quinta-feira, 16 de março de 2006

Marcelo Tupinambá

Marcelo Tupinambá (Foto: A Cena Muda, de 22/Outubro/1946)

Marcelo Tupinambá (Fernando Lobo), compositor e instrumentista, nasceu em Tietê SP, em 29/5/1889 e faleceu em São Paulo SP, em 4/7/1953. Filho de Eduardo Lobo, regente da Banda Santíssima Trindade, em Tietê, e sobrinho do maestro Elias Lobo, desde criança revelou inclinação para a música, aprendendo piano de ouvido e, mais tarde, violino com Savino de Benedictis. Cursando o ginásio em Pouso Alegre MG, executava diversos instrumentos e chegou a dirigir a banda local.

Em 1907, com apenas 15 anos de idade, exibiu-se em várias cidades da interior paulista, acompanhando ao piano o célebre flautista Patápio Silva, que excursionava a caminho do Sul. Em 1914, estudante da Escola Politécnica de São Paulo, alcançou seus primeiros êxitos, escrevendo músicas para a revista paulista São Paulo Futuro, de Danton Vampré, encenada também no Rio de Janeiro RJ, pela Companhia Arruda, no Teatro São José. Nessa época adotou o pseudônimo de Marcelo Tupinambá, sob o qual publicou uma série de composições: os tangos Pierrô, Xodó (com J. Taful), Viola cantadera (com Arlindo Leal), o fox-canção O cigano (com João do Sul) e o cateretê O matuto (com C. Costa).

Firmando-se como autor de melodias de inspiração sertaneja, suas composições foram publicadas por editoras paulistas e divulgadas de início através do teatro musicado. As revistas Cenas da roça e Flor do sertão, ambas de Arlindo Leal, incluíram êxitos como Tristeza de caboclo (com Arlindo Leal) e Maricota, sai da chuva.

Tupinambá - 1925
Formado engenheiro civil em 1916, exerceu a profissão até 1923, quando uma doença dos olhos o obrigou a desistir da carreira. Dedicou-se então inteiramente à música, escrevendo inclusive peças de caráter erudito, como a suíte para cordas Estrada velha, a partitura da ópera Abraão e os bailados Garoa, Burantã e Juca Mulato. Musicou poemas de Vicente de Carvalho, Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira, Olegário Mariano, Coelho Neto e muitos outros, inclusive seu conterrâneo Ariovaldo Pires, o Capitão Furtado.

Suas músicas foram gravadas pelos mais conhecidos cantores da época: Francisco Alves lançou Ruana (com Arlindo Leal), Serenata d'amor (com Bento de Camargo) e Pião (com Fernando M. Almeida); Gastão Formenti estreou em disco Odeon interpretando o tango sertanejo Cabocla apaixonada (com G. Barroso), e mais tarde gravou a modinha Barbuleta, barbuleta (com José Elói) e a valsa Noite d'encanto (com Navis), na Brunswick. Além de Vicente Celestino e Patrício Teixeira, Abigail Maia divulgou muitas de suas obras no teatro musicado, e cantoras como Bidu Saião e Violeta Coelho Neto de Freitas interpretaram canções suas em salas de concerto.

Tornou-se conhecido inclusive no exterior, quando o barítono belga Armand Crabbé gravou em Paris o célebre Tristeza de caboclo. Em homenagem ao aviador paulista Ribeiro de Barros, fez a marcha Asas do Jaú, com letra de Otacílio Gomes.

Em 1928 assistiu em Porto Alegre a um festival de suas músicas com versos de poetas gaúchos. Para a Revolução de 1930 compôs o hino Redenção, com versos de Paulo Gonçalves. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, compôs outro hino marcial, O passo do soldado, com versos de Guilherme de Almeida. Como pianista atuou em diversas cidades do interior paulista, acompanhando os intérpretes de suas canções. Usou dos pseudônimos Biograph, Samuel de Maio, XYZ, Hélio Azevedo, L. Azevedo, Pedro Gil.

Algumas músicas










Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha; A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34; The Boeuf Chronicles.

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