quinta-feira, 6 de abril de 2006

Irmãos Valença


Irmãos Valença - Dupla de compositores, formada por João Vítor do Rego Valença (Recife PE 1890-id.1983) e Raul do Rego Valença (Recife 1894-id. 1977). João Vítor iniciou-se em música aos oito anos de idade, aprendendo piano com Artur Marques de Oliveira. Mais tarde, estudou solfejo com o professor Ramalho, continuando como autodidata. Raul começou a aprender violão em 1914, com Cândido Filho, prosseguindo como autodidata.


A família Valença cultivava a tradição de fazer representações de presépio no Natal, baseadas em cenas de óperas e operetas, costume do início do século. Esse foi o ambiente artístico que os irmãos encontraram em casa desde pequenos, motivando-os a compor.

Além das operetas e comédias que fez com Raul, João compôs marchas juninas, maracatus e outros gêneros, com outros parceiros, e diversos hinos oficializados, como o Hino Juarez Távora e Hino do detento.

Os Irmãos Valença, como se tornaram conhecidos, publicaram cerca de 30 obras, entre as quais as valsas Maria de Bagdala e Carminha (edição Irmãos Vitale), além de inéditas. Em 1924 formaram, com primos e amigos, uma sociedade teatral, o Grêmio Familiar Madalenense, compondo suas primeiras músicas para teatro, iniciando com a opereta Espinho de rosa, encenada ainda em 1924. A esta seguiram-se as comédias musicadas Gato escaldado, Cartazes de amor, Coração de violeiro (gênero opereta regional), Morenas brasileiras, Querida Sinhá, além de algumas revistas.

De autoria de João Valença com outros parceiros, entre eles Silvino Lopes e Samuel Campelo, são as peças teatrais Noites de novena, Uma senhora viúva e Luar do Norte, e música para as peças infantis O Pequeno Polegar e Mulatinha, todas representadas no Grêmio Familiar Madalenense e mais tarde no Teatro Santa Isabel, de Recife, pelo grupo Gente Nossa. Escreveu ainda as canções Viola querida, Capionga e Devoção, além do Hino de São Sebastião (com Ariano Suassuna).

Em 1930, compuseram sua primeira música de Carnaval, a marcha Mulata, na qual dois anos depois Lamartine Babo introduziu modificações, principalmente na letra, transformando-a em O teu cabelo não nega. Gravada por Castro Barbosa em disco Victor, transformou-se num dos maiores sucessos carnavalescos de todos os tempos, tendo causado alguma confusão quanto à autoria, pois muitos a atribuíram somente a Lamartine Babo. Mais tarde, porém, os irmãos desfizeram publicamente o equívoco e a marcha teve inúmeras regravações com outros intérpretes.

Em Recife, foram três vezes campeões do Carnaval, com o maracatu Ô, já vou, as marchas Nós dois e Foi você. São ainda os autores de Você não gosta de mim, que em 1933 marcou a estréia de Carlos Galhardo em disco, pela Victor.

No ano seguinte, a marcha A lua veio ver foi gravada por Ary Barroso, e em 1937 a dupla lançou mais um grande sucesso carnavalesco, a marcha Um sonho que durou três dias. Foram ainda autores de outros êxitos, como os maracatus Pisa, baiana e Sustenta o baque, tendo também participado do Bloco Carnavalesco Pavão Dourado, de Recife, para o qual compuseram as marchas A gruta do pavão, Onda giratória e Saudade, entre outras.

Em 1959 lançaram o frevo Cocorocó, tendo ainda feito marchas e frevos para os clubes Lenhadores e Vassourinhas, e composto canções, valsas, foxes, toadas e músicas juninas. Antes de morrer, Raul já havia preparado o frevo-canção Xique-xique-bum e o maracatu Rainha dos palmares, para o Carnaval de 1978.


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha; Dicionário Cravo Albin.

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