sábado, 1 de abril de 2006

Mário Reis

Mário Reis (Mário da Silveira Reis), cantor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 31/12/1907 e faleceu em 4/10/1981. Filho de um comerciante sócio de uma casa de ferragens, de boa situação financeira, passou a infância no bairro carioca da Tijuca, cursando o primário e o secundário no Instituto Lafayette, e aos 15 anos jogava como meia-direita na equipe juvenil do América Futebol Clube.


Começou a estudar violão com Carlos Lentine, e em 1926, ano em que entrou para a Faculdade de Direito da rua do Catete, conheceu Sinhô na loja A Guitarra de Prata. Passou a tomar aulas de violão com o compositor, e este, impressionado com a interpretação que o aluno dava a seus sambas, convidou-o a tentar uma gravação.

Em agosto de 1928 a Odeon lançou seu primeiro disco, com Que vale a nota sem o carinho da mulher? e Carinhos de vovô (ambas de Sinhô); acompanhado ao violão pelo autor e por Donga, obteve grande êxito: a interpretação brejeira e ritmada do novo intérprete contrastava com a dos demais cantores da época, geralmente influenciados pelo bel-canto operístico. Contratado pela Odeon, gravou outras músicas de Sinhô: Sabiá e Deus nos livre dos castigos das mulheres, e, em seguida, Jura e Gosto que me enrosco, disco este que bateu recordes de vendagem na época.

Em 1929 lançou o samba Vou à Penha, a primeira composição gravada de Ary Barroso, seu colega de faculdade, e ainda desconhecido como autor. Em 1 ° de agosto do mesmo ano estreou no rádio, cantando o samba Vamos deixar de intimidade (Ary Barroso), na Rádio Sociedade. Mais tarde atuou na Rádio Clube e no famoso Programa Casé.

Em 1930 formou, com o cantor Francisco Alves, uma dupla responsável por 12 discos, dos quais o primeiro foi Deixa essa mulher chorar (Brancura) e Quá, quá, quá (Lauro dos Santos). O êxito alcançado provocou o surgimento de várias duplas de cantores no cenário da música popular da época. Formado em direito em 1930, não chegou a advogar, trabalhando como fiscal de jogo a partir de 1933.

Em 1931, visitando São Paulo SP, gravou na Columbia um 78 rpm com o pseudônimo de C. Mendonça, por ser contratado exclusivo da Odeon. O disco, número de série 22.031, é hoje um exemplar raro. Nesse ano, ao lado de Francisco Alves, Carmen Miranda, Luperce Miranda, Tute e os dançarinos Nestor Figueiredo e Célia Zenatti, excursionou a Buenos Aires, Argentina. Ainda em 1932 deixou a Odeon, gravando na Columbia dois discos, com músicas de Noel Rosa: Filosofia (com André Filho), Vejo amanhecer, Na esquina da vida (com Francisco Matoso) e Meu barracão.

Logo transferiu-se para a Victor, onde, para o Carnaval de 1933, gravou dois dos maiores sucessos de sua carreira, a marcha Linda morena e o samba A tua vida é um segredo (ambos de Lamartine Babo), que o acompanhou na gravação, cantando. Do mesmo autor lançou ainda, entre outras, a marcha junina Chegou a hora da fogueira, gravada em dupla com Carmen Miranda, em 1933. Atuando na Rádio Mayrink Veiga a partir desse ano, lançou Agora é cinza, o grande sucesso da dupla de compositores Bide e Marçal e Alô, alô (André Filho), em dueto com Carmen Miranda, ambos para o carnaval de 1934.

Ainda em 1934 gravou com Carmen Miranda, para as festas juninas, Isto é lá com Santo Antônio (Lamartine Babo). Em 1935 e 1936 interpretou sucessos carnavalescos nos filmes musicais Alô, alô Brasil e Estudantes, ambos de Wallace Downey, e Alô, alô, Carnaval, de Ademar Gonzaga, todos produzidos pela Waldow-Cinédia.

Retornando à Odeon em fins de 1935, de seus nove discos lançados, obteve sucesso apenas com a marcha Cadê Mimi? (João de Barro e Alberto Ribeiro). Seu prestígio começou a declinar em parte por sua aversão a entrevistas, fotografias e aparições em público. Aceitou o cargo de oficial de gabinete da prefeitura do então Distrito Federal e abandonou a vida artística, aparecendo esporadicamente no cenário musical.

Em 1939, no show beneficente Joujoux et balangandans, apresentado no Teatro Municipal, interpretou o samba Voltei a cantar e a marcha Joujoux et balangandans (ambos de Lamartine Babo). Depois de gravar essas músicas, e mais quatro discos na Columbia, afastou-se novamente da vida artística.

Só retornou em 1951, pela Continental, com um álbum de três discos de 78 rpm, nos quais relançou antigos sucessos de Sinhô, além de outro disco para o Carnaval de 1952, com a marcha Flor tropical (Ary Barroso) e o samba Saudade do samba (Paulo Soledade e Fernando Lobo). Deixou gravados 82 discos em 78 rpm, com 161 músicas, quase que exclusivamente sambas e marchas.

Residindo desde 1957 no Copacabana Palace Hotel, aceitou convite de Aloysio de Oliveira, em 1960, para gravar na Odeon o LP Mário Reis canta suas criações em Hi-Fi. Em 1967 a gravadora Elenco lançou o LP O melhor do samba, no qual aparece como intérprete, ao lado de Billy Blanco, Araci de Almeida e Ciro Monteiro.

Em 1971 a Odeon lançou novo LP seu, com antigos sucessos, e ainda A banda (Chico Buarque). Como a censura, nesse LP proibisse o samba Bolsa de amores (Chico Buarque), exigiu que a faixa destinada à música saísse em branco. A gravação só foi lançada em 1993, no CD Mário Reis canta suas criações em Hi-Fi.

Algumas interpretações































Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

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