você quisesse, morar na minha palhoça – 
                       A7
 Lá tem troça e se faz bossa –
    D7M      Eb°               Em7
Fica lá na roça, à beira de um riachão 
– E à noite tem violão –
F#7                            Bm7
Uma roseira, cobre a banda da varanda e 
   B7                   E7
Ao romper da madrugada, vem a passarada
   Db7             A7
   abençoar nossa união.
      Em                           A7
Tem um pomar, que é pequenino, é uma beleza 
                   D
   - É mesmo uma gracinha – Criação, lá tem galinha – 
   D7                                     G
Um rouxinol, que nos acorda ao amanhecer – 
Isso é verdade, podes crer – 
   Gm                       D7M
A patativa quando canta faz chorar,
Bm              Em7            A7             D7M
Há uma fonte na encosta do monte, a cantar – chuá… chuá…


Fontes: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Vol. 1 - Editora 34; Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.