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quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Júlia Martins

Júlia Martins (circa 1890, Rio de Janeiro, RJ - circa 1936, Rio de Janeiro, RJ), cantora e atriz do teatro de revista, foi uma das pioneiras nas gravações de discos no Brasil. Foi foi contratada pela Victor Record em 1912, estreando em discos cantando em duetos com o intérprete João Barros.

Em 1913, foi contratada pela Odeon. Em janeiro desse ano gravou em dueto com Eduardo das Neves A cocote e o marchante, do próprio Eduardo das Neves. Em seguida, gravou a canção Caraboo, composição do norte americano Sam Marshal e que fez enorme sucesso na versão de M. Albuquerque no carnaval do ano anterior. No mesmo ano, gravou o lundu A flor da pitangueira, música que cantava na revista República do amor, um destaque de seu repertório teatral.

Também em 1913, gravou com o cantor Bahiano, os duetos A vassourinha (Felipe Duarte e Luiz Filgueira), e O engraxate (B. Esfolado), O retrato e a flor, e A cigana e o feiticeiro, de autores desconhecidos, e de autoria do próprio Bahiano as faixas Cidade Nova e Saco do Alferes, Ai que gostos, e O vagabundo e a mulata. Também gravou A viola está magoada, que contou com acompanhamento do Grupo da Casa Edison e que aparece no selo com a denominação de "samba", quatro anos antes da gravação de Pelo telefone, que ficou consagrada como o primeiro samba gravado, talvez pelo sucesso maior.

Ainda desse ano, é sua gravação da cançoneta A mulatinha, de Chiquinha Gonzaga e Patrocínio Filho, e com Eduardo das Neves, o batuque sertanejo Caboca di Caxangá, de Catulo da Paixão Cearense, que caracterizou pela primeira vez uma composição designada como de cunho regional. Ainda em 1913, atuou na revista Chegou o Neves, juntamente com Ciniro Polônio, Brandão Velho, e Mercedes Vila. Foi nessa revista, que Pixinguinha, então com apenas 16 anos estreou nos palcos.

Por volta de 1914, gravou em dueto com o tenor Tomaz de Souza A vassourinha, de Felipe Duarte e Luiz Filgueira. Gravou um total de vinte discos.

quarta-feira, 22 de março de 2006

Caboca de Caxangá

Catulo da Paixão Cearense: Um sertanejo do Sertão

Em entrevista a Joel Silveira, nos idos de 1940, Catulo da Paixão Cearense declarou-se "um sertanejo do sertão", ressaltando o mérito de saber descrevê-lo muito bem, apesar de não conhecê-lo. Parte desse mérito ele deveria creditar ao violonista João Pernambuco (João Teixeira Guimarães), com quem conviveu por diversos anos e que lhe forneceu, além de alguns temas musicais, um variado vocabulário sertanejo que usaria em seus versos. Um exemplo dessa colaboração é a composição "Caboca de Caxangá", que entrou para a história assinada apenas pelo poeta.

Inspirado numa toada que João lhe mostrara e que teria melodia do violonista, composta sobre versos populares, Catulo escreveu extensa letra, impregnada de nomes de árvores (taquara, oiticica, imbiruçu...), animais (urutau, coivara, jaçanã...), localidades (Jatobá, Cariri, Caxangá, Jaboatão...) e gírias do sertão nordestino, daí nascendo em 1913 a embolada Caboca de Caxangá, classificada no disco como batuque sertanejo. E nasceu para o sucesso, que se estenderia ao carnaval de 1914, para desgosto de Catulo, que achava depreciativo o uso da composição pelos foliões.

A seguir algumas gravações da melodia acima:

Cabocla de Caxangá (batuque, 1913) - Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco - Intérpretes: Júlia Martins, Eduardo das Neves e Bahiano

Disco selo: Odeon Record / Título da música: Cabocla de Caxangá / Catulo da Paixão Cearense (Compositor) / João Pernambuco (Compositor) / Eduardo das Neves (Intérprete) / Bahiano (Intérprete) / Júlia Martins (Intérprete) / Grupo da Casa Edison (Acomp.) / Nº do Álbum: 120521 / Nº da Matriz: 120521 / Gravação: 2/Janeiro/1913 / Lançamento: 1913 / Gênero musical: Batuque Sertanejo / Coleção de Origem: IMS, Nirez



Interpretação de Paulo Tapajós em 1972:

LP No Tempo Dos Bons Tempos - Luar Do Sertão - Músicas de Catullo e Joubert / Título da música: Cabocla de Caxangá / João Pernambuco (Compositor) / Catulo da Paixão Cearense / Paulo Tapajós (Intérprete) / Gravadora: Fontana/Philips / Álbum: 6488 014 / Ano: 1972 / Tracklist: A6 / Gênero musical: Embolada / Batuque sertanejo / Obs.: Extraidos dos LPs de 10 polegadas gravados na Sinter em 1956: SLP 1052 e SLP 1082



E------------------- C7------------------ Fm
Laurindo Punga, Chico Dunga, Zé Vicente
-------------------------B7----------------------E
E esta gente tão valente / Do sertão de Jatobá,
-----------------------C7----------- Fm
E o danado do afamado Zeca Lima,
--------------------------B7-------------------------E
Tudo chora numa prima, / E tudo quer te traquejá.

---------------------B7------------------------E
Caboca di Caxangá, / Minha caboca, vem cá.

------------E---------- C7-------------- Fm
Queria ver se essa gente também sente
-----------------------------B7
Tanto amor, como eu senti,
----------------------------E
Quando eu te vi em Cariri!
-----------------------C7----------- Fm
Atravessava um regato no quartau
-----------------------B7------------------------- E
E escutava lá no mato / O canto triste do urutau.

------------------------B7---------------------------E
Caboca, demônio mau, / Sou triste como o urutau!

E------------------- C7---------------------- Fm
Há muito tempo, lá nas moita das taquara,
-----------------------------B7--------------------------E
Junto ao monte das coivara, / Eu não te vejo tu passá!
------------------C7-------------- Fm
Todo os dia, inté a boca da noite,
------------------------B7----------------------E
Eu te canto uma toada / Lá debaixo do indaiá.

-------------------------B7----------------------E
Vem cá, caboca, vem cá, / Rainha di Caxangá.

E------------------ C7------------------ Fm
Na noite santa do Natal na encruzilhada,
--------------------------B7--------------------------E
Eu te esperei e descantei / Inté o romper da manhã!
--------------------------C7------------ Fm
Quando eu saía do arraiá, o sol nascia
-------------------------B7-------------------E
E lá na grota já se ouvia / Pipiando a jaçanã.

------------------------B7--------------------------E
Caboca, flor da manhã / Sou triste como a acauã!


Fontes: A Canção no Tempo – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Volume 1 - Editora 34; Álbum: Luar do Sertão - Músicas de Catullo e Joubert (1972).