Filho único do farmacêutico Francisco Gomes Bittencourt e de Raquel Pick, uma polonesa foragida da Primeira Grande Guerra, Jacob Pick Bittencourt nasceu (em 14.02.1918) e foi criado no bairro carioca da Lapa.
Percebendo a sua atração pela música, a mãe deu-lhe aos doze anos um violino, logo substituído por um bandolim, instrumento que ele desejava sem saber bem por que.
Percebendo a sua atração pela música, a mãe deu-lhe aos doze anos um violino, logo substituído por um bandolim, instrumento que ele desejava sem saber bem por que.
Aplicado, persistente e dotado de vocação para o autodidatismo, Jacob, ainda adolescente, já podia ser considerado um bom bandolista, com razoável domínio do cavaquinho e do violão. Isso o animou a formar um pequeno conjunto para acompanhá-lo em participações em programas radiofônicos, o que o levaria à profissionalização.
Como o que ganhava com a música era pouco, exerceu paralelamente as atividades de vendedor-pracista, prático de farmácia e corretor de seguros até 1940, quando, a conselho do compositor Donga, prestou concurso e foi nomeado escrevente juramentado da Justiça do Rio de Janeiro. Na ocasião, casado com Adília, já era pai de Sérgio e Helena.
Depois de muitos anos de rádio e participações em gravações alheias, Jacob gravou em 1947 o seu primeiro disco solo, um 78 rpm da Continental que apresentava o choro Treme-Treme, de sua autoria, e a valsa Glória, de Bonfiglio de Oliveira. Ainda na Continental, gravaria nos anos seguintes mais seis fonogramas, cinco dos quais: Flamengo, de Bonfiglio, Flor amorosa, de Joaquim Antônio da Silva Callado, Cabuloso, Remelexo e Salões Imperiais, de sua autoria.
Em 1949 transferiu-se para a RCA, onde gravaria até o final da vida um total de 47 discos 78 rpm, vários compactos e mais de dez LPs. Gravaria ainda, na CBS, a suíte Retratos, composta especialmente para ele por Radamés Gnattali.
Além do músico virtuoso, que revolucionou a técnica do bandolim criando uma nova maneira de tocá-lo e elevando-o à categoria de principal instrumento solista do choro, ao lado da flauta, Jacob entra para a história da MPB como um excelente compositor, responsável por obras-primas como Doce de Coco, Noites cariocas, Salões Imperiais e Vibrações, entre outras.
O mais surpreendente é que ainda arranjou tempo para dedicar-se à pesquisa musical, sempre com a seriedade e o espírito de organização que o caracterizavam. Fiel ao preceito de que o êxito do solista muito dependente da competência dos músicos que o acompanham, Jacob jamais abriu mão de sua total liderança sobre os conjuntos com os quais atuou. Segundo Sérgio Cabral, seus companheiros sabiam bem que diante de um erro, "bastava um simples olhar seu, mais violento do que qualquer espinafração".
O mais importante conjunto ligado a Jacob, que sobreviveu ao seu desaparecimento, é o Época de Ouro. Formado em 1959, quando o mestre lança o LP homônimo, o grupo tem como núcleo básico os violonistas Horondino Silva (Dino 7 Cordas), César Faria e Carlos Carvalho Leite (Carlinhos) e o pandeirista Jorge da Silva (Jorginho do Pandeiro).
Jacob Bittencourt morreu aos 51 anos de enfarte do miocárdio, na sexta-feira, 13 de agosto de 1969. Na ocasião, regressava de uma visita a Pixinguinha, seu ídolo maior.
(Jairo Severiano)
Fonte: Encarte da Enciclopédia Musical Brasileira distribuído pela Warner Music Brasil Ltda.
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