sábado, 1 de abril de 2006

Jararaca e Ratinho


Jararaca e Ratinho - Dupla sertaneja formada em 1927 por José Luís Rodrigues Calazans, o Jararaca (Maceió AL 1896-Rio de Janeiro RJ 1977) e Severino Rangel de Carvalho, o Ratinho (Itabaiana PB 1896-Duque de Caxias RJ 1972). José Luís encontrou Severino em 1918, nas rodas artísticas de Recife PE.


Começaram a tocar juntos, organizando um conjunto, os Turunas Pernambucanos, onde apareciam ao lado de Pirara e Romualdo Miranda (violões), Robson (cavaquinho) e Artur Sousa (ganzá). Todos os integrantes adotaram apelidos de bichos, permanecendo os de Jararaca e Ratinho mesmo depois da dissolução do conjunto.

Em 1921 os Turunas exibiram-se por 15 dias no Cine-Teatro Moderno, com o conjunto Oito Batutas, que visitava Recife. Foi o estímulo decisivo para o grupo, convidado então para os festejos do centenário da Independência, no Rio de Janeiro, em 1922, fazendo grande sucesso com suas emboladas, cocos, baiões, e com seus trajes típicos: alpercatas e chapéu de couro. O vespertino A Noite deu-lhe ampla cobertura, chefiada pessoalmente por seu proprietário, Irineu Marinho. O conjunto foi convidado a gravar dois discos na Odeon, obtendo grande êxito com A espingarda (Pa-pa-pá) - arranjo de Jararaca sobre tema folclórico, e Jararaca gravou também um disco solo, com Vamos embora Maria, samba sertanejo, e Passarinho verde, canção nortista (ambas de sua autoria).

O conjunto excursionou então pelo Sul e, contratado pela companhia Abigail Maia, apresentou-se em Buenos Aires, Argentina, desfazendo-se em seguida. Jararaca (violão e canto) e Ratinho (saxofone) ainda se apresentaram por algum tempo no Café Rio Branco, em Montevidéu, Uruguai, mas a dupla só se formou com a inauguração do Teatro Santa Helena, na Praça da Sé, de São Paulo SP, em 1927, fazendo grande sucesso com emboladas entremeadas de quadros humorísticos. Em 1928 Francisco Alves gravou, de Jararaca, Meu sabiá, na Odeon, e no ano seguinte Meu Brasil, na Parlophon; e foi na Odeon que a dupla gravou seu primeiro disco, em 1929, apresentando, de sua autoria, Caipirada e Lista do baile. Começou então a desenvolver seus quadros, explorando determinadas situações, como as relações dos "turcos" com os caipiras, das quais Aniversário do Abdula e A loja do turco são um exemplo.

A dupla excursionou pelo interior com Cornélio Pires. Em 1930 Ratinho gravou ao saxofone alguns choros e valsas de sua autoria, entre os quais Saxofone por que choras?, Guriatã de coqueiro, Cenira, Eu e eles. Dois anos depois a dupla cantava músicas nordestinas e regionais, e contava piadas na Casa de Caboclo, apresentando-se também na Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro. Jararaca passou então a compor com o maestro Vicente Paiva, fazendo sucesso no Carnaval de 1937 com a marcha Mamãe eu quero, gravada por Jararaca na Odeon. Outra composição da dupla, o samba Pode ser que sim foi gravado pelo conjunto Os Trigêmios Vocalistas em 1943, na Columbia. Com o advento do Estado Novo, veio a fase áurea da Rádio Nacional e o apogeu da dupla, que teve programa próprio, além de participar do programa Eucalol, em que Ratinho tocava choros e valsas ao saxofone.

Em 1942 a dupla gravou pela Odeon um disco representativo dessa fase, apresentando, de sua autoria, o desafio Desafiando e a embolada Oi, Chico, seguindo-se, em 1945, disco com a marcha Bonito e a batucada Meu pirão primeiro. Dois anos depois, Ratinho gravou, ainda na Odeon, o choro Pinicadinho, grande sucesso da dupla. Na Rádio Nacional, onde atuou de 1936 e 1945, e excursionando pelo país, a dupla integrou a famosa Lira do Xopotó, banda que sugeria um conjunto do interior do Brasil, em que Jararaca fazia o papel de Mestre Filó e Ratinho o de Jararaca. Quando a programação radiofônica começou a ser feita em disco, a dupla passou para a televisão, estreando com o programa A-E-I-O-Urca, na TV Tupi.

Em 1922 os Turunas Pernambucanos desembarcavam no Rio de Janeiro. Entre eles, Jararaca (o terceiro sentado à direita) e Ratinho (de pé, à esquerda, com o clarinete).


Em 1960 a dupla apresentou em São Paulo a burleta Por que me ufano de Bananal, desempenhando nessa década o mesmo papel de compadres caipiras representado durante toda a carreira, nos programas Balança mas não Cai, UAU e Aquele Abraço, na TV Globo. Após a morte de Ratinho, Jararaca continuou se apresentando em papéis cômicos na televisão, em diversos programas.


Fontes: História da MPB - Editora Globo; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Ed. e Publifolha.

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