domingo, 26 de março de 2006

Fala meu Louro

Sinhô - 1928
Uma sátira à derrota de Rui Barbosa na eleição presidencial de 1919 em que obteve menos da metade dos votos do vencedor, Epitácio Pessoa -, "Fala Meu Louro" é o melhor samba da fase inicial de Sinhô. Mas a letra referindo-se à terra de Rui ( "A Bahia não dá mais coco / pra botar na tapioca..." e ao súbito mutismo do conselheiro, sempre tão falante ( "Papagaio louro / do bico dourado / tu falavas tanto / qual a razão que vives calado..."), acabou por irritar os baianos ligados ao samba, que se julgaram atingidos.

Assim, o revide foi imediato através de "Entregue o Samba aos Seus Donos", composição de Hilário Jovino Ferreira, que já havia alfinetado Sinhô no ano anterior com "Não És Tão Falado Assim". Só que agora Mestre Hilário partia para o ataque direto, acusando-o de plagiário. Naturalmente nada impede, e é até provável, que ao fazer "Fala Meu Louro"', Sinhô tenha pretendido provocar ao mesmo tempo Rui e os baianos liderados por Jovino, um pernambucano criado em Salvador.

Fala meu Louro (samba, 1919) - Sinhô

Interpretação de Francisco Alves com o Grupo dos Africanos em gravação selo "Disco Popular" lançada em 1920:

Disco selo: Disco Popular / Título da música: Fala Meu Louro (Papagaio Louro) / J. B. da Silva "Sinhô" (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Grupo dos Africanos (Acomp.) / Nº do Álbum: 1009 / Nº da Matriz: 1009-3... / Gravação: Outubro/1919 / Lançamento: 1920 / Gênero musical: Samba / Coleção de fontes: IMS, Nirez



O cantor Mário Reis, depois de 11 anos afastado da vida artística, interpreta "Fala meu Louro" em disco pela Continental, lançado em 1951:

Disco 78 rpm / Título da música: Fala Meu Louro / J. B. da Silva "Sinhô" (Compositor) / Mário Reis (Intérprete) / Vero e Sua Orquestra (Acomp.) / Gravadora: Continental / Nº do Álbum: 16455-uma / Nº da Matriz: 2692 / Gravação: 22/agosto/1951 / Lançamento: Outubro/1951 / Gênero musical: Samba / Coleção de fontes: IMS, Nirez


A Bahia não dá mais coco
para botar na tapioca
Pra fazer o bom mingau
para embrulhar o carioca

Papagaio louro do bico dourado
Tu falavas tanto
qual a razão que vives calado

Não tenhas medo
coco de respeito
Quem quer se fazer não pode
Quem é bom já nasce feito



Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

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